𝗘𝗽𝗶𝗹𝗼𝗴
❝𝖭𝖺̃𝗈 𝖽𝖾𝗏𝖾𝗆𝗈𝗌 𝗍𝖾𝗋 𝗆𝖾𝖽𝗈 𝖽𝗈𝗌 𝖼𝗈𝗇𝖿𝗋𝗈𝗇𝗍𝗈𝗌. 𝖠𝗍𝖾́ 𝗈𝗌 𝗉𝗅𝖺𝗇𝖾𝗍𝖺𝗌 𝗌𝖾 𝖼𝗁𝗈𝖼𝖺𝗆 𝖾 𝖽𝗈 𝖼𝖺𝗈𝗌 𝗇𝖺𝗌𝖼𝖾𝗆 𝖺𝗌 𝖾𝗌𝗍𝗋𝖾𝗅𝖺𝗌.❞
Charlie Chaplin.
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☪ ━ 𝖲𝗂𝗇𝖺'𝗌 𝗉𝗈𝗏'𝗌 ❖
Nove meses depois...
Sangue escorrendo pelas minhas mãos é tudo o que eu vejo quando vou dormir. As vozes deles gritando enquanto queimavam vivos foi o meu prazer eterno.
Eles mereciam aquilo, praticamente imploraram para sofrer quando atiraram no Noah.
Me desafiaram, pediram para o diabo roubar a minha alma e me fazer de seu fantoche.
Minha mente estava conturbada e eu sentia como se meu coração e sangue estivessem se transformando em uma mancha preta, me tornando um monstro, fazendo eu matar todos a minha frente com fogo nos olhos, me deliciando com os seus corpos caindo sem vida no chão.
Aquele dia me mudou completamente e acho que já não posso mais voltar atrás...
Entro no cemitério particular que alguns membros da máfia haviam feito e sigo em frente, a caminho da fileira onde ficavam as lápides das pessoas que faziam parte da família Urrea, ou que eram importantes no seu cargo.
Paro em frente a lápide que continha o nome “Urrea” escrito nela e me abaixo, analisando a grande pedra.
— Acho que você merecia mais do que flores... — murmuro, deixando um buquê de rosas sob o seu túmulo.
Passo os dedos por cima da frase “Por você” - que estava abaixo do nome e me levanto, observando o ambiente.
— Obrigada... — sussurro olhando para a sua lápide e me viro para ir embora.
Vejo a Any de longe com a Maya em seu colo e sorrio quando a bebezinha de cabelos cacheados e olhos azuis estica as mãos, fazendo sinal para eu pegá-la no colo.
Quando a Maya nasceu, foi um dia de muita alegria e festa na família Urrea, foi um dia de luz no meio de tanta escuridão.
Ela fez um mês a poucos dias, e sinceramente, ela demonstra ser muito mais inteligente do que qualquer bebê de um mês.
Esse pequeno ser humano foi a única coisa boa que aconteceu depois de todo aquele pesadelo...
— Por que está aqui? — pergunto a Any e pego a pequena Maya no colo.
— O Josh estava te procurando, então eu vim para o único lugar que eu sei que você vem todos os meses.
No começo eu vinha pra cá porque sentia que era necessário, que eu precisava agradecê-lo de alguma forma, mas depois eu fui me acostumando e percebi que, no fundo, eu vinha por me sentir um pouco culpada.
Eu poderia ter planejado outra entrada, algo menos invasivo, e que fizesse com que não acabasse daquele jeito.
— O que ele quer? — pergunto enquanto andamos em direção ao carro.
— Parece que ocorreu algum problema em um dos transportes de carga e ele quer que você resolva.
— Ele está tão ocupado que não pode ir resolver?
— Você sabe que ele está resolvendo alguns problemas que aconteceu na semana passada, e que está sendo difícil dele encontrar quem está por trás do roubo e das mortes de alguns dos nossos homens.
— Eu tinha me esquecido. — falo e sinalizo para o motorista seguir para a mansão.
Depois de tudo, eu e o Josh tivemos que dividir algumas tarefas. Eu fiquei com as que não envolviam muita morte e que eram mais fáceis de resolver, e o Josh ficou com as mais complicadas.
Até agora, estamos conseguindo resolver tudo com facilidade e sem qualquer tipo de confusão. Mesmo com os pequenos problemas que estamos tendo, diria que estamos em tempo de paz, sem guerras ou litros de sangue sendo derramados.
— Seu o fosse você, ficaria feliz. O Josh disse que seus dias de trabalho estão acabando. — Any diz e eu sorrio só de imaginar em poder ficar deitada na cama o dia todo.
Mas, ao mesmo tempo que fico feliz em poder descansar em paz, fico triste por não poder participar tanto das lutas. Sinto que desde daquele dia, uma escuridão imensa se instalou dentro de mim, algo que eu não podia controlar.
Talvez, eu estivesse completamente dominada pelo diabo.
Flashback on:
Vejo o Noah fechar os olhos enquanto eu seguro a sua cabeça e os tiros me fazem prestar atenção no que estava acontecendo ao meu redor.
— Levem ele daqui e façam ele sobreviver, nem que seja preciso fazer um pacto com o demônio. Ele não pode morrer, entenderam? — pergunto olhando para alguns dos homens e eles assentem, pegando o Noah.
— O que fazemos agora, sra. Urrea? — um dos homens pergunta e eu intercalo meu olhar entre todos ali.
— Matem todos. Não deixem nenhum deles escaparem vivos daqui. — falo e a maioria sai de perto de mim, indo fazer o que eu mandei.
Alguns permaneceram ali, mantendo a minha segurança.
— Sina, é melhor a gente sair daqui. — Josh diz e atira em alguns que estavam mirando em nossa direção.
— Eu só vou sair daqui quando todos estiverem dando oi para o diabo. — falo e parto para cima daqueles desgraçados.
Atiro na testa de cada filha da puta que estava tentando me acertar, e quando eu já não tinha mais balas, começo a usar a faca, metendo ela em seus peitorais e rasgando seus corpos até chegar no cós de suas calças.
— Chamem o diabo, seus filhos da puta! — grito, metendo a faca em cada um ali.
Pego o isqueiro que estava na minha calça e o acendo, jogando em direção a um dos corpos que ainda estava vivo, fazendo o fogo se espalhar e a chama do inferno acender.
Saio dali calmamente, como se eu estivesse em uma linda passarela, e paro em frente a casa, admirando ela pegar fogo.
Escuto alguns gritos vindo de lá de dentro, e sorrio como uma psicopata, me deliciando com aquele show de horrores que o diabo estava me proporcionando.
— Agora queimem no inferno.
Flashback off.
— Sina! — volto a realidade com alguém me chamando e olho para a Any.
— Oi.
— Você ainda está tendo revivendo aquele dia? — pergunta, parecendo preocupada.
— Não tanto quanto antes. — minto, e ela me olha como se não acreditasse no que eu disse.
— Não mente. Já me contaram que você ainda está acordando de madrugada, como se estivesse atacando alguém. — diz e eu suspiro, já suspeitando de quem contou a ela.
— Eu estou bem. — falo e ela pega a Maya do meu colo, que estava prestes a chorar de fome.
— A cada dia você está mais parecida com o Noah. — diz enquanto dá de mamar para a Maya.
— E isso é ruim? — pergunto enquanto me lembro do momento em que ele me disse que não queria que eu me tornasse como ele.
Se você continuar passando por isso, vai ter que continuar matando, e eu não quero isso.
É exatamente por isso que eu não quero que você mate mais ninguém, porquê se você continuar, vai se tonar uma pessoa igual a mim.
— Dependendo do momento, pode sim, e muito. — Any diz e eu permaneço calada, pensando sobre aquilo.
Eu torturo e mato pessoas de um jeito que você nem pode imaginar. Mantive você longe justamente por isso, porquê quando você entrar, vai ser difícil de sair.
Não quero que você se torne uma pessoa igual a mim...
Olho para a janela do carro, admirado a paisagem. O céu estava nublado e fazia frio lá fora, como um lindo e trágico dia triste.
Sinto muito, Noah. Mas eu não consegui impedir...
Sinto o motorista parar o carro e vejo que já estávamos em frente a mansão. Saio do carro e vejo o motorista abrir a porta para a Any, que estava com uma Maya sonolenta em seu colo.
Tiro a minha jaqueta, sendo um pouco afetada pelo frio e vou até a Any, colocando a jaqueta por cima do corpo da Maya, evitando que o vento a afetasse.
— Obrigada. — Any agradece e eu abro o enorme portão da mansão Urrea, dando espaço para ela passar.
Olho para trás e o motorista já não estava mais lá, provavelmente foi deixar o carro na garagem que ficava na parte de trás da casa.
Examino o lugar como eu sempre fazia quando entrava pela aqueles portões, a grama estava cortada como sempre e algumas flores estavam nascendo perto dos muros e grades enormes, o que não adiantava muito, já que elas iriam murchar como as outras que nasceram antes delas.
— Precisamos contratar alguém para cuidar dessas flores e fazer um jardim, desse jeito parece que a mansão é mal assombrada. — Any comenta e eu abro a porta da casa para ela.
— Talvez. Vou ver se consigo contratar alguém amanhã. — facho a porta e vejo ela subir as escadas.
— Vou colocar a Maya para dormir. — ela avisa e eu apenas assinto, me mantendo calada.
Caminho pela sala e passo pelo corredor que dá direto para o escritório. Vejo que a lareira está ligada e me aproximo da mesma, sentido o calor do fogo.
Em um piscar de olhos, toda aquela cena se passou pela minha mente.
— Sempre aqui, nesse mesmo horário, no mesmo dia, apenas em meses diferentes. — escuto a voz dele e sorrio com a sua presença.
Sinto ele me abraçar por trás e me viro, vendo a única pessoa que me fazia sentir paz. Seus olhos verdes demonstravam raiva e frustração por alguns segundos, mas a calma se instalou entre nós.
— Eu já falei para você parar de se culpar pelo que aconteceu. — Noah diz e eu dou um sorriso fraco.
— E eu já falei para você parar de sentir raiva pelo que aconteceu. — falo e ele sorri.
— Eu sinto raiva por não ter protegido o Jacob e por ter me distraído com a morte dele, que quase causou a minha. Você se culpa por algo que não aconteceu.
— Mas você poderia ter morrido por uma decisão minha.
— Podia. Mas eu não morri. — diz e me abraça. — Você está se afundando nisso e eu conheço você tão bem quanto a mim mesmo, para saber que o que entrou dentro de você, não vai sair.
— Porque não saiu de você também... — murmuro e ele me olha.
— Mas o tempo que eu me mantive afastado, cuidando do meu corpo, fez com que isso hibernasse por um tempo, é óbvio que ele vai acordar quando eu voltar ao trabalho, mas não vai ser algo que vai me matar por dentro porque eu já me acostumei, diferente de você. Para você é algo novo, e está te consumindo, mas eu não vou deixar isso continuar.
Quando o Noah chegou no hospital quase morrendo, o médico disse que além da perda de sangue, a sua medula espinhal tinha sido atingida pela bala, o que poderia deixá-lo sem andar.
Obviamente, ele também precisava de uma transfusão de sangue urgente, como era muito e o hospital não tinha o necessário para mantê-lo vivo, todos pensaram no Jacob, já que o mesmo havia morrido.
Depois de muitas horas esperando eles voltarem da cirurgia, o médico disse que o que eles fizeram, não o deixaria paralisado, mas ele ficaria alguns meses sem conseguir andar direito e precisaria de fisioterapia.
O Noah não ficou contente com isso, mas se esforçou ao máximo para melhorar e voltar ao trabalho.
E aqui estamos nós...
— Acha que pode impedir isso?
— Tenho certeza. — diz e deposita um beijo na minha testa. — Não vamos ser um casal de assassinos, Sina. Você é algo bom na minha vida e eu não vou deixar isso te destruir ao ponto do jogo virar, e eu ter que ser algo bom para você. Eu não sou e você sabe disso, um de nós tem que se manter sã, e para mim já não tem mais volta.
— Prometo que vou tentar ser o branco no seu preto. — falo, abraçando a sua cintura com um pouco de força.
— Em uma semana eu vou voltar a comandar tudo sozinho com a ajuda do Josh e você vai estar aqui, em segurança e protegendo a Any e aquela criatura chorona. — diz e eu sorrio com a maneira que ele se refere a Maya.
— Você gosta, pode admitir. Eu prometo guardar segredo.
— Não. Ela é um filhote de personalidade forte e que só sabe chorar.
— Igual você.
— Eu não choro.
— Além de ser tio, você também é o padrinho. Tem que gostar dela querendo ou não.
— Discordo. Talvez, quando ela for adolescente e já tiver aprendendo a lutar, eu comece a gostar dela.
— Ela não vai se tonar um dos seus soldados.
— Ah, não! Eu não vou perder meu tempo treinando ela, e sim o Josh.
— O quê? Não. — falo e me afasto um pouco dele. — Se tivéssemos uma filha, você também faria isso com ela?
— Se tivessemos uma menina, quem iria treina-la seria você. Mesmo ela sendo uma menina, seria ela quem ficaria no meu cargo quando eu morresse, não importa quantas barreiras eu precisasse quebrar.
— Por que seria eu quem deveria treina-la?
— Porque você a ensinaria ser tão forte quanto eu, e acima de tudo, a ensinaria lutar e se defender como uma mulher, e não como um homem para se misturar, você a ensinaria a ser única, como você. — diz e eu sorrio com a sua resposta.
— Eu amo você, mesmo sem saber o porquê. — falo e vejo ele sorrir.
— Eu te amo, e tenho mil milhões de porquês. — diz e se aproxima de mim, me dando um beijo calmo e caloroso.
É, talvez eu o tenha mudado um pouquinho. Ou talvez não fossemos tão diferentes um do outro.
Fim.
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Conclusão da fanfic: as pessoas sofrem apenas por sentir.
O final ficou uma vibe meio V&F, onde o vilão se torna bonzinho e afins kkkk.
Obrigada a todos que lerem e principalmente que votaram nos capítulos. Espero de verdade que tenham gostado da história assim como eu gostei de escrevê-la <3
Desculpem se tiver algum erro e não esqueçam de votar, bjs e até a próxima💜
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