TEN, the prince's birthday
DEZ, o aniversário do príncipe
KSENYA GOSTARIA QUE Nikolai houvesse ido, mas não havia tolice maior do que essa. Ele era um príncipe e seu lugar era em Os Alta, não com três grishas atrás de pistas sobre um Conjurador das Sombras. E a verdade era que ela não saberia o que fazer caso vissem o Darkling e Nikolai estivesse com elas. O ex General tinha mais poderes do que qualquer um deles, Ksenya iria atacar em qualquer ponto fraco que existisse, mas sabia que só pensaria em manter Nikolai a salvo em um momento perigoso como este. E quando alguém se importa tanto com outra pessoa nesses momentos, é morte na certa.
O céu tinha uma fria cor cinzenta e moribunda, assim como o humor de Ksenya depois do amanhecer. Nina e Galena vinham conversando bastante antes de entrarem em Sirkurzoi, após isso milagrosamente conseguiram se manter caladas. Galena era só uma Aeros de catorze anos, mas que lembrava bastante Natalya se não fosse pelos cabelos platinados, e Ksenya gostava dela, queria protegê-la e ensina-la o que soubesse; pelo menos até que ela ganhasse o seu amplificador e ficasse mais velha. Galena tinha um grande futuro pela frente.
E Nina era simplesmente uma das melhores Grishas que Ksenya havia conhecido. Obviamente não diria isso em voz alta, mas de qualquer forma Nina sabia que, segundo suas próprias palavras exageradas e enfaticas: "Ksenya tem uma grande paixão e admiração por mim".
Quando chegaram próximos a fronteira, Ksenya descobriu que eles nem se importaram em esconder que estiveram por ali. A fogueira e outros vestígios só estavam poucos escondidos graças a neve que insistia em vir mais forte ultimamente. Alguém estivera sim naquele local, não era um fato ter sido o Darkling ou outros Grishas, mas alguém esteve.
─ Acham que saíram as pressas? ─ perguntou Zenik, abaixando-se e analisando duas garrafas ainda cheias jogadas no chão.
─ Parece que sim ─ Ksenya murmurou enquanto Galena ordenava que uma fraca rajada de vento soprasse nas cortinas das tendas vazias.
Era o segundo dia de viagem quando decidiram que era hora de voltar. Ksenya não conseguia parar de pensar que em três dias deveria entrar no Grande Palácio como se fosse bem vinda e comemorar o aniversário de Nikolai com a família real... mesmo que sentisse ânsia de vômito só de olhar para o rei.
O pensamento a fez remoer um pouco do futuro. Nikolai seria rei, e ela estaria com ele como seu braço direito dentro do Segundo Exército, já que os dois Exércitos estariam confraternizando. Ksenya estaria na coroação e em todas as reuniões, mas de qualquer maneira sabia que isso nunca seria o suficiente.
Afinal, no momento em que Nikolai se despedisse para ir aos seus aposentos, eles iriam se separar. O rei entraria em seu quarto com a sua futura rainha. Futura rainha essa que jamais seria ela.
E Ksenya voltaria para o Pequeno Palácio sozinha ou acompanhada por alguém que não sentia absolutamente nada que não fosse o desejo temporário de não passar mais uma noite sozinha fantasiando como seria sua vida se estivesse com a pessoa que realmente gostava.
─ Eu estou positiva ─ seus pensamentos foram todos interrompidos graças a voz de Galena. ─ Sinto que nós vamos nos sair bem.
Nina sorriu e passou as mãos pelos cabelos da garota. Ksenya só conseguiu torcer para que Galena estivesse certa.
─ Ei, garota ─ disse a sangradora. Galena sorriu para ela, se aproximando. ─ Também sinto isso, mas preciso te dizer algo.
Nina se juntou as duas, caminhando pela estrada silenciosa.
─ Se em algum momento as coisas derem errado e eu não estiver por perto, quero que junte quantos Grishas puder e esperem no túnel arborizado.
─ Esperar pelo quê? ─ perguntou Galena, franzindo o cenho.
─ Por mim, é claro ─ disse Ksenya. Galena deu uma risadinha, balançando a cabeça, mas Nina realmente se preocupou.
𓅂
Ao voltar para O Pequeno Palácio, Tolya foi a primeira pessoa que Ksenya encontrou. Já era quase madrugada quando um pequeno grupo composto pelos gêmeos, Maly, Zoya e Alina começava a se dispersar. Foi o próprio Tolya que explicou para Ksenya sobre uma espada lendária que provavelmente poderia ser encontrada em Shu-Han.
A Sangradora logo notou que a ansiedade consumia o local quando lhe foi explicado o motivo da nova e leve obsessão pela arma: ela poderia possivelmente destruir os nichevo'ya do Darkling.
A principal dificuldade era conseguir a espada, por tanto, enquanto Ksenya esteve fora, Nikolai, que, por acaso, tinha os melhores ladrões como hóspedes, iria os reunir mais uma vez em uma missão.
𓅂
Na manhã seguinte Ksenya acordou tarde. Nina pareceu desejar que ela tivesse uma boa noite de sono antes de invadir seu quarto segurando uma caixinha e um belo vestido longo de seda, enquanto seu rosto possuía um ótimo sorriso nenhum pouco ingênuo.
Ksenya sentou-se na cama e passou as mãos nos olhos. O vestido foi deixado ao seu lado enquanto Nina parecia observar a sua reação. Haviam pedrinhas de rubis cravejadas no espartilho, combinando com o tecido vermelho carmesim, assim como o kefta que a Sangradora costumava usar.
─ Ele disse que você ia gostar ─ Nina finalmente falou, seu rosto ainda sendo preenchido pelo sorriso.
Ksenya fechou os olhos e bufou, então cobriu o rosto com o travesseiro. Nina deu uma gargalhada alta, entendendo de primeira o que significou aquela reação. Era difícil esperar que Ksenya ficasse saltitante e respirando fundo de amores ao receber um vestido de um homem, então foi fácil compreender a sua reação contrária.
─ Você gosta dele ─ Nina acusou, abrindo a caixinha de joias. ─ Pelos Santos, quem mais faria você bufar assim?
Ksenya aproveitou a distração da amiga e lhe jogou o travesseiro.
─ Nikolai é...
─ Seu melhor amigo? Me poupe, Ksenya. Vocês nasceram para ficar juntos.
─ Você acredita nesse tipo de porcaria?
Foi estranhamente rápido como o sorriso de Nina sumiu ao ouvi-la.
─ O príncipe Nikolai disse que você ficaria linda com esse vestido e me pediu para lhe entregar as joias. Não sei o que mais você espera. Se ele viesse até aqui você iria expulsar o pobre homem?
Ultimamente Ksenya sequer conseguia ficar perto de Nikolai sem pensar em como queria beija-lo, não achava que seria uma boa ideia deixá-lo entrar em seu quarto.
E a reação aleatória de Nina não foi exatamente o que Ksenya esperava.
─ Nina, o que houve com você desde sua saída do Pequeno Palácio?
A pergunta, além da importância do que ocorrera com Nina, também foi uma forma de mudar o assunto. Ksenya não queria pensar tão cedo no abismo que ela estava deixando crescer entre si e Nikolai.
Nina finalmente deixou de mexer na caixinha de joias e sentou-se na cama.
─ Sabe quando você faz algo estúpido só para salvar alguém de quem você gosta?
Ksenya não respondeu, mas Nina sabia que ela prestava atenção no que dizia.
─ Fui capturada por drüskelles. O navio em que estávamos foi pego em uma tempestade. Matthias sobreviveu ao naufrágio ao meu lado, eu o salvei, em seguida ele me salvou quando uma fenda de gelo abriu abaixo de mim... passamos muito tempo juntos...
─ O que está dizendo, Nina? ─ qualquer resquício de sorriso sobre a conversa anterior que Ksenya tinha no rosto se desfez. ─ Está realmente me dizendo que se apaixonou por um drüskelle? ─ Ksenya cuspiu a palavra.
Nina manteve a cabeça baixa.
─ Ksenya, estou lhe confiando o que aconteceu entre a gente, mas você jamais poderá me julgar sem saber tudo o que ocorreu e tudo o que passamos naqueles dias.
Ksenya levantou-se e caminhou até a janela enquanto Nina permaneceu sentada. Quantos fjerdanos Ksenya havia matado? Tudo para salvar a própria vida ou dos Grishas ao seu redor? Nina seria considerada traidora de seu próprio povo.
─ Onde ele está? ─ perguntou, se virando outra vez.
─ Após chegarmos em Arkesk, Fedyor e outros Grishas do Pequeno Palácio nos encontraram. Eles trariam Matthias para um julgamento, iriam mata-lo.
─ Assim como o povo dele faria com você, Zenik!
─ Estou lhe pedindo para me ouvir! Pelo menos desta vez ─ disse Nina. Ksenya fez um gesto com uma mão, mandando-a continuar. ─ Eu o acusei de ser um comerciante de escravos, havia lá um caçador de recompensas que o levaria para julgamento, mas Matthias não iria ser morto.
─ Tudo para não traze-lo para Ravka?
─ Ele foi aprisionado e me odeia porquê acha que o traí.
─ Por isso estão aqui?
─ Essa é a minha verdade, preciso de uma solicitação do rei, e espero que o príncipe possa me ajudar com isso ─ respondeu Nina. ─ Mas Kaz está porquê sabe que será pago. De toda forma iremos salvar Ravka quando trouxermos a tal espada lendária de Shu-Han, só vamos querer uma recompensa em troca. Iremos hoje, durante a comemoração no Grande Palácio.
─ Ok, Nina, você venceu. Quer que libertemos Matthias? Você terá sua carta do rei. Mas saiba que se esse tal fjerdano não for como você está descrevendo, eu mesma pouparei o trabalho e pararei o coração dele.
─ Então eu pararei o seu.
Ksenya encarou Nina por alguns segundos, surpresa pela resposta recebida.
─ Que desperdício. Você realmente gosta dele. Só dessa forma para você voltar.
Nina sorriu.
─ Um favor por outro favor.
Ksenya então se aproximou novamente da cama e passou as mãos pelo tecido do vestido.
─ É um belo vestido.
─ Para uma futura rainha ─ retrucou Nina.
─ Cale a maldita boca.
𓅂
O Grande Palácio possuía várias salas exageradamente grandes e vistosas, e uma delas foi escolhida para ser organizado o jantar do aniversário do príncipe. O teto explanava a águia dupla desenhada, suas penas ornamentadas com ouro de verdade.
Como combinado, Nina, Tolya, Zoya, Kaz e os demais estariam prontos para sua viagem para Shu-Han, por tanto não estariam na festa. Já Alina, que querendo ou não chamava atenção só pela sua presença, entrou e sorriu para Nikolai, mas parecia mais interessada na busca em Maly com o olhar. Mal não estava com os outros guardas, o que a deixava levemente apreensiva.
Contudo, quando as portas pesadas e douradas foram abertas para que Ksenya entrasse na enorme sala, ela não imaginava que todos os olhares de cada general da mais alta patente do Primeiro Exército, suas esposas e todo e qualquer presente no lugar mudasse sua atenção exclusivamente para ela. Nikolai, que anteriormente era o centro da atenção, sorriu ao vê-la, então Ksenya percebeu o porquê literalmente todos a encararam.
Ksenya devia ser bastante importante para fazer o aniversariante, que por acaso era o príncipe e a pessoa mais importante do dia interromper uma conversa com nobres de títulos somente para observa-la entrar.
Sem falar em seu sorriso sem censura alguma.
Nikolai não apenas a olhou e sorriu, mas pediu licença e se afastou do enorme grupo constituído de pessoas importantes para acompanhar Ksenya, que já estava no centro do salão de cabeça erguida sobre todos os olhares confusos e invejosos.
─ Você é maluco? ─ Ksenya murmurou baixinho enquanto aceitava o braço de Nikolai.
─ Eu prefiro um "feliz aniversário, Nikolai, seu lindo" ─ ele respondeu. ─ A propósito, você está deslumbrante. Belo vestido.
Nikolai podia estar testando limites, mas Ksenya não podia negar que gostava daquilo. Todas aquelas pessoas vendo que uma Grisha estava sendo acompanhada pelo Príncipe, que ele queria e gostava de fazer isto.
O príncipe fez questão de levá-la até onde anteriormente estava. E milagrosamente nenhum rosto se contorceu de raiva ou desprezo, não enquanto estava na frente de Ksenya. Oficiais e generais a cumprimentaram com boas palavras e sorrisos, assim como suas esposas, que elogiaram seu vestido e suas joias. Eles conversaram sobre a festa, sobre seus títulos, sobre batalhas, mas em nenhum momento falaram sobre a possível guerra contra o Darkling; Ksenya sentiu como se o Primeiro Exército ainda não quisesse levar isso a sério, mas preferiu não falar sobre isso enquanto Nikolai fingia estar tão interessado na conversa.
Enquanto a esposa de um General falava, Ksenya procurou e encontrou Galena sorrindo com outros grishas, ela estava vestida muitíssimo bem. Quando a menina a viu, acenou calmamente, parecia feliz.
─ ... muito obrigado, e eu agradeço pela presença de cada um ─ Ksenya voltou a prestar atenção na conversa ao seu redor. Nikolai pegou a mão do último oficial.
─ Gostei bastante de você, espero que nos encontremos mais vezes ─ a esposa do oficial, de cabelos incrivelmente louros, disse enquanto se aproximava para fingir um beijo de despedida no rosto de Ksenya, então deu uma risadinha. ─ Aproveite o seu príncipe.
─ Obrigada ─ foi tudo o que Ksenya conseguiu dizer, franzindo a testa.
Só então ela percebeu que quem havia iniciado a pequena despedida daquele grupo havia sido Nikolai, que a havia levado para o outro lado do salão.
─ Desculpe por isso? ─ ele sorriu, atuando sua melhor feição de constrangimento.
─ Agora todas as damas solteiras vão imaginar que você tem duas pretendentes ─ disse Ksenya, sorrindo em agradecimento para o garçom que a ofereceu champanhe.
─ Que azar o delas ─ Nikolai riu.
Ao lado da mesa de onde eles estavam havia uma porta que levava ao corredor da despensa. O príncipe estranhamente olhou para os lados e com o sorriso mais rebelde possível sussurrou: ─ Vem comigo.
Ksenya fez um biquinho e deixou a taça na mesa, então o seguiu. O corredor era bem curto, e por sorte não havia ninguém para vê-los. Ela examinou rápido o minúsculo local. Não havia quase nada além de prateleiras vazias ou com uma ou outra caixa empoeirada. Estava claro que aquele lugar não era muito visitado.
─ Feche a porta, por favor ─ pediu Nikolai. Ksenya franziu a testa e fez o que ele pediu.
Ele arrastou uma prateleira velha do canto da dispensa, subiu em uma caixa de madeira e começou a mexer em algo no teto. Ksenya se aproximou para verificar. Nikolai puxou um pedaço de madeira, revelando uma clarabóia com uma grande fenda no meio, que iluminou um pouco mais o cômodo.
─ Eles devem ter fechado por causa da chuva, e um lugar tão inútil não merecia concerto ─ Nikolai deu de ombros, mas não parecia ter terminado, pois enfiou as mãos nos bolsos à procura de algo. De fato o lugar era somente uma salinha antiga e sem necessidade de uso, diferente da modernidade que era o rico salão onde estavam há alguns minutos.
Ksenya queria rir da aleatoriedade de Nikolai, mas continuou observando. Ele tirou o relógio de bolso que um dia ela havia entregado a Dominik. Nikolai pulou e se aproximou da mulher.
─ Você sabia disso? ─ ele abriu a parte de trás do relógio onde havia um coração ornamentado. Agora era como uma bijuteria velha, mas no formato da anatomia de um coração.
─ Não, eu não sabia.
Ela havia presentado Dominik com o relógio, mas não imaginava que a parte de trás pudesse ser retirada, ainda mais no formato do desenho de um coração. Isso tinha significado.
─ Olha isso.
Nikolai parecia uma criança após descobrir algo novo, correndo ansioso para contar para o primeiro amigo a sua descoberta. Ele subiu novamente na caixa de madeira e ajustou o coração na iluminação no meio da clarabóia. Examinou e desceu novamente.
Graças aos raios de sol que invadiam na dispensa pela fenda da clarabóia, o coração agora preso nele refletiu e as sombras desenharam o seu formato no chão. Nikolai e Ksenya deram dois passos para o lado para observar.
Nikolai nada disse. Ksenya olhou mais uma vez para as sombras diante de seus pés. Um coração. Assim como o da sua Ordem. O coração que ela entregou em um relógio para Dominik, a pessoa que significava tanto para ela assim como significou para Nikolai.
Ela sorriu ao olhar para o príncipe, que ainda examinava o desenho feito pelas sombras e pelo sol no chão. Mas não olhar para Ksenya não o impediu de falar:
─ Eu não vou me casar ─ Nikolai disse. ─ Não até que você diga sim.
Céus.
Nikolai. Nikolai. Foi tudo o que sua mente repetiu.
Como alguém podia deixá-la tão vulnerável e tão feliz ao mesmo tempo? Sem palavras e com tanto para dizer? Ksenya sequer conseguiu piscar e Nikolai finalmente a olhou. E ele ainda conseguiu sorrir.
─ Quando Dominik me disse para não desistir, ele sabia que eu já tinha isso em mente; que jamais e em hipótese alguma eu iria desistir do que poderemos ser até que você me mande fazer isso. E particularmente eu acho que você não me pedirá para desistir de você. Você sabe que gosta de mim da mesma forma.
Ksenya tardou a notar que Nikolai realmente não iria abrir mão daquilo que há anos a pediu e a prometeu. Que ela fosse sua rainha e que dariam um jeito de fazer isso funcionar.
─ Descobri que somos o perfeito equilíbrio quando estamos juntos mesmo que o mundo esteja desmoronando ─ o príncipe continuou. ─ Independente do que aconteça, não quero mais ficar longe de você. Eu quero que você esteja ao meu lado no momento em que eu acordar e todos os dias. Eu descobri que eu...
─ Irmão!
Nikolai respirou fundo. Vasily o chamava, mas provavelmente não fazia ideia de onde ele estava.
─ Eu realmente estou nervoso e ter sido interrompido me faz pensar que estou sendo tolo ─ disse Nikolai, se aproximando.
Ouvir aquelas palavras de Nikolai era definitivamente o que Ksenya mais queria. Porque, mesmo que depois delas nascessem mais um milhão de perguntas, uma já possuía resposta. E ela era: que eles quebrariam qualquer barreira para juntos - de verdade dessa vez - salvar não só o seu país, mas salvar todo o sentimento recluso que ainda existia dentro de ambos.
Ksenya tomou as duas mãos de Nikolai. Eles sorriram e jamais se sentiram tão idiotas como naquele momento, mas descobriram que gostavam disso.
─ A porta do meu quarto permanecerá aberta hoje a noite ─ Ksenya murmurou, olhando diretamente nos olhos do príncipe.
Nikolai imaginou que não era possível odiar tanto aquela comemoração quando pensou que devia esperar o dia acabar para finalmente a noite chegar e que todos os deixassem livres para ficar a sós.
─ E eu estarei ocasionalmente pelo Pequeno Palácio. Que coincidência!
A única coisa que Ksenya fez foi olhar Nikolai nos olhos. Isso foi motivo suficiente para que ele desejasse imensamente beija-la ali mesmo, naquele depósito velho, sem uso e com uma clarabóia quebrada.
─ Onde está o aniversariante? ─ o príncipe e a grisha ouviram as risadinhas animadas do pessoal na festa ao ouvirem o filho mais velho do rei perguntar em um tom bem humorado.
Nikolai mordeu os lábios, exasperado. No momento em que fosse beijar Ksenya, ele queria que estivessem a sós em um lugar melhor. Que fossem donos de todo o tempo do mundo e que nada fosse feito às pressas.
Ele sabia que no momento em que a beijasse não conseguiria mais parar. Nikolai sabia que não iria querer parar.
Ele queria dizer tudo, implorar para que Ksenya não mudasse de ideia. Mas tudo o que fez foi encostar sua testa na dela e torcer para a noite chegar mais rápido.
─ Eu consigo sentir sua ansiedade ─ a Sangradora sussurrou, ─ não se preocupe, você poderá me dizer tudo o que quer dizer ─ Nikolai sorriu e depositou um beijo em sua testa. Ele se afastou para pegar o objeto que havia deixado na clarabóia.
─ Vá na frente ─ disse ele.
E ela se foi. Nikolai a encarou até a porta da dispensa fechar.
Quando Ksenya voltou para o Salão, todos ainda estavam conversando. Somente Vasily a encarou como se soubesse onde e com quem ela esteve nos últimos minutos; algo que não a importava tanto. Quando Nikolai reapareceu e todos começaram a se sentar, o irmão mais velho tentou impedir a careta, mas só conseguiu deformar o rosto em uma espécie de junção de sorriso com mal humor.
Vasily, sentado do outro lado do rei, revirou os olhos ao notar Nikolai ajustar a cadeira vazia ao seu lado para que Ksenya se sentasse. Muitos olhares ficaram confusos, até mesmo o da rainha e do rei, que anteriormente olhava para a esposa de um oficial; outros olhares eram simplesmente raivosos.
Ao chegar a hora dos presentes, Nikolai permaneceu sorridente ao observar cada revelação. Hora ou outra, quando estava sentado e quando não estava sendo presenteado com brindes pela sua saúde e elogios por sua liderança, ele não conseguia evitar pousar uma mão na perna de Ksenya enquanto fazia carícias aparentemente inocentes, ansiando e a fazendo desejar que as horas passassem mais rápido.
Tinham tanto para conversar. Mas a parte óbvia para ambos é que provavelmente a conversa tivesse que ser adiada por mais algum tempo, mesmo quando estivessem a sós.
SKYLANTSOV | 2023
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Depois de quase um ano aqui vai mais uma atualização! Na verdade, eu editei esse capítulo, pois decidi mudar algumas coisas no andamento da fic. Espero que gostem. Obrigada pelo apoio, pelos comentários, e até pelas cobranças após o lançamento da segunda temporada!
Lov u! ❤️
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