Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

⚜ 𝕬𝖓𝖙𝖊𝖘

𝟬𝟬. 𝗣𝗥𝗢𝗟𝗢𝗚𝗢
❛﹙𝐀 𝐓𝐑𝐀𝐕𝐄𝐒𝐒𝐈𝐀 𝐃𝐀 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐄 ﹚

❛ Entre o desejo e o medo, entre o poder e
a existência, entre a essência e o declínio, caem as sombras. Esta é a maneira que
o mundo acaba. ❜ ──── T. S. Eliot










SUAS COSTAS E MÃOS VIOLENTAMENTE chocaram-se contra as paredes de madeira manchadas de sangue. Os olhos de Ksenya Kamenova eram fixos nos assombrosos rostos vazios das pessoas mortas no massacre do esquife, das pessoas que jamais seriam enterradas. E tudo ainda estava acontecendo quando seu corpo congelou de terror em meio a todo o caos, em meio ao terror em que cruzar a Dobra das Sombras havia se tornado.

Tremendo, finalmente distanciou as mãos da parede e as encarou, era necessário fazer algo; o pânico que sentia não a ajudaria em absolutamente nada. Um grito estridente veio do seu lado direito, uma hidro teve a sua garganta mutilada violentamente pelas garras amedrontadoras de um volcra, em seguida desapareceu no ar quando a criatura a levou escuridão a dentro.

Quando subiu no esquife junto a sua irmã Natalya, Ksenya não imaginou que tudo o que ouvira do General do Segundo Exército era mentira. Ele não queria acabar com o Não Mar, Alina Starkov não estava sendo egoísta e fugindo de um nobre dever, tudo o que a Conjuradora do Sol queria era liberdade e o seu amplificador para enfim destruir a Dobra. Mas lá estavam eles, lutando pela sua própria vida quando as sombras começaram a expandir graças ao Darkling.

Conforme antes se aproximavam, todos conseguiam ver o outro lado, viam Ravka Oeste, as pradarias, a vila, as torres de Os Kervo. Então tudo mudou. Ao notar que o porto de Novokribirsk era destruído pela escuridão expandida, Ksenya ouviu o grito de sua irmã, chorando e implorando, se perguntando o porquê que Darkling fazia aquilo. Sua família estava lá, seus pais estavam em Novokribirsk a sua espera.

Os embaixadores, o enviado e os convidados do Rei para o festival de inverno haviam entrado em desespero, em choque, ao perceber o que acontecia no esquife. O General queria que outros soubessem, por isso permitiu a ida deles. Se seu plano funcionasse, se conseguisse continuar submetendo os poderes de Alina a sua precisão, todos saberiam o que aconteceu na Dobra das Sombras. E era isto o que ele queria: submissão e medo. E de repente haviam pessoas mortas. Crianças mortas.

Porém, algo aconteceu quando, sob ordens do Darkling, Malyen Oretsev foi jogado para fora do esquife. A luz reluzente vacilou sem o controle de sua conjuradora, antes que ela pudesse recuperar rapidamente a onda cintilante que era seu poder, os volcras atacaram com força total. Alina e Darkling estavam brigando pelo controle do poder.

Ksenya soube que, mesmo na escuridão, Natalya ainda tentava digerir tudo o que havia acontecido minutos antes. Seus pais agora estavam mortos em algum lugar no meio do Não Mar. Só restavam elas. Precisavam sair, sobreviver, contar aos outros do Pequeno Palácio quem era seu General, um homem de meia-palavra que acabara de assassinar pessoas inocentes, que acabara de expandir a Dobra das Sombras.

─ Natalya! ─ seu grito mal poderia ser ouvido no meio de chamados por ajuda, pelos berros das pessoas sendo repetidamente atacadas e levadas pelos monstros.

Então Alina recuperou a sua luz e uma onda áspera foi lançada, mostrando o terror ao redor e dentro da embarcação. Os embaixadores e os convidados do Rei, estavam a maioria estirados no chão, sem vida, alguns grishas, um aeros e um infernal, caídos lado a lado, sem membros do corpo, sangue ainda fresco. Todos mortos. Ksenya podia ouvir batimentos cardíacos, mas eles diminuíram a cada segundo. As pessoas que foram arrastadas para longe pelos bichos, tendo seus membros arrancados, no meio da escuridão.

Então ela conseguiu vê-lo, Darkling continuava vivo e ergueu as mãos, a menos de um metro de uma abertura quebrada do esquife. Ksenya estava prestes a gesticular, acabar com ele naquele instante, então a escuridão tomou conta deles outra vez e ela ouviu o grito de sua irmã chamando pelo seu nome. Um aviso. Ouviu os batimentos. Uma criatura cinzenta e contorcida, dona de dentes enormes e avermelhados disparava em sua direção, pronta para ataca-la, rasgar seu corpo como havia feito com os outros.

Ksenya saltou para fora do esquife, mal sentindo a ponta da garra da criatura em sua panturrilha.

Tudo aconteceu muito rápido. Algo estava acontecendo entre Malyen, o rastreador, e o Darkling. Entre Alina e Ivan. A luz ameaçou falhar novamente, mas estava lá, viva e se fortalecendo.

Havia volcras por toda parte, no ar ao redor deles. A garota ruiva sentiu a areia nas mãos enquanto as apoiava no chão para se levantar. Era a segunda vez que entrava na dobra e temia que não fosse capaz de sair. O cenário grotesco dominava tudo ao seu redor.

─ Polina! ─ gritou ao ver a Infernal ser rodeada por um bando de volcras. Estava longe demais da luz que a conjuradora do sol invocava. ─ Não!

Era tarde, Ksenya sequer conseguiu mais ver a etherealki quando os monstros a cobriram com suas garras e suas próprias asas. Jamais havia ouvido um som como aquele. O som da morte.

Agora ela entendia que a Dobra era uma seção de escuridão que não podia ser penetrável e que continuaria crescendo, contendo seus volcras e quem sabe mais o que outros horrores inomináveis existiam lá dentro.

─ Precisamos correr, precisamos correr agora ─ Natalya Kamenova puxou um de seus braços, arrastando-o para correr na direção contrária de onde a confusão entre conjuradora do sol e conjurador das sombras acontecia.

Ficaram subitamente indefesas e desamparadas no centro da escuridão estreita que era o Não Mar. Elas morreriam por confiar suas vidas ao pior dos homens.

A cada passo na areia cinzenta Ksenya pedia a todos os santos que ouvissem suas orações para deixá-las chegar ao outro lado. O rugido assassino dos volcras ainda era possível ouvir. Ela puxou a irmã para que caíssem na areia morta quando ouviu os batimentos cardíacos de um enorme rebanho voar alguns metros acima. O grupo de monstros estava indo direto para a embarcação recém destruída.

Era um caminho cego quando as irmãs Kamenova-Petrova começaram a correr por suas vidas novamente. Então, mais alguns passos na tempestade da dobra, Ksenya ouviu o suspiro de alívio de sua irmã ao ver as brechas meio iluminadas pela gigantesca parede escura e gasosa da dobra. Estavam tão perto da travessia.

─ Estamos chegando, Ksenya, estamos quase... ─ sangue jorrou da boca de Natalya quando duas garras atravessaram violentamente suas costas.

O grito estriduloso do volcra que a atacara era demasiado violento, ameaçando também Ksenya que tinha os olhos arregalados para com a sua irmã, que continuava viva, mesmo que mutilada pela criatura de fora para dentro, dos dois lados do corpo.

─ NÃO! ─ a mais jovem gritou, gesticulando com as mãos, tentando manter viva a irmã mais velha quando o volcra a deixou sangrar no chão para disparar na mesma direção que a matilha.

─ Vá... ─ disse a mulher no chão. Elas não tinham quase nenhuma luz, e era possível ouvir outras criaturas prontas para atacar. ─ Não há... salvação... Vá.

─ Não, Natalya, não...

Então, três das criaturas apareceram. Aquele que esteve prestes a se dirigir para Ksenya fora empurrado no ar pelas mãos de Natalya, uma Aeros, que quase não tinha forças para lidar com a situação.

─ Aqui! ─ gritou Natalya, tossindo ainda mais sangue, fraca. ─ Estou aqui! Bem...! aqui...

Ksenya tentou, tentou muitas vezes mantê-la respirando, se aproximar, morrer com ela. Uma rajada violenta de vento a empurrou para longe da verdadeira cena de terror que era um bando de volcras e o som terrível que era enquanto eles despedaçavam o corpo de sua irmã. Depois nada havia ali, nem mesmo a ventania.

Só restava correr. Correr sozinha por sua vida miserável e solitária.

Traída, derrotada e em luto, Ksenya chegou ao outro lado do Não Mar.

Ao descobrir que o Darkling continuava vivo, durante duas semanas caminhou pelas estradas de Kribirsk, Balakirev e até mesmo Keramzin, se escondendo pelas ruas encardidas de cidades sujas, sozinha e machucada. Esperava pelo momento em que poderia voltar para o Pequeno Palácio e contar para outros Grishas que estiveram do lado errado por muito tempo, contar que confiaram em um monstro pior do que os que viviam na dobra.

Durante aquela semana solitária, Ksenya prometeu a si mesma que iria se vingar pela morte de sua irmã.


© SKYLANTSOV | 2021

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro