𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 21
❝ 𝗕𝗟𝗨𝗘 𝗧𝗘𝗔𝗥𝗦 ❞
▬▬ 21: Criança de exemplo
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No meio da noite, com a escuridão reinando e todos a nossa volta dormindo. Só era possível escutar as tentativas falhas de nós seguramos a risada enquanto apenas uma lamparina nos iluminava
Harriet acabará de fazer uma comparação super engraçada com um dos meninos. O que novamente fez todas nós cairmos na risada
Brenda estava concentrada comendo uma lata de feijão, mas quando escutou a frase da garota quase se engasgou de tanto rir, o que só fez as risadas aumentarem
Estávamos sentadas em uma rodinha, e Sonya estava logo atrás de mim trançando o meu cabelo enquanto eu colava de volta algumas pedrinhas do meu cinto. A verdade é que eu nem sabia como nos tornamos tão próximas. Foram apenas...longos 6 meses, e apenas tivemos uma conexão genuína
- Ah, mas...se você reparar bem, eles até são fofos - Brenda diz enquanto mexia com a colher em sua lata. Logo olhando para as redes distantes, onde os garotos e mais algumas pessoas dormiam
Nós nos encaramos franzindo a sobrancelha e com um sorrisinho se formando em nossos lábios
- "Eles" ou...o Thomas! - Digo e novamente risadinhas foram escutadas, seguidas de alguns cutucões em direção a Brenda
A garota rapidamente tentou controlar seus lábios e formar uma expressão séria, mas era impossível. Era óbvio que a mesma queria sorrir, e era óbvio que ela estava começando a gostar de Tommy
- O que?! Parou! Nada haver - Ela rapidamente se pronunciou
- Está tudo bem admitir, querida Brenda! Você não seria a única dessa roda a se apaixonar por um daqueles dali pelo o que eu sei - Harriet ao terminar de dizer me dá uma cotovelada de leve
Eu sorri genuinamente e então olhei para trás quase no automático. Como se eu fosse vê-lo ali, dormindo junto com os outros, junto com os seus amigos, no meu campo de visão...perto de mim
Quando meu rosto se virou novamente para as meninas a minha expressão era triste, e uma faixa de água se formou em meus olhos
Por que essa dor não parecia passar nunca?
Eu não aguentava mais criar expectativas e esperanças. Só estava me machucando
- Hoje...seria aniversário dele. E o engraçado é que em ambos os nossos aniversários esse ano, estávamos mais do que nunca...na palma da mão do CRUEL
Senti Sonya, que estava atrás de mim, me abraçar e colocar sua cabeça em meu ombro. Tentando transparecer o máximo de conforto possível
- Eu não consigo nem imaginar o quanto eles já torturaram todas essas pessoas - Brenda diz olhando em volta - Tantas...vidas tiradas
Uma sombra de ódio me consumiu, ao lembrar dos dias no CRUEL. E me corroer só de imaginar que a tortura mesmo era ver outras crianças serem torturadas...e "essas crianças", quase sempre era o Minho
- Minho sempre foi usado como a criança de exemplo para que se um dia os outros saíssem da linha...sabiam? - Eu disse e as garotas fizeram expressões confusas, começando a me escutar com atenção - Minho, criou uma casca de "garoto forte" para se proteger de alguma maneira. Mas parece que o CRUEL se sentia desafiado com essa personalidade dele, e sempre que o grupo em que ele estava saia um dedinho da linha...eles o torturava, e fazia todas as crianças ver, para saber que se elas fizessem algo de errado, iria "acontecer com elas igual a aconteceu com o Minho"
Eu vi a expressão dolorosa das garotas só de imaginar a situação. Mas eu não imaginei, eu me lembrei. O que me fez cair lágrimas dos meus olhos, sem parar
- Isso é de mais, para...crianças. É desumano! - Harriet diz indignada
- E o que me dói, todos os dias...É saber que agora devem estar fazendo muito pior. Por que ele é mais velho - Digo tentando secar as lágrimas, mas é falha, já que mais escorreram
Pude ver Brenda se aproximar mais de mim e me abraçar. Sonya, que não tinha parado de me abraçar, se aconchega ali e rapidamente Harriet também se junta ao abraço
- Você é muito forte Jenna. E o Minho também. Vocês vão passar por isso...É só nunca desistir - Brenda diz
***
Nunca desistir
Eu já não estava em sã consciência a meses. E agora eu havia enlouquecido de vez. Eu já não sabia se o que estava me movendo era a raiva, tristeza, saudade, vingança. Na verdade nada me movia...apenas o meu corpo vazio, procurando a solução para o seu preenchimento
Eu estava acordada a tanto tempo que meus olhos pareciam ranger para piscar, aquelas páginas do mapa já estavam decoradas em minha cabeça, de tanto que eu as encarava
Encaixei as minhas mãos e me encarei no espelho. Junto meus fios de cabelo em minhas mãos mas rapidamente desisto de formar um rabo de cavalo e deixo meu cabelo solto, como eu nunca deixava
Pego o lenço grosso preto e coloco sobre a minha cabeça, formando uma espécie de gorro, e logo em seguida levando o colar de Minho para fora, assim ficando mais exposto
Eu estava prestes a fazer a maior loucura da minha vida, e tinha adrenalina por cada parte do meu corpo, eu não iria parar
Segurando a mochila fortemente em meus braços, eu fui até o lado de fora onde ficavam os carros
- Aonde você pensa que vai? - Uma voz me surpreendeu junto a uma luz sendo acesa, revelando a imagem da pessoa
Newt
Mas que droga de loiro sujo.
- Fazer churrasquinho de CRUEL, está convidado, aliás! Vai ter direito a piscina e... - Respondo de forma irônica
- Jenna... - Newt me interrompeu, como se estivesse prestes a me dar uma bronca - Para de bobeira
Eu fiz uma careta, pronta para receber uma bronca. Mas fui surpreendida pelo mesmo girando uma chave em seus dedos e me dando um sorriso sacana
- Sabe que eu já estou dentro desse churrasco a muito tempo, não é? - Ele disse e eu sorriso involuntário surgiu nos meus lábios - Eu me convidei
O loiro colocou uma mochila nas costas e apontou para o carro, para que entrássemos
Mas eu pisquei algumas vezes e suspirei. Eu sabia o que era certo
- Newt, não. Não dessa vez - O garoto se virou confuso para mim - Olha, mesmo achando o Minho nada garante a nossa volta
Newt fez um bico e revirou os olhos. Ignorando completamente meu discurso para que ele não fosse junto comigo em outra missão suicida
- Vai precisar de toda ajuda possível, né? - O mesmo abriu o carro, revelando Caçarola no piloto e Thomas no copiloto o que me fez abrir a boca e piscar algumas vezes em choque
- Ah - Quase engasgo ao dizer - Vocês são loucos?!
- Se a gente é você também é - Caçarola deu de ombros
- Talvez até mais - Thomas riu
Newt então vira seu olhar para mim e cruzou seus braços
- Começamos isso juntos, podemos muito bem acabar juntos
Minha cabeça balançou em negação
- Está bem...Só não morram, pelo amor de Deus - Eu disse enquanto abria a porta do carro e adentrando ali
***
Meus olhos piscaram algumas vezes tentando me acostumar com o ambiente. O dia lá fora já estava claro, Caçarola estava dirigindo há horas
Em meu fone uma música gostosinha tocava, o que fazia meus batimentos cardíacos aos poucos ficarem mais calmos. Era uma das primeiras noites em muito tempo, que eu não tinha pesadelos
Me ajeitando um pouco no banco, eu olhei em volta e percebi que todos já estavam acordados. Thomas quando reparou em mim deu apenas um sorriso como se quisesse dizer "bom dia". Eu sempre sentia que por algum motivo Thomas tinha um pouco de medo de falar comigo, mas achava fofo e só ignorava
Do lado de fora da janela estávamos entrando em uma área restrita, com uma cerca elétrica cheia de placas com aviso de perigo, e área altamente infectada
Confesso que estremeci um pouco. Fazia um tempinho em que eu não tinha contato direto com o vírus. E desde que Luke me deu algumas informações sobre o Fulgor eu tenho bastante curiosidade
Vejo o carro parar em frente a um túnel, onde rapidamente nós descemos do carro e analisamos o local
- Quer que a gente entre ali? - Newt me indagou
Eu continuei encarando o breu a minha frente enquanto tirava o lenço da minha cabeça com cuidado. Na sequência tirando o mapa furreco do meu bolso e começando a analisar
- Sem querer parecer pessimista mas...se eu fosse um Crank, é ali que eu estaria - Levantei minha cabeça confusa para frente e depois para Newt
- Acho que não temos muita opção, loiro - Dei de ombros - Vambora, sebo nas canelas!
Entramos no carro novamente, e em questão de segundos, Caçarola já estava avançando cautelosamente para dentro do túnel
O farol estava aceso, mas ainda sim o ambiente parecia muito escuro, silencioso e macabro
- É só ir bem devagarinho - Newt diz enquanto acendia uma lanterna
- Ou ou ou - Caçarola começou a repetir e então parou o carro - Gente...
Me ergui um pouco para enxergar o motivo de terem parado, e ali estava algo parado
- Aquilo é uma pessoa ou um...Crank? - Newt perguntou, e quase que ao mesmo tempo, todos os meninos começaram a me encarar e me analisar por completo
- Por que estão me olhando assim?! - Eu perguntei incomodada
- Porque se você estiver brilhando é porquê é um Crank - Caçarola diz e então sorri
Eu dei uma risada
- Que ótimo, agora sou oficialmente um detector de cranks!
Eu estava rindo, até reparar na minha mão por trás da faixa. Rapidamente os encaro e então começo a desfazer o amarro, revelando as veias azuis pulsando, pareciam ficar cada vez mais brilhantes
Encaro os garotos, que também encararam uns aos outros, e por último encararam o Cranck a poucos metros da gente
- Tá tudo bem, é só um - Eu suspirei confirmando com a cabeça - Vá devagar e contorne. Vamos nos safar
- Devagar - Caçarola repetiu, apertando fortemente o volante. Ele estava com medo, todos estávamos
Pude ver Newt fechar sua janela
Eu ia me encostar no banco mas uma mulher apareceu com a cara muito perto do vidro, com os mesmos traços aterrorizantes de um crank, e com as mãos postas a janela
Um grito saiu da minha boca, fazendo todos se assustarem
- MAS QUE MONTE DE PLONGS! CAÇAROLA ACELERA!
A mulher pedia por favor e começava a tentar abrir a porta do carro, parecia assustada e olhando toda hora para o lado, pedindo ajuda
Logo outro surgiu já janela do Thomas, pedindo para entrar e batendo no vidro. E logo vários surgiram, muitos...muitos mesmo
- ACELERA CAÇAROLA! - Thomas também gritou
- PISA AÍ! ANDA! - Newt foi o próximo
- SE SEGUREM! - Caçarola diz e começou a acelerar o carro, atropelando alguns cranks no caminho
Estava dando certo até um Crank subir no capô do carro e começando a socar ali, tapando completamente a visão de Caçarola, e agora com o vidro quebrado
Aos poucos o carro foi perdendo o controle, e o fato de Caçarola estar tentando se livrar de um morto vivo que não parava de socar nossos vidros, não ajudava
Quando finalmente conseguimos nos livrar dele, suspiros aliviados saíram pelas nossas bocas
- CUIDADO CAÇAROLA! - Thomas gritou apontando para frente
Mas foi questão de segundos para eu só ver o carro capotando e nós aos poucos tirando o cinto para tentar nos livrar daquela situação
- Estão todos bem? - Gritei
- Minha mão - Alguém reclamou, não consegui identificar quem foi
Com dificuldade, nós quebramos as janelas e nos arrastamos até o lado de fora
Enquanto nós tentávamos tirar uns aos outros daquela situação, ouvimos um grito infernal achar nas paredes do túnel. E logo um Crank se aproxima correndo todo contorcido na nossa direção
- A GENTE TEM QUE IR, AGORA!
Começamos a correr, mas eu pude ver Caçarola sacar uma arma e começar a atirar para ganhar mais tempo. Só que mais e mais deles apareciam, e a impressão é que elas corriam muito mais que a gente. Minhas veias estavam brilhando muito a esse ponto
- OU OU OU OU! PAREM AI! ‐ Thomas gritou
Mais cranks vinham da direção em que estávamos correndo e muito mais vinha atrás. Estávamos cercados, sem ter pra onde ir
Caçarola começou a atirar para todos os lados, mas o desespero começou quando as munições acabaram
- Jenna, seus olhos estão brilhando! - Newt diz
Antes que eu pudesse responder, um estrondo de barulho de carro acelerando foi escutado. Logo vimos vários Cranks voando e sendo atropelados
- Essa rebeldia de família está me matando, viu dona Jenna! - Vi meu avô parar ao nosso lado, fazendo um sorriso genuíno sair dos meus lábios
- ENTREM AQUI - Brenda diz enquanto sacava armas e levantava no espaço do teto para atirar
Sem pensar duas vezes nós adentramos no carro, e Jorge começou a acelerar. Mas antes disso um crank tentou puxar a minha mão, e eu me assustei ao ver que assim que sua pele entrou em contato com a minha, eu parecia me conectar a ele e podia senti-lo, suas veias que antes eram negras, logo se tornaram azuis como as minhas, mas isso acabou quando alguém me puxou de volta para dentro do carro
- Tudo bem? - Newt me perguntou mas eu estava em tanto choque que só balancei a cabeça e me sentei ao seu lado
Em questão de segundos estávamos fora do túnel e em contato com a luz do dia novamente
- Estou impressionado! - Jorge diz - Quase duraram um dia todo!
Brenda se virou para trás e encarou Thomas, balançando a cabeça negativamente, mas ao mesmo tempo com um sorriso que quase dizia "você é louco ou estúpido assim mesmo?"
Dei um sorriso ao me lembrar da conversa que tivemos entre as garotas na noite passada
Olhei para Thomas que ficou estático com o olhar da garota predominando sobre ele. O mesmo gaguejou algumas vezes, abrindo a boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu
Dei uma cotovelada em Newt para ver se o mesmo estava vendo o mesmo que eu e quando o encarei ele me deu um sorriso maroto seguido de suas sobrancelhas se levantando de maneira engraçada
- Foi mal, não queríamos envolver vocês nisso - Thomas gaguejou um pouco, rapidamente olhou pra mim pedindo socorro - Né Jenna?!
- Acho que o que o Tommy quer dizer é...Obrigado, Brenda! Por nos resgatar de maneira tão maravilhosa - Pude ver Jorge erguer as sobrancelhas pelo retrovisor - E obrigada, Jorge! Claro
Brenda sorriu olhando pra mim e eu rapidamente pisquei para a mesma
- Disponha - Ela diz com um sorriso e depois se vira de volta
- Acho bom que nem criem muita esperança pra não ter frustração de novo! Aquela ali era a última barreira da cidade, se ela foi tomada, é provável que a cidade também - Jorge diz
Nós olhamos para o lado de fora, e nossos olhos brilharam com a vista. Era a cidade, uma cidade...completamente inteira e intacta
- É, a não ser que eles tenham arrumado outro jeito de pôr os cranks fora - Newt diz enquanto olhava a vista
Jorge deu uma daquelas suas fretados fazendo todos se assustarem com seu ato repentino, mas assim saímos do carro para poder ver melhor...era enorme. Cheia de prédios, e com uma barreira em círculo enorme a sua volta
- Engraçado. Passamos três anos presos tentando escapar e agora a gente quer invadir - Digo
- É, Hilário - Thomas respondeu, mas sua frase quase não tinha humor
- Como nós entramos, vô? - Eu indaguei olhando para o mesmo
- Não olhe pra mim, hija. Esses muros são novos. Acho que é a resposta do CRUEL pra tudo - Jorge respondeu
Ficamos em silêncio por alguns segundos encarando a paisagem à nossa frente
- Acho que não vamos descobrir parados aqui, né? - Brenda quebra o silêncio - Vamos! - Ela diz enquanto voltava para o carro
Aos poucos todos voltaram para o carro mas eu ainda fiquei mais alguns segundos ali parada
- Eu estou chegando, min min. Seja forte
***
( notas da autora )
MUHAHAHAHA!
Gente estou amando escrever a amizade da Jen com as meninas, affe
No próximo capítulo tem o reencontro da nossa dupla apocalíptica fav😭😭😭💥💥💥💥💥
Oq estão achando??
Amo vcs!<3
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