𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐎𝐧𝐞
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PROFESSOR DUMBLEDORE
POINT OF VIEW
𝐴𝑏𝑖𝑔𝑎𝑖𝑙 𝐺𝑖𝑣𝑒𝑛𝑠 {1981}
Os olhos vermelhos e inchados da bruxa davam-lhe um aspecto abatido, além da preocupação em que lhe enchia o peito. A madrugada chegara e Sirius não. Faziam-se horas desde que os dois haviam brigado feio.
Para Abigail, tudo ficara mais difícil de se lidar: A ordem da fênix, você-sabe-quem, a morte de pessoas, a segurança de todos... Aquela altura, um simples passo fora da casa em que viviam devia ser cuidadoso, e naquele momento a sensação de sufoco ponderou-se da bruxa que só conseguia pensar em Sirius que havia ido para a casa de Peter.
Um movimento involuntário de nervosismo fez a mulher iniciar uma mobilidade repetitiva de balançar a perna e em seguida elevando a mão até a boca para que roesse as unhas, entretanto, logo interrompeu o ato quando a chaleira começou a chiar. Ela ergueu-se, alcançando uma xícara disposta a preparar o café até que uma batida na porta a fez deixar a tarefa de lado e rumar até o hall de entrada com a varinha empunhada. A porta fora aberta violentamente e um rosto cansado anunciou-se:
— Remo! —correu em sua direção, segurando suas mãos trêmulas fortemente -— O que aconteceu?
Houve um breve momento de silêncio.
—Traição! — exclamou com a voz falha — Sirius nos traiu.
— Lilian e Harry? — indagou segurando o choro preso em sua garganta — E James? diga-me Remo!
— O único que sobreviveu foi Harry.
A ficha não caiu, assim como suas lágrimas. Naquela noite apenas questionamentos ficaram no ar, por qual razão Sirius cometera tal barbárie, trair seus amigos e aliar-se a você-sabe-quem. A medida em que alguns membros da Ordem chegavam na casa da bruxa e a olhavam com desconfiança, mais vontade Abigail sentia de sumir.
A bruxa ergueu-se rapidamente em um espasmo, como quando se acorda de um pesadelo em que você sente estar caindo. Após retornar a si em instantes, o olhar caído de Abigail percorreu a escrivaninha em que minutos antes tirava um cochilo e sentiu-se mais próspera ao notar que tudo passara de uma sonho embasado de lembrança.
Observou que havia dormido em cima de suas anotações, cartas e até o tinteiro estava declinado de forma que a tinta preta pingava na carta em que enviaria ao ministério. A mulher silvou frustada e tratou de organizar rapidamente a bagunça ali.
Em seguida rumou ao banheiro e realizou sua higiene, reparando na marca que ficara em seu rosto por conta do mal jeito em que dormira. A luz solar adentrou no chalé e iluminou tudo ali, o vento agradava uma boa parte da casa e Abigail já sentia-se melhor. Ela amava o campo e o mês de setembro. Enquanto murmurava alguma música e bebericava uma xícara de café com leite, a torta de limão assava no forno.
Fazia um tempo que a mesma morava naquela fazenda, no interior da Irlanda. Trabalhava para o "Profeta Diário" possuindo sua própria coluna mensal sobre política — comentando de forma mais geral, afinal o ministro em pessoa exigia que não abrisse debates ou discussões políticas e por ser um fato o desprezo da sociedade bruxa em relação a assuntos deste feitio. Eles se interessavam pelas mesmas histórias: se alguém está em apuros por alguma infração do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia, ou a explicação de alguma lei.
A mulher intercalava entre escrever seus artigos, e livros de história da magia de sua própria autoria — ela sempre mandara diversas cartas para que avaliassem seus livros, publicassem-o e permitissem-o ser usado em Hogwarts, entretanto nenhuma carta fora enviada confirmando.
O cheiro da torta inundou o nariz da bruxa, que deu passos largos para tirá-lo do forno. Enquanto deixava-o mesmo esfriar um pouco, alcançou sua xícara de café e rumou até a varanda, sentando na cadeira de balanço e respirando o ar daquele belo campo. As lembranças mais uma vez se apossaram da mulher, pela a segunda vez naquele dia — A fuga de Sirius de Azkaban ainda a atormentava juntamente da sensação de estar sendo vigiada, faziam-se dois anos desde que a noticia se espalhara, Abigail podia lembrar-se perfeitamente da medo em que sentiu, por mais que o odiasse, temia algo acontecesse com o mesmo.
Seu olhar desolado e seus gritos estridentes estampados em primeira pagina no Profeta diário, a assombrava profundamente, após isto resolveu afastar-se de todos da Ordem, mudando-se para aquele lugar.
Abigail abriu os olhos para observar o ambiente mais uma vez antes de entrar e comer um pedaço de torta.
Um homem alto, com cabelo e barba prateado até a cintura, trajando uma longa capa preta e um chapéu pontiagudo, encontrava-se parado a sua frente:
— Por Merlin, professor Dumbledore — gritou Abigail olhando para os lados, torcendo para que só o homem estivesse ali.
O bruxo tossiu um pouco.
— Abigail, minha jovem, creio eu que aquela torta de limão já está fria — exclamou olhando para dentro do chalé.
— Anh, sim está, entre professor, vamos tomar uma xícara de café e comer a torta — convidou erguendo-se da cadeira e apontando para que o bruxo entrasse no local.
— Agradeço, minha jovem — pediu licença e sentou-se na cadeira próxima a mesa do café da manhã e observou a casa com um sorriso agradável no rosto. A mulher o serviu e tratou de saborear a torta também, sentando-se de forma em que ficasse de frente para o bruxo.
— Professor Dumbledore — chamou Abigail com a voz insegura, porém sua curiosidade era demasiada — Aprecio sua presença, é sempre bom vê-lo! Mas... Não querendo ser grossa, posso questionar o motivo de sua visita?
O homem enfiou uma garfada da torta em sua boca e elevou o lenço até sua boca limpando os resquícios de migalha ali com uma calma inexplicável, fazendo Abigail ansiar mais por uma resposta.
— Querida Abigail, uma das alunas mais talentosas de Hogwarts, orgulho eterno da Corvinal —exclamou — Não esqueça de seus votos, ainda faz parte da Ordem da Fênix, em momento algum você se desfez do laço com o nosso dever.
A mulher sentiu uma onda de desconforto se ponderar em seu corpo.
— Lembro muito bem dos meus votos, professor. — rebateu desgostosa.
Um pequeno sorriso surgiu no canto da boca do bruxo.
— Lembra? Que inusitado! Faz um bom tempo em que não nos informa de nada ou que nos visita — comentou o homem de forma debochada — Sei muito bem o que a motivou a se afastar, Abigail. Porém assim como tudo na vida, há uma explicação.
A bruxa bufou e cruzou os braços na altura de seu peito, aquela conversa a incomodava.
— Traição não, professor — Abigail respondeu — Foi isso o que ele cometeu, nos apunhalou pela as costas na melhor oportunidade, levando seus amigos para um destino cruel e sem falar daquela pobre criança...
— Harry — rosnou o bruxo fazendo com que a mulher estremecesse um pouco na cadeira, poucas foram as vezes em que ela o vira daquela forma — Não esqueça que você deu as costas para ele também, minha jovem.
— Eu não estava em condições de cuidar dele, nem um lar seguro poderia proporcionar.
— Com todo respeito, Abigail, você está sendo soberba — começou o homem de forma mais calma — Apenas vim esclarecer algumas coisas já que você não deu uma oportunidade de nos encontrarmos em tempos passados — ele ergueu a sobrancelha, como se pedisse permissão para prosseguir.
— Estou escutando, professor — disse ela.
O bruxo recostou-se na cadeira, e a observou por detrás dos óculos meia lua.
— Há dois anos, você deve recordar-se bem que Sirius realizou a proeza de fugir de Azkaban — iniciou o homem dessa vez erguendo-se e andando pela a casa.
— Só usou a inteligência para o mal — comentou de relance e fez um sinal para que o bruxo continuasse.
— Como eu ia dizendo, Sirius conseguiu fugir e após uma série de acontecimentos naquela época, tudo foi esclarecido de forma que possa afirmar: Ele é inocente.
A mulher o encarou como se o Dumbledore tivesse pronunciado um monte de baboseiras.
— Só pode ser piada — debochou do bruxo, esfregando o rosto nervosa — Professor, não havia outra forma de me convencer a retornar a Ordem?
Ele riu baixinho.
— Sim, havia, mas seria extremamente sem graça — respondeu-lhe — Sei que é uma informação grandiosa, entretanto trata-se da verdade. Sirius é inocente, e mais do que nunca precisamos de sua ajuda.
Abigail organizou todas as informações e encarou o homem boquiaberta:
— Vocês estão com ele?
— Sim, ele se encontra em um local seguro no qual apenas a Ordem possui conhecimento. Você vai ter tempo o suficiente para conversar com ele, porém precisamos resolver mais outra coisa.
— Aproveite logo que estou digerindo isso tudo, professor — interrompeu Abigail ainda com as mãos na cabeça, como se ela pudesse explodir.
— Sinto dizer que interceptamos algumas de suas cartas — anunciou como se fosse uma coisa extremamente engraçada e Abigail o olhou como se o homem tivesse perdido o juízo — Notamos que o Ministério tem um interesse em você, interesse esse que também nos interessa, você compreende?
— Explique melhor, professor, por favor.
— Eles a convidam para lecionar em Hogwarts — confessou sutilmente, enquanto Abigail o encarava sem piscar — Isso é realmente brilhante, pois sei que sempre foi seu sonho.
— Eu realmente n-não sei o que dizer — gaguejou Abigail. Dumbledore segurou as mãos nervosas da mulher.
— Por mais que seja um reconhecimento belíssimo por parte do ministério, temo anunciar que isso me deixa com o pé atrás — Dumbledore a encarou sério — O ministério não confia inteiramente em você, querida, sabe disse. Eles viram em você, uma pessoa para manipular, mostrar para a sociedade bruxa que tudo estava sob controle.
— Manipulável? — Abigail ofendeu-se.
— No ponto de vista de todos, você é uma bruxa possuinte de laços com assassino e conspiradores, eles sabem que conceder pequenas oportunidades a você como um cargo em um jornaleco ou lecionar em Hogwarts por ordens deles, faz criar uma dívida de gratidão, quem sabe? Estão querendo que você jogue para eles.
— Isso tem relação com você-sabe-quem — concluiu a mulher.
Dumbledore soltou-se das mãos da mesma antes de dar leve batidinhas como se servisse de consolo.
— Melhor será para eles se duvidarem da volta de Voldemort — rosnou o nome do Lord das trevas, e a mulher reagiu com um arrepio — Ele retornou, Abigail. Harry viu, e ele precisa de você — rangiu com firmeza.
— E como ele está? — indagou preocupada.
— Você é a madrinha e não sabe? — riu levemente do desconforto da mulher — Você sabe do suficiente, agora preciso retornar. Seu afilhado tem uma audiência marcada, expulso da escola por uso indevido de magia.
— O que houve? — questionou sem jeito.
— Dementadores — murmurou o bruxo — Bem, junte-se a nós, nos encontramos no Largo Grimmald, número doze. Creio que você conheça o lugar. Vamos esclarecer tudo e fica a seu critério, se vai dar as costas para Harry e Sirius novamente.
—Que belo começo de dia você trouxe, professor — comentou irônica.
— Abigail — chamou o bruxo — Eles precisam de você.
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