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7-Tirso

Amenade parecia uma mãe orgulhosa do filho após ensiná-lo a fazer tal tarefa do modo certo —, antes que as boquiabertas criaturas dissessem mais alguma bobagem, os dois foram para fora do campo caminhando lado a lado.

Ao chegar no palácio, Nad garantiu que iriam tratar dos assuntos a qual trouxeram ele até ali, depois do almoço.

— Foi muito bom. — Elogiou sorrindo fraco ao humano que estava exausto e enjoado.

— Obrigado, mas não teria conseguido sem sua ajuda. — Foi sincero com a titã que acariciava os fios brancos longos sob a armadura. Ierra tinha ido com eles e Iduna até a casa, pois tinham assuntos a tratar e queria almoçar.

— Por que me trata assim. — Tito realmente não entendia sua forma de tratá-lo quando as outras o humilhavam e faziam desdém a todo tempo dele.

Nad sentou-se na sua cadeira de sempre antes de responder.

— Por quê te trataria mal? — Devolveu indecifrável —, Tito sentou também e logo Ierra surgiu na sala, soltando fumaça pelos ouvidos de tanta fúria.

Tito não sabia a resposta exatamente.

—  Mande-o de volta irmã, é estupidez mantê-lo conosco, sabe que Tirso logo...

— Tirso que vá para o inferno, esta é a minha casa e aqui quem manda sou eu, quem decide quem fica também. — Rebateu Ierra de forma ríspida, o olhar afiado.

— Ele odeia humanos? — Ousou Tito perguntar fazendo Ierra revirar os olhos por ter escutado o humano falar o que considerava bobagem... Toda palavra que ouviu da boca dele era irrelevante.

— Ódio é pouco, muito pouco para o que ele sente em relação a vocês. — Explicou de mau jeito Ierra enquanto a irmã comia sem preocupação.

Qualquer palavra a seguir dos três foi interrompida por uma trovoada estrondeante invadindo o palácio, tremendo o chão e o resto das estruturas.

— Eu avisei. — Ierra ponderou incomodada e tensa passando os indicadores pela testa franzida.

Amenade se levantou do seu lugar extremamente calma... Uma calma perigosa.

— Trouxe este boçal para cá... Por quê? — A voz dilacerante e grave citou Tito, obviamente.

O homem igualmente alto a elas caminhou até mais perto da titã e olhou para o pobre mortal que não sentia conforto ao olhá-lo diretamente nos olhos totalmente escuros.

— Deve estar perdendo a sanidade Tirso. — O tom dela foi incomodado e irritado.

Tirso sorriu provocativo, numa leve malícia tomando sua pele negra aveludada.

— Coragem vir até aqui e interromper nossa refeição sagrada. — Disparou Ierra, sendo hostil.

Tirso as ignorou e caminhou até Tito, mas foi parado antes de estar na frente do humano pelo braço longo de Nad.

— O quê você quer aqui. — Amenade não o queria em sua residência e era bem nítido seu desconforto.

— Quero conversar com você. — Respondeu dirigindo o olhar a ela numa malícia constrangedora, se a titã não tivesse o busto coberto pele armadura ele estaria olhando faminto para seus seios.

Aquilo embrulhou o estômago do jovem.

— Eu por acaso te chamei para conversar? — Amenade encheu o peito de ar e devolveu a ousadia do homem com cabelos escuros crespos, rente a cabeça.

Tirso gargalhou tirando os olhos dela e apontou o mortal sentado à mesa com desdém.

— É seu novo brinquedinho? — Desprezou a primeira vista o humano e faria igual as outras... O humilharia é provocaria de todas as formas possíveis. Tito não poderia revidar mesmo.

Ierra saltou da cadeira e espalmou com força selvagem a mão na mesa a fazendo tremer.

— Se começar com suas gracinhas vou arrancar seus olhos e dar aos abutres seu imbecil. — Vociferou furiosa. Amenade agarrou o braço esquerdo dele e lhe arrastou para trás, ficando um de frente para o outro.

— Ele não tem culpa pelo que aconteceu. — Sua voz era mais tranquila, porém ainda tensa.

O que havia acontecido, se perguntou Tito.

Tirso quase rosnou indignado por ser tratado daquele jeito, e ainda mais na frente do humano insignificante...

— Não me trate assim Amenade, sabe muito bem que este desgraçado é um deles. — Articulou irado mantendo o olhar fixo nos nevoeiros dela.

— Problema seu, não venha A MINHA CASA ACHANDO QUE VAI FAZER QUALQUER BARBARIDADE. — Tito se encolheu na cadeira ao ver Nad gritando e suas íris ficaram totalmente preenchidas por uma cor violeta, sombria.

Os dedos dela soltaram o braço dele bruscamente.

— Ainda vamos ter aquela conversa. — Ponderou inconformado se referindo a algum assunto pendente entre eles. Ierra puxou um pouco a espada do quadril, prestes a acertá-lo qualquer coisa.

— Saia. — Comandou a doce criatura que estava agora sombria e cruel.

Tirso suspirou revoltado e saiu batendo as botas de metal da armadura potente que lhe cobria —, Tito chegou a cair da cadeira com o impacto.

Seja lá quem fosse aquele homem negro de expressões marcantes e ousadia notória — deixava o clima pesado e as duas irmãs tensas, incomodadas.

Silêncio cortante sob os três durante o resto do almoço —, e os olhos da titã que o expulsou voltaram a doçura genuína comum.

Horas haviam passado e eles ainda tentavam entrar num acordo benéfico para ambos os lados naquela sala particular onde um mapa estava estendido sob a mesa iluminada por velas em seus candelabros de ouro.

— Quero mais uma coisa também. — Patenteou ele cruzando as mãos finas e feridas pelo material afiado da flecha que manuseara mais cedo.

— Dependendo do que for, posso tentar conceder. — Nad foi sincera, não iria garantir nada precipitadamente.

Tito coçou os cachos escuros e suspirou profundamente.

— Quero que deixem minha família em paz e nunca mais voltem até minha casa. — Sua reprovação as atitudes que tiveram não se baseava somente naquele dia que o buscaram, mas também nas fofocas e proteção exclusiva da sua família exposta para qualquer coisa terrível vinda delas.

Amenade ficou em choque ao ouvir tais palavras ácidas do rapaz em sua frente.

Sua bondade receptiva e coração mole não eram enganadores... Não machucaria a família dele e muito menos sendo tão indefesos e desprovidos de poderes como ela era. Aquilo magoou uma pontinha do seu coração gentil.

— Terei que conversar com minhas irmãs e as outras... Tentarei. — Cabisbaixa ela se levantou e arrastou o corpo até a saída da sala. Chateada.

Tito não a iludia com uma suposta amizade ou qualquer outra ligação afetuosa entre os dois... Contudo, não a odiava profundamente, não conseguia. Era golpeado fortemente por aqueles olhos doces e serenos.

Sentiu-se cruel e injusto por propor tal coisa... Contudo, sua família era mais importante, queria mantê-los seguros. Remoeu aquelas palavras várias e várias vezes até adormecer.

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