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Capítulo 11

Zayn Paganini

Atualmente| Los Angeles

Meu telefone toca e, assim que vejo o nome do meu tio na tela, sinto um nervosismo tomar conta de mim. Kaleb quase nunca me liga, e quando o faz, é raramente por uma boa razão. Respiro fundo antes de atender, tentando acalmar o aperto no estômago que surgiu do nada.

- Tio! - exclamo, tentando soar mais alegre do que realmente estou.

- Estou te ligando a respeito da informação de que você foi preso. - A voz dele soa séria, carregada com o típico sotaque italiano que ele nunca perdeu, mesmo depois de anos fora de lá. Sinto um calafrio percorrer minha espinha enquanto ele faz uma pausa, prolongando a tensão no ar. Eu já sei que estou prestes a ouvir algo que não vou gostar. - Zayn, como você se deixou ser preso?

Fecho os olhos por um momento, buscando as palavras certas. Lá vem mais problemas...

- Nossa, tio, essa é uma história bem engraçada - começo, tentando aliviar a situação, mas já sabendo que não vai funcionar. - Lembra daquele cara que você me disse para dar um jeito? Então... Vamos dizer que a pessoa que contratei para fazer o serviço foi um pouco além do necessário.

Silêncio. Posso imaginar o olhar impassível do meu tio do outro lado da linha, os olhos estreitados de desaprovação.

- Então arrume logo essa bagunça - ele ordena, e seu tom é tão frio quanto o gelo. - Não quero saber de sobrinho meu sendo preso nos Estados Unidos.

- Vou cuidar disso, tio - prometo, engolindo em seco. Antes que eu possa dizer mais alguma coisa, ele encerra a ligação sem cerimônia.

Olho para o celular em minha mão e, num acesso de frustração, o arremesso na cama.

- Nossa, tio, foi ótimo falar com você, estou bem também - murmuro sarcasticamente para o quarto vazio. As palavras não chegam nem perto de aliviar a pressão que sinto no peito. Levanto-me da cama com um suspiro pesado, passando as mãos pelos cabelos enquanto tento organizar meus pensamentos. Eu preciso resolver isso, e rápido.

Pego novamente meu celular e abro um aplicativo meio rosa; Alex disse que é o Instagram. Navego por lá procurando um lugar para ir e vejo em um story do Alex que ele está em uma festa e marcou uma localização. Abro um sorriso e caminho até meu closet. Coloco uma camisa polo de malha preta com mangas curtas, que tem um detalhe de listras verticais em relevo, dando um toque elegante ao visual. A camisa tem alguns botões na parte superior e combina perfeitamente com a calça preta de alfaiataria que estou vestindo. Completei o look com um cinto de couro preto com uma fivela metálica prateada. No meu pulso esquerdo, estou usando um relógio prateado e segurando um casaco ou blazer preto na minha mão esquerda.

Ao sair de casa, sou recebido pelo ar fresco da noite, que traz consigo a sensação de que irá chover em breve. Dou alguns passos em direção à garagem, onde vejo Augusto me aguardando. Ele estende a mão, segurando as chaves do meu carro. Com um leve sorriso, agradeço a ele enquanto pego as chaves, sentindo o metal frio tocar a palma da minha mão. Respiro fundo e sigo em direção ao meu carro.

Depois de alguns minutos de viagem, o letreiro luminoso da boate começa a surgir à distância, piscando em tons de preto e azul, marcando o local que será meu destino. A música, mesmo abafada, já pode ser ouvida do lado de fora, pulsando como um coração acelerado. Estaciono o carro e desligo o motor, pegando o casaco que deixei no banco ao meu lado. Coloco-o sobre os ombros, ajustando o colarinho, e saio do veículo.

Enquanto me aproximo da entrada, sinto o calor do ambiente e vejo as pessoas ao redor, cada uma mergulhada em seu próprio universo, mas todas unidas pelo mesmo desejo de viver a intensidade daquela noite. Os seguranças me cumprimentam com um aceno de cabeça, e eu os retribuo antes de atravessar as portas que se abrem para mim.

Caminho para onde posso encontrar meu primo, que obviamente deve estar na ponta do bar... e bingo!

- Alexandre... - saúdo, e ele me olha surpreso. Sento-me na cadeira ao seu lado e a giro, ficando de frente para ele. O ambiente do pub é iluminado por luzes suaves, criando uma atmosfera intimista.

- Zayn... - digo, enquanto trocamos um cumprimento casual com toques leves no punho.

- Você sumiu. - Ele observa com um olhar que mistura curiosidade e uma pitada de reprovação. Peço ao bartender um vinho tinto; o aroma encorpado das uvas promete um gosto robusto.

- Você também sumiu. Andei atrás da minha obsessão, assim como você está da sua. - Alex abre um sorriso sarcástico, e eu retribuo, pegando o copo que o bartender deixou à minha frente. Levo-o aos lábios e dou um gole, sentindo o líquido suave deslizar.

- De nada, por sinal.

- Não seja tão convencido. Uma hora ou outra acabaríamos nos encontrando, até porque ela veio até o meu pub. - Ele gesticula, como se a situação fosse uma peça de teatro.

- Uma jogada do destino. Mas se eu não tivesse te pedido para chamá-la, você realmente a chamaria? - Pergunto, desafiando-o.

- Não. Você sabe como sou inseguro com isso. - Ele baixa o olhar, evitando meu olhar penetrante.

- Então você é burro duas vezes. Eu a chamaria sem nem pensar nisso. - A confiança na minha voz surpreende até a mim.

- Para você é fácil, não é? - A incredulidade permeia suas palavras.

- É fácil tanto para você quanto para mim. Você é quem complica as coisas. - O vinho me dá coragem, e as palavras fluem.

- Você contou para ela? - A pergunta surge com uma leve ansiedade.

- Não, e isso é o que está me deixando ainda mais inseguro. - Ele esfrega o rosto, claramente atormentado.

- Você vai ter que contar uma hora ou outra para ela. - Afirmo, tentando transmitir um senso de urgência.

- E se ela me rejeitar? - A incerteza na sua voz é palpável.

- Então ela não é a mulher certa para você. - Respondo, firme.

- E você tem razão. - Ele finalmente encontra um pouco de clareza, um leve sorriso se formando em seus lábios, enquanto o peso da dúvida parece diminuir.

Alex e eu conversamos bastante; no final, a festa serviu somente para nossas conversas e uma tábua de parmesão, que combinava perfeitamente com o vinho.

Mi piace passare il tempo con la mia famiglia.

✧⃝

Chego em casa não muito tarde; a chuva caía lá fora fortemente. Entro no quarto com o silêncio pesado preenchendo o ar. Não se passava das meia-noite. Decido tomar um banho demorado, a água quente escorrendo pelo meu corpo, quase como um ritual para relaxar por completo.

Depois de me secar, visto um short preto que contrasta com a penumbra do meu quarto, como se estivesse me preparando para algo. Sento na cama e pego meu celular. A luz da tela ilumina meu rosto, e eu lembro que tenho que resolver uma bagunça; se não, Kaleb não vai me deixar em paz até que eu resolva. E eu só poderia confiar em uma pessoa para fazê-lo sem erros.

Mas antes que eu faça a ligação, vejo uma notificação de meu capanga e a abro. A tela brilha com várias fotos da Jade, cada uma capturando sua beleza etérea. Hoje, ela estava deslumbrante, o olhar iluminado por uma leveza que me fascina e me irrita ao mesmo tempo. As mensagens descrevem seu dia: o café tomado sozinha, cercada por um ar de tranquilidade, e o almoço em um restaurante sofisticado com Eva, onde as risadas pareciam flutuar no ar.

Porém, a última mensagem corta como uma faca. "Como assim ela teve um encontro com aquele filho da puta do investigador?" O sangue ferve em minhas veias. A visão dele ao lado dela, sorrindo como se tivesse algum direito sobre seu tempo, provoca uma fúria sombria dentro de mim. Ele não faz ideia do que está prestes a enfrentar. A audácia dele é quase uma piada, um engano que vou transformar em tragédia.

Enquanto a ideia de vingança se cristaliza em minha mente, um sorriso cruel surge em meus lábios. Ele pode ter a sorte de estar ao lado dela por enquanto, mas quando eu entrar em cena, tudo mudará.



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