┋ 𝖢𝖧𝖠𝖯𝖳𝖤𝖱 𝖲𝖤𝖵𝖤𝖭𝖳𝖤𝖤𝖭 —— De Volta a Velhos Hábitos

𝗣𝗔𝗥𝗘𝗖𝗘 𝗤𝗨𝗘, depois de tanto azar, o universo resolveu nos mandar algo de bom, enviando Michonne através da porta. Não poderia ter ficado mais grata, mais aliviada.

Faltavam apenas alguns minutos para o ponteiro do relógio marcar meio-dia. O sol já me fritava viva, enquanto eu secava as inúmeras gotas de suor que escorriam por lugares que eu nem imaginava que seriam capazes de suar.

Carl, ao meu lado, já havia tirado e colocado o chapéu umas cinco vezes, não sabendo decidir se preferia passar calor com o acessório ou sentir um vento fresco na cabeça; Michonne, atrás de nós, perambulava quieta, carregando uma das sacolas cheias de suprimentos.

Digamos que aquela manhã foi produtiva. Enquanto passávamos de casa em casa, enchendo as sacolas com qualquer coisa útil que encontrássemos, Carl e eu fizemos inúmeras perguntas a Michonne. Perguntas o suficiente ao ponto de nos sentirmos mais próximos dela.

Um fato interessante sobre Michonne era que ela tinha um filho de três anos. O nome dele era Andre Anthony, faleceu alguns meses depois do surto.

Era ruim falar sobre uma criança de três anos falecida quando havíamos acabado de perder Judy.

Eu arrumava a alça da sacola sobre o meu ombro, meus pensamentos costumavam vir com força quando começava a caminhar por muito tempo.

━━━ O que você acha que aconteceu com a Sophia? ━━ perguntei, não conseguindo manter a pergunta pra mim.

Carl levantou o olhar, girando a cabeça para mim por um curto momento. Nós não havíamos falado sobre Sophia há alguns meses, nem mesmo Carol e eu falávamos sobre. Carol… Onde ela está?

━━━ Provavelmente, morta.

━━━ Que horror ━━ resmunguei, minha voz saiu tão abafada que tinha certeza de que ninguém havia me escutado. ━━━ Ela era muito ingênua… Espero que ela não tenha sofrido, espero de verdade.

━━━ Quem é Sophia? ━━ Michonne moveu o corpo, projetando-se entre nós. Observei a pele abaixo dos olhos dela úmida.

━━━ Ela é a filha da Carol ━━ respondi, jogando o cabelo suado para trás pela milésima vez. ━━━ Quero dizer… era. Perdemos ela no início de tudo. Nunca tivemos a confirmação de que ela estava morta.

━━━ Acho que, em certo ponto, a Carol só disse para si mesma que ela estava morta ━━ Carl completou, sua mão arrumou o chapéu sobre a cabeça mais uma vez.

Já conseguíamos ver a casa mais de perto, suas paredes tão brancas quanto a própria cor, suas janelas discretas, as árvores formando um arco em volta delas.

Mordi o lábio, lembrando das poucas memórias que tinha coletado com Sophia. Fazia tanto tempo que sua imagem já me era vaga. Lembrava do seu cabelo curto e loiro, seu olhar apavorado, a boneca que carregava para todos os lugares.

━━━ Ela tinha... ━━ comecei, sendo interrompida pelo som ensurdecedor de um tiro. ━━━ O que foi isso? ━━ perguntei, agarrando a mão de Carl involuntariamente.

━━━ Veio da casa ━━ Michonne agarrou a katana atrás de si, prestes a tirá-la da capa.

Correndo em nossa direção, Rick abaixava o tronco, flexionando seus joelhos para ser discreto.

━━━ Vão! Vão! Vão! ━━ exclamou, esforçando-se para não fazer alarde.

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Estávamos de volta na estrada mais uma vez. De volta ao nada. Ao menos tínhamos uns aos outros, suprimentos e… a esperança?

Como eu disse e retorno a repetir, silêncio é apenas o primeiro estágio da destruição.

Parados em frente a um velho comboio de trem, que tinha a tintura vermelha desgastada, passamos alguns longos segundos lendo e relendo a mensagem escrita em um pedaço de pano. O pano voava suavemente com o vento que batia, a única coisa que o impedia de ir embora dali eram os pregos que o prendiam no comboio.

"SANTUÁRIO PARA TODOS
COMUNIDADE PARA TODOS
QUEM CHEGA, SOBREVIVE"

━━━ O que você acha? ━━ perguntou Michonne, os olhos escuros como jabuticaba encaravam Rick.

━━━ Vamos ━━ respondeu, sua mão alcançando a mochila que largou no chão.

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Nos equilibrando sobre o trilho dos trens, Carl, Michonne e eu apostamos em quem cairia primeiro. Carl e eu éramos um time, apostamos que Michonne seria a primeira a cair.

Eu me equilibrava, levantando os braços ao lado do corpo para manter o equilíbrio. Minha atenção apenas nos pés passeando sobre a madeira fina que pisava.

━━━ O que estão fazendo? ━━ Rick perguntou. Ele já estava a alguns longos metros à frente de nós.

━━━ Ganhando uma aposta ━━ respondeu Carl. Eu não conseguia vê-lo, mas sabia que estava com a cabeça baixa, focado apenas nos próprios pés.

━━━ Vão sonhando! ━━ Rebateu Michonne, a voz desafiadora vacilou quando esforçou-se para não desequilibrar.

De soslaio, vi o corpo de Rick aproximar-se de nós, Michonne logo ao nosso lado com os braços elevados como eu fazia.

━━━ Isso pode demorar. Podemos acelerar? ━━ A voz de Rick queria soar séria, mas algo me dizia que ele sorria ao nos ver ali.

━━━ Tem razão ━━ concordou Michonne, mais uma perna passando em frente a outra sobre o trilho. ━━━ Não devíamos ficar brincando. A gente deveria… Caiam! ━━ clamou sua última palavra, esperando que fôssemos cair, mas foi o total contrário.

Michonne moveu-se mais do que deveria, acabando por perder o equilíbrio do peso, desequilibrando para o lado.

Carl e eu pulamos da pequena madeira fina, batendo a mão um no outro como comemoração, o sorriso vitorioso estampado nos nossos lábios.

━━━ Ganhamos! ━━ exclamei, esticando a mão ao encontro da mulher. ━━━ Pode nos pagar.

Carl esticou a mão para ela também. A olhávamos ansiosos, nós encaramos a careta de derrota que fazia, a postura murcha, o sorriso vencido.

Trazendo a mochila para a frente do corpo, Michonne abriu um pequeno zíper, puxando de lá dois bombons com embalagem vermelha e bolinhas coloridas espalhadas por todo o plástico.

━━━ Ah, que droga! ━━ resmungou Michonne, os músculos do rosto se contorcendo.

━━━ Você disse que o ganhador, ou os ganhadores, ficaria com os dois últimos! ━━ Carl argumentou, tomando um dos bombons.

Agarrei o último bombom, já podendo sentir o gosto de chocolate e a calda dura, porém gostosa, de caramelo por dentro.

━━━ É de vocês… Ganharam honestamente ━━ resmungou desanimada, fechando o zíper novamente.

Comprimi os lábios, observando o bombom embrulhado no plástico vermelho brilhante. Eu não precisava dele, por mais que fosse uma delícia.

━━━ Pode ficar com o meu ━━ o estendi a ela, as sobrancelhas arquearam; insisti, colocando o doce na palma de sua mão. ━━ Fica com ele.

━━━ Muito obrigada, Grace! Viu, Carl? Isto é um ato de um vencedor de verdade! ━━ Michonne rasgou o plástico, cravando os dentes no chocolate enquanto aproximava-se de Rick.

Ri, assistindo Carl jogar a língua para fora, zombando de Michonne. Ri mais ainda quando ela virou a cabeça e fez o mesmo.

━━━ Aqui ━━ o braço de Carl me cutucou, fazendo-me encarar um pedaço do bombom sendo entregue a mim.

━━━ Não precisa ━━ sorri, jogando meu cabelo claro para trás.

━━━ Não vem com essa. A gente sempre racha ━━ falou, colocando o pedaço do bombom na direção dos meus olhos, estava me tentando.

Agarrei o pedaço do doce, o jogando inteiro para dentro da boca. Senti o gosto do chocolate e do caramelo se misturando em um só, meus dentes quebrando cada pedacinho.

Carl sorriu e, então, jogou a outra metade dentro da boca também.

· · • • • ✤ • • • · ·

Dentro da floresta, nos mantivemos aquecidos com a ajuda de uma pequena fogueira. O frio do fim de tarde era o culpado daquilo. Sentados em volta do fogo cativante e avermelhado, sentíamos sua quentura nos aquecer.

━━━ Numa escala de dez, qual é a sua fome? ━━ perguntou Rick, jogando um galho sobre o fogo que havia acendido.

━━━ Quinze ━━ respondeu Carl, deixando uma risada abafada fugir.

Com apenas um simples olhar, Rick encarou Michonne, à espera de uma resposta também.

━━━ Vinte e oito ━━ falou, dividindo o peso do corpo entre as pernas agachadas.

━━━ E você, Sophie? ━━ Rick olhou para mim, eu encarava o fogo.

━━━ Cem ━━ respondi, estava quase comendo meus próprios órgãos.

Carl riu enquanto cutucava as lenhas com a ponta de um galho, Michonne sorriu com a resposta como se estivesse sentindo a mesma fome que eu.

━━━ É… ━━ Rick colocou-se de pé, uma mão agarrando a mochila e a outra limpando a lateral da calça. ━━━ Já faz um tempinho. Vamos dar uma olhada nas armadilhas.

Caminhávamos entre as árvores, elas formavam um arco, como uma passagem ou um portal apenas esperando-nos atravessar.

━━━ Vamos ficar mais um dia ou dois. Descansar mais ━━ afirmou Rick, uma das mãos passava pelo cabelo cacheado, jogando os pequenos e loiros cachos para trás.

Agachando-se no chão, Rick agarrou um dos coelhos presos na armadilha que tínhamos construído. O animal foi rapidamente guardado na mochila.

━━━ É pequeno. Vai servir ━━ afirmou, fechando a mochila.

"Socorro! Alguém me ajuda! Socorro!" Uma voz nos tirou do pequeno momento de tranquilidade que havíamos cultivado.

Eu sabia que Carl sairia correndo atrás dele, mas não fui rápida o bastante para segurá-lo e impedir que cometesse uma estupidez.

━━━ Carl, pare! ━━ Rick colocou-se de pé em menos de um segundo, apressando-se para correr atrás dele.

Não esperei que Rick ou Michonne me mandassem correr, apenas segui o caminho que Carl havia feito. Corri o mais rápido que pude, mesmo estando a um passo de desmaiar pela fome e pelo cansaço.

Quando o alcancei, Carl estava erguendo sua pistola, estava a apenas dois movimentos de atirar contra os zumbis e cometer uma burrice. Uma grande burrice.

Eram muitos zumbis. Estou falando de, no mínimo, quinze zumbis cercando o homem desesperado por ajuda. Não poderíamos ajudá-lo, eram muitos para a pouca munição que tínhamos conosco.

Agarrei o pulso de Carl, o abaixando. Empurrei o corpo dele para trás da árvore, acabando por me jogar para cima dele também.

━━━ A gente não pode ajudar ele ━━ sussurrei, mas tive vontade de berrar.

Rick e Michonne surgiram logo atrás. Na mesma velocidade em que projetaram-se ali, saíram.

━━━ Vamos! ━━ Rick exclamou, seus olhos arregalados denunciavam a atenção dos fedorentos sobre nós.

Agarrei a mão de Carl, seguindo a sombra de Rick e Michonne em frente a nós. Senti a ponta do meu pé topar com uma pedra, mas deixei para remoer a dor quando estivesse a salvo.

Agora, na estrada mais uma vez, caminhávamos ofegantes. A cada passo dado, esperávamos encontrar alguma casa ou uma loja.

━━━ Deve haver comida em algum lugar aqui ━━ torceu Michonne, os sopros cansados saíam através da boca.

━━━ Vejam ━━ Carl acenou com a cabeça, sinalizando um carro azul a alguns metros de nós.

Soltei minha faca da proteção da capa, Michonne fez o mesmo com sua katana, Rick agarrou a pistola, e Carl, a sua.

Rick deu a volta pelo automóvel, e Carl cuidou dos bancos da frente. As portas do carro estavam todas escancaradas como se haviam sido deixadas daquela maneira por pessoas desesperadas, assustadas, fugitivas de zumbis, ou homens tão idiotas quanto os fedorentos.

Fiquei de vigia em frente ao veículo enquanto Michonne enfiava a ponta de sua katana no cérebro do zumbi desvencilhado no chão — eles têm cérebro, por mais que pareça o contrário. Esta foi uma das coisas que minha mãe me ensinou no início de tudo.

Observei a luz azulada e escura da noite cair, tomando conta de todo o infinito céu sobre mim. Carl dormia com a cabeça sobre as minhas coxas. Eu tentava dormir, mas algo não me permitia que aquilo fosse possível.

Juntamente da cor azulada daquela noite silenciosa, havia um tom alaranjado, quente, vindo da fogueira acendida por Rick.

Ouvia a conversa de Michonne e Rick, os dois sentados em volta da fogueira cativante, ouvindo a lenha queimar. A conversa dos dois soava apenas como burburinhos a mim, se estivesse mais perto, a ouviria com clareza.

Querendo desligar a minha própria mente, a impedindo de pensar em qualquer coisa que me mantivesse desperta, desisti de dormir, mesmo que fosse apenas um cochilo. Já havia aceitado que não dormiria nem tão cedo.

Abaixei o olhar para observar Carl dormindo sobre as minhas pernas. Observei cada sarda espalhada pelas bochechas dele, subindo até as têmporas. Admirei o nariz perfeitamente desenhado e invejei os longos e curvados cílios que ele pertencia. Observei o desenho delicado de sua boca rosada que, ao dormir, parecia estar curvando-se em um pequenino sorriso.

Toquei o cabelo escuro dele com a ponta dos meus dedos, deixando que os fios se dividissem entre eles. Senti a textura que os fios finos dele tinham entre a minha pele, me permitindo acariciar suas mechas.

De soslaio, notei mais movimentação do que a que havia visto nas últimas três horas. Meu olhar subiu, deixando as inúmeras sardas de Carl.

━━━ Merda ━━ xinguei, encolhendo os ombros, meu corpo escorregando pelo banco de couro do carro. ━━━ Carl… Carl, acorda ━━ sussurrei, balançando o corpo dele.

━━━ Hm? ━━ abriu os olhos lentamente, esforçando-se para manter-se desperto. As sobrancelhas cerradas em confusão.

Levei o dedo indicador à boca, sinalizando para que permanecesse calado. Carl encolheu o corpo, levantando-se lentamente.

Apontei para a janela, indicando os cinco homens ao lado de fora, todos armados, todos assustadores, todos com a capacidade de me cortar em pedacinhos se quisessem.

Busquei pela mão de Carl no banco, sem tirar o olhar da janela. Ao sentir a pele macia e quentinha dele, agarrei sua mão. A agarrei com mais força quando um homem careca com barba loira avermelhada bateu na janela, segurando uma faca.

Puxei o ar, assustada, sentindo o coração bater com força, sentia que iria vomitar a qualquer instante, iria desmaiar.

Carl apertou a minha mão, seus olhos preferiram olhar os meus do que encarar aquele homem assustador que sorria para nós. Eu torcia para acordar e tudo não passar de um pesadelo.

━━━ Joe! ━━ uma voz familiar exclamou atrás do carro. Daryl ━━━ Espere aí.

━━━ Você atrapalhou minha contagem. Me parou no oito, Daryl ━━ reclamou Joe, uma pistola encostando na têmpora de Rick.

━━━ Só espere um pouco… ━━ falou, uma mão segurava a besta.

━━━ Foi ele que matou o Lou, então não tem essa de esperar ━━ outro homem reclamou, suas mãos seguravam um rifle maior que a cabeça.

A conversa mais uma vez começou a se tornar em um burburinho, não conseguia ouvir com certeza o que diziam. Meu coração parou quando vi Daryl ser jogado contra o capô do carro, homens acertavam socos por todo o corpo dele.

A porta ao meu lado foi aberta, as mãos grossas e fortes do homem ao lado de fora me agarraram. Ele me puxou pela roupa, forçando-me a sair do veículo.

━━━ Não! ━━ berrei, tentando me soltar.

━━━ Grace! ━━ Carl gritou dentro do carro, sendo puxado por outro homem pelo outro lado.

Tentei me soltar do aperto. Seu corpo gordo me apertava contra o dele, o metal gelado da faca encostava em meu pescoço, eu sentia o coração bater na cabeça.

Eu sentia meu corpo inteiro tremer, meu corpo inteiro em desespero. Ouvir a voz daquele homem perto da minha orelha foi como tortura, a voz dele me mandando ficar quieta.

━━━ Deixem eles em paz! ━━ ouvi Rick gritar.

Fiz força com os braços, tentando afastar os braços gordos e fedidos dele de mim, mas não mudou em nada. Ele era forte demais para mim. Eu tentei de tudo, mas não consegui.

Ouvia Daryl sendo espancado logo ao lado, Joe ameaçando Rick e Michonne à frente, Carl sendo preso por um homem atrás de mim. Eu ouvia os gritos de Carl para que o homem o soltasse, eu ouvia os meus gritos como se não fossem meus.

━━━ Me solta! ━━ gritei, me debatendo.

━━━ Como quiser ━━ falou o homem, suas mãos me empurraram. O peso das mãos dele me jogaram para o chão.

Senti meu corpo bater contra o chão duro, minha cabeça chocou no asfalto, minha bochecha arranhando. Senti a visão turva enquanto aquele homem colocava o peso do seu corpo sobre mim.

━━━ Por favor, pare! ━━ falei, sentindo que começava a perder a consciência.

━━━ Pare de tentar escapar!

Um dos meus braços se esticaram, tentando alcançar a faca que ele havia deixado ao lado. Ele ria com o esforço que eu fazia, senti suas mãos prenderem as minhas no chão.

O som da pele de Daryl sendo atingida, a risada daquele homem sobre mim, Carl reclamando e gritando por mim, o som do meu próprio coração batendo.

Sem esforço, ele virou meu corpo para o chão. Minha barriga tocava o asfalto gelado enquanto a mão pesada e grande dele pressionava minha cabeça para o chão.

━━━ Para ━━ tentei mais uma vez, minha voz enfraquecendo. O som de um cinto sendo retirado me deixou mais impotente.

Nada mais fazia sentido, tudo estava preto, eu só ouvia tudo. Um tiro, depois outro e mais um.

O homem sobre mim teve seu corpo afastado do meu, minha visão voltou aos poucos, senti Michonne me segurar pelos braços, erguendo meu corpo.

Com a visão embaçada, assisti Rick enfiar uma faca no peito do homem que me prendia. Não foi apenas uma vez, foram duas, três, quatro, cinco, seis, vinte…

━━━ Grace! ━━ Carl me chamava repetidas vezes, sua voz parecendo como um eco para mim.

Senti Michonne e Carl me confortarem em seus próprios braços, o conforto do corpo deles me aninhava.

Eu senti que estava morta. Não era eu ali e, se eu retornasse, não seria mais a mesma.

000) Oiê! Espero que tenham gostado desse capítulo.

001) Não quis detalhar muito o abuso da Sophie, é simplesmente perturbador, eu não consegui escrever.

002) Interajam nos comentários, isso motiva demais.

003) Lembrem de deixar seus votos, isso é muito importante.

004) Me sigam no tiktok. @ walkthdead AVISO! PODE CONTER SPOILERS!

005) Obrigada por estar lendo até aqui ♡

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