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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 5: Primeira Luta, Primeiros Segredos


A primeira batalha dotorneio revela mais do que apenas força física.

Nathan Crowther apertou o casaco contra o corpo enquanto a carruagem atravessava os portões enferrujados que marcavam a entrada do Setor Cinco, Eryndor. "Eryn": Derivado de raízes linguísticas que remetem a "bosque" ou "floresta", representando a conexão do setor com a terra, a agricultura e o cultivo. "Dor": Pode ser interpretado como "sofrimento" ou "tristeza", refletindo a miséria e a exploração que marcam o local. Último setor de Atlanta era um lugar que a maioria das pessoas do palácio preferia ignorar, e ele mesmo só tinha ouvido relatos vagos sobre sua condição. No entanto, nada o havia preparado para a realidade que se descortinava diante de seus olhos.

O cheiro foi a primeira coisa que o atingiu: um misto de podridão, terra molhada e fumaça de madeira queimada. As ruas eram estreitas, mal pavimentadas, e cobertas de lama, com pequenos riachos de água suja serpenteando entre as casas de madeira precária e lona rasgada. Crianças magras corriam descalças, suas roupas reduzidas a trapos, enquanto os adultos trabalhavam arduamente em carroças carregadas de alimentos frescos – tomates vermelhos e brilhantes, cestos cheios de milho dourado, sacas de trigo recém-colhido.

Mas havia uma ironia cruel naquele cenário: as pessoas que alimentavam o reino estavam morrendo de fome. Suas faces eram pálidas, os olhos fundos, e seus corpos, frágeis demais para a carga que carregavam. Nathan observava a cena com uma sensação crescente de desconforto e revolta. Aquilo era o Setor Cinco, o coração agrícola de Atlanta, que sustentava a corte com alimentos abundantes e luxuosos banquetes. E, no entanto, seus próprios habitantes viviam em uma miséria inenarrável.

Os poucos que tinham força para erguer os olhos lançavam olhares furtivos em direção à carruagem do príncipe, mas nenhum deles tinha coragem de se aproximar. Eles sabiam muito bem o que acontecia com aqueles que ousavam enfrentar o sistema. No centro de tudo isso estava um homem que Nathan conhecia bem: Lorde Drenwald, o governador do setor.

Drenwald era um homem com uma reputação tão sombria quanto o próprio setor. Ele acumulava riquezas exorbitantes, desviando quase tudo o que os trabalhadores produziam. Os campos pertenciam oficialmente ao reino, mas, na prática, eram controlados por Drenwald, que cobrava taxas absurdas pela produção e confiscava as colheitas mais valiosas para vendê-las aos outros setores. Enquanto seu povo morria de fome, Drenwald ostentava mansões exuberantes e usava sua fortuna para comprar favores na corte – incluindo a amizade do próprio rei.

Nathan sabia que Drenwald era intocável. Seu pai o considerava um aliado indispensável, um homem que, apesar de suas práticas brutais, era "necessário" para manter a estabilidade econômica de Atlanta. Para Nathan, aquilo era apenas uma desculpa. Drenwald era um parasita que sugava a vida do setor que deveria proteger.

Quando a carruagem parou diante da casa principal do setor – uma construção relativamente sólida, mas sombria, cercada por grades altas e arame farpado –, Nathan desceu e foi recebido por Drenwald em pessoa. O homem era alto e magro, com cabelos grisalhos bem penteados e olhos estreitos que pareciam avaliar tudo ao seu redor como um predador.

— Príncipe Nathan, que honra recebê-lo em nosso humilde setor. Espero que a viagem tenha sido agradável. — A voz de Drenwald era seca, quase desdenhosa, mas ele se curvou profundamente.

— Humilde, de fato — respondeu Nathan, sem se dar ao trabalho de esconder o sarcasmo.

Drenwald ignorou o tom do príncipe, gesticulando para que ele entrasse. Mas antes que Nathan pudesse dar um passo, algo chamou sua atenção. À sombra de uma das árvores próximas, uma jovem estava parada, observando-o com uma intensidade desconcertante.

Ela parecia ter saído de um quadro antigo, com cabelos longos e negros como a noite, contrastando com a pele pálida. Seus olhos eram de um cinza profundo, quase prateado, e transmitiam uma mistura estranha de doçura e escuridão. Ela usava um vestido simples, mas limpo, e segurava uma pequena cesta de flores, como se tentasse trazer cor a um mundo cinzento e moribundo.

Drenwald percebeu o olhar de Nathan e abriu um sorriso que parecia mais uma careta.

— Ah, claro, deixe-me apresentar Lysandra Velkova, a candidata do nosso setor para a coroa de diamante.

Lysandra deu um passo à frente e fez uma reverência perfeita, mas havia algo em sua postura que transmitia uma força oculta, quase desafiadora.

— Alteza — disse ela, com uma voz baixa e melodiosa.

Nathan sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo nela que o deixava desconfortável, como se ela fosse tão parte do setor quanto a própria miséria que o cercava. Ela era pura e educada, mas havia algo nos olhos dela – algo sombrio, como se tivesse visto mais do que qualquer jovem de sua idade deveria.

— Lysandra, é um prazer conhecê-la. — Ele fez uma pequena inclinação de cabeça, mas não conseguiu desviar o olhar daqueles olhos cinzentos.

— O prazer é meu, Alteza. — O tom dela era respeitoso, mas não bajulador, como se estivesse avaliando-o da mesma forma que ele a avaliava.

Enquanto Drenwald continuava a falar, Nathan mal conseguia prestar atenção. Sua mente estava dividida entre a revolta pela miséria do setor e a estranha conexão que sentia com Lysandra Velkova. Ela parecia tão deslocada quanto ele naquele lugar, mas ao mesmo tempo era como se pertencesse a ele de uma maneira que ele não conseguia explicar.

Quando Nathan finalmente se afastou para continuar sua visita, percebeu que Lysandra ainda o observava. E naquele momento, ele teve uma sensação inquietante: ela sabia algo que ele não sabia, algo que poderia mudar tudo.

E, pela primeira vez em muito tempo, Nathan sentiu medo – não de Lysandra, mas do que ela poderia representar.

Nathan não teve tempo de refletir muito sobre Lysandra Velkova. Pouco depois de sua chegada, Drenwald organizou um evento para que todo o setor testemunhasse a apresentação da candidata à coroa de diamante.

O local escolhido era uma clareira no centro do setor, transformada em um palco improvisado. Luzes tremeluzentes de lanternas penduradas em postes de madeira iluminavam o ambiente, criando sombras distorcidas que dançavam pelas árvores ao redor. A multidão se reuniu em silêncio, suas faces marcadas pela fome e pela exaustão.

No centro do palco, Lysandra estava de pé, envolta em um vestido de tecido simples, mas com detalhes que lembravam folhas e galhos, como se a própria natureza a tivesse vestido. Ela segurava uma tigela de madeira e uma colher, enquanto à sua frente havia uma pequena mesa rústica, cheia de ingredientes modestos: trigo, raízes, algumas ervas secas e um punhado de frutas vermelhas.

Nathan observava à distância, intrigado. O que ela poderia fazer com aquilo?

Drenwald anunciou com pompa:
— Com vocês, Lysandra Velkova, a joia do Setor Cinco, que hoje nos brindará com uma demonstração de nossa abundância e talento.

A ironia das palavras não passou despercebida para Nathan ou para a multidão, cujos estômagos vazios ecoavam em contraste com a suposta "abundância".

Lysandra começou a se mover lentamente, cada gesto calculado e gracioso, como uma dança. Ela pegava os ingredientes com delicadeza, quase reverência, enquanto sua voz preenchia o ar, baixa, mas clara:

— O trigo, que cresce sob um sol que queima nossas costas. As raízes, arrancadas de uma terra que chora sangue. As ervas, colhidas com dedos calejados e corações quebrados. E as frutas, que florescem entre espinhos.

Cada palavra parecia carregar o peso do setor, uma poesia sombria que contrastava com a suavidade de sua voz. Ela começou a misturar os ingredientes, transformando-os em algo que lembrava uma massa simples.

— Com isso, fazemos pão para sustentar nossos corpos. Com isso, criamos o que resta de esperança.

Ela moldou pequenas formas com a massa, cada uma lembrando vagamente flores ou folhas. Em seguida, colocou-as em uma panela de ferro sobre brasas acesas. A fumaça que subiu era doce e amarga ao mesmo tempo, preenchendo o ar com um aroma que fazia a multidão se mexer inquieta.

Enquanto o pão assava, Lysandra continuou, agora segurando uma tigela com as frutas:
— E com isso, trazemos cor ao nosso mundo cinza.

Ela esmagou as frutas com as mãos, deixando o suco escorrer pelos dedos pálidos. As gotas caíam como sangue sobre o pão recém-assado, que ela cuidadosamente retirou do fogo.

— Este é o nosso banquete, — disse ela, erguendo uma das peças de pão ensanguentado pelo suco. — Não é um presente, mas um sacrifício. Um sacrifício que fazemos todos os dias, não para viver, mas para que outros vivam em nosso lugar.

A multidão, que antes estava silenciosa, começou a murmurar. Não era uma revolta aberta, mas um som baixo, carregado de emoção reprimida. Nathan sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Lysandra não estava apenas apresentando uma receita ou exibindo habilidades culinárias. Ela estava canalizando a dor e a indignação de seu povo em um ritual sombrio que parecia tanto um protesto quanto uma celebração.

Quando ela finalmente terminou, Lysandra olhou para a multidão e depois diretamente para Nathan. Seus olhos prateados brilhavam à luz das lanternas, carregados de algo que ele não podia decifrar.

— Que este pão nos lembre de quem somos e do preço que pagamos.

Ela colocou a tigela com o restante do pão no centro do palco e recuou. Ninguém da multidão se atreveu a avançar. Não havia celebração, apenas um silêncio pesado, como se todos estivessem aguardando algo que não podiam nomear.

Nathan ficou imóvel, incapaz de desviar o olhar. Ele sabia, naquele momento, que Lysandra Velkova não era uma candidata qualquer. Ela era uma força, uma faísca em meio à escuridão. E, por mais que não quisesse admitir, ele temia o que poderia acontecer se aquela faísca incendiasse o mundo ao seu redor.

O Palácio de Mármore Escarlate era tão grandioso quanto opressor, com suas colunas altíssimas e salões iluminados por candelabros de cristal. Nathan Crowther caminhava pelos corredores com passos firmes, o peso da indignação pesando em seus ombros. O aroma de flores frescas e incensos caros parecia uma afronta ao cheiro de podridão e fome que ainda impregnava sua memória do Setor Cinco.

Ele mal parou para se anunciar ao chegar ao salão do trono, empurrando as portas de madeira maciça com força suficiente para ecoar pelo espaço vasto.

Sentado no trono elevado estava o Rei Alaric Crowther, seu pai. Um homem imponente, de cabelos grisalhos penteados para trás e olhos azuis tão frios quanto gelo. Vestia uma túnica bordada com fios de ouro, e um manto carmesim caía de seus ombros como se fosse parte do próprio trono. Ele levantou o olhar, arqueando uma sobrancelha com desdém diante da entrada abrupta do filho.

— Nathan — começou o rei, sua voz grave e autoritária. — Essa entrada teatral é desnecessária.

— Desnecessária? — Nathan disparou, sua voz carregada de emoção. — Pai, você tem ideia do que está acontecendo no Setor Cinco? Não com base em relatórios ou números, mas em realidade?

Alaric inclinou-se ligeiramente para frente, como se o simples ato de ouvir fosse um esforço.
— O que está acontecendo, meu filho, é que o Setor Cinco continua cumprindo seu propósito: sustentar o reino.

Nathan apertou os punhos ao lado do corpo, tentando conter a raiva que borbulhava dentro dele.
— Sustentar o reino? Eles estão morrendo de fome! Vi crianças correndo descalças sobre a lama, magras como gravetos. Vi homens e mulheres trabalhando até seus corpos colapsarem, enquanto Drenwald vive cercado de luxo. Aquilo não é sustento; é exploração. É genocídio silencioso!

Alaric ergueu a mão, pedindo silêncio. Sua expressão era de tédio mascarado por uma fina camada de paciência.
— Você está exagerando, como sempre. O Setor Cinco é essencial para a economia de Atlanta. Sim, há dificuldades, mas sacrifícios precisam ser feitos. É o preço da prosperidade.

Nathan deu um passo à frente, sua voz ganhando intensidade.
— Que prosperidade? Prosperidade para quem, pai? Para nós, que nos banqueteamos enquanto eles rastejam? Que tipo de reino é este, onde os mais pobres pagam com suas vidas pelo luxo dos ricos?

Por um momento, o silêncio preencheu o salão. O olhar de Alaric endureceu, e quando ele falou novamente, sua voz estava gelada.
— Nathan, pare com essa ingenuidade. Você precisa entender que governar não é sobre compaixão. É sobre estabilidade. Sobre controle.

— Controle? — Nathan riu, mas não havia humor em seu tom. — Controle às custas de pessoas que mal podem sobreviver? Isso não é estabilidade; é tirania.

Alaric levantou-se de seu trono, sua figura dominando o salão. Ele desceu os degraus lentamente, parando diante do filho.
— Você ouve a própria voz, Nathan? Fala como um idealista, como alguém que não entende o peso de usar a coroa.

Ele colocou uma mão pesada no ombro de Nathan, apertando com força.
— Para ser um rei de verdade, você precisa aprender a silenciar esses sentimentos. Enterre-os. Afunde-os no escuro da sua alma, onde nunca possam escapar. Governar é sobre escolhas difíceis, sobre sacrificar o que é certo para garantir o que é necessário.

Nathan afastou o ombro do toque do pai, sentindo-se como se estivesse sufocando.
— E o que acontece quando a alma de um rei está tão mergulhada na escuridão que ele esquece como é ser humano?

Alaric estreitou os olhos, seu tom agora carregado de aviso.
— Isso, meu filho, é o preço de governar. E você terá que aceitá-lo, cedo ou tarde.

Nathan encarou o pai por um longo momento, sentindo uma mistura de raiva, desespero e algo mais profundo: desgosto. Sem dizer mais uma palavra, ele girou nos calcanhares e deixou o salão.

Enquanto caminhava de volta pelos corredores do palácio, ele sentia-se como um estranho em sua própria casa. Seu pai estava certo de uma coisa: governar era escolher. Mas Nathan sabia, com toda a certeza, que jamais escolheria ser como Alaric Crowther.

O som das batidas na porta fina de madeira tirou Ayla Marin de seus pensamentos. Ela estava sentada no chão de sua pequena casa, trançando as pontas de uma rede velha que havia conseguido resgatar do mercado local. O sol já começava a se pôr, tingindo os cabelos ruivos dela com um brilho dourado.

— Ayla Marin? — chamou uma voz masculina do lado de fora, grave e formal.

Ayla respirou fundo. Não havia dúvida do que aquilo significava. Levantou-se devagar, suas mãos tremendo levemente, e abriu a porta. Do outro lado, estavam dois guardas do setor, vestidos com armaduras escuras e espadas embainhadas. Entre eles, um homem de terno preto carregava um pergaminho enrolado, selado com o brasão do reino.

— Pela ordem do rei Alaric Crowther, você foi convocada para a primeira prova da Coroa de Diamante, que ocorrerá no Setor Um. — O homem fez uma pausa antes de continuar. — Deve partir imediatamente.

Ayla apenas assentiu, sem dizer uma palavra. Não havia escolha. Quando você era escolhida como candidata, sua vida deixava de ser sua.

Os guardas a escoltaram até uma carruagem preta ornamentada, com janelas pequenas e cortinas de veludo. O caminho até o Setor Um foi longo e silencioso, os cavalos avançando pela estrada enquanto o coração de Ayla batia em um ritmo frenético.

Quando chegaram, ela foi levada para um prédio de pedra fria e funcional, onde a preparação para a prova aconteceria. Ayla foi conduzida a um quarto espaçoso, mas desprovido de calor humano. Havia um espelho de corpo inteiro, uma mesa cheia de produtos de maquiagem, e ao lado, um manequim segurando a roupa que ela usaria na prova.

Uma mulher alta, com o rosto severo e cabelos presos em um coque apertado, entrou na sala.
— Ayla Marin, — anunciou ela com indiferença. — Vamos começar.

Sem esperar resposta, a mulher começou a trabalhar.

Primeiro, Ayla foi vestida. A roupa era de um material estranho: uma mistura de couro flexível e um tecido metálico brilhante, feito para suportar choques e proteger contra cortes. O traje aderiu ao corpo dela como uma segunda pele, mas não era desconfortável. A parte de cima era de um tom preto profundo com detalhes em prata nos ombros e braços, que lembravam linhas de eletricidade. As calças eram reforçadas nos joelhos e nas canelas, com botas altas que amarravam firmemente até a metade da panturrilha.

— Para proteger seus pés em terrenos instáveis, — explicou a mulher, enquanto ajustava as fivelas.

Depois, o cabelo. Ayla tentou protestar quando a mulher começou a soltar seus cabelos ruivos, que ela costumava manter presos em um rabo de cavalo simples.
— Seus cabelos são uma marca, — disse a mulher friamente. — Precisam ser exibidos.

Os fios foram penteados, ondulados levemente com ferros quentes e presos em um coque baixo, com algumas mechas soltas emoldurando seu rosto. Parecia um penteado delicado, mas Ayla sabia que havia um propósito: evitar que os cabelos atrapalhassem durante a corrida.

A maquiagem veio em seguida. Seus olhos foram delineados com uma linha preta afiada, que alongava seu olhar e o deixava quase felino. Sombra escura e prateada marcava suas pálpebras, enquanto um leve brilho dourado foi aplicado no canto interno dos olhos. Seus lábios foram pintados de um vermelho intenso, quase como sangue. A combinação a fazia parecer ao mesmo tempo feroz e sofisticada.

Quando a preparação terminou, Ayla mal reconhecia a própria imagem no espelho. Ela parecia uma guerreira vestida para a batalha, uma peça no tabuleiro do rei.

Ayla foi conduzida até um terreno amplo, situado em uma planície cuidadosamente preparada para a prova. As luzes das tochas dispostas em intervalos regulares lançavam uma iluminação pálida, quase fantasmagórica, sobre o campo. Uma cerca metálica alta delimitava a área, seus fios de arame farpado reluzindo como dentes afiados sob a luz prateada da lua.

No centro do campo, o solo estava irregular e traiçoeiro. Montículos de terra se erguiam como pequenas colinas, enquanto áreas rebaixadas escondiam buracos camuflados e armadilhas letais. A névoa rasteira que cobria o chão dava ao cenário um ar misterioso e ameaçador, ocultando os perigos que se escondiam logo abaixo da superfície. Cordas, fios de metal e placas prateadas mal visíveis eram colocadas estrategicamente para surpreender até os mais atentos.

À distância, uma imensa arquibancada fora construída para acomodar a elite do reino. Ela se erguia em três níveis, cada um mais luxuoso que o anterior, com tronos ornamentados e cadeiras almofadadas cobertas por seda e veludo. O primeiro nível era reservado para os nobres mais influentes, que murmuravam entre si enquanto olhavam para o campo com interesse e desprezo mal disfarçado. O segundo nível, elevado, acomodava os conselheiros do rei e dignitários de outros setores. No topo, no terceiro nível, uma varanda privada exibia o brasão do rei: um corvo de asas abertas segurando uma coroa de espinhos. Ali, o próprio Rei Alaric Crowther e sua corte mais próxima assistiriam à prova com um misto de curiosidade e tédio.

Candelabros altos de ferro, adornados com velas enormes, haviam sido espalhados ao redor da arquibancada, suas chamas tremulando sob a brisa da noite. Guardas armados estavam posicionados ao longo da área, prontos para intervir caso algum imprevisto ocorresse – não para proteger as candidatas, mas para garantir a segurança dos espectadores.

O cheiro do campo era uma mistura perturbadora de terra molhada, metal e óleo queimado, provavelmente usado para acionar algumas das armadilhas mecânicas. Acima de tudo, o som era quase ensurdecedor: o murmúrio da multidão ansiosa, o estalo das tochas e o grito ocasional de aves noturnas que sobrevoavam o local.

No entanto, o que mais chamava a atenção de Ayla era o contraste grotesco entre o luxo da plateia e a brutalidade do campo de prova. O lugar fora cuidadosamente projetado para um propósito sombrio: entreter os ricos enquanto testava – e talvez ceifava – a vida de jovens desesperadas como ela.

Quando Ayla caminhou para sua posição no ponto de partida, ela sentiu os olhares pesando sobre si. Cada passo ecoava como uma batida de tambor em sua mente. Ela sabia que o campo não era apenas um cenário de teste; era uma arena de julgamento, onde a sobrevivência era o espetáculo e o fracasso era a punição final.

No horizonte, uma trombeta soou, um som longo e grave que parecia dividir a noite em duas. A voz autoritária de um homem ecoou pelo campo, vinda de um palanque próximo às arquibancadas.

— Candidatas, tomem suas posições.

Ayla apertou os punhos ao ouvir o comando, enquanto as outras jovens ao seu redor faziam o mesmo. Não havia espaço para dúvidas ou medo agora. Com o coração acelerado e a mente focada, ela se posicionou. O mundo ao redor parecia se estreitar, reduzindo-se à linha de partida e ao campo mortal à sua frente.

Quando a trombeta soou novamente, Ayla correu – seus pés mal tocando o chão enquanto ela se lançava em direção ao desconhecido, sabendo que cada passo poderia ser seu último.

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