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𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 3: O Príncipe Silencioso



A dor do príncipe e o peso do futuro do reino.

Uma semana se passou, e o silêncio sobre o assunto parecia tão normal quanto a rotina de todos os dias. A mãe de Ayla não tocou mais no tema das lutas clandestinas, e a vida seguiu tranquila, com ela se concentrando em seus dois empregos para sustentar a família. Luke, o irmão do meio de Ayla, assumia as tarefas de casa e cuidava de Bianca, a irmã mais nova, nos dias em que Ayla saía para caçar ou lutar. A vida secreta de Ayla não era fácil. Sua mãe não sabia das lutas nas quais ela se envolvia, mas, ao mesmo tempo, o dinheiro extra sempre foi bem-vindo. Naquela noite, Ayla enfrentaria uma luta difícil contra uma garota corpulenta chamada "A Muralha". O prêmio de 50 anis a motivava, mas o risco, como sempre, a fazia questionar até onde ela iria.

Quando sua mãe saiu para o segundo turno, Ayla se preparou rapidamente. Colocou a mochila nas costas e passou as instruções para Luke antes de sair pela porta. Bianca reclamou de ficar sozinha com ele, mas Ayla ignorou os protestos e seguiu para o encontro com Blacke. Ele já a aguardava do lado de fora, com o sorriso característico de sempre, e a confiança que ele transmitia a acalmava, embora a tensão do momento estivesse sempre presente.

— Preparada? — Blacke perguntou, e juntos começaram a caminhar para o local da luta. Ayla sempre soubera que poderia contar com Blacke. Ele era o único em quem ela confiava profundamente, o único que compartilhava seus segredos e, ao mesmo tempo, era o pilar que a sustentava em seus momentos mais difíceis.

— Sempre preparada. — Sua voz estava ríspida, cansada da tensão que sentia. Blacke sabia que ela não queria conversar mais sobre o assunto e, em silêncio, acompanhou-a.

Chegaram ao "buraco", o local onde a luta aconteceria. Era um espaço insalubre, um esgoto onde os mais baixos instintos humanos se manifestavam. O lugar estava cheio de pessoas aguardando por sangue. Blacke ajudou Ayla a se preparar, amarrando trapos nas mãos dela e colocando um protetor na boca. A luta estava prestes a começar. Quando o nome de sua oponente foi chamado, Ayla se levantou e entrou no ringue improvisado. "A Muralha" estava pronta, com seu corpo forte e imponente, enquanto Ayla usava sua agilidade como vantagem.

O juiz explicou as regras e deu início à luta. No início, Ayla apenas observava os movimentos pesados da garota, percebendo que sua oponente era lenta devido ao tamanho e peso. Isso era uma vantagem para Ayla, que, por ser mais magra e ágil, poderia se mover com mais velocidade. Correu ao redor da garota, que tentou agarrá-la com seus braços enormes, sem sucesso. Ayla aproveitou a brecha e deu um chute forte nas articulações do joelho da adversária. A "Muralha" gritou de dor e caiu de quatro no ringue. Ayla continuou a correr ao redor dela, sentindo o sabor da vitória se aproximando, até que deu um soco certeiro na garganta da oponente. A garota tombou, incapaz de respirar, e o juiz começou a contagem até dez, declarando Ayla vencedora.

Porém, antes que pudesse celebrar sua vitória, uma sirene soou. Os agentes de segurança invadiram o local, interrompendo a luta. Blacke ficou paralisado, observando os homens batendo e prendendo todos ali. Ayla agiu rapidamente, puxando seu amigo e tirando-o do transe em que se encontrava.

— Corre! — Ayla gritou, e Blacke, finalmente acordando para a situação, começou a correr com ela. O medo de ser pega era iminente. Se fosse capturada, sabia que ficaria na cadeia para o resto da vida, e sua mãe jamais teria os recursos necessários para tirá-la dali.

Enquanto corriam pelas ruas escuras, passaram por dois agentes. Um deles, armado com uma pistola de choque, tentou agarrá-los. Ayla foi rápida e deu uma rasteira nele, derrubando-o no chão. Outro agente tentou se aproximar, mas Ayla deu um chute certeiro na virilha dele, fazendo-o cair e gritar de dor. Ela fez um sinal silencioso para Blacke, que seguiu sua liderança. Não havia mais tempo para hesitar, e o medo de ser pega aumentava a cada segundo.

Ayla olhou para trás e percebeu que já não havia ninguém atrás deles. Parou, ofegante, tentando recuperar o fôlego, e Blacke fez o mesmo.

— Se fôssemos presos... — Ayla não conseguiu completar a frase, o peso da situação ainda a consumindo.

— Mas não fomos, Ayla... Fique calma... — Blacke segurou seus ombros, tentando acalmá-la com um olhar compreensivo.

Vinte minutos depois, estavam na varanda da casa de Ayla. Suas mãos doíam, e Blacke retirava os trapos que haviam sido usados para proteger suas mãos. Ele olhou para ela, preocupado.

— Não deixe sua mãe ver suas mãos... — Ele disse, e Ayla olhou para os dedos machucados, sentindo uma leve dor. Ela assentiu sem dizer nada.

Blacke se levantou e, após um breve aceno, seguiu seu caminho para casa. Ayla permaneceu ali, sozinha na varanda, sentindo-se vazia como sempre. A luta e o perigo a haviam deixado exausta, mas o peso da realidade da situação ainda estava presente.

Dois dias depois, a mãe de Ayla parecia mais feliz do que nunca. Cantava e se movia pela casa com uma energia que Ayla nunca a vira ter. Bianca, curiosa como sempre, entrou no quarto de Ayla com um sorriso travesso.

— Porque você foi uma das candidatas chamadas para a disputa da Coroa de Diamante... — Ela disse, mal conseguindo esconder o riso.

Ayla se levantou imediatamente.

— O QUÊ? — Ela correu até a porta. — MÃE!!!

Alguns minutos depois, sua mãe entrou no quarto. O olhar de Ayla era cheio de raiva e desconfiança. Sentou-se na cama, e com um gesto, pediu que Ayla se sentasse ao seu lado. Hesitante, Ayla obedeceu.

— Por que me alistou? — Ayla perguntou, a dor e a traição visíveis em seu olhar.

— Ayla, eu... achei que fosse o melhor para todos... — Sua mãe suspirou e colocou a mão no peito, como se tentasse explicar.

— E o que vai acontecer com Luke e Bianca? Eles vão ficar sozinhos! — Ayla sentiu o peso da responsabilidade apertando seu peito.

— Eu já resolvi isso. Eles ficarão com Griselda até você voltar. — Sua mãe tentou tranquilizá-la, mas Ayla não aceitou.

— Não posso ir... — Ayla gritou. — Ligue para eles e diga que desisti!

— Eu não posso, Ayla... Você será presa se desistir agora... Sinto muito, mas não posso fazer isso. — A tristeza nos olhos de sua mãe foi clara, mas Ayla não queria ouvir mais nada. Saiu do quarto, sozinha, com a sensação de traição invadindo seu coração.

Ela tentou segurar as lágrimas, mas a dor era insuportável. Fazia cinco anos que ela não chorava, e não seria agora que faria isso. Deitou-se na cama e enterrou a cabeça no travesseiro, pensando em como havia chegado até ali. Agora, ela estava envolvida na disputa da Coroa de Diamante, e, se quisesse evitar a prisão, não tinha outra escolha senão lutar. O futuro parecia incerto, mas ela sabia que não podia voltar atrás.

Luke entrou no quarto pouco depois. Ele se sentou ao seu lado, com um olhar de preocupação. Os dois sabiam que a situação não estava fácil.

— Nunca vi mamãe tão feliz... — Luke comentou, com uma expressão triste. — Sei que você não quer ir, Ayla. Eu também não quero, mas... pensa no quanto isso pode ajudar a mamãe. Não quero te ver triste, mas nós já sofremos tanto.

— Promete que vai cuidar de Bianca? — Ayla perguntou, sentindo um peso nos ombros.

— Eu prometo. — Luke respondeu com firmeza e a abraçou apertado. Ele ainda era um garoto, mas sua maturidade surpreendia Ayla.

— Não precisa casar com nenhum deles. Só fique até a terceira etapa, dê um soco neles e volte pra casa. — Luke brincou, e Ayla riu, apesar da situação difícil. Talvez, ele estivesse certo, e, ao menos, a ideia de um soco em alguns dos competidores não fosse tão ruim assim.

Ela o beijou na bochecha antes que ele saísse do quarto. Ayla se levantou e foi até a janela, encostando-se nela enquanto observava o céu. Em breve, ela estaria em outro lugar, distante de tudo o que conhecia, mas as estrelas seriam sempre suas companheiras.

Corações partidos podem ser consertados? Existe realmente a possibilidade de reinvenção para uma alma quebrada? Essas perguntas ecoavam incessantemente na mente do Príncipe Nathan enquanto ele erguia, pela décima vez, a taça de água em direção aos lábios, tentando disfarçar e fazer parecer que bebia vinho. Essa era uma técnica que a rainha lhe ensinara, mas, naquele momento, o líquido transparente apenas refletia a confusão interna que o consumia.

Seus olhos, turvos e nublados, se intensificaram ao avistar uma silhueta feminina que começava a se mover no palco à sua frente. Ela era a personificação da leveza; seu corpo esguio seguia a música melódica e dramática com uma graça que deixava todos ao redor admirados. Mas Nathan, o que ele realmente sentia?

"— Por que não consigo sentir nada?", se perguntava. Rowena Rascov, escolhida por seus irmãos para o setor número um, era uma bela bailarina, conhecida por sua habilidade e beleza. Com seus cabelos loiros, ela atraía olhares masculinos facilmente, mas quando Nathan se apresentou a ela formalmente após sua performance, a conexão que ele tanto esperava parecia inexistir. Ela sorriu de forma amável, mas ele não conseguiu trocar nem mesmo dez palavras com ela. O sorriso dela parecia genuíno, mas o que isso significava para ele?

"— Essa escolha é tão voltada para o que eles querem, não para o que eu quero", refletia, lembrando que a decisão não tinha nada a ver com seus desejos pessoais.

O setor em que o Príncipe Nathan se encontrava era conhecido como Umbra, um lugar envolto em sombras e segredos. As paredes de pedra, frias e imponentes, pareciam absorver toda a luz que ousava se aproximar. A atmosfera era densa, carregada de uma energia sufocante, e as figuras que ali se encontravam se moviam com uma quietude perturbadora, como se estivessem presas em um pesadelo sem fim. O som de passos ecoava nos corredores escuros, reverberando como um lembrete de que nada ali se passava sem a vigilância atenta de olhos invisíveis.

Era um lugar onde o brilho das estrelas parecia nunca alcançar, e as portas pesadas de ferro pareciam impedir qualquer tentativa de fuga. Os detalhes arquitetônicos eram macabros: desenhos escuros de figuras antigas e misteriosas estavam gravados nas paredes, e o ar estava impregnado com um cheiro metálico e um tanto nauseante, como se o lugar fosse construído sobre restos de um passado violento e esquecido.

No palco, a apresentação de Rowena Rascov parecia se adequar à perfeição ao ambiente sombrio. Ao som de uma melodia melancólica e hipnotizante, ela se movia com a graça de uma mariposa, mas com a precisão mortal de uma lâmina. Seus movimentos eram fluidos e elegantes, mas havia algo perigoso em cada passo, uma tensão subterrânea que fazia com que os olhos dos presentes se fixassem nela, como se ela fosse uma sombra viva prestes a se transformar em algo ainda mais mortal.

Rowena dançava com uma leveza etérea, mas havia uma frieza nas suas ações que a tornava ameaçadora. Em suas mãos, ela segurava estrelas de metal, afiadas como lâminas e com uma beleza inquietante. Cada movimento de seu corpo parecia convocar uma dessas estrelas, que ela lançava em direção a um alvo fixado na parede à sua frente, em uma precisão quase sobrenatural. O som metálico da lâmina cortando o ar era abafado pela música, mas a tensão que ela gerava na sala era palpável. A cada lançamento, a estrela cravava-se com força na parede, deixando um rastro de prata brilhante como marcas de uma guerra silenciosa.

A luz das estrelas refletia nos olhos de Nathan, e ele não pôde deixar de se sentir desconcertado pela frieza com que ela executava o ritual. Era uma dança que não falava de emoção, mas de algo muito mais sombrio – uma performance de destruição camuflada por beleza. Rowena parecia se alimentar da escuridão do lugar, e suas lâminas afiadas cortavam o ar como se fossem uma extensão de sua própria alma quebrada.

Ela sorria enquanto dançava, mas o sorriso de Rowena não era de alegria, mas de uma aceitação do que ela se tornara. Como um reflexo da sombra ao seu redor, ela não dançava apenas para impressionar, mas para exorcizar algo dentro de si mesma – um remorso silencioso, talvez, ou uma necessidade de controle sobre algo que estava além de suas forças.

Nathan a observava, sentindo uma desconexão crescente com o que seus olhos presenciavam. Ela era bela, sim, mas havia algo em seus movimentos, na maneira como ela manipulava as lâminas com destreza, que o fazia sentir uma distorção na sua percepção da realidade. A elegância de Rowena se misturava com o perigo iminente de suas ações, e Nathan não conseguia entender se ela era uma vítima ou uma predadora nesse jogo.

"— Por que eu não consigo sentir nada?", repetia em sua mente, ao ver a última estrela se cravar com precisão no alvo, como se tudo tivesse sido meticulosamente calculado, sem margem para falhas. A desconexão era ainda maior agora, e ele se perguntava, de forma inquietante, se alguma vez ele realmente sentiria algo por aquelas mulheres que sua família escolhera para ele.

A apresentação de Rowena no Setor Umbra não era apenas uma performance artística; era um lembrete sombrio de que, no final, a beleza e a habilidade poderiam ser apenas facetas da escuridão, ocultando as cicatrizes invisíveis de um passado marcado por escolhas dolorosas.

Após a apresentação, onde Rowena Rascov encantou e aterrorizou a plateia com sua dança enigmática, Nathan permaneceu em silêncio, sua mente girando em torno da imagem dela. Ela era bela, sim, mas havia algo nela que o incomodava profundamente. A beleza sombria de Rowena parecia mascarar algo ainda mais sinistro, algo que ele não conseguia identificar, mas sentia no fundo de sua alma.

Enquanto o público se dispersava, o Príncipe foi conduzido até um local privado onde seu pai, o rei, aguardava. A atmosfera estava carregada de tensão, e Nathan já sentia um pressentimento ruim no ar. Quando entrou na sala, o rei estava de costas, observando pela janela a noite que caía sobre o Setor Umbra. Seu olhar, firme e impassível, virou-se lentamente para o filho, e Nathan percebeu que ele estava prestes a ouvir algo que não queria.

— Nathan, — disse o rei, com a voz grave e autoritária. — Quero que conheça Rowena Rascov.

A mulher surgiu das sombras, como se tivesse saído do próprio ambiente onde a apresentação ocorreu. Seu sorriso era suave, mas o olhar penetrante de Rowena encontrou o de Nathan com uma intensidade fria, como se ela fosse capaz de ler sua mente. Ela era a personificação do perigo disfarçado em beleza.

— Rowena, — continuou o rei, sem tirar os olhos de Nathan. — Ela é a escolha que fiz para você. Sua aposta para a Coroa de Diamante. O que você acha?

Nathan estremeceu por dentro. A palavra "aposta" foi dita com uma frieza que o fez se questionar se ele realmente estava sendo tratado como alguém com vontade própria. Sua vida, suas escolhas, tudo parecia ser um jogo para seu pai, e Rowena era apenas mais uma peça. Mas o que mais o irritava era o fato de que ele não tinha escolha nesse jogo.

— Ela é filha do Ministro de Umbra, um de meus maiores aliados. Através dela, fortalecemos nosso controle sobre esse setor e, por consequência, sobre o reino. — O rei fez uma pausa, observando atentamente as reações de Nathan. — Rowena é a chave para consolidar nosso poder. E você... você se casará com ela.

O príncipe sentiu um aperto no peito, como se tivesse sido atingido por uma flecha envenenada. O casamento, a Coroa de Diamante, o reino inteiro... Tudo parecia estar sendo decidido sem sua participação, sem sua vontade. Seu pai, sempre tão calculista e frio, estava impondo uma escolha que Nathan jamais teria feito por conta própria.

Rowena deu um passo à frente, sua presença se tornando ainda mais imponente. Seus olhos, com uma chama escura de ambição, não deixaram de encarar o príncipe, como se desafiassem sua autoridade, sua independência. Ela não era uma mulher que se submeteria facilmente a alguém. O jogo estava claro, mas Nathan não se sentia parte dele.

— Eu não me importo com a Coroa de Diamante, — disse Rowena, sua voz suave, mas carregada de um veneno sutil. — Eu me importo com o que vem depois. E acredito que você e eu seremos uma combinação perfeita.

O sorriso dela era frio, quase predatório, e isso fez o sangue de Nathan gelar. A arrogância em suas palavras e a maneira como ela se posicionava diante dele, com tanta confiança e controle, o fazia sentir-se desconfortável. Ela não tinha medo de seu pai, mas parecia ter plena consciência do poder que ele detinha. Rowena sabia o que fazia e não tinha intenções de se submeter a ninguém, nem ao próprio príncipe.

Nathan, forçando um sorriso que não refletia sua verdadeira emoção, deu um passo atrás. A ideia de se casar com alguém como ela, uma mulher sombria e ardilosa, lhe parecia um pesadelo. Mas não tinha escolha. O reino estava envolvido, e seu pai, mais uma vez, decidira seu destino sem sequer consultar sua opinião. A traição, a manipulação, as teias que Rowena estava tecendo... tudo isso estava se revelando diante de seus olhos, e o príncipe sabia que seria impossível escapar dessa armadilha.

— Então, é isso, pai? — Nathan disse, sua voz tensa e cheia de amargura. — Estou condenado a ser parte desse jogo, mesmo que eu não queira?

O rei o observou com um olhar impenetrável, como se fosse um mero espectador do conflito interno que o filho enfrentava.

— Não é sobre querer, Nathan. É sobre o que o reino precisa. E você, como herdeiro da coroa, tem o dever de fazer o que for necessário. — O tom do rei não tinha mais paciência para discussões. — E eu já tomei minha decisão.

Rowena se aproximou mais uma vez, sua figura imponente cercando Nathan. Seus olhos fixos nos dele, com uma intensidade que o fez se sentir vulnerável.

— Estamos juntos nisso, Príncipe. Não há mais como voltar atrás. — Ela sorriu novamente, mas, dessa vez, o sorriso parecia mais ameaçador. — Agora, é sua escolha... aceitar o que eu sou e o que eu posso oferecer. Ou resistir. Mas resista e, talvez, descubra que o preço da resistência será alto demais.

Aquelas palavras ecoaram na mente de Nathan, e ele sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Rowena não estava interessada em ser uma esposa submissa. Ela queria ser uma rainha, e o príncipe, em seus planos, era apenas um meio para um fim.

Nathan olhou para o rei, então para Rowena, e soube, no fundo de seu coração, que este era o começo de um jogo muito mais perigoso do que qualquer coisa que ele já tivesse enfrentado antes.

Após o setor número um e uma longa semana cumprindo os protocolos reais em Atlanta, a família real partiu para o próximo destino. A competição pela Coroa de Diamante era apenas uma farsa para que a escolhida do Rei fosse coroada princesa, e Nathan se questionava sobre o propósito de todo aquele circo, já que a escolha estava claramente decidida. O Rei afirmou que o povo precisava acreditar que a decisão fora deles, e não de sua vontade pessoal.

O setor número dois, conhecido como Erebus, era um lugar distante e envolto por uma névoa constante. Ao contrário dos outros setores, este lugar era imerso em um silêncio profundo, onde o ar era pesado e frio, e a sensação de que algo ameaçador pairava era quase palpável. O palco estava erguido sobre uma plataforma elevada, com um piso de vidro que refletia a luz de forma quebrada, criando uma atmosfera de distorção. A cidade ao redor parecia escondida nas sombras, um reflexo da natureza do setor: introspectivo, cauteloso e envolto em mistério. Ao pisar no local, Nathan sentiu o peso dessa energia, como se o próprio espaço fosse guardião de segredos sombrios.

A apresentação de Celine começou de forma inesperada. Ela apareceu no palco com um movimento elegante, vestindo roupas que ela mesma havia desenhado e costurado. A saia, repleta de detalhes intrincados em metal, cintilava como lâminas afiadas sob a luz sombria que iluminava o ambiente. Cada peça da sua roupa parecia viva, como se contasse uma história própria de força e determinação. Sua presença era serena, mas havia algo em seus olhos que sugeria uma profundidade mortal, uma quietude que escondia uma tempestade prestes a eclodir.

Celine, com uma graça desconcertante, deu um passo à frente e, sem mais nem menos, iniciou sua dança. A leveza de seus movimentos parecia não condizer com o que estava prestes a acontecer. Ela rodopiava pelo palco, fluida como uma sombra, enquanto as peças metálicas de sua saia, antes fixas e imponentes, começaram a se soltar lentamente. Cada um dos detalhes de metal caiu com um som nítido e preciso sobre o chão, mas o que parecia ser um simples deslizar de tecido logo se revelou como um truque mortal. Quando o último pedaço de metal tocou o chão, uma explosão de faíscas se espalhou ao redor dela, iluminando a sala com um brilho feroz e imprevisível. A energia parecia estar em todo lugar, eletrificando o ar e fazendo com que todos os presentes se encolhessem diante do poder que emanava de seu corpo. Celine estava em pleno controle da situação, e cada movimento dela, calculado e fatal, demonstrava uma maestria que misturava graça com destruição.

Nathan observava, fascinado e desconcertado ao mesmo tempo. Ele não conseguia desviar os olhos dela. A serenidade de Celine parecia intocável, mas sua habilidade mortal não passava despercebida. Cada gesto, cada passo, era uma dança que poderia se transformar em um ataque letal a qualquer momento. Sua beleza, tão intensa quanto perigosa, escondia uma natureza explosiva capaz de arrasar qualquer um que ousasse desafiar seu poder.

Enquanto ela terminava sua apresentação, Nathan se viu imerso em um dilema. Celine era irresistível, mas também era uma arma mortal. Seu sorriso parecia convidativo, mas seus olhos carregavam o peso de uma ameaça silenciosa, e ele sabia que ninguém poderia subestimá-la. Ela não era apenas uma criadora de moda. Celine Coleman era uma força a ser reconhecida, e Nathan sentia que o próprio palco, agora envolto em uma aura de eletricidade e tensão, nunca mais seria o mesmo após a sua apresentação.

O setor três, conhecido como Voltaris, era uma terra marcada pela eletricidade e pela energia contida nas correntes de ar que cortavam os campos e cidades. O ambiente tinha uma tensão quase palpável, como se o próprio ar estivesse carregado de poder. O céu, sempre nublado e repleto de relâmpagos que rasgavam a escuridão, dava ao lugar uma sensação de iminente caos. As ruas, iluminadas por postes de luz azulada, eram um reflexo da eletricidade que dominava a cidade. As construções, com uma arquitetura moderna, eram intercaladas com maquinários complexos que pareciam respirar vida, pulsando a cada descarga elétrica. Era um setor de inovação e destruição, onde a linha entre progresso e perigo era fina, mas claramente visível.

No palco de Voltaris, o ambiente estava imerso em um sombrio jogo de luz e sombras. O piso era feito de uma superfície metálica que refletia as luzes de maneira distorcida, criando uma sensação de desorientação. Um único feixe de luz iluminava a escritora Amélia Falcks, que estava no centro do palco, vestida com uma roupa simples, mas que emanava uma elegância serena. Ela segurava seu livro como se fosse um objeto sagrado, seus olhos fixos nas palavras impressas, como se estivesse em profunda conexão com sua obra. Sua presença era suave, mas havia algo inquietante em sua postura, como se ela estivesse prestes a revelar algo perturbador.

Amélia começou a ler em voz baixa, suas palavras ecoando no espaço vazio, preenchendo o ar com uma melancolia quase palpável. O público, em silêncio, aguardava cada sílaba. Porém, à medida que ela avançava em sua leitura, o palco parecia ganhar vida. Um boneco de aparência sombria surgiu das sombras, movendo-se de maneira inesperada, como se estivesse sendo energizado. O boneco, com feições grotescas e movimentos mecânicos, parecia encarar Amélia, aguardando a sua ação.

Sem aviso, Amélia arrancou uma página do livro e, com um movimento fluido, a lançou contra o boneco. O papel, que parecia simples e frágil, ganhou uma vida própria assim que tocou o ar. Cortes afiados e faíscas surgiram em torno da folha, transformando-a em uma lâmina mortal. A página cortou o ar com uma precisão impressionante, atingindo o boneco com uma força inesperada. A cada página que ela arrancava e lançava, mais cortes e lâminas se formavam, e o boneco, embora tentasse desviar, era implacavelmente atingido.

O público observava, atônito, enquanto as páginas de papel se transformavam em armas letais, fazendo o boneco se contorcer de dor a cada golpe. O espetáculo de palavras e violência parecia orquestrado, como se a própria escrita de Amélia tivesse o poder de transformar a realidade ao seu redor. Cada palavra lida era uma sentença de destruição, e as páginas, simples e inofensivas à primeira vista, se tornavam os instrumentos de um ataque mortal. A cena era eletricamente carregada, com o som das lâminas cortando o ar e o chiado da eletricidade, refletindo o próprio poder de Voltaris.

Nathan assistia em silêncio, perplexo com a habilidade de Amélia. Sua voz suave e serena contrastava com a brutalidade de suas ações, e ele percebeu que ela não era apenas uma escritora — ela era uma manipuladora das palavras, capaz de transformar a realidade com o simples ato de escrever. Cada movimento seu parecia calcular e preciso, uma demonstração de um controle absoluto sobre seu poder. Ela não era apenas uma escritora famosa, mas uma força letal, e Nathan sabia que ninguém poderia subestimá-la. O palco, agora envolto em uma aura de eletricidade e violência, parecia ter sido transformado em um campo de batalha, onde a literatura se tornava a arma mais mortal de todas.

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