ㅤㅤ ㅤㅤ XXVI. welcome to abandonment.
‹ 𓆠⃮ 𝄿ֱ 𝚗𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚒𝚗𝚒𝚌𝚒𝚊𝚒𝚜: .já peço para, como padrão, votarem e comentarem ao longo do capítulo de início pois esse é definitivamente o último do primeiro livro/arco. por favor, não pulem as notas finais, são muito importantes! enfim, é isso e fiquem com o capítulo! ↓֓ ܸ۠命𐄂
— de: Brooke Emily
Você está sozinha nessa, criança
Você sempre esteve
— para: Brooke Emily
you're on your own, kid, TAYLOR SWIFT!
𔖳﹙‣ࣰ𖥣᤺ →𝕨𝕖𝕝𝕔𝕠𝕞𝕖 𝕥𝕠 𝕕𝕠𝕝𝕝𝕙𝕠𝕦𝕤𝕖 ⍰ ׁ ۪
𖥻݁ ⟩ﹴ 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗼 𝗽𝗼𝗿: -𝗌𝗅𝗒𝗍𝗁𝖾𝗉𝗋𝗈𝗇𝗀𝗌 ↑ꞌꞋ̸📑ۛ͟ ⸯ̳
✶ ׅ ゜᮫( ABANDONO ) 𔓐 ⋆ 𔒅
──۠─᮫֩ ⑇⃫ֳ ៹۠🗒️۪ܺ #𝘤𝘢𝘱. vinte e seis ๋⇑ܸ 26◹
A TRISTEZA TEM VÁRIOS ESTÁGIOS. Ela não é apenas uma emoção que como a felicidade, pode ir embora tão facilmente se estivermos falando de sua fase avançada. Você pode chorar, gritar, desabafar, drogar-se e tudo que imaginar. No final do dia ela estará novamente em seu encosto. A profundidade da depressão dependia apenas da forma como a mão das pessoas importantes estaria estendida para te retirar de lá.
E em um mês após a morte de Theo, todos estavam separados.
Brooke não se recuperou nesse tempo. Há quem diga que seu despertar para derrotar William foi milagroso, porque assim que acabou, desmaiou novamente, em um coma pesado. A dose de veneno que habitava a adaga dourada das Nagans era alta até para um sacrifício retira-lá totalmente. A garota nem sequer sabia que seu tio estava morto. Oliver gostava de pensar que Hades e Persephone cuidavam dela até seu corpo estar recuperado, apesar de saber ser impossível por suas almas já estarem em paz.
Oliver e Ash foram os únicos que não saiam do quarto de hospital dela. O garoto mais novo não gostava de demonstrar seus sentimentos. Sempre fingia estar tudo bem quando Oliver estava no mesmo local. Uma vez quis testar e resolveu escutar do corredor. Ele soluçava contra a coberta de sua filha. A depressão que ele adquiriu foi muito alta, e não havia ninguém para o consolar agora, já que até mesmo Vanessa e Michael estavam do outro lado do mundo agora. Becky e Brenda foram suas únicas amigas além de Brooke. Theo foi seu pai e o que tenham em comum? Todos mortos em uma única noite ao qual ele estava.
Oliver pensou que era seu dever ajudar o garoto. Entrou no quarto novamente, e lutando a relutância de Ash, conseguiu ajudar o garoto. Era bom nisso, talvez pela experiência em sofrer de todas as formas possíveis. Com um abraço, um beijo na testa e a promessa de que pelo tempo que quisesse poderia estar com ele e Brooke quando a mesma acordasse e fossem embora daquela cidade, pôde se acalmar e sorrir mais uma vez.
Mas já para o próprio Oliver, não tinha ninguém para o acalmar. Quando cansava-se da cadeira de hospital e Ash eatava aberto e continuar lá, ele voltava para sua casa e podia despedaçar todos os móveis pela raiva de si mesmo, e o pior, a dor profunda que seu coração passava. Chorava, berrava, até mesmo se machucava para ter qualquer alívio. Nada funcionava. Na maior parte do tempo, rezava para algum Deus trazer ele novamente, e nunca foi religoso.
A vez em que Henry chegou de surpresa para pegar suas coisas, foi embaraçoso. O homem ficou durante seu objetivo inteiro desconfiado sobre porquê seu irmão estaria tão abalado com a morte de Theo se eles não passaram de amigos.
De qualquer maneira, Oliver não falava mais com seu irmão para preocupar-se. Isso desde que o pegou transando com Katharina.
Tudo começou no dia em que um enorme lago, decidiram jogar as cinzas do homem em um dos locais em que mais apreciava. A água era a companheira favorita de Theo. Adorava banhos demorados, piscina, mar e tudo que envolvia líquido em contato em sua pele, e mais do que ninguém o Emily mais novo sabia as coisas que eles já fizeram na água. Oliver conseguiu disfarçar, contudo, muito bem naquele dia. Falou apenas o que poderiam ouvir e não o que preenchia seu coração de verdade. Henry recusou-se a falar na frente dos outros. O mais novo suspeitava que ele sentia mais raiva do que tristeza. Na vez de Katharina, a mulher teve uma crise forte. Recusou-se a ajuda de Oliver, entretanto, e no momento que soube, aceitou a de Henry. Demorou apenas mais alguns dias até que flagrasse a cena.
Nenhum dos dois veio falar com Oliver depois, e ele agradeceu isso. Sentia muita raiva, mas não pelos motivos que deveria. A verdade é que sua paixão por Katharina já havia morrido desde que ela o traiu com Henry na primeira vez há anos atrás. Ele percebeu que sempre foi um empecilho e que as almas de Henry e Katharina estavam fadadas a ficar juntas de qualquer forma. O projeto de vingança que eles alegaram, era falso como rodapés de Pégasos. Não havia planejamento quando tudo é um acidente. Infelizmente, acabou encontrando a quem ele acreditava ser a sua alma gêmea nas longas noites tardais, e que azar ser alguém proibido. Também, uma pena que não tenha tido a coragem necessária para investir no fruto.
Seu ódio era em direção a falta de consideração de Henry e Katharina. Pensava que se fosse ele a morrer, ficaria extremamente chateado, como espírito, sabendo que seu namorado ou namorada não esperou nem um mês para ficar logo com seu irmão, em meio a tantas pessoas. Não achava que Theo pensaria da mesma maneira, porém nada fazia com que sentisse menos desprezo dos dois.
Oliver e Ash levantaram-se quando a cabeça de Brooke mexeu-se no travesseiro, seus olhos começando a se abrir e deparar-se com o terrível branco do hospital. O loiro arregalou os olhos ao perceber que sua Abby subia na cama da Emily, e sem nenhuma vergonha, dava tapas de felicidade em seu rosto, causando uma risada imediata em ambos.
— Bro Bro! — falava ela, um sorriso de orelha a orelha.
— Oi, garotinha! — respondeu, a voz quase inexistente pelo tempo ao qual não abria sua boca. A garota passou seus castanhos e cansados olhos pelo quarto, percebendo de imediato a enorme ausência. — Onde estão os outros?
Oliver suspirou quando fatidicamente falou:
— Só tem nós.
Brooke moveu o pescoço para o lado, num ato de confusão que Ash particularmente achava fofo, embora aquele definitivamente não fosse o momento de pensar isso.
— Como assim só vocês?
— Henry e Katharina estão... Como posso dizer? — o homem corou um pouco, tentando achar as palavras certas. — Debilitados demais.
Por que logo Henry e Katharina estariam debilitados? Pensava Brooke. Não era burra para não associar a feição destruída de Ash e sua visão que atravessava o disfarce da expressão também morta de Oliver. Não demorou mais de cinco segundos para a garota segurar seus joelhos contra sua cabeça e começar a chorar por Theo.
— Desculpa... eu... — balbuciou, levantando-se e tirando os acessos de sua pele, causando uma leve dor. Ela correu até o banheiro e vomitou o que nem lembrava ter entrado em seu estômago.
A dor de saber ter perdido seu tio a abalou fortemente. Brooke em um período de tempo muito curto perdeu suas duas melhores amigas e ter descoberto sobre seu primeiro namorado, o que obviamente ocasionou em reviver um luto que nunca sequer pôde ter enfrentado em anos. E nem precisamos retornar ao fato de estar muito longe de superar sua irmã deitada e morta no beco.
A única coisa que seu corpo conseguia fazer era vomitar no vaso do banheiro de hospital, sua cabeça dando voltas e a confundindo pelas lágrimas que não paravam de escorrer por sua bochecha. Quando não havia mais o que ser extraído de seu estômago, ela viu que seu corpo podia realmente doer quando psicológico estava tão destruído. Ficou encostada na parede, a mão em seu peito, chorando sem parar, memórias de todas aquelas pessoas retornando a sua mente, retirando também, todo o ar de seu pulmão.
A pior parte era a culpa, pois em todas as situações, foram as suas ações que causaram a morte dessas pessoas, principalmente a de Theo. Era por causa de seu sacrifício que seu coração estava vivo para bater forte como uma bomba rápida.
As pessoas que ela não causava a morte, magoava, como o caso de Ash, e toda a história com os outros Afton. Era sempre ela. Agora conseguia ter a resposta para a pergunta de sua irmã há mêses atrás:
"Por que as pessoas sempre te olham dessa forma?"
Porque era um monstro, da forma mais literal e figurativo possível. Brooke matou pessoas em prol de um trauma que ainda era presente, e deixou que os outros morressem para estar viva. A verdadeira culpada de todas as coisas de ruins que aconteceram era ela. Se não tivesse surtado com Melinda, ela, Nathaniel e Clara estariam vivos e Lilith jamais teria feito o que fez, desencadeando tantas mortes, incluindo Charlie. Se tivesse tido coragem e derrotado o Cerberus antes, Becky e Brenda estariam vivas e se não abaixasse a guarda como uma tola, Theo também estaria.
Poderiam haver os culpados principais, os executores verdadeiros, mas a verdade é que Brooke tinha a culpa pela morte de todos eles. O problema de todos sempre seria ela. Sentia-se como um espirito obsessor na vida de toda aquela gente. Eles nunca teriam paz enquanto ela continuasse a estar viva. Não importava o quanto se esforçasse para ser a mais perfeita, companheira, no fim, para sempre seria a anti-heroína. Não tão intencionada para ser a vilã, porém, não tão absolta de culpa para ser a heroína.
Agora, Ash e os Aftons estavam sem o pai, Henry sem o marido, sua mãe sem o irmão, seu pai sem o "melhor amigo". Tudo porque haviam posto em suas cabeças de que ela teria que viver mais que os outros. Como diria que não queria isso? Que apenas queria estar em paz, sem ter de escolher ou viver em crises? Agora, isso foi roubado dela. Jamais poderia pensar em novamente acabar com tudo quando tantas pessoas sacrificavam-se para que respirasse novamente. Mergulhavam em lagos congelados e profundos de depressão para que seu pulmão uma vez mais puxasse o oxigênio, que deles, apenas acabava por causa dela.
— Você está sozinha nessa, criança. — o vidro do box do banheiro refletia uma garota diferente. Não era o mesmo tom ofensivo do que vira em espelhos, que a agredia verbalmente. Dessa vez, era algo sincero. Ninguém mais conseguia entender como Brooke estava destruída e como apenas queria morrer para sempre. — Você sempre esteve.
Foi só com a batida de Oliver na porta ao qual Brooke havia trancado, que percebeu ainda estar, infelizmente, numa realidade tão ruim. Um pequeno pensamento surgiu como paranoia. Onde estava seu namorado?
"Só tem nós", a fala de Oliver voltou a mente dela, quando desesperada, abriu a porta, fazendo seu pai quase cair. Foi ao ignorar os olhares dos dois loiros, prestando atenção na cabeceira de sua maca, especificamente no pedaço de papel embaixo de um jarro de flores vermelha, que notou mais um fato: Mike também percebeu que ela era o problema.
— Filha, eu acho que é melhor não... — Oliver tentou impedir a garota de pegar a carta, porém ela foi mais rápida, a capturando rapidamente, quase derrubando a água que estava no jarro, e correu para o banheiro novamente, trancando e abrindo quase desesperada.
"Querida Bro,
Eu não sei muito o que falar, apesar dessa carta provavelmente ser maior do que o que te escrevi pela primeira, logo após... Bem, melhor não pensar sobre isso. Queria te pedir desculpas, Vanessa também pediu, aliás, mas indo direto ao ponto, não consegui mais. Acho que nunca deveriamos ter namorado. Eu, por mesmo contra minha vontade, estar em um plano para te matar, e você por não estar mentalmente estável, já que estava matando pessoas e haviamos acabado de transar pela primeira vez. Acho que nossas emoções foram altas e não pensamos nas consequências. Foi ótimo, não me entenda errado. Você era a namorada perfeita e agora entendo toda a fascinação que meu irmão tinha por você. Linda, inteligente, fascinante e tudo que uma pessoa precisaria. Infelizmente, sou um babaca por não dar valor no ouro que tinha em minhas mãos e estar fazendo isso. Infelizmente, não posso viver sabendo que literalmente te matei e tirei suas melhores amigas de você. Me desculpa por tudo isso, me desculpa pela dor que vai sentir ao saber que provavelmente nunca mais vamos nos ver, porque eu não quero isso. Não quero encarar seus olhos dr mel e ver um passado repleto da destruição que eu causei. Não acho que seja justo a memória de Nate, ou Becky e Brenda que fiquemos juntos depois de tudo isso, e nem acho que eu mereça sua infinita empatia, porque sei Brooke, que mesmo depois de tudo, você conseguiria entender os motivos. Me abraçou para que tudo ocorresse, se lembra? Por isso sei que toda sua maravilhosidade (não sei se essa palavra existe) deve ser direcionada a outra pessoa que mereça. Eu não sei se um dia irei me desapaixonar por você, mas Oliver sempre esteve certo. Eu iria uma hora ou outra te magoar profundamente. Mereço passar o resto dos dias sozinho por quebrar mais ainda um coração já quebrado. Por favor, viva sua vida intensamente, me odeie se for preciso a superação, mas peço que não me procure, porque apenas uma palavra de sua boca seria o necessário para que todo esse altruísmo em mim fosse para os ares e eu corresse aos seus lábios vermelhos como bordô novamente, e então, nós dois sermos destruídos.
Com o coração partido, Mike."
Ao contrário de todas as reações que imaginaria ao ler a carta, Brooke gargalhou alto. Seus cílios estavam molhado pelas lágrimas da risada quando terminou. Talvez tivesse enlouquecido de vez, ou fosse muito irônico haver "com o coração partido, Mike" no fim da carta, como se ele não tivesse amassado, quebrado e pisado em cima de todos os cacos restantes do seu.
Irônico pensar que ela estava tão disposta, tão dentro do relacionamento, até mesmo a ponto de perder seu melhor amigo se fosse necessário, e Mike terminava na primeira complicação, que para Brooke, com uma conversa boa, poderia ser tudo esclarecido e superado.
Ele estava certo. Brooke o deu sua infinita empatia e de fato, entendia as razões de suas ações, porque simplesmente tinha muito medo de ser abandonada. Quando ia para suas poucas sessões de terapia, o psicólogo sempre dizia que ela tinha chances altas de ter o Transtorno de Personalidade Bordelaine. Apenas não recebeu o diagnóstico por não ter a idade suficiente. Era muito intensa e fazia de tudo para não sofrer abandonos em sua vida. Muito provavelmente era um reflexo da infância onde, Katharina e Oliver, mesmo sem opções, a abandonaram e Melinda, efetivamente, também. Não gostava nenhum pouco dessa sensação. Não importasse o quanto doesse nela, evitaria ao máximo estar perdida, por conta própria.
E em seu pior momento da vida, a pessoa pela qual era perdidamente apaixonada, ao qual contava com tudo, que ajudava em todas as situações, aquela que mostrou um mundo mais limpo e feliz nas noites dormindo ao seu lado, nas quietas e inquietas, a abandonou do pior jeito possível. Uma carta que Brooke jamais saberia se os sentimentos eram reais. Não viu seu rosto, expressão, nem sentiu seu toque, as carícias que adorava receber dele. Foi apenas um pedaço de papel com uma letra difícil de entender.
Atualização: as pessoas que Brooke não tem culpa na morte, ou magoou profundamente, a abandonam.
— Saiba, seu grandíssimo filho da puta, e mil perdões Hades — começou ela a rasgar a carta em mil pedaços. — Mas eu jamais te procuraria depois disso, não se preocupe porque jamais vai ter meus lábios vermelho bordô nos seus novamente, desgraçado! Fodido, arrombado, lixo, imundo! Que você morra da pior forma possível, Michael Afton!
Com toda a carta no lixo e apenas um pouco de sua revolta indo junto na sacola, percebia que a ferida que Michael deixou nela seria maior do que imaginaria. Primeiro namorado? Morto. Segundo namorado? A traiu uma par de vezes, até mesmo incluindo facadas, e abandonou no fim. Que vida amorosa incrível!
Brooke suspirou, a fim de acalmar-se finalmente. A garota saiu do banheiro, tentando usar uma máscara de superação e de que o surto teve resultado positivo em uma melhora. Óbvio que estava destruída de todas as formas possíveis, entretanto, teria que achar uma forma de seguir em frente, embora desconfiasse que por mais de almejar tanto isso, não conseguiria nunca.
— Preciso ir para Hurricane. — falou, deixando Oliver e Ash surpresos. Jamais imaginariam que ela iria querer voltar a cidade que sua irmã morreu. — Na verdade, preciso passar na nossa casa para pegar minhas coisas e algumas outras...
Era uma ideia maluca e inusitada que teve, porém ninguém a faria mudar de ideia, e Oliver sabia disso muito bem para nem tentar. Sua filha era como ele.
— E você virá conosco. — falou Brooke a Ash, sem pestanejar, deixando o garoto surpreso. — Além de ser importante no meu ponto de vista, não estou a fim de te deixar aqui. Preciso de todas as pessoas que restaram.
— Tudo bem. — assentiu ele, um pouco de medo da expressão autoritária da garota. — Quer viajar, Abby?
A garotinha bateu palmas em um enorme sorriso de aprovação.
Depois de passarem na casa, pegar todas as coisas e Brooke negar-se a dizer qual era seu objetivo em Hurricane e o que pegou além das próprias coisas, dirigiram-se a ponte ao qual fora jogada as cinzas de Theo. Era o lugar que Oliver precisava estar, sozinho, antes de ir embora para nunca mais retornar a Nova York.
— Fiquem aqui. — instruiu Oliver ao chegarem no local, estacionando um pouco longe para que não fosse possível ver ou ouvir o que ele desabafaria ao que restara de Theo: o nada. — Eu já volto.
Cada passo na ponte, até chegar do outro lado ao qual lembrava de Katharina jogar o vaso de cinzas, era doloroso, como pisar em espinhos. Oliver era acostumado com a tristeza. Se juntassem todos os dias em que sentiu felicidade em sua vida, não dava mais do que um ano, em meio a trinta e cinco. Todos esses eram por causa de Brooke e pessoas que já partiram.
Sempre foi uma criança inteligente e depressiva por isso. Ele entendia a pobreza e situação de sua família, e até mesmo a comer, sentia culpa. Uma vez deixou mais comida no prato por querer que seus irmãos comessem um pouco mais. Além de não terem feito, sua mãe o espancou por isso, dizendo que logo em situações difíceis como aquela recusar uma oferenda tão divina como aquela era inaceitável.
Nunca foi fácil viver naquela casa.
Por incrível que pareça, Oliver sempre foi mais apegado a sua irmã Amélia do que a Henry. A garota de cabelos vermelhos conseguia ser a figura materna que sua verdadeira jamais esforçou-se a ser. Ela perdeu toda a adolescência cuidando dele. A única parte de infância que teve era pelo esforço de Amélia em brincar o dia inteiro com ele. Uma vez, e um dos poucos que sentiu felicidade pelo dia inteiro ser divertido graças a sua irmã, achou que seu irmão, ingênuamente, seria alegre e divertido com ele após o dia inteiro e exaustivo de trabalho. A realidade foi oposta. Henry descarregou todas as suas frustrações em palavras pesadas ao garotinho de apenas seis anos de idade. Oliver chorou tanto que Amélia desconfiou, enquanto tentava inutilmente o acalmar, que estava tendo uma crise de ansiedade.
Lembrar que ela estava morta sem que ele pudesse nem se despedir doía até hoje, como um inferno escaldante.
— Oi... — ele disse, escorando-se no apoio da ponte de madeira, tão isolada e velha que desconfiava estar numa cidade tão popular e rica. — Oi? Que começo patético, não é?
Havia lágrimas já em seus olhos. Raramente em sua vida ele sentia-se tão devastado como agora. Queria gritar e berrar por respostas, de como era justo alguém tão bom ter falecido e deixado tanto para trás.
— Eu prefiro pensar que sua alma vem quando as pessoas conversam com você — a voz embargou, quase travando no meio. — Pensar que você possa não está em paz, ou simplesmente não existir mais, me deixa tão triste que tenho vontade de me matar, e não estou brincando.
Suspirou pesadamente, limpando suas patéticas lágrimas para continuar.
— Você deve se perguntar porque logo eu estou aqui quando tantas outras pessoas você considerava mais importante. Sei disso porque nem ao menos se despediu de mim lá. — a magooa reverberou sua voz. — Acho isso tão injusto porque... como você simplesmente pensa que depois de tudo o que aconteceu naquela época eu não teria me apaixonado? Não fico magoado por você não ter por mim, 'tá tudo bem. Eu que sou muito intenso. Me apaixono rápido demais...
Sua força acabou por quebrar o apoio da ponte. As lágrimas que agora caiam era impossível de se limpar, mesmo que tentasse.
— Você f-foi muito importante pra mim. — começou novamente. — Quando eu briguei de novo feio com meu irmão e acabei voltando ao meu estado inicial, traumatizado demais a criar minha própria filha, pensei que a vida tinha perdido todo o sentido. Odiava Henry e Katharina por terem me traído daquela forma, e eram basicamente as únicas pessoas que eu tinha além de Brooke... Mas você me ajudou, e muito. Sempre vou me lembrar de sua mão em meu corpo naquela banheira, acalmando mais um de meus ataques de pânico. Para você pode ter sido um ato de bondade apenas, porém, não a mim. Não sou acostumado com as pessoas sendo boas comigo, principalmente homens, considerando o número de vezes que já fui abusado por eles. Achei que nunca confiaria em um. Tinha jurado que a parte que gostava de homens dentro de mim havia de ser apagado porque não suportaria nenhum me tocando. E então você entrou no banheiro enquanto eu estava em um momento tão humilhante com todos os vilões da minha cabeça e derrotou todos eles como se não fosse nada além de uma rotina comum. Não entendo como você pôde ser tão perfeito naquele momento. — olhou para cima, em busca de ar em seus pulmão. — Eu sei que pareceu que minha sugestão de "vingança" fosse realmente isso, mas era algo mais. Eu precisava te sentir, contudo, sempre fui covarde demais nessas coisas, então por que não sugerir algo que nem parecia que por dentro eu precisava tanto que podia morrer?
Oliver fez uma pausa antes de continuar.
— Eu nunca pensei que você me escolheria ao invés do Henry. Acho que você nunca desconfiou que eu te amava. Eu disfarço realmente muito bem. Nunca tentei impedir de vocês ficarem junto, e não pense que não doeu fazer isso. Cada vez que eu via vocês se beijando ou falando coisas de casais, uma parte de mim morria cada vez mais. Se eu tivesse tido coragem para ter conversado mais, explicado mais, você teria me visto como além de um melhor amigo? — questionou ao vento. — Acho que não saberei, entretanto, onde quer que você esteja, agora sabe que eu, Oliver Emily, sou apaixonado por você há dezessete anos, e não penso que esse número vai parar de crescer. Muito obrigado por ter sido tão importante para mim, Theodore Kingslon. Serei eternamente grato com meu coração a sua memória. Que você nunca mais sinta qualquer tipo de dor que já passou na vida. Tenho certeza que não merece nada de ruim... Vá em paz agora...
Oliver sentia a presença de Theo junto dele por sentir tons de alegria que lembrava de ser parecido com o episódio da banheira. Era como se ele dissesse estar tudo bem e despedisse-se de Oliver através da serenidade do vento não gélido. Sorriu com isso.
Havia mais coisas que queria falar, porém atrairia suspeitas caso demorasse mais. Todavia, ao se virar, seu coração gelou pela pessoa que menos esperava encontrar estar a sua frente, o olhar quase assassino direcionado a Oliver.
Henry.
— Qual o seu fetiche em ser um talarico de merda?! — ele estava furioso e Oliver entendia, para não provocar nenhuma briga, então, apenas virou-se, ignorando-o, com intenção de sair dali. — Ah, mas você não vai ir assim não!
Ele pegou o braço de seu irmão com agressividade, ato que desencadeou gatilhos fortes em Oliver. Por puro reflexo, a mão esquerda dele, a que não estava sendo puxada, formou-se em um punho que acertou em cheio o rosto de Henry.
— Desculpa... — pediu ao ver que não mediu a força de seu golpe. Seu irmão tinha o nariz sangrando, a mão levada ao local, com fúria.
Henry, em tantos anos, nunca sentira tamanho ódio de Oliver como agora. Era além disso. Quase como se repulasse sua existência.
— Relaxa. Eu estava errado. — Oliver franziu as sobracelhas. — Quando te encorajei a derrotar Aquiel. Disse que não havia criado um homem fraco, mas estava enganado. Você é e sempre foi o mais fraco de todos nós.
Oliver tentou disfarçar sua raiva e tristeza ao ouvir palavras tão cruéis saindo da boca da pessoa que ia além de um irmão mais velho. Sempre considerou Henry como um pai. Apesar de nunca usar o substantivo, era o mais próximo que tinha de uma figura paterna. Talvez fosse por isso que sua relação era péssima.
— Sempre foi fraco demais. Se não tivesse Amélia para te proteger você, já teria morrido, porque nunca parou de ser dependente das pessoas! Sempre vai precisar de alguém para que não se mate de uma vez por todas e deixe todo mundo em paz logo!
Oliver abaixou a cabeça. Não era como se já não tivesse ouvido palavras semelhantes quando Henry descobriu que ele gostava de Katharina. Ele falava atrocidades e depois se arrependia, pedindo desculpas aos céus por sua boca atirar como canhões.
— Acabou? — questionou, fingindo não dar a mínima as palavras de seu irmão. — Infelizmente, não posso controlar por quem me apaixono, porém, eu sou sim leal a você. Eu nunca planejei, no início, ficar com Katharina por saber que isso te machucaria. Preferi sofrer, e apenas fiz quando quis me vingar pelos mesmos motivos que você está repetindo. Não calculei mas Theo me ajudou quando foi você a pessoa a me trair!
— Apenas mostrou que continua sendo um fraco! — Henry ainda não estava satisfeito. — É tão ferrado, dependente, que a primeira pessoa que te apoia minimamente você se apaixona!
Oliver deu as costas. Definitivamente não estava a fim de ouvir as ofensas de seu irmão raivoso. Contudo, parou no meio do caminho quando uma fala dele o fez travar no tempo:
— Me pergunto quantos homens aproveitadores devem ter te feito de um depósito de esperma. — Henry arrependeu-se assim que as palavras saíram de sua boca. O olhar de Oliver, o verde lacrimejado, amedrontado e traumatizado, foi algo que ele viu apenas duas vezes em sua vida. Quando matou sua mãe a sua frente e ao contar todo o relato que passou com William. Chamar uma vítima de abuso sexual dessa frase, é, talvez, uma das piores ofensas possíveis a um ser humano. — Me desculpa, Oli...
— Não... — Oliver se afastou gradualmente. Não pôde impedir, dessa vez as lágrimas voltando com tudo. Foi como se anos de tentativa a superação dos estupro e violência de William tivessem sido jogados no lixo com apenas uma frase de seu irmão. — Como você...
A expressão de arrependimento de Henry era absurda. Seus olhos enchiam de lágrima ao perceber que estava certo ao dizer a Theo que descontaria sua tristeza em seu irmão, porém, nem ele imaginou que poderia pegar tão pesado assim.
— Desculpa, por favor. Eu não queria... — ajoelhou-se aos pés de seu irmão, porém o mesmo o interrompeu.
— Cala a boca, porra! — exclamou Oliver, mudando toda a tristeza pqra a raiva, ainda com os olhos vermelhos pelo choro que negava a derramar. Ventos fortes elevaram o cabelo dos Emily, dando a entender que o mais novo estava perdendo o controle. — Você não faz ideia do que é ser abusado durante um ano pela porra de uma entidade maligna! Você não sabe como é ser espancado e estuprado por horas todos os dias, onde você, a quem jurava sempre ter me amado, nunca conseguiu me tirar de lá! Você não sabe, porque nunca deixei a mostra, mas eu nunca transei com nenhum homem depois dele, nunca deixei que nenhum me tocasse. Nem mesmo você!
— O quê...?
— O único que eu deixei foi Theo, e óbvio que você vai fazer isso ser sobre você, como se minha vida amorosa inteira tivesse que ser baseada na rejeição por sua parte comigo! — as palavras de Oliver eram afiadas como faca ao desabafar. — Relaxa, irmão. Não vai precisar lidar com o "depósito de esperma" mais. Estou indo embora, levando Brooke e Ash, para bem longe daqui.
— Não. — Henry levantou-se do chão, desesperado. — Você não vai tirar a minha filha de mim!
— Ela é minha filha!
— Ter feito ela não te faz pai. — afirmou Henry, enraivecido. — Eu criei ela por dezessete anos! Não importa o que fale. Pela lei ela é minha! Nem preciso citar o fato de que Katharina, a mãe dela, está comigo! Não me importa se você tiver que sumir ou sabe-se-lá o quê, eu não vou deixar você levar ela!
— Está me ameaçando agora? — Oliver chegou próximo de Henry, ambos olhares determinados a não cessar algo tão importante a ambos.
— Se for necessário, sim. — respondeu. — Família vem antes de relacionamento, no entanto, no meio dela, filhos sempre virão primeiro do que os irmãos. Brooke é minha, Oliver!
— Pode ter a criado, mas não foi porque eu cedi de boa vontade. Não será agora que farei isso. — devolveu, a faísca de raiva presente no olhar de ambos. — Se me dar licença...
Henry não o impediu, todavia, a raiva em seu poder foi percebida por seu irmão. Ao olhar para trás, viu o vislumbre de tudo de ruim que um demônio poderia mostrar no castanho profundo dele. Oliver sentiu uma pontada de medo, porém, não parou.
— Eu prometo que você vai se arrepender profundamente por ter tirado a minha filha de mim! — foram as últimas palavras que o mais novo ouviu de seu irmão mais velho antes de sumir de vista.
Não respondeu, apenas aceitou. Ele também pensava exatamente isso.
— Que demora. — reclamou Brooke quando Oliver chegou ao carro, uma hora depois de ter ido. — Abby até dormiu. Ash e eu estávamos quase indo ver se estava tudo bem.
Oliver colocou a máscara de disfarce em seu rosto. Era necessário muita atuação para fingir estar tudo bem depois de se declarar ao amor nunca correspondido — por estar morto —, e ter brigado tão feio com seu irmão, que era também pai de Brooke, e onda morava o seu maior erro.
— Muitos assuntos a tratar. — omitiu a verdadeira história. Os dois adolescentes desconfiaram da palavra do loiro, mas apenas aceitaram e fecharam seus olhos para dormir a longa viagem que seria.
Para Brooke, sinceramente não faria diferença com qual de seus dois pais estaria. Ela amava os dois igualmente, contudo, óbvio que sentiu-se magoada por Oliver ter contado que Henry e Katharina haviam fugido. Entendia que precisavam de um tempo a digerir o luto, e era exatamente por isso que não questionou mais sobre eles. Não precisavam lidar com a garota, a qual era culpada pela morte de Theo, em suas vidas agora. Oliver sabia que, pelo menos, Henry queria, no entanto, não falou. Brooke o odiaria se soubesse de sua mentira suja, de excluir sua opção de escolher com qual ficar, de a fazer pensar que Henry não ligava.
Percebeu que foi o maior de todos os seus erros.
Porque agora Henry e Oliver tinham uma guerra entre si. Sabiam agora que jamais voltariam a se falar depois das palavras e atitudes trocadas. O mais novo era rancoroso para não perdoar facilmente, a ponto de até hoje nunca ter o feito pela briga deles há dezoito anos. Apenas voltava a tolerar como se tivesse feito. Uma desse ponto, fez com que a simples menção de voltar a conviver com aquele homem o desse náuseas. A pior parte era que infelizmente envolvia Brooke, e isso era, com toda a certeza, o artefato que tornava a guerra em algo nuclear.
Já estava anoitecendo, e notando como Brooke e Ash pareciam cansados demais para aguentar as longas horas de viagem para chegar em Hurricane, Oliver resolveu se hospedar em um hotel. Outro motivo para isso era que, em todo o caminho, parecia alheio, várias vezes quase causando um acidente.
Quando teve a certeza de que estariam seguros, saiu. Precisava de um tempo sozinho. Toda a briga com Henry, a culpa que já sentia, reviveu vários traumas, incluindo os piores: a morte de sua irmã e os abusos de William. A frase que ele usou reveberou seus pensamentos. Parte de si passou a ver a si mesmo com nojo, sujo diante algo tão pesado.
Depois de horas sozinho, não havia mais lágrimas para chorar.
Já Brooke, encarava uma poderosa intriga consigo mesmo. Após Ash ter colocado sua irmã para dormir em um dos quartos alugados, a garota pediu para ele ver um filme com ela. Ter ficado em coma por tanto tempo retirou bastante de seu sono. Precisava de algo que apreciava, a fim de tentar lembrar que ainda existiam coisas boas no meio de tanta perda, independente que fosse algo material.
Estar na mesma cama que Ash foi um desafio ao seu ser. Amaldiçoou o hotel por não haver sofás, algo que fazia o filme Halloween não ser assustador o bastante para dispersar a tensão dentro de ambos. A mão vacilante de Ash parou em cima da dela, e quando essa não teve vontade o bastante para recuar, continuou a subir, adorando o fato das roupas que vestiu para a viagem serem desconfortáveis e a terem feito trocar por um pequeno vestido de seda que usava para dormir. Brooke notou o fato de que definitivamente não era o garoto angelical que conheceu quando dos braços, seus dedos foram para a parte superior de sua perna. Ela arfou com o toque surpresa.
Os olhos azuis brilhantes dele não pararam de encarar o castanho mel dela. Ele sorria em sarcasmo vendo sua luta, quando de repente, a garota retirou sua mão dali e se virou, desligando a televisão. Imediatamente achou que fez algo errado, porém, ela apenas aconchegou-se perto dele, fechando os olhos e jogando o edredom por cima de ambos.
— Pode dormir comigo essa noite? — pediu, como na vez em que fizeram isso após a festa, onde pesadelos assombraram os dias sem humanicsdr dela. — E só, por favor, não tenta fazer isso novamente.
O garoto assentiu, culpando-se. Percebeu que foi babaca por ter tido ações como essa logo quando a garota acabou de ter um dos piores términos possíveis e tentava assmilar tanto luto em uma única mente. Brooke estava traumatizada demais para pensar em qualquer nova relação ou até mesmo sexo — algo que fazia há quase dois anos como uma droga para se desestressar. Pensava que não conseguiria namorar novamente, confiar tanto em alguém, depender dela, para correr risco de se machucar tanto no processo.
— Desculpa. — pediu, aconchegando-se longe dela, raiva de si mesmo por ter sido tão depravado.
Contudo, percebeu que fez, novamente, a coisa errada quando a garota se virou, o encarando. Pareceu furiosa. Sem dizer mais nenhuma palavra, voltou a posição que estava, mas se reaproximou dele.
— Qual a graça de eu pedir para dormir comigo se nem sequer for de conchinha? — indignação foi presente em sua voz. Sorrindo com a bipolaridade de pensamento da garota que queria tanto ter para si, a puxou pela cintura e moveu seu corpo para estar na concha maior, fingindo a proteger, o que era o bastante para nenhum demônio ousar invadir seus sonhos. — Muito melhor...
A garota não estava com tanto como imaginava, todavia, a presença e o corpo de Ash a acalmaram tanto que em menos de minutos, sua respiração se normalizou e sua mente pôde descansar num lugar onde todo o trauma não a alcançava.
Ash sorriu, repensando em tantos fatos de sua vida encarando Brooke dormindo. Por causa daquela garota, passou poucas e boas, porém, jamais teria conhecido tantas pessoas incríveis, tanta aventura, mágoas, perdas e felicidade, se ela não tivesse se disposto a o encontrar. Ninguém pediu para Brooke fazer isso, nunca foi sua missão, mas ela fez. Se arriscou a ajudá-lo e mostrar que o mundo podia ter cores se ele estivesse pronto para entender cada tonalidade. Era por causa de Brooke Emily que ele podia dizer que teve um pai e uma família completa, mesmo que agora não pudese os sentir novamente.
Tinha maturidade suficiente agora para notar que independente do tempo que levasse ou até mesmo se a garota não o escolhesse, que queria ela em todas as vidas. Percebeu que Becky estava errada em seu julgamento. Tudo que Brooke fez por ele, a quantidade de vezes que ela o salvou, a vida e principalmente, de si mesmo. Ela o merecia mais do que ninguém, assim como Ash também merecia Brooke. A calmaria de Ash equilibrava o fato de Brooke ser o furacão que tornava a vida dele agitada. Completavam-se em todos os sentidos, e por isso, estaria pronto para esperá-la.
— Eu te amo muito, minha vampirinha. — o garoto beijou sua clavícula, sabendo que ela dormia. Com um longo suspiro apaixonado, endireitou-se e fechou os olhos. — Leve o tempo que levar, apenas quero que seja minha.
O dia seguinte foi inteiro na estrada, a ponto de não aguentarem quando finalmente viram chegaram. Brooke pediu primeiro para que fossem até sua casa, e após voltar com uma sacola de objetos, falou para seguirem por um caminho estreito. Eles pararam no meio da estrada, onde a garota sumiu por meio das árvores da extensa floresta. Oliver e Ash preocuparam-se, no entanto, poucos minutos depois ela retornou, com mais uma sacola de coisas.
O pai de Brooke apenas assentia aos vários comandos que ela dava, e ficou extremamente surpreso ao ver que ela o mandou até o cemitério onde sua mãe e irmã estavam enterradas. Sem dizer nada, a garota saiu do carro e andou a dentro do local macabro, cheiro de morte em seu nariz.
O lado bom de terem dinheiro é que podiam escolher as pessoas que seriam enterradas ao lado dos seus entes queridos, algo que Brooke achou mórbido até o dia de hoje, onde precisava de espaço. Ela chegou perto dos túmulos de Melinda e Charlotte, tristeza aparentando sua expressão pouco a pouco.
Viu que os dois chegavam a passos lentos onde estavam. Abby ficou no carro, por ainda dormir depois de uma extensa viagem, o que era ótimo. Uma criança não deveria presenciar algo tão real. A verdade de que não importa nossos esforços, habilidades ou imortalidade ao tempo. No fim, levando o tempo que for, todos iriam morrer e era inevitável.
Brooke fechou os olhos e tentou conectar com a parte paterna de seu poder, a que descobriu ser a bruxaria. Ela não fazia ideia do que fazer, apenas desejava que acontecesse como se uma oração.
Haviam, ao lado do túmulo de Melinda, dois objetos que pegou da casa da floresta. Uma jaqueta de couro de Nathaniel e ao lado e uma carta escrita a mão por Michael a sua mãe, Clara. Do lado de Charlotte, tinha um roteiro de peça de teatro escrito por Brenda, perto do vestido florido favorito de Becky, e para finalizar, afastado, o anel de noivado de Theo.
Brooke parou o que fazia quando lembrou-se mais uma coisa. Pensou sobre isso o caminho inteiro, e agora, pareceu ter mudado de ideia. Aproximou-se do lado de Melinda e retirou a faca dourada que matou ela, provocou a morte de Theo e acabou com William.
Oliver assustou-se ao ver o objeto.
— Não precisei de mais de dez minutos procurando. — falou, deixando seu pai perplexo. — Esconder um objeto que pode matar qualquer Iluminado na gaveta de cuecas? Sério, pai?!
— Eu ia mudar! — defendeu-se. O olhar de Ash em cima dele, instigante, como se o chamasse silenciosamente de burro em todas as línguas possíveis o envergonhou. — Ah, fala sério!
Brooke colocou a faca do lado da jaqueta de Nate. Se por alguma razão fosse Hades que teve piedade do filho em não o fazer sofrer mais uma vida, ele merecia pelo menos isso. Um pouco de reconhecimento depois de ter sofrido tanto. Talvez fosse o suficiente para dizer que perdoava Hades. Óbvio que ele não tinha nenhuma culpa, porém ainda era o seu corpo que abusou dela, e isso era uma cicatriz que nenhuma justificava, por mais certa que fosse, podia simplesmente curar. Ainda doía relembrar o que passou naquela banheira. Não era algo que podia estar pronta para seguir em frente. Muitos pesadelos com aquela cena a agurdavam, infelizmente.
Andando até a posição que estava antes, retomou a sua oração mental. Desejava ser mais experiente com seus poderes para que fazer isso fosse algo mais fácil. Brooke seguia a voz em sua cabeça, a que a atormentava e dava direção. No fundo, ela só queria poder olhar para trás e pensar que ao menos deu dignidade a todas as pessoas que morreram por ela, e como doía lembrar que nenhum deles estariam lá para a abraçar no dia seguinte. Com tanta sede de fazer o certo uma vez na vida, os objetos mergulharam no subsolo no tamanho de covas, para em seguida, a terra voltar ao seu estado original, seu o item pessoal de cada um. Das mãos estendidas de Brooke, saia uma fina energia bordô, que passava a se destacar pela chuva que começou logo. Com um toque final, pedaços de pedra esculpidos surgiam de trás das covas, cada uma representando uma vítima fatal de Brooke.
"CLARA AFTON
nascida em: 03/01/1943 — falecida em: 04/10/1981"
"NATHANIEL MONROE
nascido em: 29/09/1964 — falecido em: 04/10/1981"
"HADES
nascido em: ??/??/???? — falecido em: 05/12/1983"
"MELINDA EMILY
nascida em: 22/05/1940 — falecida em: 04/10/1981"
"CHARLOTTE EMILY
nascida em: 11/03/1977 — falecida em: 25/09/1983"
"BRENDA JACKSON
nascida em: 07/07/1966 — falecida em: 05/12/1983"
"BECKY MONTY
nascida em: 13/01/1966 — falecida em: 05/12/1983"
"THEODORE KINGSLON
nascido em: ??/??/???? — falecido em: 05/12/1983"
— Me desculpem, todos vocês. — começou, a voz embargada. — Eu não fui a melhor pessoa que podia para nenhum de vocês. Cometi erros como qualquer ser humano, e para sempre vou me lembrar que uma pequena mudança poderia fazer com que qualquer um de vocês estivesse vivo, feliz e comigo agora.
Oliver e Ash colocaram a mão sobre os ombros da garota, porém, ela não havia terminado ainda.
— Espero que um dia possam me perdoar e que nos encontremos, embora eu duvide que seja mandada a um lugar tão bom que vocês merecem. — engoliu o choro em seco. — Só por favor, encontrem a paz e descansem. Não se preocupem comigo ou outros assuntos pendentes na terra. Esse momento é de vocês. Tudo o que sofreram não passará de uma longa memória distante, confio nisso...
Olhar para o número de túmulos, onde todos havia o amor e culpa de Brooke, era pesado para qualquer um. Ninguém merecia passar por tanto luto sendo ainda uma adolescente. Qual seria o limite para tanta dor?
Aquele definitivamente não era um final feliz. Agora, não passava de um final quase não tolerável. Nem toda história precisa de um felizes para sempre. Algumas são apenas o que são, sem compromisso de retorno aos que nos deixaram, e doi. Nunca disse que a dor poderia tornar-se menor quando aceitamos. Apenas aprendemos a conviver melhor com ela.
A vida pode vir a ser boa e maravilhosa, no entanto, corações partidos, fadados a conviverem com a dor pelo resto de nossas vidas, ainda irão existir e teremos que nos acostumar com eles.
A verdade é que tanto os Emily, quanto os Aftons, nunca foram o que a mídia especulou por anos. Oliver nunca foi uma pessoa "rodada", "animado" ou "vagabundo"; Henry nunca foi o chefe certinho, sem nenhum defeito; William nunca foi alguém minimamente bom quando se era o mal; Michael nunca foi o moço galã, sonho de o ter como namorado; Charlotte passou a nunca mais ser uma criança feliz e viva, e Brooke, nunca foi a babaca, mimada, egoísta escrota e puta a qual eles alegavam com unhas e dentes. Ao profundo daquela casa de bonecas, estavam segredos mórbidos, onde até mesmo os seres mais sombrios e aterrorizantes, como demônios, tornava-se algo comum. A mídia jamais saberia perceber o nível do vazio, da tristeza, dos abusos e do caos que todos eles passaram, porque jamais veriam além do superficial brinquedo que vendiam. A propaganda pode ter dado certo porque a riqueza gerou, em meio a sangue e mortes, mas nenhum dinheiro valeria tudo que as duas famílias tiveram de perder. Por fora, a casa permanecia intacta. Por dentro, tudo pegava fogo.
E se por alguma razão você queira entender sobre isso, as famílias, ajudar estas pessoas, eu deveria ser a pessoa certa para dizer: bem vindo a casa de bonecas.
‹ 𓆠⃮ 𝄿ֱ 𝚗𝚘𝚝𝚊𝚜 𝚏𝚒𝚗𝚊𝚒𝚜: .
I. e chegamos ao fim de Welcome to Dollhouse!!!!!! juro que não imaginei criar uma história tão grande, mas esse foi o final do primeiro de três (ao que imagino) ser três livros. tinha planejado dividir em arcos porém por ser tão extenso eu farei outro livro e avisarei quando postar e vcs adicionarem na biblioteca, votar comentar e os caralho.
II. como vocês se sentem sabendo que leram mais de 130.000 palavras, o que dá mais de 500 páginas? nem eu acredito q escrevi tanto puta que pariu. E acho que vou fazer ainda um capítulo de memes ein.
III. quero que vocês comentem tudo sobre a história aqui! Todo o plot, plot twist, envolvimento, personagens, casais, desenvolvimento, mitologia. quero tudo, não aceito algo merrequinha pq olha o tanto de palavras q escrevi. mereço um textão com tudo que acharam, juro.
IV. e para finalizar, eu agradeço cada voto (aliás se nn votou vota ai nmrl), comentários, opinião e absoltumente todo apoio que vocês me deram para que eu finalizasse esse livro. sou eternamente grato e espero a mesma e até mais, empolgação para o próximo livro, que rufem os tambores... se chamara WELCOME TO EXILE! espero vocês lá e novamente, muito obrigado divos!!! adoro todos vocês!!!
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