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𝟢𝟢𝟦 ┊ 𝗇𝗈𝗋𝗍𝗁 𝗁𝗂𝗅𝗅𝗌

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NORTH HILLS

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"Você não sabia que eu ainda estou de pé e melhor do que nunca?
Parecendo um verdadeiro sobrevivente, me sentindo como um garotinho
Depois de todo esse tempo, eu ainda estou de pé"

I'm Still Standing — Elton John

          E MAIS UM DIA COMEÇAVAmais um dia começava, com Lilith e Miguel determinados para o treino, prontos para absorver novos ensinamentos.

— Não pode acertar primeiro se não souber atacar! — exclamou Lawrence diante de um boneco de treino — O ataque da cobra acontece em duas partes — o loiro explicava — O bote, que requer o uso do corpo inteiro, e a picada — ele socou levemente a cara do boneco — que é o que acontece depois do contado. Sacou? Você não para aqui onde o soco atinge o osso — ele empurrou um pouco o boneco com o punho para demonstrar — Soque através do osso! Como se quisesse acertar um cara atrás desse babaca, ou uma garota, e se esse for o caso, isso vale apenas para a Srta. Taylor, que fique bem claro — ele encarou Lilith e ela sorriu — YEAH! — ele socou o boneco com força — Entendeu? — virou-se para eles — Acerta aqui e o nariz vai sangrar. Aqui, você quebra os dentes dele. Aqui, você acaba com a traqueia dele — demonstrou cada ponto — Só para situações extremas, obviamente. Beleza, se prepare Diaz — ele puxou Miguel pelo colarinho da camiseta e o posicionou diante do boneco — Concentrem-se, quero que pratiquem.

Um toque de celular ecoou pelo dojô, fazendo Lawrence correr para atender.

— Que ânimo — comentou Lilith após um soco ridículo que Miguel tentou dar no boneco.

Enquanto Miguel treinava, Lilith captou, sem querer, Johnny dizendo "sou o pai dele" ao telefone. Aquilo a surpreendeu um pouco; não imaginava que ele tinha filhos. Como uma boa cobra sorrateira, ela captou e guardou a informação para o momento certo.

Um nome foi o que ela ouviu em seguida. Robby. Aquele nome ecoou por toda sua mente.

Seria aquele Robby?

Robby de North Hills?

Não poderia ser.

Mas, analisando melhor, ele e Johnny até se pareciam.

Ela se perdia em seus pensamentos quando foi puxada de volta a realidade.

— Você não vai tentar? — Miguel perguntou, tocando seu ombro.

— Claro — ela respondeu, ignorando completamente o que acabara de ouvir.

MAIS TARDE, APÓS UM DIA exaustivo de treinamento, Lilith e Miguel se dedicavam à limpeza do dojô.

Enquanto Lilith encarava a tarefa de limpar o vestiário com determinação, Miguel lidava com os respingos no vidro do escritório.

Tapando o nariz com coragem, Lilith enfrentava o odor vindo das privadas que pareciam não ter sido usadas em séculos.

— Que nojo — ela exclamou, tentando não respirar fundo.

— Quer uma ajuda? — Miguel apareceu no banheiro — Que fedor! — tapou o nariz logo que sentiu o cheiro.

— Pode começar ajudando a limpar as outras privadas — Lilith agradeceu mentalmente por não estar sozinha naquela tarefa desagradável.

Depois de terminarem a limpeza, Miguel saiu do banheiro gritando:

— O vestiário está limpo!

— E não foi fácil — Lilith acrescentou quando se juntou a ele do lado de fora.

Ao saírem, foram interrompidos por Johnny, que estendeu o braço, indicando que deveriam ficar. Havia outro homem no dojô.

A platinada analisou o homem que os olhava estranhamente. Ela o conhecia, era aquele cara do comercial de carros.

— Sinto muito, Sensei. Eu... — Miguel começou a dizer.

— Sensei? — o homem perguntou, com um tom de deboche — Sério? — olhou para Johnny.

— É, Sensei! — Lilith rosnou, defendendo o homem.

— Não sei o que ele disse a vocês, mas não acreditem no que ele diz, ou vão acabar igual a ele.

Ambos alternaram os olhares entre si.

— Você e eu... Isto... Não acabou — o homem ameaçou antes de sair.

— Estou bem aqui, cara — o loiro provocou.

O homem deu uma risada sarcástica antes de sair batendo a porta.

— Desculpa se interrompi algo, Sensei — Miguel murmurou.

— Quem aquele cara pensa que é? — a garota perguntou com raiva.

— Quer que a gente pague 20 flexões de punho serrado?

— Como se conseguisse — Johnny debochou dos alunos.

À MEDIDA QUE O BAILE SE APROXIMAVA, Lilith sentia uma certeza crescente de que não queria participar.

Ela não tinha fantasia e muito menos grana pra descolar uma nova.

Lilith e Miguel haviam se aproximado da dupla dinâmica de nerds: Eli e Demetri.

Todos os dias eles almoçaram juntos e desfrutavam da presença animada de Miguel e a ranzinza de Lilith.

Neste momento, todos eles estavam no refeitório, enquanto a conselheira da escola dava alguns avisos.

— O bullying virtual não é brincadeira. Enviar uma mensagem cruel para alguém pode ser tão doloroso quanto dizer na cara da pessoa — ela dizia enquanto a maioria dos alunos não dava a mínima atenção — Não vou citar nomes, mas outro dia uma mãe me ligou, porque o filho dela chorava depois que zombaram na internet da deformidade facial dele.

A platinada encarou Eli com pena enquanto ele escondia o lábio de todos que cochichavam sobre ele.

— Mas hoje, nosso objetivo aqui é tornar esta escola um espaço seguro para todos os alunos.

— Se estiver cansado do bullying, meu dojô está procurando gente — sugeriu Miguel.

— Você daria um bom lutador — Lilith o incentivou.

— Certo. Ouviu isso, Eli? — Demetri exclamou — Um pouco de karatê e você vai botar pra quebrar.

— Talvez sim — Lilith apertou a coxa do mesmo por de baixo da mesa para que ele parasse de falar.

Demetri a encarou, mas não disse nada.

— É sério, Demetri. Nosso Sensei é o cara. Acho que consigo desconto pra vocês.

— Tentador — concordou Demetri antes de ser interrompido pela conselheira.

— Estamos todos ansiosos para o baile de Halloween, espero que as fantasias respeitem as culturas alheias. Por exemplo, em vez de enfermeira sexy, podem ser um funcionário de hospital sem gênero.

Todos riram da sugestão.

— A única época do ano em que as pessoas podem usar uma roupa extremamente sexy sem ser julgada por isso, é no Halloween — Lilith comentou — Pedir pra não usar nada sexy, é a mesma coisa que pedir para Harry Potter não se meter em confusão.

— Não dá! É algo que lhe persegue — Demetri concordou, rindo.

— Gosta de Harry Potter? — Eli perguntou.

— Eu gosto de respirar? — perguntou irônica — É claro!

— Isso sim da uma boa fantasia — Eli deixou a sugestão.

— Talvez, mas a minha já está arrumada — o pálido contou.

— E eu vou de Deadpool — anunciou Miguel.

— A ideia é ótima, mas de qualquer forma, não vou ao baile.

— Você não vai? — Miguel a encarou.

— Não, acho que não tô muito no clima, e também não tenho fantasia.

Um silêncio caiu sobre a mesa.

Espero que gostem! ❤️

S C A R S
© 𝖻𝗒 𝗅𝖺𝗐𝗅𝖾𝗍𝗍𝖾𝗋𝗌, 2022.

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