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|9| Segredos

[...]

<3

QUANDO as aulas finalmente acabaram, Stella e os demais praticamente saíram correndo da sala, alegando vários afazeres e deixando apenas nós dois para trás. Sério, uma hora a ruivinha vai descobrir se continuarem a agirem tão na cara dura. Quase peguei o celular e xinguei todos eles por serem tão burros. A Green Hill não era idiota, claro que perceberia que algo estava errado.

— Quanto mais conheço o pessoal, mais tenho a certeza que são um bando de doidos. — Assenti para não levantar suspeitas.

FESTA SURPRESA DA ZARAH

» Você
VOCÊS SÃO BURROS??!

Mandei rapidamente para todos eles e guardei o celular. Guardamos os livros nos armários e fomos em direção do meu carro. Enquanto eu procurava a chave na mochila, pude ouvir algo que preferia não ter ouvido:

— Até que a nerd é bem gostosinha. — Um babaca comentou com o outro amigo imbecil enquanto passavam por nós e pude ver Zarah segurar na barra de seu vestido e puxá-lo para baixo, como se tentasse se cobrir mais.

Parei de procurar a chave no mesmo instante e levantei a cabeça encarando-os com meu pior olhar, e já ia tirar satisfação, mas a ruivinha me parou antes mesmo de eu dar um passo.

— Deixa para lá, Atticus, só... vamos logo embora. — Pediu baixo.

Olhar para aqueles olhos pidões me acalmou mais rápido do que imaginei e logo já estávamos saindo do colégio e indo em direção do shopping.

— Por que você não rebate o que dizem? — Não pude deixar de perguntar quando já estávamos dentro do carro.

— Não gosto de discutir, eu prefiro partir logo para a ação. — A encarei surpreso pela confissão. — Por isso prefiro dar as costas, para depois não fazer algo que possa me arrepender.

— Por isso não fez nada contra Karine no dia que...

Ela somente assentiu.

— Eu estava com muita raiva naquele dia, se eu tivesse partido para cima dela... acho que a teria mandado para o hospital.

Eu podia sentir a raiva dela de longe, era impressionante... e um pouco assustador. Tenho certeza que Karine ficaria na pior, caso a ruivinha a pegasse com raiva. Então, me lembrei daquele pequeno detalhe.

— Você disse que tinha perdido algo precioso naquele dia... o que era? — A expressão dela havia mudado radicalmente de irada para triste. — Desculpe, não é da minha conta.

— Não, tudo bem. — Ela deu um sorriso fraco. — Uma hora vocês vão ter que ficar sabendo de qualquer maneira.

Olhei para frente para parar no sinal vermelho e olhei para a ruivinha, que encarava as mãos.

— Se lembra... se lembra que eu tinha um livro na mão aquele dia? — Seu olhar veio em minha direção e percebi estar ameaçando lacrimejar a qualquer momento, e sua voz de choro comprovava meu ponto. Assenti. — Então... aquele livro era da minha mãe. Não era exatamente um livro, e sim um diário de viagem. — Assenti para que ela prosseguisse, e voltei a dirigir quando o sinal ficou verde. — Pode parecer estranho, mas minha mãe era surfista antes de conhecer meu pai.

A olhei rapidamente antes de voltar a olhar para a frente, ela tinha um singelo sorriso nos lábios, e por alguma razão, eu sabia que viria algo surpreendente dessa história.

— Minha mãe escrevia as viagens que ela fazia pelas mais diversas praias do mundo enquanto surfava, e foi numa dessas viagens que ela conheceu meu pai, um salva-vidas. — Ela riu levemente.

— É uma combinação interessante. — comentei com um sorriso ladino.

— É sim. — Zarah fez uma pequena pausa e a olhei para ver como estava, e ela mordia o lábio inferior com força. — Eles se viram pela primeira vez quando minha mãe tinha ultrapassado o limite permitido do mar e estava indo muito fundo no mar. Ela me contava a mesma história toda vez. — Riu baixo, mas um riso em um tom melancólico. Isso me partia o coração, e tudo o que eu mais desejava naquele momento era abraçá-la, confortá-la e dizer que está tudo bem e que eu estava aqui para que nada de ruim acontecesse. — Quando ela perdeu o controle da prancha e já não conseguia nadar direito por conta da intensidade das ondas, meu pai apareceu com o bote salva-vidas e ela ganhou um mini passeio de lancha até a superfície de areia. Minha mãe dizia que se apaixonou por meu pai assim que pôs os olhos nele, com aquela roupa de vermelha chamativa e até pelo apito amarelo pendurado no pescoço. Eles começaram a namorar depois de um tempo, mas mamãe continuou com o surfe, ela amava surfar. — Fez outra pausa, dessa vez para respirar fundo.

"Amava". Essa frase quase me fez parar bruscamente o carro. Eu já podia imaginar onde aquilo ia dar. E então a voz da ruivinha voltou minha atenção a ela.

— Ela só parou quando descobriu que estava grávida de mim, até que os dois decidiram se mudar para cá. Ela já usava o diário para escrever sobre suas mil e uma aventuras sob as ondas, mas depois que se conheceram, ela e o meu pai passaram a dividir o diário para escrever sobre... mim. Meus primeiros passos, primeira fruta que experimentei... — Finalizou por aí. Ela abaixou o rosto, rindo fraco, e sua infelicidade era visível ao ponto de que suas mãos apertavam uma na outra, como se isso fosse afastar os pensamentos que a consumiam.

— O suco caiu no diário e manchou as páginas, não foi? — Perguntei compreendendo o quão precioso aquilo deveria ser para ela. Zarah apenas assentiu, cabisbaixa. — Por que não transcreve as palavras para outro diário? Sua mãe pode te ajudar com as páginas manchadas, afinal, ela que escreveu, deve lembrar bem o que...

Ela me interrompe.

— Meus pais estão mortos, Atticus.

Dei uma freada brusca, dessa vez não foi "quase". Estávamos entrando no estacionamento do shopping e ainda bem que não vinha nenhum carro atrás, ou teria sido uma batida feia. Eu já sabia onde aquilo daria quando citou que seu pai amava sua mãe — no passado —, mas ouvi-la falar em voz alta foi pior do que eu imaginava. Fiquei olhando para frente, perdido em pensamentos e no que poderia dizer, mas sabia que nada faria ela se sentir melhor com suas lembranças.

— Desculpa. — Pedi quando vi que Zarah havia se assustado pela freada. Andei só alguns metros, o suficiente para achar uma vaga e estacionar.

Virei no banco para poder olhá-la e peguei sua mão, acariciando-a com o polegar. — Sinto muito por seus pais, Zarah.

Foi o que consegui dizer. Eu não era muito bom com palavras, então me acostumei a provar carinho através do toque físico. E, em um piscar de olhos, uma de minhas mãos já havia subido pelos seus braços gelados e estava pousada em sua bochecha.

— Obrigada. Foi há muito tempo, eu... eu estou bem. — Alegou, fechando os olhos ao inclinar a cabeça na minha mão, como se procurasse aconchego ali. E lá estava aquele sorriso forçado que ela deu quando jantou em minha casa. E agora tudo fazia sentido, a falta de apetite, os olhares perdidos, os sorrisos forçados quando minha mãe perguntava sobre seus pais.

Que merda!

— Me desculpe pelas perguntas inconvenientes de minha mãe sobre seus pais. Sabe... aquele dia. — Nem precisei dar mais detalhes.

— Tudo bem, Atticus, eu adoro a sua mãe. Só seria legal que ela parasse de me chamar de nora, é um pouco constrangedor.

Sorri sem graça enquanto ela ria.

— Acredite, também gostaria de saber por que ela ainda insiste nisso. — Desliguei o carro.

— Às vezes eu me pego perguntando...

— Perguntando o quê? — Questionei, curioso.

— Será que ficamos tão bem assim juntos? — Ela ajustou sua posição para que pudesse ficar frente a frente comigo. — Admito que fazemos uma boa dupla, mas somos muito diferentes. Veja, você é festeiro e popular, e eu sou caseira e briguenta, somos completamente opostos! Imagine só a manchete: casal improvável: o capitão badboy popular de basquete e nerd leitora intocável. Não consigo pensar em algo mais clichê. — Rimos com a comparação.

— Pelo o que eu sei, dizem por aí que os opostos se atraem... — Dei de ombros, e ela riu. E, caralho, que sorriso lindo. Agora não era só divertido, havia se tornado uma questão de honra fazê-la rir a cada palavra minha. Eu preciso ver aquela risada mais vezes.

— Idiota! — Ela disse ainda em meio a risada, me dando um singelo empurrão. Descemos do carro e entramos no shopping. — E então, tem alguma ideia do que comprar? — A ruivinha questionou. Comprar "para a minha mãe", é claro.

— Nenhuma, por isso preciso da sua ajuda.

— Certo! — Ela esfregou as mãos e sorriu abertamente, e a tristeza por falar dos pais já havia desaparecido. — Que como a nossa caça pelo presente perfeito!

Em seguida a ruivinha pegou minha mão e saiu me arrastando pelo shopping.

<3

— Não é possível que não tenhamos encontrado nada! — A ruivinha exclamou indignada. Havíamos rodado o shopping de ponta a ponta e, para ser sincero, eu vi várias coisas que deixariam minha mãe nas nuvens, mas isso acabaria com a real intenção de termos vindo para cá, que era distrair a ruivinha. — Tem certeza que não viu nada que ela possa gostar?

Neguei. Eu também já estava cansado de andar, por mais que eu tenha um bom físico, andar pelo shopping para fazer compras nunca foi algo que me agradou. Eu era prático, sempre ia em lojas específicas que tinham roupas e acessórios do meu gosto e depois ia embora, não demorava nem uma hora.

Olhei para a hora no celular e já estava perto de escurecer, estávamos andando há horas.

— Vamos comer algo, depois voltamos a procurar. — Sugeri e a ruivinha assentiu.

Nos sentamos na praça de alimentação, e logo fizemos nossos pedidos.

— Atticus, estamos andando por horas, mas tem algo que não perguntei. — Apenas respondi 'hm' para que ela continuasse e peguei meu celular no bolso. Stella havia me mandado mensagem. — Que dia é o aniversário da sua mãe?

Quase deixei o celular cair pela surpresa. Eu tinha esquecido completamente que ela podia fazer aquela pergunta em algum momento.

— Daqui a duas semanas. — Respondi e rapidamente busquei na mente que dia seria. — Dia dezessete de abril.

Menti descaradamente. O aniversário de minha mãe era dia vinte e nove de junho.

Olhei novamente para o celular.

FESTA SURPRESA DA ZARAH

» Stellita
Está quase tudo pronto, só mais meia hora e pode trazer a aniversariante!

Respondi a mensagem de Stella pedindo para se apressarem. Eu já estava cansado de ficar naquele shopping, estava a ponto de jogar tudo pro alto e ir embora.

— E vão comemorar? Uma festa surpresa, talvez?

Levantei meu olhar para ela e analisei suas feições. Será que ela já sabia? Zarah é esperta, ela poderia estar desconfiada e apenas estar fazendo esse jogo de perguntas para ver se eu falaria.

— Acho que não. — Dei de ombros, fingindo indiferença. — Minha mãe prefere organizar do que ser pega de surpresa, além do mais, nem eu, nem Diana e muito menos meu pai temos habilidade para organizar uma festa surpresa. Acho que será apenas um almoço com toda família reunida.

Nunca menti tão descaradamente.

Normalmente os aniversários na minha família se baseavam em festas grandes para amigos e família. A festa de 8 anos da Diana foi tipo isso. Haviam balões em diferentes tons de rosa, azul e roxo — as cores favoritas de Diana. O bolo de três andares só não foi o centro das atenções da festa por que o castelo inflável de brinquedo que estava o jardim ocupou esse papel. Docinhos e lembrancinhas foram preparados à vontade, e até recreadora infantil tinha. Era o tipo de festa que toda criança sonha em ter ou ir.

— Vou aproveitar e comprar um presente também. — A ruivinha comentou baixo, mais para si mesma, o que me fez despertar para a realidade.

Nossos pedidos chegaram e comemos sem a presença do silêncio, já que a praça de alimentação de um shopping não é mais silenciosa que uma cafeteria. Falando apenas vez ou outra de uma loja pela qual passamos e que valia a pena retornar.

Paguei a conta — sob protesto da Green Hill — e voltamos a andar pelo shopping. Estávamos virando um dos corredores quando parei na frente da vitrine de uma joalheria.

— É um conjunto lindíssimo. — A ruivinha comentou ao meu lado e olhei para ela, para logo seguir seu olhar. Ela olhava um conjunto de colar, brincos, anel e pulseira, que, pelo preço, com certeza eram de ouro, mas realmente eram muito bonitos e eu já podia imaginar minha mãe usando aquilo. Ficaria ainda mais linda.

Mas o que realmente chamou minha atenção foi o colar ao lado, todo traçado à detalhes, retalhado à prata pura. Observei os pequenos pingentes em formato de estrelas de mesmo tamanho, três delas como se estivessem caindo, mas não deixei de notar uma lua cheia e brilhante no centro do colar, chamando a atenção como a peça principal — a única peça diferente.

— Achei o presente perfeito. — Falei com um sorriso de lado e ameacei entrar na loja, mas Zarah segurou minha mão.

— Você tem certeza? É joia, não bijuteria, é caro. — Que fofa, preocupada.

— Caro quanto, princesa?

— Pelo o que eu vi, a peça mais barata da loja é um brinco de prata de $2000, Atticus. Podemos procurar um pouco mais, algo mais em conta. — Ri baixo vendo sua cara.

— Assim você me ofende, coração. — Desvencilhei da sua mão macia, entrando na joalheria. O interior era bonito, com uma decoração moderna e elegante, diria que gritava dinheiro e luxo.

— Bem-vindos. Meu nome é Sophia Harp, em que posso ajudá-los?

A atendente era muito bonita. Loira, olhos castanhos claros, pele clara, lábios finos e seios maravilhosos. Sei que não deveria ter reparado, mas foi inevitável.

— Olá, gostaríamos de dar uma olhada naquele conjunto que está na vitrine, por favor. — Zarah comentou e me deu uma leve cotovelada disfarçada.

— Agora mesmo. Um instante, por favor. — A linda atendente saiu de trás do balcão e foi andando até abrir um armário inferior e agachou para começar a procurar algo.

Não era só os seios que eram maravilhosos, a bunda dela era fantástica também! Aquela saia cinza social marcava perfeitamente as curvas do quadril e coxas.

— Ai! — Exclamei ao sentir um beliscão. — Está maluca? — Encarei Zarah de cenho franzido.

— Para de "secar" a atendente, seu descarado.

— Desculpa, mas ela é gostosa! Eu sou homem, é basicamente um instinto.

— Instinto..!? — Resmungou, revirando os olhos. Se ela soubesse quão linda ela ficava revirando os olhos. Não sei qual é melhor: a risada, os olhos, o sorriso e agora ainda têm ela revirando os olhos...

Ótimo, agora tenho que aproveitar que estou carregando a bolsa da ruivinha para coloca-la na frente do meu quadril. Isso é constrangedor...

— Aqui está. — A loira gostosa nos interrompeu e abriu a caixa preta aveludada que carregava. Lá estava um conjunto de ouro igual ao que estava na vitrine, e ele era realmente lindo. — Mais alguma coisa, senhores?

— Gostou de algo, Zarah? — Perguntei na esperança que ela saísse para olhar outras joias e me deixasse a sós com a loira. — Se quiser procurar algum outro presente para minha mãe, pode ir, eu espero.

Ela estreitou os olhos para mim, depois olhou para a atendente e suspirou assentindo.

— Vou ver se encontro algo. — E deu as costas.

Observei-a se distanciar o suficiente e me virei para a loira sorrindo de canto e se aproximando.

— Olha só, lindinha, preciso que pegue outra coisa para mim, mas tem que ser cautelosa. A ruivinha ali não pode ver, tudo bem? — Sussurrei e sorri mais quando ela assentiu. — Ótimo. Sabe o colar com o pingente de lua que está ao lado desse conjunto na vitrine? É ele, por favor.

— Só um momento. — Ela também sussurrou e refez o caminho até o armário inferior.

Olhei para a ruivinha que continuava olhando joias e agradeci internamente, logo voltei minha atenção à loira que chegou com outra caixa preta aveludada. Quando abriu, lá estava o colar, e olhando mais de perto, a lua combinaria perfeitamente com Zarah.

— Esse mesmo. Embrulha para presente, os dois, por favor. — Sorri para a loira e ela logo se afastou carregando as caixas para fazer o que pedi. Me virei a tempo de ver Zarah se aproximando. — Achou algo?

— Acho que não vou comprar joia, você já vai dar, seu pai provavelmente vai comprar também. Quero dar algo diferente para Emilie.

— Você quem sabe. — Dei de ombros e fui pagar. $11.544,00, mas era por duas boas causas, então tudo bem.

Peguei a sacola de papel e saímos da joalheria. Para minha surpresa, a loira gostosa me entregou a sacola com a mão esquerda e logo pude ver a grossa aliança dourada brilhando em seu dedo anelar. Casada e flertando comigo na cara dura? Que mau-caráter!

Senti meu celular vibrar no bolso da calça e o peguei, agradecendo por ser Stella.

FESTA SURPRESA DA ZARAH

» Stellita
Tudo pronto! Podem vir!

Suspirei aliviado e guardei o celular no bolso.

— Quer procurar outro presente ou podemos ir? — Perguntei atencioso, mas torcia para ela dizer para irmos embora.

— Está maluco? Vamos embora! — Agradeci internamente. — Estou louca para arrancar essas roupas e tomar um banho. — A Green Hill fez uma careta que me fez rir. — Ainda tenho duas semanas para comprar um presente, tempo de sobra.

Duas semanas, é, com certeza, minha ruivinha.

<3

Voltamos quase correndo para o carro e quase pude ouvi-la suspirar aliviada por estar indo embora, e eu a entendia perfeitamente. Zarah começou a mexer na tela touch do carro e logo uma música invadiu o interior em um volume alto.

[Sugestão opcional de ler enquanto toca a música "Sweet Child O'Mine" para melhor experiência]

— Guns N' Roses? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha ao identificar a batida de Sweet Child O'Mine. — Gosta de hard rock?

— Qual a surpresa? — Indagou com um sorriso de canto. — Essa é a minha favorita. — Seus olhos estavam fixos na janela aberta e ela balançava a cabeça conforme o ritmo das batidas da música. — É como se a música te levasse à uma lembrança do passado com...

— Com um gostinho do futuro. — Completei sua frase e vi ela sorrir, se virando para me encarar em seguida. — Sei bem como é esse sentimento. Eu sou fã da banda.

— Parece que não somos tão opostos assim afinal, Atticus. — Sorriu novamente. Porra, que sorriso. Parecia que a cada nova vez que ela abria os lábios vinha um sorriso melhor e mais bonito do que o anterior. Era impressionante como seus fios avermelhados como folhas secas do verão sob a luz ficavam ainda mais brilhantes, como se um brilho avermelhado estivesse lá, a circundando.

"She's got a smile that it seems to me

Reminds me of childhood memoriesWhere everything was as fresh

As the bright blue sky

Now and then when I see her face

She takes me away to that special place

And if I stare too long

I'd probably break down and cry

Oh, oh, oh, sweet child of mine

Oh, oh, oh, oh, sweet love of mine"

Foi apenas aí que passei a notar verdadeiramente seu cheiro, o seu perfume adocicado era viciante, mas, ao mesmo tempo, não era tão doce, e dava até para sentir uma pontinha de uma essência amadeirada, o que é mais comum nos perfumes masculinos.

Que perfume ela usa? Eu preciso saber.

"She's got eyes of the bluest skies
As if they thought of rain
I hate to look into those eyes
And see an ounce of pain

Her hair reminds me of a warm safe place

Where, as a child, I'd hide

And pray for the thunder and the rain

To quietly pass me by

Oh, oh, oh, sweet child of mine
Oh, oh, oh, oh, sweet love of mine"

Que gloss é esse? É gloss? Ou é só um hidratante? Será que ela passa hidratante? Como os lábios dela são tão hidratados, tão vermelhos, brilhantes, carnudos e tão... tão...

— O sinal abriu, filha da puta! Presta atenção, porra! — Uma buzina chamou minha atenção, e escutei o imbecil do carro de trás gritar.

Troquei a marcha e pisei no acelerador, enfim.

Apesar que Zarah se manteve quieta mesmo após do ocorrido, eu virei meu olhar para ela uma última vez antes de voltar minha atenção para o trânsito. A engraçadinha estava com a mão na boca tampando a risada de cabeça abaixada, e mordendo o lábio ainda por cima. Filha da puta... Ela tem sorte de ser bonita.

Essa garota ainda me enlouquece!

"Oh, oh, oh, sweet child of mine

Oh, oh, oh, oh, sweet love of mine

Oh, oh, oh, oh, sweet child of mine

Ooh, yeah, yeah
Ooh! Sweet love of mine"

Onde está a nerd esquisita e tímida que eu conheci? Ou... conhecia? Achei conhecer.

Ela abriu a janela um pouco mais, colocando a cabeça para fora. Seus fios não estavam tão laranjas, e puxavam um pouco mais um tom avermelhado por estar de noite, e também, devido à luz fraca de captação simplória de postes e lamparinas de parques ao longo do caminho.

Seu cabelo se balançava rapidamente em função à correnteza de vento e... por que ela me parecia tão atraente agora? E ficava ainda mais atraente ainda mais bonita ao som da guitarra.

"Where do we go?

Where do we go now?

Where do we go?

Where do we go?

Where do we go now?

Where do we go now?

Where do we go?

Where do we go now?
Where do we go?
Where do we go?"

Mas que raios...?

Tentei ignorar, no entanto. Por mais difícil que fosse. Soltei um riso nasalado e apreciei a música que estava alta o suficiente para sentirmos tremores vindos das caixas de som nas laterais das portas quando chegavam as batidas mais fortes, principalmente quando chegava o refrão.

Fomos o caminho inteiro de volta em silêncio, apenas ouvindo a música que preenchiam o carro.

"Where do we go now?

Where do we go?

Where do we go now?

Where do we go?

Where do we go now?

Where do we go?

Where do we go now?

Now, now, now

Now, now, now, now?

Sweet child

Sweet child of mine"

Apesar de não trocarmos uma palavra, gostei de passarmos esse momento juntos.

Certo, fui xingado por esquecer de acelerar quando o sinal abriu, e quase levei uma multa por ter quase ultrapassado o sinal vermelho quando ainda estava fechado, mas estava ocupado demais sentindo o cheiro do perfume de Zarah, além dessa sensação de leveza e animação ao mesmo tempo, que me deixou com uma cabeça na lua e outra dura.

<3

Quando parei em frente à casa dela, desliguei a música e, discretamente, enviei uma mensagem para Clara enquanto Zarah arrumava a bolsa em seu ombro.

— Obrigada pela carona. — Ela sorriu de canto.

— Eu que agradeço por me ajudar, Zarah, você me salvou. — Sorri também e ela abriu a porta, descendo em seguida. — Até amanhã.

— Até!

Como se fosse ensaiado, a mensagem de Clara chegou. Peguei o presente dela rapidamente e enfiei no bolso.

— Zarah! — Chamei antes que ela subisse os poucos degraus que davam até a porta de entrada. — Clara me mandou uma mensagem, disse que esqueceu alguma coisa na sua casa e pediu para eu levar para ela.

— Que estranho, por que ela não me ligou? — Franziu o cenho e buscou o próprio celular.

— Menor ideia. — Dei de ombros. Que belo ator eu sou.

— 'Tá, não importa, pode entrar. — E voltou a caminhar. Ela abriu a porta e eu só via escuridão, meu sorriso abriu involuntariamente. — Estranho, por que está tudo escuro...

— SURPRESA! — As luzes se acenderam ao mesmo que todos gritaram.

— AH! — A ruivinha sobressaltou pelo susto e tropeçou nos saltos da bota, quase indo ao chão se eu não tivesse sido rápido em segurá-la. — Puta que pariu!

— Você xinga?! — Prendi o riso que queria escapar de minha boca, surpreso.

— O que é tudo isso? — Ela cobriu a boca com uma das mãos depois de ficar ereta novamente.

— FELIZ ANIVERSÁRIO, ZARAH! — Gritaram novamente.

Estavam todos ali, e a decoração tinha ultrapassado a minha imaginação. Agora era só questão de tempo e ver se Zarah aprovaria e como ela reagiria.

— Como... — Ela se interrompeu e bufou. — Stella.

— 'Euzinha'! — A platinada veio na direção da ruivinha com um sorriso gigantesco nos lábios e um presente em mãos. — Parabéns, amiga!

As duas se abraçaram apertado e Stella estava eufórica. Talvez não tanto quanto Clara, que estava dando pulinhos de alegria enquanto Tanner se encontrava atrás da mesma com a mão repousada na cintura da namorada. E depois da platinada escandalosa, todos os convidados ali vieram de um em um abraçar e felicitar a Green Hill.

Nesse momento eu me permiti observar a decoração e sorri, a tal Bella era realmente boa no que fazia. Certo que era uma decoração simples pôr a festa estar sendo feita em casa ao invés de um grande salão, então tivemos que lidar com o espaço que tínhamos e nada mais.

A mesa do bolo era simples e ocupava um pouco da sala, em frente à cozinha. Em cima dessa mesa haviam pequenos pratos de sobremesas, velas, um vaso de lindas flores, taças, decorações que Diana questionou se era ou não comestível — e não, não era —, guardanapos, e o bolo — obviamente —.

Atrás da mesa do bolo, havia um projetor que mostrava uma tela em branco apenas com a frase "Happy Birthday" bem no meio.

A mesa principal — a dos convidados — não era a mesma onde ficaria o bolo, até porque não haveria espaço suficiente para quase 20 pessoas. A decoração se baseava em cores como preto, branco, prata e dourado. Como ainda não sabíamos a cor ou as cores favoritas de Zarah, não arriscamos e optamos por cores neutras que ficariam estilosas, mas que, ao mesmo tempo, combinariam com tudo.

Haviam balões dourados de gás hélio em cima da mesa principal e só não voavam por estarem fixos à fios. Os pratos, combinando com os balões, também eram dourados, o que dava um contraste a mais para o forro preto. No teto, grudaram pequenas bandeiras triangulares em papel decorativo preto, além das estrelas também no mesmo papel decorativo preto que se penduravam à barbantes. Flores, taças, velas, guardanapos e outras decorações foram adicionadas à mesa, tudo com base nas quatro cores que decidimos.

O bolo estava perfeito! Era branco e preto com retalhes em dourado à pasta americana em formato de estrelas e uma lua. Assim como a lua na nuca de Zarah. Arriscamos dizer que ela gostaria em jus a tatuagem.

A comida parecia maravilhosa, tudo estava muito bonito e nem dava para dizer que foi tudo feito de última hora. Aquelas três eram profissionais de respeito, eu tinha que admitir.

A festa estava legal, as bebidas aparentavam geladas e só tinha gente conhecida e outros amigos. Por mais que eu adorasse ir a festas onde a bebida é liberada, onde começa cedo e termina tarde, onde sair dela sem ter ficado com, pelo menos, umas três pessoas é crime, eu adorava esse tipo de festa mais íntima.

Estava realmente lindo. Tudo saía bem, até que virei meu olhar na direção da Green Hill e ela estava com uma mão sobre os olhos.

— Tudo bem, Zarah? — Ray perguntou e logo me aproximei.

— Sim. Acho que com a emoção, minhas lentes deslizaram por causa das lágrimas. — Ela sorriu fraco. — Atticus? Me ajuda a chegar no meu quarto, por favor?

Ela estendeu a mão, como se me procurasse, e logo a peguei. Subimos as escadas devagar enquanto os outros começavam a festa lá embaixo.

— Ai, merda! — Exclamei do soco que ela havia me dado no braço depois que terminamos de subir. — Por que você fez isso?

— Isso foi por ter me enganado o dia todo!

— E por que só eu apanho?!

— Porque só tem você aqui.

— Não seja por isso, vamos descer.

— Atticus, não, eu ainda preciso... — Antes que ela pudesse terminar sua frase, peguei sua mão e a puxei. Pela surpresa, ela tropeçou no tapete e quase caiu, se eu não a tivesse segurado. E, caralho, acho que não tinha lugar melhor para segurá-la do que a cintura. Esse pedaço de carne e pele quase inexistente não parecia tão pequeno ao olhar de longe. Por que tão fina?

— Esqueceu como se anda, princesa? —Só para provocar, enquanto ainda a segurava com uma mão, desci a outra para o quadril e só parei quando cheguei sob as coxas. — Caralho... você 'tá de parabéns, ruivinha.

— Atticus! — Ri de seu rosto corado e recebi outro tapa antes de erguê-la. Ela se desvencilhou de mim e andou pelo quarto, entrando em uma porta que supus ser o banheiro, e só saiu depois de alguns minutos. — Pronto, podemos descer.

[...]

<3

[Notas da autora]

Ah, gente, que coisa mais linda eles na festa, não é?? Gente, eu vou fazer vcs se apaixonarem pelo Atticus de uma forma inimaginável!

Para quem não quer ficar na curiosidade, isso é mais ou menos como eu imaginei a decoração da festa da nossa ruivinha:

A mesa do bolo:

Só imaginem os docinhos e o bolo em cima da mesa também, por que não tinha imagem mais parecida do que essa no Pinterest com os docinhos.

E por fim, a mesa principal/dos convidados (não foi bem assim que eu imaginei, mas esse foi a imagem mais próxima que eu achei no pinterest):

Talvez, no próximo capítulo eu já mostre o presente que o Atticus comprou para a nossa Zarinha!!

[...]

✒Capítulo escrito em: 13/02/2022
✒Capítulo publicado em: 12/07/2023
✒Capítulo corrigido gramaticalmente em: 12/05/2024
✒Capítulo reescrito em: 24/01/2025

[...]

Quem aí quer o próximo capítulo??

VOTEM MUITOOOOOO!!!

Beijos da sua (possível) autora favorita!<3

~Jade

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