# 𝟐𝟓 - Lótus está entre nós!
O frio é algo que a quase sempre incomoda, talvez fosse por isso que os Starks estivessem sempre lembrando que o inverno estava chegando, como um aviso que deveríamos estar atentos pelo que poderia vir. Sarah mal dormiu aquela noite, ajoelhada ao lado do lorde viúvo, Rickon Stark, sua saúde vinha piorando com as semanas, enquanto Cregan cuidava dos assuntos do pai com o primo Cadmus, era a garota que estava ao lado de Rickon, segurando sua mão, ignorando toda raiva que sentiu do pai em algum momento.
A manhã chegou como o inverno, fria, dura e solitária, Sarah havia adormecido ao chão, com o corpo debruçado na cama, quando abriu os olhos, depois de ouvir os cães do lado de fora, encontrou a cena do pai todo sujo de sangue, possivelmente por tossir demais, o cansaço dela não a deixou ouvir. Seu corpo se afastou em um pranto silencioso, no canto do quarto, ela não deixava ninguém entrar, nem o irmão mais novo, nem Cadmus. Ali no canto, ela chorou por mais alguns minutos até ter coragem de levantar e limpar o rosto, olhando o corpo frio de Rickon.
Seu corpo se arrastou até a porta, abrindo com um rangido, havia meia dúzia de pessoas lá, duas amas, três guardas, um meistre, todos cochichando ou dormindo, mas pularam de supetão ao vê-la pela fresta da porta, séria como sempre. Todos se alinharam, fazendo a reverência a Sarah, como se no fundo já soubessem.
── Achem o Cadmus e o Cregan. ── Ela ordenou quebrando o silêncio.
── Lady Sa... ── Uma das amas começou.
── Eu não pedi sua opinião com nada. ── Ela foi grossa e direta. ── Achem o Cadmus e o Cregan, AGORA!
E então a porta de madeira pesada foi batida com leveza, os deixando olhando uns para os outros. Os criados normalmente não contestavam Sarah e nem a sua autoridade, como filha primogênita de Rickon e sua sombra, ela não precisa de um título de herdeira para ser respeitada, ela tinha aquele ar de quem se impunha em Winterfell, muitos questionavam porque Rickon nunca a casou com ninguém, outros sabiam a resposta: Ele não queria perder Sarah. Alguns não entendiam porque o lorde a mantinha tão perto e porque deu o nome da filha a uma bastarda sua, a segunda opção ninguém nunca soube dizer ou se atreveu a questionar Rickon, a primeira era óbvia, o erro de Sarah era ter nascido mulher e Rickon se lamentava disso como se pudesse mudar a filha.
Não foi difícil para uma dos guardas encontrar os dois que a lady havia mandado buscar, eles estavam em um dos pátios laterais da residência principal em Winterfell, treinando espadas com outras pessoas, nada anormal em uma manhã fria. O guarda mais jovem veio correndo, parando, se inclinando com as mãos nos joelhos e pedindo que eles esperassem um segundo ou dois com o mover de mãos, para só depois dizer a ambos que lady Sarah os chamava nos aposentos de Lorde Rickon e era urgente, os dois largaram as espadas onde estavam e correram na direção dela.
Cadmus deixou que Cregan passasse na frente, ele já não era uma criança, no meio de 123DC o herdeiro de Winterfell já era um rapaz com seus 16 anos completos. Os dois pararam na porta do quarto, bateram duas vezes e Sarah abriu a porta lentamente, deixando só os dois passarem e depois a fechando silenciosamente. O quarto parecia bem mais frio que lá fora e quando os dois colocaram os olhos em Rickon já sabiam sem ela precisar dizer, o lobo estava morto, como eles já esperavam que ele estivesse em breve devido à saúde.
── Sarah, eu ... ── Cadmus se aproximou dela, para abraçá-la, mas ela esticou o braço. ── O que vamos fazer agora?
── Entrar em contato com os Lordes, preparar o velório. ── Sarah respondeu, olhando o irmão se abaixar perto do pai. ── Preparar a sucessão.
── Você tem que ir a Mormont Keep. ── Cregan se levantou olhando para Cadmus. ── Falar com a sua mãe e com o primo dela.
── Eu não vou voltar a Bear Island. ── Cadmus olhou aos dois. ── Vocês sabem que o fato da minha mãe ser prima do Lord Manffrey não muda o fato de que ele me ameaçou por ter ficado do lado do seu pai.
── Nós precisamos do apoio de todo o Norte. ── Sarah vociferou.
── Minha mãe escolheu ficar do lado deles e eu escolhi o Rickon. Não mesmo. ── Cadmus comentou se afastando. ── Eu vou cuidar de avisar os Lordes e vocês cuidem do velório.
Cadmus evitava falar com a sua mãe sempre que podia, sua relação com ela tinha ficado muito complicada com os anos, ela sempre achou que o pai dele fosse um Lorde Stark melhor, mas Rickon era o filho mais velho dos gêmeos, o herdeiro, não seria justo ir contra isso. O próprio pai de Cadmus tinha escolhido ficar do lado do irmão, o que afastou da mãe e das irmãs, ele vivia sentindo saudades delas, ele escolheu o tio e não a fúria da mãe e dos Mormonts, que apesar de não se levantarem contra Rickon, ainda pareciam temerosos o tempo todo.
A própria mão que Cadmus escreveu todas as cartas, pedindo que os corvos mais rápidos fossem mandados para as mais diversas partes de Westeros, a fim de que todos fossem avisados da morte do Rei do Norte. A carta chegou em Jardim de Cima já no dia seguinte, pegando Drasilla completamente de surpresa, as últimas cartas de Sarah diziam que seu pai estava melhorando e ela não queria deixar a amiga sozinha nessa hora.
── Eu receio que não posso deixar que a nossa relação com os Hightowers estremeça indo a esse velório e não a reunião em Vila Velha, meu lírio. ── Rasmus parecia tenso, se via nas suas olheiras. ── Talvez possa mandar algo a lady Sarah e os Stark.
── Seria deselegante nenhum de nós ir, somos próximos ao Norte e aposto que Viserys pediria que eu fosse, Rhaenyra está resolvendo problemas em Dragonstone e você sabe que ele não confia no Aegon. ── Ela ponderou, não só sabia que precisava ir, ela queria estar realmente lá por Sarah, Cregan ... E até por Cadmus.
── O Léo pode ir com você. ── Havia uma preocupação com a saúde dela, a mão dele foi na barriga da esposa. ── Você não vai voar até lá.
── A última vez que o Léo pisou lá, ele arrumou confusão no torneio. ── Ela o lembrou. ── E o Flarion não é muito fã do frio mesmo, apesar de que já estar com saudade de voar, fazem quase dois meses.
── Sabemos porque o Léo brigou. ── Rasmus riu. ── Tudo bem, mas volte logo.
── Sim e não foi pela minha honra. ── Ela respondeu tomando o rosto dele entre suas mãos e o beijando.
A princesa se preparava para viajar ao Norte, dois dias depois, quando a carta da capital chegou, o pedido do irmão já era algo esperado, que ela fosse representá-lo lá, Viserys sabia da amizade da irmã com os Stark, nada mais justo do que unir o útil ao agradável, mesmo que ele ficasse preocupado com o sobrinho ou sobrinha no ventre dela. A viagem pareceu mais longa que o normal, o bebê chutava dentro da sua barriga, Drasilla não parecia confortável em nenhum momento e pediu para pararem a carruagem duas vezes, mesmo que tivesse que aguentar enquanto a noite passava, para ali assim era perigoso.
A carruagem Tyrell chegou ao Norte na manhã seguinte, haviam dois guardas que estavam sempre do lado da princesa, quando ela emergiu da cabine haviam algumas caras familiares, viu seu primo Borros acompanhado do seu filho, conversando com alguém, seus olhos depois foram em Jeyne Arryn, recém ascendida como Sra. do Ninho da Águia, contra a vontade de alguns, viu quem achou que fosse Tyland Lannister, mas claro que poderia confundí-lo com Jason. Haviam também alguns guardas que pareciam claramente incomodados com o clima, eles se moveram um pouco, eram quatro, então Drasilla viu a quem eles protegiam, o Príncipe Qoren Martell, ele estava acompanhado de uma garotinha de uns oito anos, sua filha Aliandra, ele piscou para Drasilla e aquilo a fez sentir um arrepio.
A guarda Tyrell acompanhou a princesa até dentro da residência, todos pareciam falar muito baixo, lento, quietos demais, seus olhos foram em Sarah, ela vestia preto, tinha grandes bolsas abaixo dos olhos, como olheiras profundas, ela sorriu de canto ao ver a princesa, a abraçando com cuidado devido à barriga, ela ficaria feliz em ver Drasilla em outros termos, mas aqueles só a deixavam mais melancólica a cada momento. A princesa precisou se recolher, as dores nas costas se tornavam demasiadas depois de um tempo em pé, os Stark tinham separado um quarto especialmente para ela.
Drasilla dormiu por um tempo, ela perdeu a noção de quanto tempo tinha feito isso, desde quando ficou grávida ela dormia mais do que o seu normal, o bebê crescia rápido, agora ela entendia Rhaenyra quando a princesa dizia que preferia passar a maior parte da sua gravidez dormindo e comendo bolo, Drasilla amava bolo e sempre comia quando podia, agora mais do que antes, ela achava que era por isso que suas bochechas estavam redondas.
Quando ela acordou, ouvia cochichos no quarto, Sarah tinha a prometido silêncio e descanso, ela se preocupava muito com a princesa, então de início Drasilla supôs que fossem os guardas Tyrell que tinham vindo com ela, mas ao piscar algumas vezes, a imagem borrada logo se tornou nítida e a imagem que ela viu não era da guarda, pelo menos não vinda da Campina, havia um homem a encarando, de pé próximo à cama após de se erguer de uma poltrona, a lareira mantinha o local numa temperatura agradável, ainda estava dia. Ao perceber quem era o estômago dela remexeu, não sabia se era o bebê ou o nervosismo.
── Princesa ... ── A voz dele parecia mais grossa, ele se abaixou na altura da cama. ── Dormiu bem?
── Sir. Cadmus. ── Ela riu, se levantando, ele veio ajudá-la, mas Drasilla esticou o braço. ── Eu consigo.
── Ok ... ── Ele recuou sentando na poltrona e a puxando pra perto. ── Olha, acho que você comeu bolo demais dessa vez.
── A barriga está tão grande assim? ── Ela levou a mão a mesma quando o respondeu rindo. ── Acho que é por causa do glacê.
── Pode ser, glacê é ótimo. ── Ele completou rindo.
Cadmus sentia a falta dela, talvez não com toda aquela pompa e proteção, mas nunca foi assim com Drasilla, não de verdade, eles eram amigos, mesmo que ele devesse ser distante, ele sabia que essa proximidade colaborou para o fato de que ele tinha começado a gostar dela, se ficasse distante seria bem mais fácil, era engraçado pensar que Harwin Strong tinha lhe dito a alguns anos que não tinha problema gostar dela, que deveria saber dos limites, ele ria ao pensar nisso, sentia falta de Harwin, queria perguntar umas coisas, mas não dava. Tê-la no Norte seria melhor se não fosse o bebê, agora parecia quase um jogo acabado, porque ele ainda sentia quase flutuando perto dela?
Para Drasilla era sempre uma sensação de língua formigando, dedos coçando e calor interno, talvez um pouco mais pela gestação. Ela sentia a falta dele, como sentia, de Sarah também, mas dele, quando eram jovens, quando seu problema era só fugir das coisas que Viserys queria que ela fizesse, das aulas. Mas também, ela se sentia culpada, Rasmus não era só um bom marido, era uma boa pessoa, toda vez que ela sentia falta de Cadmus, de sua presença, da companhia, ela sentia que traía o marido, aquele beijo nunca foi esquecido.
── Como você está? ── Ele perguntou se afastando e escorando na cadeira. ── Além de um punhado de horas de sono.
── Estressada, não posso voar. ── Ela ponderou com a cabeça. ── Na verdade não consigo voar a uns dois meses.
── Ele logo vai sair. ── Cadmus riu olhando a barriga. ── Eu espero.
── Ela ... ── Drasilla o corrigiu. ── Acredito piamente que será ela.
── Ok, ela. ── Ele sorriu se inclinando de novo. ── Como vai se chamar.
── Aemma. ── Ela respondeu, havia um brilho no olhar. ── Aemma Tyrell.
Ambos sorriram juntos, Cadmus estava a alguns meses na capital antes de ser designado para a princesa, conheceu a rainha Aemma, ela era doce, gentil, perguntou a ele sobre o Norte duas ou três vezes, realmente preocupada com as coisas, com a adaptação dele, que era um simples guarda. Drasilla o admirava pensar em algo, como se ele divagasse, a barba tinha crescido, assim como os cabelos que ele amarrou para trás, parecia mais cansado, mas quem não estava? Sua admiração a ele parou quando sentiu uma pontada na barriga, era o bebê se mexendo, de novo.
── Oh! ── Ela levou as mãos a barriga. ── Ela está bem acordada.
── Inquieta como a mãe. ── Cadmus riu.
── Quer sentir ela mexer? ── Ela perguntou.
Cadmus ficou receoso no começo, na sua cabeça pensou em todos os momentos com ela, uma chuva de memórias jogadas contra si, Drasilla era alguém além da compreensão as vezes e parte dele sentia que não deveria ser isso, que não deveria fazer aquilo, não era o seu bebê, não era a sua garota grávida, não era nada dele e ela parecia continuar jogando com o que ele sentia, mas ele só soltou o ar dos pulmões pelos lábios e se abaixou na frente dela sentindo o bebê dentro dela se mexer e rindo.
── Oh! ── Ele se assustou quando a bebê mexeu de novo. ── Isso dói?
── Um pouco. ── Ela confidenciou. ── Mas me acostumei, ela mexe muito.
── Você é uma garotinha inquieta e arteira como sua mãe. ── Ele falou com as duas mãos na barriga dela.
── Acho que ela gostou. ── Drasilla riu colocando a mão sob uma das dele. ── Fale de novo.
── O que eu falo? ── Ele arqueou a sobrancelha.
── Não sei, mas ela gostou da sua voz, ficou quieta. ── A princesa respondeu.
── Ou talvez ela só me ache muito chato. ── Ele retrocou.
Drasilla uniu as sobrancelhas, numa expressão quase raivosa, como uma criança teimosa, ela queria que ele repetisse, finalmente a pequena Aemma em seu ventro tinha ficado quieta, ela era sempre agitada, na presença de alguns ficava mais ainda, mas na dele não, ela gostou de Cadmus de primeira.
── Ok ... Hm. ── Ele pareceu pensativo. ── Porque escolheu Aemma e não outro nome valiriano estranho?
── Porque ela não é valiriana. ── Drasilla respondeu rindo. ── Queriam um nome da Campina, mas eu gostei de ser Aemma, Rhaenyra tomou Baelon e Visenya pra ela.
── E se for menino? Como vai chamar? ── Ele quis saber.
── Lyonel, eu acho. ── Ela ponderou. ── Apesar de que eu disputarei Baelon com a Nyra.
Eles riram um bocado, Cadmus ficou conversando com a bebê mais um pouco, até que ouviram batidas na porta e ele se afastou, havia ido fazer companhia a ela porque confiava mais em si vigiando a princesa do que eles, mas tinha demorado demais, por um tempo até mesmo se esqueceu porque ela estava ali, não era por ele, era pelo Norte, pela morte de seu tio, estar com ela sempre parecia trazer esse efeito enebriante.
Os dois não conversaram mais até o enterro de Lorde Rickon, ele era bem quisto por vários lordes em Westeros, muito mais do que alguns outros, as pessoas fizeram questão de ir até ele, alguns por curiosidade em sua suscessão, outros por apenas terem uma boa relação com o Rei do Norte. Quando o corpo dele foi queimado na pira todos olharam em silêncio, Cregan, Sarah e Cadmus estavam na frente, mas o guarda encarava a princesa do outro lado das chamas, pensando que queria só ir embora dali, os problemas do Norte só estavam começando.
Rickon era um fio muito fino que segurava coisas demais no seu lugar, todos sabiam que com a morte prematura dele as coisas ficariam desalinhadas, se ele tivesse partido uma década depois e deixasse outro cenário no Norte, as coisas seriam diferentes, Cregan já teria mais idade, já seria visto como um Lorde e não como um menino, Sarah seria uma comandante, já que ninguém parecia ver um casamento no futuro dela, já Cadmus torcia para que a raiva dos Mormont tivesse se dissipado, eles sequer mandaram alguém, o moreno repetia a todos que sua mãe tinha pedido que ele a representasse, mas ele respondia sob o sobrenome Stark, não Mormont.
Após a cremação Drasilla sabia que não poderia ficar muito mais tempo no Norte, os moradores da Campina se preocupavam com ela, depois de uma série de abortos e uma gestação em fase avançada, a princesa deveria descansar, mas não haveria paz se não tivesse ido ao velório, se não oferecesse um abraço apertado aos Stark e fortalescesse laços que já eram fortes com eles. Ela havia se despedido de Sarah, até mesmo se Cregan, quando viu Cadmus a encarando do outro lado do grande salão, ela sempre se preocuparia com ele, então moveu a cabeça positivamente, o chamando para perto.
── Você já vai? ── Ele perguntou, quase implorando para ela responder o contrário.
── Já, esse bebê já está quase saindo, sinto que qualquer movimentação mais brusca o fará decidir vir antes. ── Ela alisava a própria barriga por cima do tecido grosso. ── Se eu não der a luz na Campina é possível que eles chorem de tristeza.
── Dramáticos. ── Cadmus meneou a cabeça, queria tê-la mais ali, seria a desculpa para não focar nos verdadeiros problemas.
── Eu estou preocupada com você, com o cenário que se forma. ── Ela esticou a mão tocando a dele e Cadmus a olhou. ── Sarah me contou sobre ... Bom, questões familiares suas.
── Sarah sempre com a língua maior que a boca. ── Ele riu sem graça puxando a mão. ── É, vai ficar complicado, muito complicado. Mas eu pretendo ir para Dragonstone, o príncipe Daemon me escreveu para dar os pêsames e fez um convite.
── Ele sempre está um passo a minha frente. ── Drasilla pondera lembrando do irmão. ── Talvez seja prudente resolver algumas coisas antes.
── Não é fácil. ── Dessa vez ele moveu a cabeça pensativo.
── Promete que vai me escrever? De verdade. ── Ele puxou a mão dele novamente. ── Eu quero poder ajudar, montar no Flarion, fazer alguma coisa.
── Eu também queria que você pudesse fazer alguma coisa. ── Ele alisava a mão dela com o polegar.
── Cadmus, eu ...
── Tudo bem. ── Ele riu sem graça soltando a mão dela. ── Boa viagem, nos avise quando nascer, a Sarah vai ficar feliz em saber.
── Me avise se algo der errado, o Flarion sempre gostou de Starks. ── Ela comentou com meio sorriso.
── Ele deveria ser menos sociável. ── Cadmus comentou se afastando, ouvindo alguém o chamar. ── Vocês dois.
A viagem de volta a Campina foi mais complicada que a ida, a chuva começou a sair quando quando estavam no Norte e os seguiu mesmo depois de dobrar a divisa para a Campina, Drasilla não conseguiu pregar o olho e quando chegou em casa mal conseguiu contar a Rasmus como toda a situação do velório de Rickon se desenhou, ela só estava cansada e exausta demais para isso, o lorde prontamente aceitou que fosse melhor deixá-la descansar com o bebê.
As semanas seguintes não pareciam mais tão gentis com a princesa, o bebê se movia agitado, parte de Drasilla era medo e a outra ansiedade, ela quase sempre estava na cama, sentia os dedos formigarem, queria que o bebê saísse logo dela, mas Carmine sempre insistia que não era a hora e que eles deveriam esperar mais do que já tinham esperado, cada bebê tinha seu momento e Drasilla achou que demoraria muito mais, até acordar Rasmus aos gritos em uma manhã, com a cama molhada, o bebê estava vindo.
O quarto mergulhado em semi-escuridão, iluminada apenas por velas tênues que criavam sombras dançantes nas paredes de pedra. A atmosfera era impregnada de uma tensão solene enquanto a princesa Drasilla, com uma expressão determinada, enfrentava o desafio de dar à luz. Uma parteira experiente, vestida em roupas modestas, estava ao lado da cama, pronta para oferecer orientações reconfortantes e apoio. Carmine não saía de perto da nora, nem Fedora ou Alys, ficou a Leo o trabalho que ele odiava, conter Rasmus enquanto ele tinha sido proibido de entrar.
Os cabelos escuros de Drasilla estavam levemente emaranhados, um reflexo da intensidade do momento. Sua mão agarrava os lençóis da cama, revelando uma mistura de dor e coragem em seu rosto. A respiração profunda, em consonância com as contrações, ecoava na sala como um mantra de força. Ela só queria que Rhaenyra estivesse lá, para segurar sua mão, para oferecer conforto enquanto ela olhava para seus olhos lilás, olhos de quem sabia como doía e de que ela nãoe stava sozinha.
A luz fraca destacava a transpiração na testa da princesa enquanto ela seguia o instinto e as orientações de Carmine que a impeliam em direção ao nascimento iminente. As vestes reais foram trocadas por uma camisola simples, o calor parecia emanar como se um dragão estivesse lá, a princesa poderia até não ver, mas Flarion sobrevoava o castelo Tyrell de forma inquieta, como se soubesse.
A sala estava impregnada com os sons da respiração entrecortada da princesa, intercalada pelos murmúrios suaves da parteira. Cada contração marcava o avanço inexorável do trabalho de parto, conduzindo a princesa em direção ao limiar da vida.Quando a coroa do bebê começou a aparecer, um silêncio tenso pairou sobre a sala. Drasilla redobrou seus esforços, guiada pela determinação de trazer sua criança ao mundo, depois de já ter perdido outros, depois de já ter chorado por seus filhos. A parteira, com mãos hábeis, oferecia palavras de encorajamento, enquanto a chegada da criança tornava-se inevitável.
Então, em um momento de triunfo e exaltação, o choro do recém-nascido encheu a sala, quebrando o silêncio com um som puro e vital. A parteira cuidadosamente colocou o bebê nos braços da princesa, cujo rosto exibia uma expressão de êxtase e alívio, seu corpo tremia, mas enquanto pegava a criança no colo isso parecia minúsculo. A sala ficou silenciosa, observando o momento, as portas em seguida se romperam, após serem abertas por Alys, Rasmus avançou, ajoelhando ao lado da esposa.
── Eu te falei que era uma menina. ── Ela riu olhando pra ele. ── Nossa Aemma.
── Nossa Aemma. ── Ele repetiu tocando a bochecha da filha.
Havia um sorriso que não cabia no rosto de Rasmus, depois de tantos problemas e anos de casamento, finalmente Aemma estava ali, ele tinha uma lista de nomes que queria dar, mas sabia como aquele era especial pra ela, como ser mãe era único para Drasilla depois do que perderam. Aemma tinha cabelos claros como o pai, um traço Lannister que sobressaía vindo de Carmine, Rasmus riu ao perceber isso, jurava que a criança teria os escuros cabelos Baratheon da mãe, mas a pequenina era como ele, cabelos claros, bochechas rosadas, sua garotinha, sua Aemma.
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