Capítulo 25 : Ela Me Ama - Part 1
Estando ainda pasmo com a descoberta, o assassino não me disse mais nada, e apenas saiu prometendo voltar. Meus olhos permaneciam arregalados de raiva e medo, eu soltei o meu punho. Eu me sentia angustiado, enquanto caminhava para o carro, a minha vontade, não era nem de voltar para tudo de novo. Ter que lutar para viver, é uma das piores coisas que existe... As vezes olho e penso, por que a minha vida não pode ser como a dos outros? Eu tenho dinheiro, mas não tenho paz, amor, carinho e muito menos felicidade interior. Minha vida se resumi a apenas sofrimentos e perdas, e nunca um sorriso já foi me imposto de verdade.
Todos apenas me olham como um homem problemático que ainda não amadureceu, aquele que nunca se encaixa na sociedade, aquele que é sempre o diferente de todos.
A minha única esperança até agora é a Saara, mas não sei até quando iremos continuar assim, e dependendo da sua resposta pode ser que isso que nos afaste para sempre... Afinal, haverá outras coisas que eu devo me preocupar.
Entrei no carro, sentindo a neve densa sujar o meu casaco, não queria voltar para a casa dos Thomas agora, queria apenas um tempo de paz e a sós, queria poder me aliviar mentalmente de tudo a minha volta, queria poder chorar o quanto eu quisesse sozinho... sem ninguém, para perguntar o por que e indagar.
Em questões de segundos os meus olhos começaram a arder de lágrimas, meu rosto ficava vermelho cada vez mais, meu nariz pingava enquanto eu soluçava segurando o meu rosto com as mãos. Eu sentia a movimentação do meu peito enquanto eu respirava pausadamente. Coloquei as mãos no volante ainda chorando, e bati minha testa várias e várias vezes nele, até que ela começasse a machucar...
Parei, imediatamente quando vi aquela foto, pendurada por um fio no porta luvas do carro. A peguei, visualizando o rosto de minha mãe, seus olhos alegres, e sua voz me veio a mente. E me pergunto, por que ela teve que morrer? E principalmente, o que ela tem haver com aquele assassino? Por que ele a perseguiu e agora persegue a mim? Mãe, quais eram os seus segredos?
Perturbado, eu liguei o motor do carro, e parti pela estrada, estacionamento bem em frente à uma loja de conveniência 24 horas.
Entrei nela, e peguei um maço de cigarro, uma garrafa de cerveja e uma balinha de menta. Estava irritado, e nada que afogar as mágoas que não resolva. Sei que isso, é apenas um pretesto para ficarmos sozinhos, e que de manhã cedo acordaremos pior do que no outro dia. Mas eu não ligo, se for para esquecer tudo agora...
Paguei a conta, e saí do estabelecimento, me sentando em um dos acentos ali perto.
Abri a garrafa da cerveja, e tomei um gole dela sentindo aquele gosto horrível descer pela minha garganta. Eu fiz cara feia, após isso.
-Deveria ter comprado um suco de maçã. Faz tanto tempo que eu não bebo graças a Saara, que agora já me dá nojo.- Afirmei, jogando a garrafa ainda cheia no lixo.
Abri, o maço, e retirei um cigarro, acendi com um isqueiro do próprio lugar, e comecei a fumar, inalando aquela fumaça para dentro da minha garganta e jogando um pouco para fora.
Aquilo tinha um gosto horrível na boca, faz praticamente um mês que não fumo, como a cerveja, graças a Saara. Experimentar isso novamente, é uma miséria. Eu não sei como eu aguentava fazer isso todos os dias!
Insatisfeito, joguei a bica do cigarro no chão e pisei bem firme. Coloquei a bala de menta na boca, e finalmente um sorriso surgiu. Olhei meu celular, e vi que já eram 1h45 da manhã. Estava tarde, e talvez já fosse hora de eu voltar... Então, mesmo triste me forcei a entrar para dentro do carro. Liguei o motor, e acelerei novamente até a casa dos Thomas.
Após chegar, desliguei os faróis que iluminavam a neblina, e saí do veículo, caminhando lentamente até a varanda, e logo abrindo a porta.
Assim, que coloquei os meus pés no hall, os meus olhos logo se encontraram com os olhos verde-acinzentados de Saara, eles estavam lacrimejando e seu semblante ardia em preocupação. Meus lábios abriram-se lentamente, o medo dela descobrir de fato o que estava acontecendo era o que eu mais temia. Seu olhar me deixou desorientado, pois eu não sabia o que dizer?
-Saara... O que você está fazendo acordada?- Pergunto, tentando permanecer olhando para os olhos dela.
-Esperando você.- Ela responde.
Eu respiro pesado.
-Entendo.
-Aiden, o que aconteceu? Seus olhos estão vermelhos.- Ela perguntou.
-Nada... Está tudo bem.- Prossegui. No entanto, ela me encarou como se pudesse ler a minha alma.
-Algo não está certo... Além disso, eu fiquei preocupada.
Eu a encarei de volta parecendo indiferente.
-É, eu sei.
-Por que está sendo frio comigo?
-É por causa da nossa conversa?- Ela perguntou, derramando algumas lágrimas.
O meu coração estava acelerado, eu estava emocionado e tentava ao máximo não transparecer as minhas emoções.
-Aiden, me desculpe, eu não queria ter magoado você...- Eu a interrompi.
-Não se preocupe por enquanto, vamos voltar para cama, eu não quero que todo mundo acorde as 2h00 da manhã por minha causa.
-Me deixe falar... - Ela pediu.
-Não... Por que sempre que a gente conversa tudo piora. E eu não quero estragar a nossa relação ainda mais.-Afirmei.
-Mas, e se eu quiser me declarar para você?
Um nó se formou na minha garganta.
-Agora não é o momento, você disse que queria pensar... Então, eu estou te dando essa oportunidade.
-Se você me ama, seja compreensível dessa vez, eu preciso ficar sozinho.
-Amanhã, podemos pensar em nós.
-Como queira... Eu vou pensar também.
-Só não beba mais, por favor.
-Como você sabe?
-Seu rosto está vermelho, e seu hálito está fedendo a menta com álcool.
-Beber não vai melhorar a sua situação comigo, só vai te deixar com dor de cabeça e de mal humor amanhã.
-Tome um banho de novo se quiser, e vista roupas quentes e meias.
-Tá... - Concordei.
Ela apenas sorriu desajeitada, e foi para o elevador de escada, enquanto eu subia os degraus até o segundo andar. Nos despedimos com um olhar embaraçoso, e cada um seguiu para o seu quarto.
Entrei e encarei a dura escuridão da noite, não tive forças para caminhar para o chuveiro, mas apenas joguei meu corpo na cama, senti meu hálito de cerveja quando respirei pela boca... olha que tomei só um gole.
Estava me detestando naquele momento por dizer não, ao momento que eu mais esperava, ver a Saara dizer que me ama... não me sinto mais preparado como antes, agora que tudo isso aconteceu, agora que as lembranças voltaram e a minha insegurança também. Mas, a única devo fazer agora, e garantir que a Saara nunca descubra o meu passado, não importa como, mas ela nunca deve saber que eu já fui um assassino.
Após alguns minutos, eu finalmente consegui pegar no sono, mas consequentemente com o coração pesado e a mente abalada de tantas decepções e mares a minha volta.
⛓️❤️⛓️
No dia seguinte, acordei sentindo o frio tocar a minha pele, o vento gelado me deixava arrepiado, depois de dormir sem nenhum cobertor. Minha cabeça doía, meu corpo doía por ter dormido de mau jeito, meu bafo era o pior de todos, meu cabelo estava um ninho evidentemente, e para fechar eu estava um caos total. Me levantei igual uma múmia da cama, enquanto a minha barriga roncava de fome. Toquei meu rosto, e agarrei meu celular que ainda estava no bolso da calça, são 6h45 da manhã, eu não dormi nada. Mas agora que acordei, não consigo mais dormir nesse estado, agora e tomar um banho, escovar os dentes umas 5 vezes, pentear o cabelo e vestir roupas limpas que não estejam fedendo a suor e álcool.
Cambaleando, eu agachei para debaixo da cama e peguei minha mala, retirei uma escova de dente, um creme dental, um creme de pentear, um blusão de frio azul, uma calça de moletom, um par de tênis brancos e meus remédios para acalmar e antidepressivos.
Segui para o banheiro, tirando as minhas roupas. Liguei o chuveiro e comecei a me lavar de cabo a rabo, lavei os cabelos, o corpo, os pés e até mesmo atrás das orelhas. Saí da ducha, enrolado na toalha, prossegui até o espelho e vi o meu reflexo nele. Me senti um pouco tímido ao me ver tão magro quanto antes, meus ossos já apareciam de leve e minhas veias eram constantes aos meus olhos. Minhas tatuagens eram as únicas que escondiam um pouco mais do meu corpo, sempre pensei que deveria ser mais atraente fisicamente, então decide fazê-las para esconder um pouco da minha imperfeição, mas na realidade, eu continuo o mesmo.
Suspirei voltando a mim novamente, apliquei algumas gotas de creme no meu cabelo, e o escovei com os dedos para trás, escovei os meus dentes, até todo aquele hálito sair, e logo, me apliquei os remédios na veia do braço, senti toda aquela sensação desconfortável da agulha, até que as retirei. Vesti as minhas roupas, e me retirei do quarto com o meu celular no bolso, afinal, eu andava com ele para todo lado, independentemente do lugar.
Desci as escadas, indo até a sala de jantar, e lá estavam Lucy, Lucinda, John, Ashley, Arthur e a vovó, menos a Saara.
Meu coração ficou incomodado, e eu me pergunto, será que fui muito duro com ela noite passada? Será que ela está bem ou está precisando de alguma coisa?
Timidamente, me acheguei a todos na mesa. Ambos me receberam com bom dia, entretanto olhavam atrás de mim procurando por ela.
-A Saara não desceu com você? - Perguntou Lucy.
-Não. Acredito que ela esteja dormindo ainda.
-Ah sim. Mas é estranho.
-Será que ela ficou chateada com o que você disse ontem, Lucy? - Perguntou John.
-Claro que não! A Saara é racional, ela não leva as coisas para esse lado.
-Mas será que ela está bem?- Perguntou Lucinda, entrando na conversa.
Até que de repente Lucy me encarou, como se tivesse desvendado o mistério.
-Por acaso vocês brigaram?
-Por que brigariamos?- Desconversei.
-Oh, eu não sei. Vocês jovens não conseguem entrar em um consenso, se reconciliam agora e daqui a 5 minutos já estão brigando de novo.
-Eu não sei... A nossa relação está mais para complicada.
Todos ficaram em silêncio.
-Nossa, que menino profundo! Deu até arrepio.- Exclamou Lucy, enquanto Lucinda dava um sorriso discreto, enquanto me olhava de forma especial, como se eu a lembrasse alguém. No entanto, ela se reprimiu e voltou para a cozinha.
-Deixem ele em paz, daqui a pouco a Saara desce.- Disse Ashley se aproximando de nós.
Todos concordaram, e voltaram a seus afazeres. Enquanto eu ajudava John a colocar os pratos na mesa, até que Ashley me interrompeu:
-Ei, gatinho!
-Oi, Ashely. - A cumprimentei.
-Está tudo bem? Você parece distante.
-Tá tranquilo.- Respondi sério.
-Eita! Você está começando a me assustar.
Ashley me olhou pela primeira vez com seriedade:
-Diga, você gosta da minha prima, não é?
-Está tão óbvio assim?- Respondo.
-Não seja sarcástico, dá para ver que vocês se gostam até debaixo d'água.
-Só que a Saara é difícil, ela é muito racional, e isso acaba a impedindo de seguir o amor.
-Eu também não sou perfeito, já cometi e ainda cometo muitos erros com ela.
-Então, nós dois somos culpados por tudo que acontece na nossa relação.
-É, se você diz... mas então, vocês são o que ficantes, apaixonados ou namorados?
-Sabe, que eu não sei... Mas a única coisa que eu tenho certeza, é que ela um dia vai me pertencer.
-Uau, você é bem possessivo.
-Bom, ela sabe disso?
-Ela sabe que eu a amo. Eu sempre digo e demonstro o meu amor por ela. Agora cabe a ela escolher, eu estarei aqui.
-Você é um cara bem sensível, parece durão, mas tem um coração mole. Não é meu tipo, mas respeito a Saara por gostar de você.
-Valeu.
-Você deveria conversar com a Saara, talvez ele te ouça de alguma forma.
-Não... A Saara me vê como uma sem vergonha, ela nunca receberia conselhos meus, e além disso, eu não sei dar conselhos, e sei lá, minha lábia é melhor com homens e não com mulheres.
-Saquei.
Após isso, começamos a tomar o nosso café, pela primeira vez, eu estava conversando com a Ashley sem que ela me desse uma cantada toda vez. No entanto, apenas a falta da Saara me inquietava, eu estava doido para vê-la, e encarar aqueles belos par de olhos verdes, seu rosto branco e seus lábios delicados. Eu queria ela ao meu lado, mas não poderia ser hipócrita depois de pedi-la para me deixar um pouco... Porém, eu não consigo parar de pensar nela, ela é a garota que eu amo, e que eu quero a todo momento junto a mim, só espero que ela também sinta mesmo depois de ontem.
Fiquei em silêncio, até que de repente Saara apareceu. Meus olhos brilharam ao vê-la, e evidentemente os dela também. Ela me olhou com amor, como se a nossa conversa de ontem houvesse sido esquecida, ela abriu um sorriso e disse: - Bom dia, Aiden.
-Bom dia... - Cumprimento, com as bochechas rosadas.
-Bom dia, família.- Ela diz ao restante de seus parentes.
Eles todos a cumprimentam, e perguntam se ela estava bem e se não havia acontecido alguma coisa? Enquanto, ela apenas negava com a cabeça e dizia que não.
No entanto, eu notei os seus olhos um pouco avermelhados como se ela tivesse chorado. Aquela dúvida permaneceu dentro de mim... mas aos poucos foi se apagando conforme o dia passava.
⛓️❤️⛓️
Era 18h23 da noite, esse seria nosso último dia aqui, estávamos prontos para partir, as malas estavam arrumadas e a noite chegava.
Então, calmamente nos despedimos de todos, com abraços, beijos e lembranças.
Entramos no carro, e partimos para de volta a Northwest.
Estávamos em silêncio, afinal, nossa relação ainda não tinha sido resolvida, era uma corda banba e nós estávamos no meio dela.
Saara estava séria durante a nossa viagem, parecia concentrada e outra hora incomodada com alguma coisa. Até que uma chuva nos pegou durante a costa de Durham, uma área que não estava nevando, mais caindo água. Aquela chuva gostosa me dava sono, já que eu não havia dormido muito bem essa noite, meus olhos fecharam de leve e depois abriram, até que Saara finalmente me encarou.
-Aiden... precisamos conversar.
-Sobre nós?
-Sim. Mas também sobre a minha cirurgia.
Eu estacionei o carro para longe da estrada, a olhei, e sorri:
-Não precisa agradecer por isso, é o mínimo que eu poderia fazer.
-Eu preciso sim... Aiden, eu já te magoei tanto, não correspondi aos seus sentimentos e fui dura, mas mesmo assim... - Ela parou começando a chorar.
-Mas... mesmo assim... você cuidou de mim, e me amou.
Uma lágrima escorregou dos meus olhos, enquanto eu segurava as outras.
-Obrigada, Aiden.... Se eu não te dei o valor que você merecia, me perdoe. Me perdoe, por não ter enxergado o homem maravilhoso que você é.
-Até então, eu nunca havia conhecido um homem que mexesse tanto comigo quanto você, eu me preocupo, sinto a sua falta, aprecio cada minuto a seu lado e não consigo deixar de pensar em você... Aiden, você é o amor da minha vida.
-Se todo mundo, diz não a você, eu digo sim, se todos te acham problemático, para mim você tem o coração mais carinhoso de todos, se você é rejeitado, eu serei a única... que vou te proteger assim como você me protege.
Eu chorei... ver aquelas palavras saírem dela, era tudo que eu mais queria no mundo...
Continua...
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