Capítulo 24 : Mal Me Quer
Aiden
Voltei para o quarto novamente, mas agora me sentindo magoado. Conversar assim com a Saara sempre me deixa para baixo, pois sempre que ela diz "Eu preciso de um tempo para pensar", é como se ela me rejeitasse mais uma vez...
Eu não quero forçá-la a ficar comigo, mas desde o princípio que ela dá indícios de que quer ficar comigo, eu não vejo problema de colocá-la contra a parede, afinal, eu também tenho sentimentos, e mesmo gostando dela não vou deixar que ela me faça de gato e sapato. Já passei por muito isso na minha vida, e não é agora que eu vou abaixar a guarda.
Realmente havia uma barata no meu quarto, eu estava irritado com ambas as situações. Aquele bicho asqueroso me encarava da cômoda como se ali fosse o lar dele. Meu chinelo já estava armado na minha mão, eu calculava na minha mente o momento certo para matá-la. Eu apertei os olhos e ela também, aguardei ansioso, enquanto lentamente dava passos silenciosos, um após um. Porém, os meus sentidos logo captaram que ela iria se mover, então imediatamente eu lancei o chinelo com a maior força sobre a barata que mesmo assim tentava escapar, para empedir a sua fuga, eu peguei o meu outro chinelo e a pensei com os dois nas mãos, a ponto de finalmente matá-la!
Feliz pela minha vitória! Eu suspirei aliviado, e ergui meu chinelo como se fosse um troféu para o alto. No entanto, aquela barata já estava nojenta na minha frente, então com os chinelos eu a peguei minuciosamente, abri a janela e a joguei longe.
Depois disso, um sorriso surgiu no meu rosto, afinal, era a minha primeira barata morta. Finalmente, eu havia superado um pouco o meu medo mesmo estando suando frio.
Entretanto, algo mais estranho chamou a minha atenção, no outro lado da rua...
Era noite, e uma bem gelada, o vento frio batia no meu rosto, enquanto os meus olhos arregalavam aos poucos, ao ver aquela pessoa.
Não era a primeira vez que eu a via, ela já esteve no meu julgamento, estava no parque, estava na praça e até mesmo me vigiando de longe. Ele nunca se moveu, nunca disse nada, mas apenas me observou, e consequentemente me seguiu até aqui.
Essa pessoa, é um homem de capuz preto, que anda apenas de cabeça baixa e com as costas curvados, seu andar é de um homem de idade de 40 anos, passos largos e sempre arrastados, e nunca me olhou nos olhos ou uma vez se revelou.
Eu permanecia tenso diante da sua silhueta apenas iluminada pelo poste de luz já fraco. Ele continuou em silêncio, até que ergueu as mãos pegou o celular no bolso, e apontou o indicador para ele. Rapidamente, eu entendi a sua mensagem, e corri até o meu celular que estava na escrivaninha.
Liguei a sua tela, e logo uma mensagem de um número desconhecido apareceu:
(EU SEI OQ VC FEZ NO DIA 30 DE OUTUBRO)
(ME ENCONTRE NA RUA JACKSON TRAIL VA)
Eu parei, e pensei se ele realmente sabia o que eu tinha feito? Fiquei receoso, enquanto o meu corpo suava frio. Ele me deu o endereço, e agora é só seguir, mas se for uma cilada? Eu estarei sozinho, será que vale o risco arriscar e ir?
Além do mais, quem me diz que ele está dizendo a verdade? E se tudo não passar de uma mentira para me atrair?
Até que um vídeo me foi enviado, eram as filmagens do meu julgamento, as filmagens da cena do crime, e antes que relatassem se havia sobreviventes eu desliguei o vídeo.
Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos e as lembranças daquele dia surgiram na cabeça... Eu não sabia de nada, apenas todos me apontaram o dedo e disseram que eu era o culpado, sendo que eu não lembro ter feito nada, os olhares de indignação, o olhar de reprovação do meu pai, as pessoas me dizendo que eu era louco, dizendo que eu era um problemático e que eu não deveria muito menos existir... As sirenes da polícia, da emergência, as algemas sendo apertadas no meu pulso, os meus óculos quebrados, o sorriso de Diandra, e o olhar vazio de Aleev! Os parentes das vítimas revoltados comigo, gritando, chorando em prantos, me atirando itens, e a polícia me protegendo que no final eu não saísse lixado por todos.
Para que isso te fizesse um fim, todos foram silenciados por dinheiro ou esquecidos em um hospício qualquer por quererem justiça, de algo que eu não sabia como eu fiz...
O meu ato desconhecido para mim, foi arquivado, e ninguém por 3 anos nunca soube ou se importou para o que realmente aconteceu. Meu pai, me manteve longe dos holofotes, longe de seus negócios e longe de sua vida familiar, pois com certeza, o filho, um assassino seria uma vergonha para ele.
Eu estive tentando esquecer isso desde o momento que a Saara entrou na minha vida...
Não era minha intenção ajudá-la naquela noite, mas por pura coincidência, o homem que eu tanto procurava, seguiu por aquela direção, e então, fui exposto aquilo.
Tudo aconteceu não por que eu queria, mas porque simplesmente foi obra do puro vermelho sangue do destino, a morte nos uniu, como um passado parecido também, mas ela como a vítima e eu como assassino.
Todos os nossos encontros estranhos e repentinos só se realizaram por que eu estava a procura dele, e no início a Saara não significava nada para mim, eu apenas estava a usando para ter um motivo a mais para andar por aqueles bairros. Afinal, não fazia sentido nenhum eu gamar em uma garota, que eu havia conhecido em apenas uma noite, isso seria muito obsessão, e eu não sou tão esquisito assim.
Aquelas palavras bonitas, aqueles gestos gentis, aquelas flores e aquele jantar, era apenas um método para que eu a mantesse na jogada, pois se não, eu poderia levantar suspeitas rapidamente de que estava a procura dele. Seguir o nada era completamente angustiante, não havia pistas e muito menos algum sinal de que ele estava realmente lá.
E bom, ele me percebeu antes mesmo que eu o encontrasse. E nesse momento foi tarde de mais, voltar a atrás... Acredito que ter saído com a Saara no nosso primeiro encontro, foi um alívio, pois eu pude salvá-la de algo que ela era inocente, mas a senhora foi a que sofreu e partiu por isso.
A Saara acredita que ela sofreu um ataque cardíaco, mas na verdade ela foi assassinada, e por minha causa.
Esse mesmo número desconhecido, me ligou quando eu estava pronto para voltar a mesa, e me deu a notícia antes de mesmo de todos saberem. Eu paguei a conta e deixei o bilhete para Saara. E saí dali apressado até o apartamento da senhora Elen, a porta estava entre aberta quando cheguei, e ela estava caída no chão, pálida, estática e morta.
Para evitar qualquer suspeita falsa, eu peguei uma luva de cozinha, e toquei o seu corpo gelado, não sentindo a sua respiração, e nem ao menos o seu pulso. Porém, analisando mais, eu encontrei um furo em uma parte escondida de seu pescoço. Tenho que admitir que achei estranho a autópsia não ter encontrado isso, ou seja, tinha um dedo a mais na morte da senhora. E devido a cena, imaginei que sua morte teria sido por envenenamento, aplicada diretamente nas veias do pescoço, ela não sentiu dor, mas agonizou por um momento, pois o seu peito estava alto como se ela tivesse tido um ataque cardíaco. Uma desculpa ótima para uma cena do crime.
Queria ter certeza do acontecido, então bati na porta da vizinha ao lado, e joguei um bilhete por baixo da porta, alertando da morte da senhora Elen. A mulher, saiu de seu apartamento até o dela. Enquanto eu descia até a recepção, avisando ao segurança que havia um grande alvoroço lá em cima.
Bobo, o guarda subiu, como sempre reclamando de seu turno a noite.
E graças a isso, eu consegui entrar em sua cabine e ter acesso a todas as câmeras. Segui para a câmera do terceiro andar, e avistei o homem de capuz rapidamente, no entanto, não foi possível ver ele entrando no apartamento da senhora Elen. O que me deixou furioso! Mas uma coisa era certa ele tinha estado ali.
Depois disso, eu apaguei as câmeras o qual me mostravam entrando no apartamento e na entrada no prédio, e verifiquei que apenas a porta dos fundos não havia vigilância, então segui adiante para a saída dos fundos. E assim parti, como se nada tivesse acontecido.
Com peso na consciência, eu decide que traria a Saara para morar comigo, afinal, era o mínimo que eu podia fazer depois de muito transtorno. No entanto, eu não imaginei, que poderia me apaixonar por ela. Por que desde o princípio, eu a achei interessante, mas nunca pensei que confiaria meu coração a ela...
Joanna, dizia das garotas que viviam entrando no meu quarto, mas elas apenas entravam por um motivo, eu estava investigando a morte das meninas jovens e loiros nos últimos meses, afinal elas estavam acontecendo absolutamente no mesmo local, então elas poderiam ser a chave, caso o assassino da senhora Elen também fosse o assassino do capuz, e aquele que tanto me persegue, pois ambos caminhavam, andavam e se vestiam da mesma forma.
Mas, não obtive respostas, e em seguida todas elas amanheceram mortas, como se essa pessoa me vigiasse a todo momento, e como se o próprio assassino morasse ao meu lado.
E por isso, passei a duvidar de todos, da Diandra do Aleev e até mesmo do meu pai.
Mas, pela Saara eu fui capaz de mudar uma parte sombria que existia em mim... Por isso, que quando ela diz não ao meu amor, eu me sinto desesperado, pois para mim ela é a única que foi capaz de me entender, de ser carinhosa comigo e de me ver como um ser humano normal, que também precisa de afeto, amizades e de conselhos como todo mundo.
Eu sei que não sou digno dela, mas quando eu penso na possibilidade de perdê-la eu fico apavorado, e irritado comigo mesmo por não ser bom o suficiente... Então para ser melhor para ela, a justiça pela morte da senhora Elen deve ser feita.
Certo da minha decisão, eu digitei no celular:
(ESTOU A CAMINHO)
Guardei o celular no bolso da calça, vesti um casaco grosso de frio e meu all-star preto. E sem pensar duas vezes apanhei meu canivete, e coloquei no meu bolso direito. Saí do quarto, trancando a porta em seguida.
Em passos silenciosos, fui até o quarto de Saara e abri lentamente a porta.
Ela estava dormindo em sua cama estando um pouco descoberta do edredom, eu me aproximei dela silenciosamente, e enxerguei os seus olhos molhados de lágrimas, eu suspirei, e lhe dei um beijo suave na testa, a cobri por completo com o edredom, e desejei voltar em segurança para ela novamente.
E assim, eu parti pata fora do quarto e depois para fora da casa. Liguei o carro, e ativei o GPS até a rua Jackson Trail VA. Assim coloquei o pé na estrada, para chegar até o endereço, e depois de 20 minutos, eu alcancei o endereço, parando em uma rua escura e deserta.
Desci do carro, sentindo os finos flocos de neve tocarem o meu casaco.
E parti daí fiquei só, apenas olhando de um lado para outro em busca do homem de capuz.
Quando inesperadamente uma lanterna brilhou nos meus olhos, e o homem saiu do nevoeiro branco que se formava ao longe. Ele parou a 20 passos de distância de mim e disse:
-Aiden Frankfurt... Eu sei o que você fez no dia 30 de outubro de 2015.
-Mas será que a aquela moça sabe disso?- Ele me perguntou.
-Não... E ela não precisa saber.
Ele deu gargalhada.
-Você sabe que é louco, então apenas tem medo que ela descubra, como sempre...
-Você é igualzinho a sua mãe.
-O que você tem a ver com a minha mãe?
-Ah Aiden, essas ligações, essas perseguições, todas elas deram início a sua mãe.
-Fico surpreso em como você cresceu, te olhar de longe por todo esse tempo foi exaustivo, mas até que valeu a pena, tudo aquilo para te ver agora morto de amor por uma garota paraplégica.
-Todos os Frankfurt são lamentáveis.
Eu segurei o meu punho irritado, com as palavras, e respirei fundo para não desafiá-lo, afinal, existe algo que eu agora preciso proteger.
-Por que você está fazendo essas coisas? É dinheiro que você precisa?
-Mas é claro que não. Dinheiro não é mais, do que cumprir as ordens do seu chefe.
-Chefe? Você tem alguém acima de você?
Ele riu.
-Você não entende nada... O chefe que estou dizendo não é ninguém acima de mim, mas sim a pessoa que eu mais admiro.
-Por que você admira está pessoa? E quem é ela?
-Eu não posso dizer quem é ela, mas admiro essa pessoa, por que ela está especialmente entrelaçada com a garota que está com você. Acho que o destino de ambas as duas coincidem.
-Ambas as duas? De quem você está falando?
-Bom, você não conhece a história de Amy Smith?
-Amy Smith, a prima da Saara?
Ele riu, concordando com a cabeça.
-Acho que a tragédia de amor irá se repetir.
Eu fiquei tenso, pois parecia que tudo estava se encaixando como um quebra cabeças, ele queria a mim, mas também conseguiria fácil fácil replicar o assassinato de 3 anos atrás de Amy e Alex, ou seja, o assassino que ele tanto admirava, dessa vez seria ele mesmo.
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