Capítulo 12 : Mal me Quer
Eu, rapidamente, enxuguei as minhas lágrimas, e o olhei, com os olhos um pouco vermelhos.
Ele riu.
- Está chorando pelo Aidan?
- Não, não senhor... Apenas entrou um cisco no meu olho.
- Nos dois? - Questionou ele.
Fiquei sem ter o que dizer.
E o mesmo riu novamente.
- Conhece o gênio forte do Aidan agora.
- Ele consegue machucar qualquer um com suas palavras... Além disso, ele ainda consegue fazer com que você se sinta culpado...
Eu apenas sorri fechada.
- Vocês terminaram?
- Não... Na verdade, nos ainda nem começamos.
- Sorte a sua. Isso pode ser um sinal, que se esse relacionamento acontecer, você irá se machucar muito mais.
- Tome a sua decisão com sabedoria. Afinal, eu não posso dizer o que você deve fazer.
- Não fique chorando por aí, isso faz mal para imagem de ferro que você tem.
- Tudo bem... - Sorri.
- Boa noite, moça. - Desejou ele.
- Boa noite, senhor Frankfurt.
Após, a nossa breve conversa, ele foi embora e eu prossegui para o meu quarto, fechando a porta em seguida.
Confesso que agora, estou um pouco confusa?
O Senhor Frankfurt, sempre aparentou ser tão mal e arrogante, mas depois dessa conversa, ele me pareceu muito mais atencioso, como se fosse um pai dando um conselho a filha...
E me pergunto, por que ele não pode ser assim com o Aidan?
Na manhã seguinte, eu ainda estava do mesmo jeito, triste e chorosa, passei o resto do dia trancado em um quarto, saindo apenas para comer, enquanto Joanna, me dava apenas informações vagas sobre o Aidan e sua febre que voltara logo de manhã.
E na mesma noite, eu comecei a sentir aquelas mesmas dores nas pernas, mas longe disso, elas haviam progredido entre a minha coluna e a minha medula espinhal, e aquela dor estava insuportável...
Eu já havia aplicado várias injeções de insulina, tomado qualquer tipo de remédio para dor, mas aquele sofrimento não passava, até chegar ao ponto de lágrimas escorrerem dos meus olhos...
Eu não aguentava me mexer, de tanta dor!
Meus pensamentos imploram para mim, gritar a Joanna por socorro!
No entanto, ela estava cuidando do Aidan, e eu não queria atrapalhar, afinal, isso já passa.
O Aidan, pode estar precisando de ajuda mais do que eu.
Coloquei vários travesseiros na cama, e deitei sobre eles, fechei os olhos, tentando esquecer aquela dor mesmo gemendo por dentro.
Até que, mesmo latejando, eu consegui relaxar, sentindo aquela dor insuportável ir embora.
Talvez seja melhor eu ir embora, deixar tudo isso para lá, e esquecer que um dia eu o conheci.
Eu já me desculpei, tentei conversar e dizer o que sinto... Mas nada adianta.
Não fomos feitos um para o outro... Talvez nossas vidas devem ser vividas separadamente, afinal, não somos compatíveis reciprocamente.
Ele não me ama e eu não amo...
E infelizmente, eu não sou tão corajosa assim, e prefiro me esconder ao invés de encarar os problemas, e muito menos sei até que ponto a raiva dele vai, e isso me assusta.
Porque se ele foi capaz de colocar fogo no jardim e no ateliê, o que mais ele poderia fazer para se vingar de mim?
Ele poderia colocar a vida de todos em risco de novo, por minha causa. . . E pelas palavras que eu não soube medir.
Os meus olhos lentamente se fecharam e eu dormi...
Inverno, de 2017
Havia se passado 2 dias, e Aidan ainda me evitava. E graças a esse dia, eu pude sair um pouco de casa devido a minha consulta ao fisioterapeuta.
Senhor Harrigan, fez questão de me levar até o consultório, já que o tempo estava frio, aponto de congelar os meus dedos das mãos.
O céu estava branco e pálido, a neve declinava, e o inverno se aproximava após o outono.
As folhas haviam desaparecido, as crianças brincavam de neve na rua, as aulas haviam sido suspensas temporariamente, os idosos se escondiam em casa, os bares estavam fechados, as lojas fechavam mais cedo, e os adultos, bem... Corriam apressados como de costume.
E digamos ser uma manhã digna de um cobertor e uma bela xícara de chocolate quente.
Chegando no centro de Northwest, Senhor Harrigan, ajudou-me a sair do carro, e rapidamente já estávamos no consultório aguardando sermos chamados.
E após alguns minutos, a enfermeira chamou.
- Senhorita Thomas, a doutora Kelly, a aguarda.
- Certo. Obrigada.
Dito isso, eu me despedi de senhor Harrigan, e entrei do consultório de atendimento.
Doutora Kelly, estava com o cabelo preso como de costume, o óculos seguro nas orelhas e com o seu belo jaleco branco, assentada a sua mesa de trabalho. Até que seus olhos se levantaram a mim, e um sorriso surgiu em seu rosto:
- Bom dia, senhorita Thomas, a quantos dias.
- Bom dia, doutora Kelly, realmente.
- A visita demorou essa semana. - Afirmou, me dando um abraço.
- Como vai à vida? - Perguntou ela, voltando ao computador.
- Na mesma, digamos assim.
Ela apertou os olhos.
- E a senhora?
- Melhor impossível. - Sorriu ela.
- Como está a senhora Elen, tem um bom tempo que não a vejo?
- Bem... Ela faleceu recentemente...
- Faleceu... - Repetiu ela surpresa.
- Sinto muito, ela era uma ótima vó. Pena, que eu não pude me despedir.
- Fomos duas, eu também não estava no momento em que isso aconteceu.
Sorrimos fechadas.
O clima tornou-se pesado após a notícia, e continuamos em silêncio, até que Kelly se manifestou:
- Bom, chega de notícias ruins, vamos falar sobre coisas boas!
- Me fale sobre os garotos, o romance, a vida pessoal? - Perguntou ela. - Já desencalhou?
- Bem, talvez... Mas não é nada certo.
Ela me entre olhou.
- Me conte tudo! Quem é esse garoto? Quantos anos ele tem? Mora aqui? É bonito?
- Bem, o nome dele é Aidan Frankfurt...-
Mas antes que eu terminasse, ela me interrompeu:
- Aidan Frankfurt! Você está namorando um dos Frankfurt!
- Eu não estou namorando ele, estamos tentando ser... Apenas amigos, entende.
- Para de me enrolar, menina. Isso era o que eu dizia para a minha mãe quando estava namorando algum rapaz.
- Você gosta dele, não é?
- Talvez, mas a nossa situação é complicada.
- Se eu continuar vou acabar atrapalhando o seu trabalho.
- Você tem razão, é melhor nos concentrarmos no seu tratamento. - Riu se levantando e preparando o leito.
E no mesmo instante, ela chamou a enfermeira que me ajudou a deitar.
Eu estava de bruços na cama, sentindo o cheiro de utensílios e do tecido hospitalar, enquanto doutora Kelly, massageava a minha coluna, e fazia alguns exercícios de levantamento em minhas pernas, um pouco rígidas.
- Sente dor nas pernas, coluna ou quadril?
- Sim. Dois dias atrás senti uma dor muito forte na região da coluna e das pernas, apliquei insulina e tomei alguns remédios, mas demorou fazer efeito.
- Entendo. Teremos que fazer uma ressonância. A enfermeira Risse, irá acompanhá-la.
Concordei e rapidamente, eles me levaram até uma sala, e colocaram-me dentro daquela cápsula enorme, era algo comum para mim, mas nunca, seria algo que eu poderia me acostumar, afinal, isso é a pior coisa do mundo.
Após os exames necessários, doutora Kelly reuniu os resultados, e eu retornei a sua sala.
- Bem, conforme os exames, e os tratamentos de hoje, podemos constatar que a bala está se movendo gradualmente dentro da sua medula espinhal, e por isso a dor constante que você sente.
- Achamos que seria arriscado tirá-la naquele momento por ser um tiro muito profundo que ultrapassou o tecido epitelial.
- Mas agora, acredito que seria uma boa oportunidade para uma cirurgia, não seria arriscada, já que a bala está muito mais visível agora.
- Além disso, você tem a possibilidade de voltar a andar novamente, porque as suas pernas querem se movimentar, mas estão ainda rígidas devido à bala ainda presa a você.
- O que você acha? Gostaria de tentar?
Pensei por alguns segundos, mas logo respondi:
- Sim, seria ótimo poder andar novamente. Afinal, eu não tenho nada a perder.
Sorrimos.
- Em breve você estará andando por aí, só não se esqueça que me visitar em.
- Pode deixar.
Após uma despedida calorosa, eu saí do consultório, e Senhor Harrigan me levou de volta a mansão.
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