𝑪𝑨𝑷𝑰́𝑻𝑼𝑳𝑶 7. O Raio Azul.
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NÃO sabia onde estava, muito menos o que estava acontecendo. Acordei gritando, aos prantos.
O som dos aparelhos hospitalares preenchia meus ouvidos. Aquele ritmo monótono de batimentos cardíacos ecoava ao meu redor, junto com vozes abafadas, distantes demais para entender direito.
— Tem certeza, Doutora? — uma voz masculina questionou, parecia alguém jovem.
Minha visão continuava embaçada, eu não consegui identificar quem estava falando, mas eu podia vê-los embaçados, turvos, olhando para mim. Suas vestimentas eram brancas e outros tons de azul claro, pareciam estar usando jalecos.
— É o melhor para ela — respondeu outra voz. Mesmo que essa fosse mais firme, talvez de uma pessoa não tão jovem, era uma feminina, mas com uma hesitação que eu não conseguia ignorar.
— Mesmo assim... não deveríamos contar a ela?
O silêncio que veio depois parecia pesar no ar. E depois de alguns minutos de silêncio, apenas com os sons dos meus batimentos cardíacos sendo registrados pelas máquinas da enfermagem, a mulher para a qual o garoto se referiu como doutora respondeu-o.
— Não. — A fala era tão firme quanto antes.
Mesmo com a visão turva, só então analisei o local. Não eram um espaço amplo, eu parecia estar dentro de algo, algo que se semelha com uma... cápsula.
O ambiente, diferentemente de onde Jef e Clint estavam, estava extremamente frio. Apenas notei isto quando não mais sentia meus dedos. Não consegui mexer a cabeça para olhar, mas podia deduzir que talvez estivessem roxos, e sem circulação sanguínea.
Tentei me mexer, qualquer parte do corpo, mas este não me respondia.
Era como se eu estivesse presa, paralisada. Queria gritar, pedir ajuda, mas nenhum som saía da minha boca. Ninguém podia me ouvir. Minhas mãos suavam, frias, e a respiração ficou ofegante. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, mas eu não conseguia fazer nada além de ficar ali, impotente.
De repente, a cápsula foi aberta e o clima ameno externo amenizou parte do frio estridente. No entanto, ao invés de me tirarem de lá, pude escutar o som da máquina de choque quebrando o silêncio.
Uma dor insuportável atravessou meu corpo, e eu gritei, mas não sei se alguém ouviu. O choque veio de novo, ainda mais forte.
— Doutora, tem certeza que...?
— Sim, Thomas. Eu tenho.
Thomas?!
Mas que porra está acontecendo!
Minha mente gritou o nome dele na esperança de que ele me tirasse de lá, me salvasse de tamanha dor. Mas, de novo, eu estava presa dentro do meu próprio corpo.
Mais uma onda de choque veio, foi o limite. O suficiente para que tudo apagasse. Outra vez.
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Ao acordar, tudo parecia diferente. Newt e Minho estavam ao meu lado, com rostos preocupados. Eles corriam para me ver.
— Você está acordada... Finalmente. — Newt disse, com alívio na voz. — Está se sentindo bem? Tonta? Com fome?
Minho interrompeu as perguntas de Newt, indo diretamente ao ponto ao se virar para mim. Mesmo desnorteada, pude ouvir as palavras claramente.
— Ayla, você dormiu por dois dias.
Meu coração ainda estava disparado, e as lágrimas voltaram sem eu conseguir controlá-las.
Tudo parecia tão estranho, tão fora do lugar. Meus pensamentos estavam embaralhados, e um desconforto crescia dentro de mim. Thomas também adentrou a enfermaria, que, desta vez era a de palha, madeira e grama.
Estranhando sua presença, observei-o e um sentimento ruim se enraizou no fundo do meu peito. Algo estava errado, mas eu não sabia o que era.
— Você está bem? — Thomas perguntou, a voz cheia de preocupação.
Eu não soube como reagir. Uma parte de mim queria confiar nele, mas algo estava me segurando. Não respondi. Apenas o encarei.
— Ayla? — ele insistiu.
Fiquei em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo. Seu olhar pesado estava sobre mim, esperando por uma resposta que eu não conseguia dar.
— Todos vimos o que aconteceu... — ele continuou.
Franzi a testa. O que ele estava dizendo? Virei-me para ele, confusa, e Thomas pareceu perceber.
— O-o raio... Você... você não se lembra? O raio azul. Você jogou Gally longe... — Ele gaguejava, como se nem ele acreditasse no que estava dizendo.
Ele, Newt e Minho trocaram olhares, estranhando meu comportamento.
Raio? Eu olhei para ele, ainda sem entender. Meus pensamentos estavam todos bagunçados, e Thomas pareceu notar.
— Ayla, ele saiu de você... Das suas mãos. Você realmente não se lembra de nada?
Tentei vasculhar minha mente, mas tudo o que encontrei foram fragmentos desconexos.
Lentamente, balancei a cabeça em negação. Eu não me lembrava de nada.
Thomas me olhou sem palavras. Ele trocou olhares com Newt, que parecia igualmente perdido.
— Ayla, você... — ele começou a falar, mas eu não consegui ouvir o resto.
Levantei-me antes que ele pudesse terminar, deixando os três para trás.
Por um momento, agradeci não estar tonta ao ponto de me desequilibrar no caminho como da última vez.
Fui direto para a cabana. Precisava de um tempo. Precisava de ar.
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Depois de algumas horas, decidi ir ao riacho. Precisava me lavar, um banho talvez me ajudasse a clarear a mente.
Caminhei até lá com passos pesados, minha cabeça ainda girando com tudo o que tinha acontecido. O riacho era meu refúgio. A água fria sempre me trazia um pouco de paz.
A precariedade do lugar me irritava devido ao fato de ser meio anti-higiênico banhar-se nas mesmas águas que todos, mas, naquele momento, a sujeira era o menor dos meus problemas.
Sentei-me na beira do riacho, tirando a blusa. Apenas com o sutiã cobrindo o meu tronco, comecei a lavar minha camiseta enquanto mergulhava as pernas na água.
O contato gelado com a água era um alívio para minha mente cansada, mas logo senti algo estranho, como se alguém estivesse me observando.
Eu já havia passado por muito hoje, e mais um mal pressentimento era uma das últimas coisas que eu iria querer por agora.
Ignorando o sentimento, então, olhei para meu reflexo na água, mas o que vi foi ainda mais perturbador.
Fragmentos de memória começaram a emergir. Não tudo de uma vez, mas pedaços soltos do que havia acontecido.
Lembrei-me dos olhares de Gally.
Da bebida dele.
E então, da luta.
...
A LUTA! É isso!
Mas por que eu não conseguia me lembrar do raio que Thomas falou?
A última coisa de que me lembro claramente foi Gally me empurrando para fora do círculo. E então... nada.
Meus pensamentos corriam desordenados. Cinco segundos, as regras, a dor de cabeça... Minha respiração ficou pesada naquele dia, e o mundo ao meu redor começou a girar. De repente, percebi que estava no chão, tentando entender o que havia acontecido.
E então... Minhas mãos. Elas começaram a aquecer... durante a luta.
Antes que eu pudesse sequer terminar de pensar, senti de novo. O calor. Não no ambiente, mas sim nas minhas palmas. Minhas mãos estavam aquecendo, e rapidamente olhei para elas. Estavam ficando azuladas, uma energia pulsante crescendo em meus dedos.
Olhei para as palmas, assustada. Virei-as para examinar as costas das mãos e a palma em seguida outra vez, e, no momento em que voltei a olhar para as costas...
Um raio de energia saiu das minhas mãos e atingiu a água.
— Caralho! — exclamo, assustada, quase me jogando para trás.
Eu não podia acreditar no que via.
— Mas que porra...?! — murmurei para mim mesma, o coração batendo forte, enquanto olhava para minhas mãos, sem entender nada do que estava acontecendo comigo.
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Estão confusos?
Pois bem, idem!🤭
Eu avisei que esses capítulos seriam o próprio caos...
Vᴏᴛᴏs ᴇ ᴄᴏᴍᴇɴᴛᴀ́ʀɪᴏs sᴇᴍᴘʀᴇ ʙᴇᴍ-ᴠɪɴᴅᴏs!
(Cʀɪ́ᴛɪᴄᴀs ᴄᴏɴsᴛʀᴜᴛɪᴠᴀs ɪɴᴄʟᴜɪ́ᴅᴀs!)
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