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𝑵𝒊𝒏𝒆𝒕𝒆𝒆𝒏

Um reggae inglês soava baixo pela área verde do jardim, e deitada em uma espreguiçadeira bebendo um pouco do suco de morango que Hinata fizera, [Nome] deixava que o gosto da fruta cobrisse a lembrança da cerveja.

A casa estava mais calma depois que a maioria das pessoas foram embora, e os que sobraram ficaram ao redor das mesas de churrasco jogando cartas.

— Onde está meu celular? — Akkun perguntou com a voz arrastada, bêbado demais para procurar sozinho, [Nome] tinha certeza que eles iriam dormir ali fora, deitados entres as latas vazias.

— Aqui. — Takuya o tirou o aparelho do bolso, o movimento fez a tatuagem no peito ficar mais aparente.

— Porra, esqueci minha senha.

O brilho da lua era um contraste com a massa de nuvens ao redor, e toda aquela mistura iria resultar em um amanhecer nublado.

Takemichi se aninhou mais na namorada, quase se entregando ao sono como um bebê.

— Você tem mais tatuagens? — virou na espreguiçadeira.

— Huhum, nos braços. — puxou as mangas da camisa azul que usava, as linhas geométricas circulavam os dois braços, até onde dava para ver, dois conjuntos em cada antebraço. — também tenho a do peito. Você tem alguma?

Afirmou com a cabeça, percebeu que ele ia falar algo, mas o nome que apareceu na tela a fez prestar mais atenção no celular.

— Hayato? — se levantou, lançando um olhar ao acastanhado enquanto ia em direção a cozinha, pulando alguns pés descalços e corpos apagados.

[Nome]? — a voz dele estava grogue, o modo como sua fala parecera ser uma pergunta mesmo ele tendo ligado a fez apertar o copo de vidro.

— O que aconteceu? — ele não ligava, até quando brigara com a mãe e Hiroshi, optou por conversar com Takemichi a tentar falar com ela.

Acho... Que eu estou bêbado. — piscou ao receber a informação, mesmo não sendo surpresa adolescentes se embebedarem, ela mesma era uma prova das coisas que faziam as escondidas.

— E?

Não sei...— ouve uma pausa, entretanto, diferente de mais cedo, essa a fez ficar mais alerta. — não sei como voltar.

— Em que lugar você está?

Um bar, grande... — ela xingou alto.

— Está sozinho? — a afirmativa veio longa e cansada. — fica na linha, entendeu?

Colocou a conversa no viva voz, se preparando para começar a rastrear a chamada quando uma localização chegou. Era um bar vinte minutos de carro dali.

Se virou a porta aberta, vendo Hinata andar lado a lado com o primo em direção a cozinha.

— Me empresta seu carro? — não queria ter que pedir algo que ele poderia usar a qualquer momento, mas demoraria para chamar um táxi.

— Claro, vou chamar o Sasumo...

— Não precisa, posso ir sozinha.

A chave do veículo logo estava nas mãos de [Nome], ficou um pouco aliviada em saber que os dois estavam indo dormir, as pessoas na grama também não iriam demorar para se entregarem ao cansaço.

— Está me escutando?

— Sim, sim! — as palavras vieram abruptas, entretanto, vieram.

— Estou chegando.

                                      ☾︎

As luzes em volta eram um borrão enquanto pisava no acelerador, virando rua por rua até o outro lado da cidade. Deixou que uma música tocasse pelo carro, mantendo a calma.

Duvidava que Mizuki soubesse daquilo, seria trágico para sua boa noite de sono ficar ciente da presença de Hayato em tal lugar.

Além de que ele estava sozinho, e era mais um motivo para fazê-la exceder o limite de velocidade.

Pegou um atalho, deslizando as rodas por um asfalto esburacado, contudo, era mais rápido e não havia tantos comércios ou câmeras de segurança.

Um movimento chamou a atenção de [Nome] pelo espelho retrovisor, um carro cinza escuro metros atrás dela. Voltou o olhar a rua, mudando a rota apenas um pouco, não sabendo se deveria dar ouvidos aos seus instintos de verificar com cuidado se estava sendo seguida ou seguir o mais rápido o caminho até o bar.

Os faróis estavam desligados, portanto não conseguia ver quem era daquele ângulo, e precisou apenas tentar levar o veículo para um lado da rua para escolher a primeira opção, porque ele também imitara o movimento.

Talvez quisesse que [Nome] percebesse, desde que não estava sendo sutil.

Então ela também decidiu não ser.

Sabia que aquelas ruas estavam interligadas com o galpão que encontrara Takemichi, qual tinha uma apla estrada sem casas, com árvores do outro lado, separadas da estrada apenas por um muro alto.

Virou cada rua, indo direta e calmamente para lá, observando cada movimento atrás de si, ainda sem ter um vislumbre de quem dirigia.

Chegara a última esquina segundos depois, esperando apenas que entrasse completamente naquela estrada para pisar no acelerador, com tamanha força que o pnel cantou no asfalto, dando um bom indicativo que o carro atrás também iria acelerar.

A volta que fez no meio da rua deixou marcas circulares no chão, então estava indo de encontro com ele. O veículo cinza surgiu sem demora, com uma velocidade quase comparável a dela, como se não quisesse a perder de vista.

Entretanto, [Nome] logo estava ali, ao lado da janela do motorista, olhando bem o rosto do homem japonês a apenas um metro de distância. Ele também a olhou, do mesmo modo que olhou a arma apontada para si.

Foi rápido demais, não passou de um piscar de olhos para que arma disparasse, para a bala encontrar seu destino no ombro dele.

Um grito saiu junto com o sangue, e precisou virar completamente o carro na rua para ver o exato momento que ele bateu no muro, a velocidade fora tanta que amassou toda a frente, quebrando o vidro completamente.

Fumaça começou a sair, e pôde ver o momento que ele se mexeu, atordoado pela rapidez com que tudo acontecera. Sua cabeça se virou até que a viu, descendo do carro.

O barulho da moto fez [Nome] se escorar na porta recém fechada, agachando sem saber por qual lado vinha. Veio rápido e barulhenta, o motorista usava um capacete preto completamente fechado, as luvas escuras uma extensão da jaqueta. Totalmente coberto.

Ele não iria atacar ela, percebeu ao vê-lo parar ao lado do carro destruído. Também não tivera nenhuma calma ao puxar o homem de dentro do carro, seu grito de dor chegou nitidamente até [Nome].

Sacou a arma novamente, a segunda bala passou por dentro do carro destruído e atingiu o antebraço direito do motoqueiro, passando de raspão pela têmpora do homem japonês. A cabeça coberta pelo capacete se virou, a viseira escondendo um rosto que ela adoraria conhecer.

Um brilho de fogo chamou a atenção dela, o motor roncou quando ela deu dois passos rápidos na direção do carro, tentando pegar visão o suficiente para acertar o pneu da moto.

O carro explodiu em seguida.

                                      ☾︎

Parecia desacordado, ou talvez tivesse aproveitado o apoio que o garçom magro e alto estava lhe dando para descansar. Fosse qualquer uma das alternativas, Hayato estava vestido, e não parecia ter nenhum machucado.

O que era uma dádiva, considerando seu amável temperamento e a forma como os motoqueiros encaravam os dois, sedentos pelo relógio brilhante em seu pulso, rodeando o pescoço do garoto que não parecia ter mais de vinte anos.

Estacionou o Mercedes Benz do primo poucos metros da entrada do bar, não perdendo tempo em procurar uma vaga no estacionamento. O garçom sorriu ao tentar se desenroscar de Hayato.

— Ah, a irmãzinha chegou. — o xingamento veio logo após sentir o apoio se esvair, [Nome] franziu as sobrancelhas, vendo que ele não ficaria em pé sozinho com tanta facilidade. — ele não deveria vir aqui... Desde jeito. — apontou para o relógio prateado.

— Foi você que me enviou a localização? — deduziu, segurando o irmão pela cintura, o braço caiu sobre seus ombros como uma luva.

— Claro, ele me deu uma bela gorjeta.

Não era obrigação dele levá-lo até o lado de fora, muito menos esperar que ela chegasse para ir embora. Maneou com a cabeça em agradecimento, recebendo um largo sorriso.

— Disponha, madame.

Voltou-se ao carro quando escutou um resmungo vir do irmão.

— Hã, para onde vamos?

— Para sua casa. — respondeu, não foi difícil colocá-lo sentado no banco do passageiro, mas sentiu que seria fazer com que ficasse quieto.

— Não quero ir! — tentou se levantar, acabando por bater a cabeça no teto do carro, uma série de xingamentos saiu de sua boca, claro, todos embolados e alguns sem qualquer sentido, e mesmo que estivesse achando engraçado, odiaria ter que lidar com um bêbado rabugento.

— Escuta, foi você que me chamou, então vamos tentar fazer do meu jeito. — ele encolheu os ombros, exatamente como uma criança que levava bronca.

Fez com que o cinto de segurança passasse por seu corpo, fechando a porta após escutar o click. [Nome] abriu as duas janelas, inclinando o assento dele para trás, apenas o suficiente para que conseguisse dormir se quisesse.

Começou a dirigir calada, sabendo que não tinha muito o que conversar com um adolescente embriagado, e fazia outra questão se levantar na cabeça dela. O que ele fazia em um lugar daqueles? Não era ingênua de pensar que Hayato não bebia, tinha quinze anos de curiosidades que queria saciar.

Entretanto, duvidava que uma delas fosse ir a um bar que fugia dos padrões de sua família e beber até esquecer o nome.

— Não me leva para casa. — pediu com a voz rouca.

— Por quê? — virou uma rua, ouvindo um xingamento pelo carro ter balançado.

— A... Por vários motivos, só não me leve, por favor.

Não desviou o olhar da rua, batendo a unha no volante ao perceber que a frente havia um semáforo. Era perigoso voltar pela mesma rota que fora, porque agora não estava sozinha, e seria trabalhoso se voltassem a segui-la.

Ir pela avenida era a decisão mais segura pelo bem do irmão, mesmo que parar nas placas a irritasse profundamente.

Um ronco a fez franzir as sobrancelhas, Hayato dormia com a cabeça jogada para trás. Ela apoiou a cabeça na palma da mão, fazendo a mente trabalhar enquanto voltava a dirigir.

Estava no carro de Takemichi, não seria difícil a confundirem com ele, ou talvez estivessem mesmo atrás dela. Mas se esse fosse o caso, como saberiam que [Nome] iria sair?

A única resposta que achara era que estavam de tocaia, esperando apenas uma oportunidade. Um suspiro de irritação soou no carro, se lembrando da divertidíssima festa que Takemichi orquestrara.

Eles poderiam estar ao redor da casa. Esperando a mais mínima brecha.

Voltou a dirigir, seria realmente melhor levar Hayato para outro lugar que não fosse sua casa, estavam no meio da madrugada, e não era uma decisão muito sabia deixá-lo bêbado sob os cuidados de Mizuki.

                                      ☾︎

Foi surpreendente fácil levá-lo para a cama.

Achou que o irmão fosse o típico bêbado que iria se debater e tentar se livrar dela, contudo, ele apenas fechou os olhos durante todo o processo de troca de roupa, esperando que acabasse para desabar na cama e dormir.

[Nome] acendeu um cigarro, se escorando na janela do quarto, pensando sobre o quê iria fazer sobre a perseguição. Contar para Takemichi deveria ser uma opção, mas a possibilidade de nada daquilo o envolver também a atingiu.

Fechou os olhos, cada variável se tornando uma possível e irritante realidade.

Hayato se moveu, sua expressão se transformando em uma careta nada agradável. Aproximou-se da cama no mesmo instante que ele se levantou em um solavanco, encarando [Nome] tal como um fantasma.

O acompanhou até o banheiro rapidamente, segurando os fios negros para trás assim que ele desabou sobre o vaso de cerâmica. Deslizou a outra mão até às costas dele, cobertas por uma de suas camisas decoradas, fazendo um gesto calmo, mesmo que ele fechasse os olhos como se quisesse morrer.

O punho dele se fechou com força, ela tinha certeza que sua garganta estava doendo. Ficou ali durante todo o tempo, franzindo o cenho junto com o irmão, esperando que acabasse.

                                     ☾︎


Cambaleando, Hayato saiu do banheiro, com os cabelos molhados e a vista baixa. Não olhou na direção da irmã enquanto literalmente se jogava na cama, apertando o travesseiro, em uma falha tentativa de fazer a dor de cabeça passar.

— Aqui, vai ajudar. — [Nome] o chamou com um comprimido em uma mão e um copo de água em outro.

Os músculos doeram ao se mexer, e apenas o movimento de ingerir o medicamento ardeu a boca.

Foi a única coisa que fez antes de apagar.

                                      ☾︎

— Acordou, princesa? — a atenção do irmão saiu do teto branco para ir a ela, que tinha um sorriso sem mostrar dentes.

— Por Deus, que claridade. — se virou com a finalidade de fugir do sol. — que horas são?

— 12:56. — abraçou os joelhos, apenas para ter algum lugar para apoiar o rosto. — ainda está com dor de cabeça?

— Menos do que eu achei que estaria.

— Primeira ressaca? — ele bufou irritado com a provocação, afirmando contra a vontade.

[Nome] ficou em silêncio, esperando que Hayato se acostumasse com as consequências de beber tanto a ponto de apagar. Observou o rosto dele, da última vez que o vira, cinco anos antes, bochechas gordinhas contornavam seu sorriso, um tão largo quanto alguém poderia conseguir.

Naquele momento, ele parecia pálido, e não era porque seu corpo pediu por um descanso depois de abusar tanto do álcool.

Percebeu aquilo desde que o viu na cozinha, mesmo com a pouca iluminação.

Os olhos verdes dele — cortesia de sua mãe — estavam cansados e abatidos, e pelos céus, Hayato se parecia tanto com Hiroshi que mesmo se não os conhecesse diria que eram parentes.

Ele era a junção perfeita dos dois.

— Vou descer, pode voltar a dormir. — calçou umas pantufas cor de creme, colocando o celular no bolso do moletom.

— Espera aí, em que lugar eu estou?

— Na casa do Take. — Hayato se sentou na cama, o semblante mais azedo do que quando estava de joelhos no banheiro. — o quê? Queria estar dormindo na sua cama? Com Mizuki no seu pé o tempo todo?

Ele desviou o olhar, e soube que concordava com ela. [Nome] se encostou na porta, o observando pegar um de seus laços de cabelo sobre a mesinha e prender os próprios fios.

— Por que não queria ir para sua casa?

— Você acabou de responder essa pergunta.

Considerou uma boa resposta, claro, se ela estivesse bêbada iria preferir dormir na rua ao voltar e encontrar a mãe, entretanto, Hayato deveria ter um tratamento diferente.

— E por que decidiu ir ao bar? — talvez fosse muito cedo para perguntar, mas...

— Precisava beber um pouco. Sozinho. — esfregou os olhos, um aperto passou pelo peito dela ao reconhecer o brilho de amargura nos olhos do irmão. — feche a porta quando sair, por favor. — virou-se na cama, dando as costas para ela.

Tantas coisas poderiam ocasionar aquilo, tantas situações e emoções poderiam passar por sua mente.

Um nó formou-se na garganta dela ao abrir a porta, saindo do quarto com a lateral da cabeça martelando, sem saber se era o certo deixar aquela noite passar em branco.

Começava daquele modo. Você tinha um problema, e bebia um pouco, apenas para clarear a mente, acalmar os nervos. Te deixar tranquilo nem que fosse por apenas minutos. Então, outro problema surgia, e resolve voltar-se ao que foi sua âncora racional da última vez.

Dia após dia. Problema após problema. Enxergava o álcool como uma saída, um lampejo de paz na loucura que estava sendo a vida.

A paz se tornava pouca depois de um tempo, uma garrafa se transformava em um baseado e quando dava-se por si, se via em um labirinto tão difícil de escapar que até o vislumbre de seu final havia desaparecido.

Sem saída.

Imaginar Hayato entrando em uma situação parecida apertou seu coração, mas também trouxe um pingo de racionalidade a sua mente.

Iria conversar francamente com ele depois, foda-se se estava sendo aquelas irmãs que achavam que sabiam de tudo, mas era diferente, tinha certeza que a vida dele seria um inferno se a situação se agravasse.

E, se tivesse um meio de evitar, faria o possível.

[Nome] passou a mão pelo cabelo, seguindo até o quarto de Take para dizer que Hayato estava ali, entretanto, se perdeu no pensamento ao ver Chifuyu encostado na porta do quarto dele.

— Acha que isso vai virar um problemão? — o primo apareceu, saindo do cômodo com um pijama azul claro.

— Acho. — cruzou os braços. — Hakkai retirou o carro da estrada antes que os policiais aparecessem.

— Então deve— parou ao notar a presença de [Nome], franzindo o cenho com um sorriso amarelo. — o que está fazendo aqui?

— Vim falar com você sobre uma coisa, mas parece estar ocupado. — disse com calma, sabendo como sua reação seria se somente lhe jogasse o acontecimento. — boa tarde.

— Boa tarde, [Nome].

— Boa tarde... Você escutou?

— Uhum. — deu de ombros. — então a polícia não chegou a ver o carro?

— Não. — falou desconfiado, talvez por ela ter falado em um tom de propriedade que não deveria existir. — por que quer saber?

— Por que fui eu que o fiz perder o controle e bater no muro. — viu os olhos azuis do primo se arregalaram, parecendo tentar entender direito a situação.

— Como assim você fez aquilo? — Chifuyu indagou.

Aquilo não, eu só o fiz bater no muro, ele que decidiu fazer um espetáculo e explodir o carro. — cruzou os braços, esperando que o primo recordasse de como se falava.

— Por quê? — o fio de voz estava quase trêmulo, ela firmou o olhar, sabendo que se sua reação havia ficado daquele modo por um simples carro...

— Ele estava me seguindo, aconteceu a poucas ruas daqui. — disse, os dois se encararam por um segundo. — o quê? Queriam que eu esperasse ele atirar no seu pneu?

— Não, mas mesmo assim não nos deixa em uma situação favorável. — Chifuyu falou sério.

— Vocês poderiam ver se conseguem achar um membro da Toman com ferimento no antebraço direito?

— Você conseguiu marcar ele? — indagou confuso.

— Não, mas o motoqueiro que o ajudou a sair do carro sim.

— Ah, Saiko estava inteiro quando recebemos a ligação de Angry. — ele disse a Takemichi, que apenas escutava calado.

— O nome dele é Saiko?

— Sim, ele afirmou que foi atacado enquanto atravessava a área de Takemichi, Kisaki quis tomar a frente do caso.

— E o que Kisaki tem haver com isso? — cruzou os braços, se recusando a olhar a face do primo.

— Aquele carro é um dos veículos que Saiko usa, ele saiu recentemente da cadeia e foi colocado na divisão do Kisaki como interlocutor entre a Toman e os presidiários. — explicou, [Nome] acenou. — mas não fui informado que tinha um motoqueiro, achei que ele tivesse fugido sozinho.

— Ele não conseguiria, o impacto que sofreu não deixaria. — e ela também não. — não foi uma situação que armaram para me fazer sair, acho que estão de tocaia por aqui.

— É possível... Pelo menos não foi algo que começamos, vai ser melhor para a gente. — olhou Takemichi.

— Já é alguma coisa. — o primo finalmente falara, [Nome] descruzou os braços, querendo sair dali o quanto antes.

— Se vierem saber o que aconteceu, mandem me procurar. — deu as costas, bastava ter que ver o desânimo no olhar de Hayato, não ficaria para presenciar o desapontamento de Takemichi.

— Dessa vez, acho melhor você deixar isso nas nossas mãos. — a fala do Matsuno a fez se virar, as emoções retumbando dentro dela.

— Por quê?

— Porque não temos um bom relacionamento com Kisaki, e ele vai querer que o Mikey dê permissão para resolver isso do modo dele.

— Posso dizer que eles te confundiram comigo, e acho mais seguro não tocarmos mais nesse assunto.

O tom do primo soara como se ela não tivesse opções de escolha, e aquela altura, [Nome] não sabia mais distinguir o que se passava na sua cabeça, o que sentia ou o que faria.

— Foi algo que eu fiz, não vou jogar nos ombros de vocês, além de que Saiko viu que fui eu, e se quiser pode dizer a qualquer um. Não vai ser nada bom se souberem que estão tentando me acobertar.

— Isso não é brincade—

— Hayato está dormindo no meu quarto. — o cortou. — ele bebeu demais na madrugada e passou a noite aqui, vim aqui te dizer isso.

Takemichi abriu a boca, mas nenhuma resposta veio, então apenas deu as costas aos dois e seguiu até às escadas. Passou a mão pelos cabelos, deixando que o som da TV ficasse mais alto na própria cabeça, além dos pensamentos.

Descendo as escadas até a sala, ouviu a risada de Hinata antes de ver os cabelos escuros e bagunçados do irmão, sentado ao lado dela no sofá.

— O papo parece estar bom. — brincou, se acomodando no outro sofá.

— Não sabia que seu irmão estava aqui, [Nome].

— Ah, ele acabou dormindo aqui, mas acho que ele já te disse.

— Disse sim. — riu, passando a pipoca para ele, [Nome] duvidava que ele havia contado tudo. — a família do Takemichi parece ser maior do que eu pensava.

Viu Hayato desviar o olhar para a televisão, Hina não perceberia, mas era algo que acontecia com frequência quando Mizuki o impedia de brincar ou falar com Take.

Aquela parede que a mãe obrigou a crescer entre os dois acabou gerando uma antipatia e rancor por parte dele.

— Achei que fosse dormir.

— Eu ia, mas mudei de ideia e vim te procurar.

— Aí como não achou, desistiu? — riu, ele fez uma careta. — Que filme é esse? — indagou, Hina respondeu:

— É de fantasma, mas acho que até uma criança iria achar esse filme chato. Culpe Takemichi, que não queria assistir nada muito forte.

— Ele foi um fracasso de bilheteria, mesmo esse diretor tendo tantos filmes bons. — Hay disse.

Nenhum dos dois prestavam realmente atenção ao filme enquanto Hinata perguntava qual era o melhor e o irmão ditava o contexto. Ao menos uma coisa estava dando certo e ele tinha se dado bem com ela, era um começo.

— Não acredito que continuou o filme sem mim. — Takemichi apareceu na sala, pegando seu lugar do outro lado da namorada. — e por que apagou as luzes?

— Assistir filme de terror no claro não tem graça. — retrucou, balançando o pote vazio de pipoca. — vou ir pegar mais.

— Eu ajudo. — Chifuyu se dispôs, sequer chegando a se sentar.

— E então, está melhor? — o loiro perguntou, mas Hayato deu um daqueles sorrisos de adolescente rebelde.

— Como você tem uma namorada? E uma tão legal?

— Pelo visto, está bem sim. — cruzou os braços, um pouco contrariado pela fala.

— Eu melhoro rápido. — deu de ombros, se inclinando para o lado contrário de Takemichi.

Quando Hinata e Chifuyu voltaram, cada um com uma vasilha cheia de pipoca e duas garrafinhas de sucos naturais — qual foram comprados pela acastanhada — começou uma discussão quanto ao filme.

— É apenas um filme. — o Matsuno tentou mais uma vez o convencer, [Nome] afirmou com a cabeça, a boca ocupada bebendo do suco.

— Eu sabia que você era mole, mas não tanto. — Hayato falou, aproveitando que todos estavam falando alguma coisa para mudar a ideia de Takemichi.

— Vocês que são esquisitos por gostarem de ver monstros matando pessoas.

— Está de dia, até a noite você já esqueceu. — Hinata disse, um pouco mais sem paciência do que quando a conversa começou.

Pegou a vasilha das mãos de Chifuyu — que estava sentado ao seu lado —, o casaco dele estava jogado no braço do sofá, mostrando sua camisa azul marinho.

— A comida vai acabar e vocês não decidiram ainda.

— Já disse, por mim, colocamos um melhor. — o irmão opinou.

— Eu também não quero assistir esse, é ruim. — o loiro ao lado dela cruzou as pernas.

— Se for para assistir um filme de terror, que seja bom. — disse dirigindo o olhar ao primo.

— Isso é pura pressão! — suspirou emburrado. — fazer o que, não é? Vamos trocar.

Uma série de murmurinhos de aprovação soaram pela sala, Hinata comandava o controle, deixando que a introdução de um filme sobre uma casa abandonada e um serial killer passasse na tela.

[Nome] se acomodou mais no seu lado do sofá, aquele momento era estranho. Na madrugada, havia presenciado um carro explodir e buscado o irmão mais novo em um bar de segunda, depois veio a conversa com Takemichi e a tensão que ficara entre os dois depois.

Agora, estava sentada com ambos assistindo um filme de terror com Chifuyu e Hinata, como se nada daquilo tivesse realmente acontecido.

Minutos depois o sangue e os sustos rolavam pela sala, arrancando boas caretas de Hanagaki e algumas risadas de Hinata. Matsuno era o que mais prestava atenção, comendo as pipocas com os olhos brilhando de curiosidade, tentando descobrir o final a cada novo minuto e os compartilhando com [Nome].

Hayato havia dormido, a respiração tão pesada quanto os personagens que morriam na tela.

Ela franziu a testa ao ouvir Chifuyu dizer que o assassino provavelmente era filho da senhora que aparecera no começo, rindo baixo de sua criatividade.

[Nome] pensou se teria outro momento como aquele de novo.

                                       ☾︎

— Ah, meu celular descarregou. — xingou em seguida, colocando o aparelho dentro do moletom que vestia. — o que está olhando?

— Ok, tudo bem ir em um bar de motoqueiros com um relógio que vale um carro, erro de principiante, mas de moletom? — balançou a cabeça, quase que decepcionada.

— Olha, lá não foi minha primeira opção. — cruzou os braços, espiando pelo espelho a própria roupa. — mas achei desnecessário procurar outro lugar quando vi que eu só precisava mostrar uma nota para conseguir beber em paz.

— Pensei que seu estilo fosse mais um vinho seco, ou espumante.

— Depois dessa, vai ser, nunca pensei que beberia tanta porcaria na minha vida.

Não precisaria de detalhes para saber o gosto que bebidas de bares como aquele tinha, a ânsia que sentia no dia seguinte após poucas doses não fora totalmente esquecida.

Voltou ao quarto, o deixando ficar se paparicando no espelho. Pegou o celular verificando a hora, faltava quinze minutos para que desse o horário de sua saída do colégio.

— Aliás, aonde Mizuki pensa que você está?  O motorista não vai te pegar no portão? — indagou, ele terminou de calçar o tênis.

— Na escola. E eu passei a noite na casa de um amigo, terminando de fazer um trabalho super difícil. Vou ter que passar na casa dele para pegar minhas coisas, quanto ao motorista, quando durmo fora, chamo um carro. — encarou o chão cinza claro antes de passar a mão pelo rosto.

Murmurou uma confirmação. O irmão passou os olhos pelo quarto uma última vez, se virando a [Nome] com um nervosismo palpável.

— Espera aí. — apoiou a mão na soleira da porta, impedindo que passasse por ela. — não pense que só porque eu estou boazinha e amável você vai se safar dessa ileso.

— O quê? — as revoltantes iris verdes pulsaram em irritação, se contendo ao vê-la sorrir de lado, prevendo o assunto.

O quê que você só tem quinze anos, e eu achei um pouco problemático você falar que precisava beber. — um suspiro quis sair por sua garganta, pelos céus, nunca precisou repreender um adolescente para saber o que falar.

— Você acha que eu não pensei, não é? Que eu simplesmente cheguei em casa cansado da minha rotina de riquinho e quis dar movimento as coisas.

— Se eu pensasse isso, não teria saído de madrugada para ir até aquele bar. — recebeu um trincar de dentes de Hayato.

— Você ficou longe de mim durante anos, não sabe se eu sou ou não problemático.

O suspiro saiu por seus lábios, definhando como uma linha, passando por uma respiração calma que não tinha. Realmente escolhera as palavras erradas.

Hayato ligou porque confiava nela de alguma forma. E era aquela confiança que queria cultivar.

— Eu estar presente ou não não é o foco do que eu queria falar. — passou a mão pelo cabelo, em uma forma de tentar parecer despreocupada.

— É, eu sei que o que eu fiz foi estúpido e eu não vou fazer de novo.

Aquele clima que se instalou não era o que esperava quando resolveu tentar falar com ele. Era sufocante, na verdade.

— Não quis te acusar de nada, Hayato. — procurou novamente no seu extenso vocabulário as palavras certas, palavras que não deixaria o abismo entre os dois ficar maior e mais fundo. — só não se esqueça que eu sou sua irmã, e que dá próxima vez que estiver com um problema, basta me ligar.

Hayato não respondeu. [Nome] poderia não saber começar uma conversa sentimental, mas sabia acabar com elas. Desceu as escadas e saiu da casa na frente, esperando o irmão entrar no carro com seus passos arrastados. Talvez ainda pela ressaca ou pela conversa animadora que tiveram.

Manobrou o veículo em silêncio, pegando o irmão olhando-a pelo cantinho de olho.

— Pode me levar na casa de Yuri, ele deve chegar da escola daqui a pouco.

Acenou com a cabeça, virando em direção a bela mansão de um dos amigos dele.

— O mesmo endereço?

— Sim.

Recordava-se do lugar com pouca nitidez, os pais de Yuri eram íntimos de Hiroshi e Mizuki, alguma merda burocrática sobre uma empresa que faziam parte. Hayato ia lá as vezes, e também era o único amigo dele que o visitava com frequência.

A vantagem do trânsito não estar ruim foi um alívio para ela, assim como a facilidade de entrar na casa, desde que Hayato apenas precisou dizer um sou eu no interfone para abrirem os portões.

Ele tirou o cinto de segurança assim que o carro parou em frente as portas, lançando um olhar a [Nome].

— Não vou demorar.

Saiu com rapidez, a porta foi aberta pela empregada e fechada por ela com a mesma graciosidade, deixando-a com a vista da fonte no meio do jardim e alguns poucos canteiros de flores.

— Olha quem eu encontrei aqui. — a claridade foi parcialmente cortada pela pessoa encostada na janela aberta, com um sorriso falso de orelha a orelha. — não vai falar comigo?

— Não ia, mas não posso ignorar uma fã querendo um autógrafo.

A expressão de Yoko murchou até suas sobrancelhas estarem juntas.

— Tão irritante quanto eu me lembro.

— Fico feliz em não decepcionar.

Ela ainda tinha o rosto jovial para uma jovem beirando os quinze ou dezesseis anos, os cabelos castanhos caíam por seus ombros, era algo que gostava em si mesma, que se gabava, ter sua aparência dentro dos padrões femininos o máximo possível.

Yoko usava aquilo como pretexto para irritar e azucrinar garotas que ela julgava esquisitas. Aquele comportamento sempre incomodou [Nome], e desde que dissera aquilo a garota uma inimizade infantil se apossou de Yoko.

— Coitado do Yuri, algum trabalho está prendendo você e ele?

— Não, sua tonta, eu sou amiga dele. — enrolou uma mecha do cabelo no dedo, um sorriso venenoso se abrindo em sua face. — assim como eu sou do seu irmão, ele é mais doce que você, sabe.

— Ah, eu sabia que Hayato estava se envolvendo com coisa errada, talvez uma terapia o ajude. — Yoko fervilhou.

— Vim avisar para mandar a estúpida da sua amiga ficar longe do meu irmão, ou ela vai ver do que eu sou capaz.

E o motivo de sua presença ser mais insuportável para [Nome]: ser irmã de Yoshida.

— Você já é bem grandinha, ainda não deixou de lado essas manias de criança?

Hayato surgiu através da porta, andando devagar e concentrado em algo que Yuri contava. [Nome] ligou o carro, pisando no acelerador o suficiente para que fizesse Yoko se afastar da janela.

— Mande minhas lembranças ao seu irmão por mim.

Ela trincou o maxilar marchando de volta para a casa, não evitando trombar o ombro em Yuri no processo.

— O quê você fez? — o irmão indagou baixo, ela deu de ombros.

— Eai, Yuri. — disse, ele ainda parecia atordoado com a forma que Yoko havia ignorado os dois.

— Eai, [Nome], tudo bem?

— Huhum, vocês que não devem estar. — aparentemente, apenas Hayato entendeu o que ela quis dizer, então desconversou.

— Nós já vamos, pode me mandar o trabalho não é?

— Eu sabia que você estava animado com a volta da sua irmã, mas nunca te vi com essa pressa toda.

Foi inevitável deixar que um pouco da satisfação que tomou o peito de [Nome] transparecesse em seu sorriso. As bochechas do irmão pegaram cor, deixando de lado a palidez da ressaca.

— Vou esperar minha parte.

Deu a volta no carro, jogando a bolsa preta tradicional do colégio sobre as pernas. Ela piscou um olho a Yuri.

— Foi bom te ver. — ele disse.

— Igualmente.

Deu a volta no jardim da frente, os portões foram abertos sem nenhum comando deles. Hayato começou a arrumar as mangas do uniforme branco, e só então ela percebeu que ele havia trocado.

— Yuri sabe?

— Não, apenas que eu precisava que ele me cobrisse uma noite, e como ele me devia, foi fácil.

— Hum.

O caminho voltou a ser silencioso, a perna do irmão balançava a todo momento.

— Eu tenho uma tarde livre.

— Como?

— Uma tarde livre. Você queria conversar comigo, não queira? Eu... Não tenho aulas extracurriculares amanhã.

— Ah. — o meio suspirou escapou, com tudo o que acontecera durante a madrugada e o dia, não se lembrara de que pediu para conversar com ele.

— E então? Marcado para amanhã? — ele indagou, virando de lado com tanta expectativa que alguma parte de [Nome] chiou com a visão, com seus olhos verdes brilhando.

— Okay, marcado para amanhã.

Foi com aquele pesar ainda fazendo barulho dentro de si que confirmou. Hayato pulou para a calçada com uma expressão quase feliz, mas não esboçava nenhum sorriso.

Soube que estava contente porque havia escondido as mãos nervosas nos bolsos da calça, os cantos dos lábios tremendo em antecipação, como fazia quando não queria demostrar que estava ansioso.

O sentimento ainda estava presente quando entrou no banheiro do quarto, quando pegou os remédios que comprara no dia anterior e os jogara fora.

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