CAPÍTULO XXVIII
†
A matina havia começado com as colinas um pouco vista. O dia gélido havia começado lá fora. O sol não apareceu, mas se escondia entre poucas nuvens, e a neve ainda estava lá. Christopher não dormiu a madrugada toda, observou o sono de Soyoung, esteve pensativo sobre a felicidade de Soyoung. Ele não ousou tocá-la para fazer carinho, apenas observou seu rosto solene dormir profundamente, durante a madrugada percebeu que ela se contorcia e a acalentava sem que a mesma acordasse.
O algodão macio dos lençóis percorria, Soyoung abriu os olhos vagarosamente, fitou a silhueta que lhe encarava de forma não assustadora e nem stalker. Ela se esquivou ficando sentada, cobrindo-se com os olhos espantados, respirou fundo e desviou o olhar ao procurar algo de suas vestes, mas lembrou-se da noite que usava apenas uma toalha de corpo. Envergonhou-se.
Christopher riu soprado, sua mão segurou a mão dela, ela estava quente. Seu corpo todo estava. Ela piscou vagarosamente e o fitou, sua cabeça tombou de lado e franziu o cenho.
- Hoje é 24! - Ela o alertou. - Você precisa urgentemente sair, é a passeata de véspera de natal, Christopher!
- Passeata? - Ele sentou-se e a encarou mais ainda. - Do que está falando?
- Hoje é véspera, é quando todos os Capo saem em missão de paz, desejando a todos boas festas e fazendo doação de dinheiro inquestionável. - Soyoung o explicou. Estava tão atordoada que ficou de pé arrastando os lençóis e agarrando-os para si. - Fuck! Christopher, o que está fazendo? Levante-se!
- Fica tranquila. - Ele a puxou para perto. Tocou o seu rosto e dedilhou de forma suave. - Ainda está cedo. É cinco da matina.
Soyoung suspirou pesadamente, após a noite passada, não havia ficado um clima estranho. Ela não ligava. Não havia coração acelerado e muito menos nervosa diante dele. Apenas confusa.
- Então... sobre ontem... - Christopher iniciou o assunto na qual ele tanto queria ter com ela. - O que quer decidir?
- Decidir o quê? - Soyoung respondeu direta e sem parecer rude. - Não temos o que decidir, fizemos sexo, e não planejando nos casar e ter filhos.
- Ah... eu pensei que... - Christopher gaguejou, e logo foi interrompido.
- O que você pensou? - Ela o questionou e não deixou-o responder. Soyoung não estava brava, ao contrário disto, ela apenas ficou confusa e sem saber reagir naquele momento. - Você precisa estar ciente que o ocorrido nessa madrugada não foi um erro. Eu admito que não foi. Mas eu não vou corresponder o que você sente!
- Por mais que eu vá tentar? - Ele indagou ressentido com a situação. - Apenas me diga o porquê.
Soyoung sentou-se na cama novamente. Seu olhar fixou o vazio branco existente, suspirou pesadamente sem dar o ar melancólico. Não queria demonstrar isso.
- Eu gosto de manter profissionalismo. Eu sempre estive nessa casa à trabalho. O seu pai me contratou por que você estava afundando a reputação dele com tráfico humano e de drogas, em troca, eu não prenderia ele. E sim você. - Ela proferiu, parecia estar em sua sentença, mas ela havia admitido. - Você tem ideia quantas vezes eu falhei? Eu falhei como filha, irmã, e por fim, falhei como uma profissional que jurou diante de milhares de militares que colocaria pessoas como você na cadeia, apodrecendo dentro de uma caixa metálica sem visitas.
A garota não sentiu que havia passado da linha do limite de vida. Quando se pensa em algo que represente essa situação verdadeiramente, não há alternativa. Quando Soyoung olha para chrir, ela penso o que vaga pela sua mente brilhante de criminoso, analisa o rosto do homem, na qual naquele momento ela decidiu esperar por uma resposta. O seu rosto típico de um italiano-asiatico vindo de qualquer lugar da Europa ou Ásia se encaixava perfeitamente em algo que ela não saberia explicar.
"O que havia na minha cabeça?", Soyoung pensou.
- Eu não devia ter falado isso. - Ela sussurrou, pôs a mão na testa ainda segurando aquele lençol. - Eu acho que eu não deveria ter aceitado isso tudo.
- Se quer me colocar na cadeia, tudo bem. Você tem tudo em mãos. - Disse ele. Christopher não estava blefando, mas não mentia sobre a verdade. - Mas eu peço que você não esteja lá quando me prenderem. Por que eu sinto que vou te odiar tanto. Vou te odiar por ter sido profissional demais e ter deixado que eu ficasse obcecado por você.
- Então esse vai ser o nosso acordo? - Ela o questionou e viu o rosto do rapaz assentir. - Tudo bem, eu aceito.
(...)
A passeata entre os chefes de família da máfia italiana caminhavam pelas ruas italianas com o apoio de igrejas, os presentes a serem entregues era rolinhos pesados de dinheiro e grande quantidade de alimento para as festas de finais de ano. O único mês que as pessoas de baixa renda e mediana adoravam, o mês de dezembro considerado por um mês de fartura para eles.
Dirigíveis de modelos antigos da década de 60 passavam com cada um dentro, o que tivesse mais lucro e poder ficasse a frente. E assim por diante. Era quase um pódio onde classificava os melhores. E desde a morte de Alejandro Villanueva, o pódio havia ficado para os Villanueva. Para Soyoung era preocupante, não confia nos Belova, Markoff's, Di Salvatori e os Matarazzo. Esses sobrenomes não eram comuns, mas atraiam conflitos entre si. Mesmo após o casamento repentino, Selina não havia ficado com os Villanueva, e sim pertencente a sua família ambiciosa, mas Soyoung tinha o seu lugar. O que incomodava o pai de Selina.
No final daquela manhã, todos os homens iriam se reunir no Hotel Lily Plaza, porém Christopher não iria permitir que barrassem Soyoung. A mesma que tanto tentou por Alejandro Villanueva. A mesa larga em linha reta acomodava homens e Soyoung, a única mulher que aqueles velhos consideram uma parasita no mundo deles.
O teto totalmente por vidro e algumas plantas passavam por cima, mas era perceptível a visão do céu a fora. Soyoung sentiu um arrepio percorrer, ela encarou Christopher e o cutucou levemente para chamar sua atenção.
- Tem algo de errado. - Ela sussurrou baixinho e discreta. Logo ela apontou para as mãos que segurava o celular.
"O pai de Selina está incomodado e falando muito com o consigliere dele. Ele vai aprontar, Christopher."
Christopher encarou a mensagem e assentiu com o rosto, seu olhar seguiu até o "sogro" e percebeu a bendita descrição da garota. Todos ali conversavam, mas o Salvatori estava isolado com o consigliere, até que um barulho do lado de fora foi escutado por todos ali. Soyoung ficou de pé, encarou o veículo aéreo sobrevoar ao redor do hotel, então ela se distanciou e franziu o cenho, aproximou-se de Christopher o puxando pelo colarinho. Quando em seguida, tiros vinham do helicóptero, atingindo na direção da vidraçaria e quebrando, não só atingindo aquele material como pessoas que estavam ali.
Os primeiros a serem atingidos foram os Matarazzo, o desespero percorreu em todos, a porta foi trancafiada e todos ali gritavam. Soyoung era mais esperta, procurou pontos cegos na qual o helicóptero não iria captar e tiros não fosse em sua direção com a de Christopher. Os tiros logo em seguida foi um silêncio, mas nenhum dos dois ousaram a sair daquele ponto, os Belova e Di Salvatori estavam vivos, mas os Markoff's e Matarazzo e o consigliere do Salvatori foram brutalmente alvejados a bala.
Passaram-se cinco minutos, não ouviram mais nada, nem tiros e muito menos helicóptero sobrevoando. Soyoung pôs a mão para fora do ponto cego, sentiu-se "segura" e saiu, a porta ainda estava trancada. Porém não pensou em ninguém que ousasse a se rebelar diante de todos.
Alguns vidros aos serem quebrados durante o ocorrido, caíram e arranharam-se, não só Soyoung, como machucaram os que estavam ali tentando sobreviver. Alguns atingidos mas nem tão grave.
- Todos estão bem? - Ela questionou aos vivos. E assentiram em uníssono. - Ótimo. O quão antes sairmos, melhor será.
- Ainda acho que você que causou isso. - O pai de Selina retrucou e limpou a poeira de seu terno.
- Como é? - Incrédula, ela riu soprado pela a resposta atrevida do homem. - Se eu fosse capaz, não faria sujeira, eu matava cada um de vocês e vendia suas carnes para um zoológico. Seriam comida de animais carnívoros.
- Melhor não provocar ela, senhor Salvatori. - Christopher pediu, está desnorteado com a situação, e sentiu a mão de Soyoung tocá-lo. - Além do mais, seu consigliere tá morto, os Matarazzo e Markoff's estão inclusos na lista de mortos também. Isso não é hora de baixar a guarda e sermos cretinos ao ponto de acusar uns aos outros.
- Não tenho dúvidas que seremos os próximos! - Salvatori esbravejou furioso e agoniado, o velho aproximou-se da porta na tentativa de abrir a tranca. - E isso tudo é culpa sua, Christopher!
O italiano berrou aos nervos, ficou ruborizado pela raiva contínua, Christopher cruzou os braços apertando-os contra si. E então observou dos pés a cabeça o pai de Selina, com uma sobrancelha levantada, o rapaz não disse nada. Apenas um olhar mortal de ódio contra o velho percorreu sua feição.
- Acha que isso é culpa minha? Não creio. - Christopher riu soprado, seu sorriso de ladino provocativo causou deboche. - Se soubesse de tantas coisas que sou acusado, não adicionaria mais um na lista, além do mais, eu não sou único alvo aqui. Vocês também são, seus putos.
- Perdeu o respeito desde que o pai morreu. - O Salvatori balbuciou mas o suficiente para Christopher prestar atenção, foi uma ação rápida, e então o Villanueva surgiu em sua direção e socando o rosto do mais velho. Fazendo com que o homem perdesse forças e caísse no chão horrorizado.
Palavras e palavras eram discutidas. Os italianos ficaram bravos por conta da situação, mas não deixava o fato de que ali estavam com medo, Christopher suspirou pesadamente, olhou Soyoung e percebeu que a mesma estava encostada na parede com sangue escorrendo da testa e braços cortados pelos vidros. Após horas se passaram, a situação havia sido "resolvida", cancelaram todos os compromissos de final de ano para se protegerem. A volta para a propriedade Villanueva foi um caos acontecido.
- Eles vão voltar. - Avisou Soyoung assim que adentrou a casa.
- Então o que deve-se fazer, Soyoung? - Selina sentou-se no sofá totalmente abismada. Fora do ocorrido, Selina apenas ouviu o caos acontecendo. - Existe alguma forma de ficarmos seguros?
- Não existe segurança nesse momento, Selina. Não se pode confiar em ninguém nesse momento. - Soyoung alertou. Encarou os cortes e o sangue seco e suspirou. - Isso o que aconteceu será falado nas mídias e jornais. Talvez vire algo internacional. Não se pode arriscar.
- Como não? Essa propriedade possuí inúmeros homens fiéis a essa família e a segurança dela! - Christopher esbravejou. Sua voz estava arrastada por completa angústia, ele andou para os lados negando veementemente. - Está sugerindo que simplesmente temos que sumir?
Soyoung revirou os olhos. Ela sentou-se no sofá sentindo a firmeza, porém pequenas dores e ardência no corpo, encostou seu corpo e estalou a língua.
- Como você acha que o seu pai ficou fora do radar por tanto tempo? Acha que foi por motivo inútil?! - A Park disse em tom lógico. - Você precisa fazer isso sozinho, Christopher. Dê um tempo no cartel e fique longe da Itália por no mínimo três meses. Depois recupere essa casa ou deixe-a em nome responsável.
- Então quer dizer que vai ficar? - Ele a questionou.
- Então não vai embora? - Fora vez de Selina perguntar. A garota fitou Soyoung encostada no sofá e percebeu o quão expressivo o rosto de Soyoung estava naquele momento.
- Eu não vou ficar. - A mulher respondeu. Seus olhos fecharam-se de forma devagar, como se estivesse sentindo-se sonolenta. - Cada um deve seguir sua rota. Enquanto a poeira não baixar, ninguém aparece na mídia ou até mesmo em lugares onde as doações da família Villanueva são feitas. Selina, seu pai possui propriedades fora da Itália, vá viver em campo ou longe disso. Christopher, existe uma casa de vinhedos do seu pai. Mas ninguém vai lá uns onze anos, vá viver como se fosse um homem do campo sem nenhum euro no bolso, mas no caso você tem mais do que isso.
- Esse é o seu plano? - O rapaz deu uma risada sincera e soprada. - Não acha que é tolice?
- Tolice é ter uma bala na cabeça por não ter escutado o próximo. - Soyoung ficou de pé. Suspirou e tocou no ombro de Christopher. - Christopher, eu espero realmente que você me ouça e faça isso, porque se algo acontecer com você por conta de uma burrice, eu não sei o que vou fazer. A não ser ignorar para o resto da minha vida.
(...)
31 de Dezembro.
As semanas foram se passando, tudo ficou quieto desde o acontecido na Itália. O único restante da família Villanueva não tinha sua decisão pronta. O telefone tocou prestes a dar a meia-noite, Soyoung leva a mão no bolso do jeans para pegar o aparelho, o desconhecido brilha na tela. Seu cenho franziu, desejou atender na perspectiva de ser algum parente seu para desejar um feliz ano-novo, mas ela ignora a ligação e o coloca no bolso. Todos estavam reunidos na varanda principal da casa para ver os fogos de artifícios brilharem no céu. Mas novamente o telefone vibra, e logo o seu alerta de preocupação acende e Soyoung resolve atender em um lugar afastado.
- Alô.
- Acha que se livrou de mim, querida? - A voz conhecida, mas um pouco distante gela o sangue da Park, lhe arrancando a paz que ela havia colocado em sua vida após o sequestro.
- Como conseguiu o meu número? - Ela o questiona, suas palavras são cheias de raiva ao falar pelo telefone. - Não acha que me infernizou demais? Eu não tenho o que você quer!
Soyoung olha em volta e não vê ninguém ao redor para escutar sua conversa agoniante. Para ela, aquilo era horrível saber que nunca irá se livrar de algo que te persegue.
- É incrível como você protege a si mesma. - A risada baixa no fundo foi o ápice do nervosismo para a Park. - Vou sentir sua falta, Soso.
- Como?!
- Achei que fosse esperta. Passei meses planejando algo para atingir essa família na qual tanto me repreendeu e me odiou. - Com a voz estridente, ele proferiu com ódio cruel. Soyoung franziu o cenho, pensando que não havia ficado louca, parecia reconhecer aquele tipo de fala e de quem falaria. - Mas você me acolhia, me protegia e fazia o meu querer. Eu tinha você na palma da minha mão. E quando você falou sobre o broche, mio fratello logo afirmou que era da família.
- H-Hyunjin? - Soyoung escutou a risada na linha. Claramente, havia diversão na voz doentia fazendo um joguinho maníaco. - Eu vi você morto! Como isso...
A voz gaguejou e o telefone caiu, e a ligação foi encerrada, Soyoung sentiu seu corpo formigar e ficar gélido. Ela sabia que não era por conta do inverno. Mas sim o tormento e a falsa mentira que Hyunjin Villanueva havia criado.
(...)
Três meses depois.
Chicago, Illinois.
A despedida foi algo simples, naquela noite Soyoung queria esquecer o que havia acontecido. Mas alertou a Christopher sobre a ligação, e que o irmão havia forjado a própria morte, feito um sequestro pertubador para atingir tudo o que o Villanueva tinha em mãos. Porém não foi nada fácil, Soyoung quase pediu demissão e voltou atrás com a decisão, mas seus pensamentos só queriam casos leves. A justiça havia determinado fechamento do caso da família italiana Villanueva por conta das mortes da maioria dos Villanueva, cada haviam ido para cada um seu lugar, Christopher havia entregado a droga na qual criou na tentativa de amenizar, seus supostos crimes de tráfico humano fora negados como inexistente e sem provas. No entanto, ninguém tinha notícias de Selina...
Sentada na cadeira de reunião junto a outros agentes e alguns aliados da Interpol. Seu pai falava no pequeno palanque, o caso dessa vez era apreensão de um golpista altamente perigoso, que fazia golpes na região nobre da Espanha e desta vez sua localização era destino a Mônaco.
- O seu próximo golpe será em um grupo de empresários que pagaram para ver o Grande Prêmio de Mônaco. - O Park proferiu encarando os papéis do palanque. - Ano passado até esses meses que se passaram, ele vem aplicando golpe em um novo grupo de bilionários que se localizam em corridas de carros.
- O foco dele então seria o quê exatamente? - Um agente o questiona e volta a sua pergunta. - Não existe outra forma dele fazer golpe a não ser por dinheiro investido que esses bilionários fazem nesse esporte.
- Talvez não seja os bilionários. - Disse Soyoung, ela encarou todos e logo terminou o que havia dito. - Acho que ele deseja fazer golpe nas equipes. Cada equipe vale muito mais. E se ele oferecer algum tipo de "patrocínio", a equipe vai aceitar, mas supostamente ele irá investir na equipe.
- Ótimo ponto de vista, Sophie. - O agente Asher bate os dedos na mesa e elogia a garota. - Eu concordo com o que ela disse. Acho que é o único ponto desse cara fazer golpe.
Park olhou para o agente Asher, ele sabia que o agente estava há alguns meses tentan flertar com Soyoung, mas sequer o agente sabia que ela era filha do chefe do departamento do FBI. A cada palavra de Soyoung, ele via que o rapaz assentia e concordava como um idiota.
- E então? - Seu olhar percorreu em direção a todos. - Concordam? Assim posso afirmar e entregar essa papelada, e podemos prosseguir com a busca e apreensão de Akseli Galanis.
A reunião se encerrou após quinze minutos de debate. Todos estavam saindo, enquanto o agente Asher olhou para Soyoung no pensamento de que ela iria sair, mas ao ver que ela continuava sentada e deu um sorriso em direção ao Park, seus pensamentos viraram outros. E logo ele saiu por aquela porta.
- Poderia ter sido mais paciente com suas respostas, filha. - Ele rebateu, olhando-a por cima dos óculos de grau.
- Nah, gosto de encher a paciência desses caras. - Ela riu tentando se conter. - Mas eu sei que meu palpite foi muito bom!
- Eu sei, querida. - O Park afirmou, aproximou-se da filha e a abraçou deixando um selar em sua testa. - Mas quero que saiba que as pessoas vão achar que eu estou favorecendo meus filhos ao invés de suas próprias opiniões! Por isso não quero que isso se repita, tudo bem Soso?
- Eh... Sim, desculpa. Sabe que eu fico empolgada com isso. - Ela murmurou assentindo.
- É tão gratificante saber que minha filha finalmente está aqui. - Ele a abraçou fortemente. - Você sempre será minha princesinha, e eu quero o seu melhor Soyoung. Saber o quão eu fiquei aliviado quando você voltou para casa e encerrou esse caso.
Soyoung encarou o pai e deu um sorriso fraco e em seguida afagando o seu rosto, ela sentiu-se como uma criança novamente quando se machucava e corria para os braços do pai, saber que ela trazia esse tipo de alívio para os pais era aconchegante. Soyoung sempre foi uma garota que buscou o máximo de orgulho e toda vez aquele orgulho passava dos limites de forma boa, nunca tentou diminuir o seu irmão, ela sabia que não tinha o direito desse tipo de atitude, de roubar ou ser a filha favorita. Todos ali eram irmãos e iguais.
Após o longo abraço e a conversa, Soyoung e o pai seguiram o que tinha que fazer pelo resto do dia, porém, a garota tinha algo que dificultava em trabalhar. Sentiu alguém lhe observar de longe e o encarou, era o agente Asher, o mesmo segurava um copo de café que vendia duas ruas depois do departamento.
- Que não venha para cá. - Ela sussurrou e quebrou contato visual. Mas ao perceber a sombra ao seu redor foi frustrante. - Deseja algo, agente Asher?
O rapaz se inclinou para frente, olhando atentamente para Soyoung e o computador, depositou o copo vazio na lata de lixo ao lado da mesa da Park e logo cruzou os braços.
- Eu vim saber se precisa de algo. - Ele duvidoso, perguntou. - Eu te vi de longe e percebi sua expressão de dificuldade.
Agora esse maluco lê expressão, é isso? Ela pensou, deu um sorriso e fechou os olhos, suspirou antes de dizer.
- Estou apenas com um probleminha de codificação, nada demais.
- Oh, posso te ajudar então? - O homem se empolgou e puxou uma cadeira e senta-se ao seu lado.
- Agente Asher, não acha que... tudo bem. Pode codificar para mim? - Soyoung quase respondeu áspera. Mas ficou calma e resolveu aceitar a ajuda.
Minutos se passaram, e nenhum desses minutos se passavam rápido, e então o rapaz resolveu puxar assunto enquanto conversava. A maioria que trabalha no departamento não tinha ideia de que Soyoung era filha do chefe do departamento, pois desde que a mesma havia ido para Itália, muitos acabaram sendo transferidos e novatos haviam tido seus lugares. A codificação ocorreu facilmente nas mãos de Asher, que logo deu um sorriso largo e espreguiçou-se contente, Soyoung não demonstrou que ficou perplexa diante da agilidade do rapaz. Apenas assentiu e agradeceu, conforme a atitude feita, Asher encarou a Park, ficando confuso.
- Ah, desculpa... - Soyoung deu uma risada baixa e deu de ombros. - Obrigada pela ajuda, agente Asher.
- Imagina. - O rapaz coçou a nuca e riu soprado, ficou de pé e esperou Soyoung dizer algo a mais. Entretanto, ela não disse mais nada e focou no computador.
(...)
A noite estava devagar, havia poucas pessoas do turno da noite, nada poderia sair do lugar tão cedo para a própria Soyoung. Sua expressão entediada estava presente, e mesmo assim, ela não havia ficado desfocada. Juntou as papeladas que estavam em cima de sua mesa e transformou em um bloco grande de papéis organizados.
- Ainda aqui, Soso? - Uma voz de longe questionou.
- Maninho? - Seu rosto virou em direção da voz, e logo a proximidade de seu irmão estava ali junto a ela. - Achei que estivesse de folga.
- E estou. Apenas vim checar você. - Ji-hun sentou próximo da irmã e percebeu o quão exausta ela estava. - Você está um horror, irmãzinha.
- É, eu sei. - Soyoung fechou os olhos e espreguiçou-se dando um bocejo. - Hoje foi uma loucura. E...
- Agente Park, temos uma emergência. - Soyoung foi interrompida pela jovem moça que havia chegado rapidamente com um telefone em mãos. Soyoung despediu-se do irmão e seguiu entre os corredores com a jovem.
O crachá foi puxado e conectado, as portas se abriram para outro bloco do departamento do FBI, a jovem que ainda Soyoung não tinha conhecimento do seu nome, explicava o caminho todo o que seria a emergência. Os passos dados eram rápidos e ao mesmo tempo devagar, ao chegarem na sala, o cumprimento foi breve e aqueles rostos estavam com feições diferentes.
- Acharam mais alguma coisa? - Ela questionou, fazendo a pergunta ser para qualquer um. - Carter, qual a porcentagem?
- A porcentagem continua caindo para zero. Acha que ele pode estar fazendo isso?
- Akseli não consegue fazer isso. Alguém está fazendo por ele. - Soyoung olhou em direção ao enorme computador. - Já acionaram a unidade de ciência forense?
- Acabamos de acionar a equipe, agente Park.
A correria dentro daquela sala estava virando um caos. A madrugada subia, e assim que a Unidade de Ciência Forense havia chegado, Soyoung cumprimentou a chefe da unidade. Ela foi chamada até a sala onde a unidade trabalha constantemente e entregou o pen-drive.
- Borden, encontramos essas digitais gravadas em fotos neste pen-drive. Todavia, alguém sabia que um dia esse objeto seria pego e estão tentando corromper o arquivo de algum lugar. - Soyoung explicou e ficou atenta a cada detalhe que era repassado no notebook da unidade.
- Pelo o que vejo aqui, não existe apenas isso, Sophie.
- Como assim? - A garota franziu o cenho e se aproximou. Borden logo apontou em direção a tela e aquelas imagens que se abriram logo depois dela bloquear qualquer acesso. - Isso não é uma tatuagem do selo da marinha?
- Com certeza é. Aparentemente, Akseli tem contatos com alguém da marinha, mas não é só isso. Você ficou no caso dos Villanueva e teve contato com eles, reconhece isso aqui? - A mulher questionou Soyoung. A mesma arregalou os olhos e ficou mais perto. - Reconhece esse besouro?
- É um besouro da Namíbia. Para os Villanueva significa renascimento e proteção, quem estivesse usando está sendo protegido.
O silêncio deu início, Borden encarou Soyoung e suspirou, as duas conversaram sobre o caso. Os olhos escuros da Borden logo foram em direção a tela, havia arquivos tão protegidos que parecia um quebra-cabeça. Ela moveu o corpo junto com a cadeira, escreveu algo no teclado e chamou Soyoung rapidamente.
- Akseli confirmou sua presença em Mônaco. E as digitais gravadas pertencem ao irmão do Akseli, ele se chama Remi mas não tem o sobrenome Galanis. - Borden estava tão focada que nem encarou Soyoung quando dizia. - Acha que o Galanis vai tentar patrocinar alguma coisa?
- Acho que sim. - Soyoung levantou apenas uma sobrancelha concordando com o fato. - Encerramos por aqui. Acho que assim que o chefe do departamento decidir, podemos prosseguir para fazer a apreensão de Akseli e agora também o irmão dele.
- Você nem precisa dizer "chefe do departamento", apenas diga "assim que o meu pai decidir." - A Borden logo deu uma risada.
Ambas deram risada. Soyoung sabia que a agente Borden já desconfiava que o chefe do departamento do FBI era pai da garota, até que em um dia qualquer, Borden estava no escritório do Park conversando com o mesmo quando Soyoung adentrou sem saber e o chamando de "pai". A expressão de Soyoung de espantada foi logo para: "você não ouviu nada.", e de imediato, saiu em disparada naquele dia. Ambas são grandes colegas, mas não ao ponto de serem consideradas amigas, Borden nunca pensou o motivo de Soyoung não aceitar aquela amizade que vive naquele departamento por mais de cinco anos e meio, mas acabou se acostumando e não forçando a barra entre elas.
- Estou indo, Borden. E por favor, não fique aqui até o amanhecer. - Soyoung despediu-se e deixou um aviso em seguida. - Eu ficarei sabendo.
(...)
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