
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟑𝟏
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– Sung... temos que conversar. – Min-ji diz, sentindo seu orgulho pesando em suas costas, enquanto saia do carro.
Jin-Woo franziu a testa, levemente preocupado com a aparência dela, parecia exausta, provavelmente não tinha descansado nada desde que voltaram do portal vermelho.
E também, seus olhos estavam diferentes, não em aparência, pareciam tristes e sem brilho. Isso não combinava nada com ela.
Além do discreto cheiro de álcool que ela emanava, parece que o hábito de beber quando estão preocupados ou mal-humorados era de família.
Mas logo depois o que aconteceu a pouco tempo surgiu em sua mente, o fazendo sentir um gosto amargo na boca. A feição curiosa foi substituída pela indiferença, em instantes.
– Conversar? – Desdenhou, vendo ela fechar as mãos em punhos – Pensei que você queria distância.
– Não deixe isso mais difícil do que já está, Sung. – Min-ji pediu, engolindo em seco – Você me conhece a tempo suficiente, pra saber que não costumo voltar atrás nas minhas decisões.
– O que você quer? – Franziu a testa e a observou.
Ela estava nervosa, ele sentia isso, a azulada olhava para o chão de concreto, sem coragem de olhá-lo nos olhos. Suas mãos tremiam pela ansiedade e seu corpo ainda estava implorando por descanso, ao mesmo tempo que sua mente não parava de perturbar seus sentidos, nem mesmo sabia se conseguiria dormir por causa do estresse.
– Eu também quero o Elixir da Vida. – Min-ji finalmente levantou o olhar, encarando aqueles olhos azuis misteriosos, frios como gelo – Você está com a chave do castelo demoníaco, não está? Eu também quero ajudar a pegar os ingredientes, assim terminamos mais rápido.
– Você não estava interessada na época, posso saber o motivo de agora ter tanto interesse? – Jin-Woo perguntou curioso, e com isso, percebeu o corpo dela ficar tenso.
Rapidamente sua mente vagou pelo curto tempo que passou na casa dos Ryu, há momentos atrás. A aparência do mais velho da família, não parecia de alguém totalmente saudável, talvez a discussão que ele disse que teve com a filha, tenha sido o motivo.
– Isso já não é da sua conta. – Min-ji respondeu na defensiva, fazendo o mais velho revirar os olhos – Eu não te perguntei o motivo de você querer o Elixir da Vida, então não se meta nos meus assuntos.
– Sendo assim, não posso te ajudar. – Se virou e começou a andar, com um sorriso arrogante e discreto em seu lábios, vendo o quão sem jeito ela estava, por vir até ele pedir ajuda, e deixou-a com cara de tacho pra trás – Boa sorte com o seu probleminha, Ryu.
Min-ji trincou a mandíbula, sentindo sua raiva voltar com tudo e pisou firme no chão e segurou o braço dele com força, fazendo o mais alto parar, a olhando de relance, fazendo os azuis brilhantes se chocarem com os prateados.
– Ganhamos juntos essa recompensa, eu também tenho direito!
– Lembro-me bem de você dizer que não tinha interesse e que eu poderia pegar pra mim, se eu quisesse. – Sorriu provocativo, vendo ela fechar a cara – E eu quis, então é todo meu. Ao menos que você me diga como posso te ajudar, é claro.
Não gostava de vê-la tão vulnerável, mas não podia mentir, que fazê-la ter que ser forçada a se aproximar outra vez para ter sua ajuda, tendo que engolir seu orgulho e voltar com a palavra, era satisfatório. Era quase como um pequeno castigo por fazê-lo se sentir daquela forma, ao cortar seus laços.
– Você não entenderia... – Min-ji olhou ao redor de onde estavam e agradeceu que pelas poucas pessoas que passavam, não darem a mínima pra eles, abaixou a cabeça, quando sentiu sues olhos arderem.
– Por que você deduziu que eu não entenderia? – Jin-Woo olhou para a mão dela, ainda segurando seu braço – Você não me conhece.
– Sung...
– É o seu pai, não é? – Ele viu a azulada levantar a cabeça outra vez, mas agora, com uma feição surpresa, com seus lindos olhos púrpuras marejados e vacilou por um segundo quando percebeu – É pra ele que você quer entregar o Elixir da Vida, você quer curá-lo de seja lá o que ele tiver, não é?
– Como você...? – Min-ji aumentou ainda mais o aperto no braço dele.
– Quero te mostrar uma coisa. – Jin-Woo murmurou, levando sua mão livre até a dela, que segurava seu braço, a tirando de seu aperto e segurando-a com firmeza, sentindo o calor de suas mãos juntas, fazendo a Ryu engolir em seco, ainda encarando os olhos dele com intensidade – Depois você decide se eu te entendo, ou não.
...
Depois de um tempo, chegaram até o local onde o Sung quis levá-la e Min-ji encolheu os ombros assim que entraram no hospital.
Esse não era o melhor dos lugares, não se sentia confortável, odiava hospitais, tudo aquilo que estava aos redor deles a fazia lembrar das piores semanas de sua vida, até mesmo o cheiro.
Seguiram por um corredor vazio, com apenas a luz da lua iluminando o caminho, Min-ji olhava de relance para o moreno, que até então, não dizia uma única palavra desde que entraram no carro em direção ao hospital.
Ele parou na frente de uma porta e a abriu, indicando com a mão livre para que ela entrasse primeiro.
Min-ji passou por ele hesitante, mas entrou no quarto, rapidamente sentindo uma sensação ruim de dejavu. Principalmente quando viu uma mulher deitada na cama, com alguns aparelhos ao redor, dormindo profundamente.
Se aproximou e a observou, ela estava pálida e com aparência magra e só de olhar já dava pra saber que sua pele era extremamente fina e sensível, por passar tempo demais no leito.
– Essa é a minha mãe. – Jin-Woo diz ao lado dela, fazendo a azulada se assustar, estava tão concentrada na mulher que mal percebeu ele se aproximando.
– A sua... mãe? – Min-ji levantou o olhar, vendo ele observar o rosto da mulher com indiferença, mas podia perceber a tristeza nos olhos dele.
Seu coração se apertou com a cena, vê-la daquela forma fez com que suas lembranças ficassem ainda mais claras em sua cabeça.
Então quer dizer que os irmãos Sung também não tinham uma vida muito fácil, ter uma pessoa querida passando por isso era muito sufocante e extremamente doloroso.
Descobrir sobre isso fez com que refletisse, realmente não o conhecia, não fazia ideia de que estava passando por isso. Eram dores diferentes das suas, mas mesmo assim, muito parecidas.
– Eu entendo o que está passando. – Ele murmurou – Ver alguém que ama ficar doente...
– Eu sei. O que aconteceu com ela? – Encolheu os ombros – S-Se você quiser me dizer, é claro.
– Ela está em um sono profundo a anos, e desde então, nunca mais acordou. – Jin-Woo respondeu, saindo de perto da cama e sentou-se em uma cadeira no canto do quarto.
– Eu sinto muito. – Min-ji abaixou a cabeça.
– Hum.
Min-ji suspirou, sentindo o ar ficar denso, graças a tensão do silêncio que se alastrou pelo quarto.
Se sentia como um peixe fora d'água, não sabia mais o que falar e nem o que fazer, apenas olhar para a mulher de longos cabelos negros adormecida, ou olhar para qualquer detalhe do cômodo que pudesse ter sua atenção.
– E... agora? – Min-ji perguntou, observando o resto do quarto, tentando ignorar a a sensação de constrangimento.
– Agora o quê?
– Você me trouxe até aqui pra me mostrar que me entende, não é? Quer que eu adimita que estava certo? – Ela cruzou os braços, vendo ele franzir a testa – Até poderia estar certo, mas não está, não estou tentando diminuir a sua dor, mas saiba que não é a mesma coisa.
– Tem razão, seu pai ainda está com você, acordado e em casa, preocupado, te esperando até agora. – Jin-Woo fechou a cara – Não acha que foi um exagero ter deixado ele sozinho e perder a cabeça?
– Exagero? Não fale do que não sabe, Sung. Como eu disse, você não entende, não totalmente. – Engoliu em seco, fechando as mãos em punhos, sentindo sua irritação se misturar com a dor – Sim, o meu pai está em casa, me esperando depois de deixá-lo sozinho, fui infantil, eu sei. Mas saiba, que já estive no seu lugar, num hospital, ao lado de uma cama, esperando desesperadamente por boas notícias...
Jin-Woo a olhou confuso, vendo ela perder a postura, se virando para sua mãe novamente, com um olhar perdido. A cada palavra que saia de sua boca, era como facadas nela mesma.
– A sua mãe pode estar nesse sono profundo, mas está aqui. Você pode vê-la, tocá-la... ainda tem esperanças. – Min-ji continuou com seus lábios trêmulos e a voz repleta de dor e saudade – Enquanto a minha, está em um caixão, há sete palmos embaixo da terra.
Jin-Woo arregalou os olhos, pego completamente de surpresa. Viu ela por a mão sob os olhos e morder o lábio inferior, com a respiração descompassada.
Em instantes se sentiu um idiota, queria fazê-la ver que precisava de sua ajuda, mesmo que ela não quisesse. E ainda mais, ela tinha uma mania de querer guardar tudo para si, e praticamente a fez contar o que tinha acontecido, como um preço a se pagar para poder salvar seu pai.
E tentou usar essa situação para puni-la de alguma forma, fazendo-a engolir seu próprio orgulho. Mesmo que não quisesse admitir a si mesmo, estava chateado com ela, por se afastar.
– E agora, por algum motivo desgraçado, o meu pai está com a mesma doença que a minha mãe. Ele pode morrer... – Fungou, não percebendo ele se levantar e andar até ela – Agora você compreende o motivo de eu fazer toda aquela cena ridícula? Eu deixei meu pai sozinho, pra não descontar minha frustração... eu não queria machucá-lo mais do que eu já o machuquei, falando besteiras.
Balançou a cabeça de um lado para o outro, respirando fundo, tentando afastar o sentimento de angústia que já crescia em seu peito.
– Eu só... não aguentaria passar por aquilo outra vez. – Engoliu o caroço que se formava em sua garganta – E ainda mais, tem o Min-ki, eu não aguentaria ver meu irmãozinho sofrer...
Logo depois, ofegou, quando de repente sentiu os braços dele arrodiarem seu corpo, a fazendo encostar a cabeça em seu peito.
Seu coração acelerou com o ato e sua garganta se fechou completamente, assim como seus olhos que ficaram marejados, fazendo sua visão ficar turva.
– Me desculpa. – Ele murmurou baixinho, escutando ela travar, tentando segurar o choro. Mesmo nessa situação, ela ainda era durona – Nós vamos conseguir esse Elixir da Vida juntos, e vamos curar a minha mãe e o seu pai.
Min-ji sentiu seus lábios tremerem e fechou os olhos, apreciando em segredo aquele abraço, no fundo só precisava disso.
Mesmo que soubesse que ele só tinha a trazido para ver sua mãe, para provar que ele a entendia e que era uma infantil, que não tinha motivos para toda aquela cena.
Que estava errada.
E a fez contar o que estava acontecendo mesmo que não quisesse, a obrigou a se abrir com ele, vendo sua versão mais vulnerável. Tudo isso foi como um castigo, não era idiota.
Praticamente a fez pagar para ter acesso ao Elixir da Vida, voltando com sua palavra.
Mas não se importava, estava muito ocupada sentindo o cheiro bom que ele emanava, diferente dela, que imaginava só estar cheirando a álcool, depois de horas bebendo.
– Você não precisa aguentar tudo nas costas. E pra isso que serve a família, eu não sei o que faria se não tivesse minha irmã comigo. – Ele diz, a trazendo para mais perto – E o Jin-Ho também estava preocupado com você. Ele sentiu sua falta na dungeon.
– Ah... – Abriu os olhos, despertando de seu momento de conforto e se afastou com os lábios entreabertos – Aí meu Deus, o Jin-Ho. A raid... eu não...
– Não tem problema, apareça amanhã, vai ser a última. – Jin-Woo diz – Mesmo que não me queira por perto, você ainda tem que cumprir com o contrato, lembra?
Ela abriu a boca pra falar alguma coisa, mas logo depois, hesitou, encolhendo os ombros.
– Não diga nada, você é uma mulher adulta, Ryu... tem opiniões, e eu respeito isso.
– Eu também te devo des... des, hum... – Franziu os lábios.
– O que disse? – Jin-Woo segurou uk sorriso divertido.
– Desculpas. Eu te devo... desculpas. – Ela forçou a voz, ao se desculpar, virando a cara para o outro lado, fazendo o mais velho quase rir – Eu fui... cabeça dura, como você disse, eu tenho minhas opiniões. Mas você também é um homem adulto e tem as suas, sabe cuidar da sua própria vida.
Abaixou o olhar para o chão, fugindo do olhar penetrante que ele lhe lançava.
– Haja da forma que achar melhor... eu não tenho direito de exigir alguma coisa de você, só porque eu não concordo.
– Hum... – Ele sorriu levemente, fazendo as pernas dela parecerem gelatina, junto com as borboletas no estômago – Você apenas se afastou, é natural se afastar de coisas que julgamos ser... erradas.
– E você acha certo tirar vidas? – Min-ji questionou, finalmente olhando nos olhos dele.
– Entre o certo e o errado, eu faço o que eu quero, Ryu.
Min-ji sentiu um frio na espinha quando ele deu um passo para mais perto, sendo separados apenas por alguns centímetros, enquanto os olhos azuis brilhavam em contraste com a escuridão do quarto.
– Eu matei mais de uma vez e essa última eu fiz porque eu quis, mas não acho que será a última. – Jin-Woo viu ela ficar tensa e depois levantou o queicho dela com seu indicador, fazendo ela encará-lo – Saiba que eu mataria qualquer um que ameaçasse a vida daqueles com quem eu me importo, não ligo se tiverem feito por um bom motivo.
Min-ji arregalou os olhos com suas palavras profundas, e ainda mais vendo o rosto dele tão próximo, podia até sentir a respiração quente dele batendo em sua boca. Ele abaixou o olhar para a boca dela e deu um sorriso que poderia fazer qualquer mulher chorar, mas não pelos olhos.
Min-ji engoliu em seco, sentindo a mão dele que ainda segurava seu queicho, para manter seu rosto erguido, descer lentamente até seu pescoço, fazendo seus lábios roçarem um no outro.
Seu coração parecia estar batendo em seu pescoço, e tinha receio dele poder escutar o quão desestabilizada estava com apenas essa ação.
Mas logo depois saiu de seu transe quando ele assoprou seu rosto e sorriu presunçoso a soltando, andando até a porta com as mãos nos bolsos.
– Vai ficar parada aí? Já está tarde, aposto que seu pai está quase tendo um treco com a sua demora. – Ele se divertiu, vendo a situação que ela se encontrava.
A segundos atrás, poderia ter seguido seus instintos e tomado aquela boca gostosa como tanto queria e sentir aquele sabor doce de seus lábios, não sabia o motivo de estar com tanta vontade de repetir a dose, mas seu corpo o traia cada vez que ela estava por perto.
Mas não queria cometer o mesmo erro que antes, além dela estar em um momento de vulnerabilidade, tinha que pensar com a cabeça de cima. Mas vê-la desconcertada foi tão prazeroso quanto.
– H-Hum... – Min-ji podia até sentir o seu sangue subindo pra cabeça, vendo ele a encarar com aquele maldito sorriso descarado – Você é um... idiota.
– Por que? Eu não fiz nada. – Se fez de desentendido e depois fingiu uma feição pensativa – Ou eu não ter feito nada que foi o problema?
– Dá pra calar a boca, sua voz já está me irritando, tô certa! – Explodiu de uma vez, sentindo a vergonha.
– Silêncio, Smurfette... estamos em um hospital. – Ele a repreendeu com um olhar divertido, sentindo uma pontada de entusiasmo, vendo ela explodir como antes.
– Nao me chama assim. Você é insuportável, não é possível. – Min-ji fechou a cara, andando até a saída do quarto junto com ele e então Jin-Woo abriu a porta.
– Primeiro as damas. – Ele diz com presunção e ela trincou a mandíbula.
– Você só pode estar tirando uma com a minha cara. – Min-ji desdenhou com as bochechas coradas – Por que você não passa primeiro, princesa Léia?!
– Eu disse pra fazer silêncio, lembre-se, estamos em um hospi...
– Cala a boca, Sung!
Jin-Woo segurou a própria língua pra não falar besteira, já tinha esgotado a paciência dela em segundos. A próxima fase, que claramente era bem óbvio com a cabeça quente que ela tinha, era brigar fisicamente, e em um hospital não era uma boa ideia.
Mas vê-la transbordando de raiva e vergonha, já tinha feito seu dia. As bochechas coradas e os olhos brilhando novamente, já era o suficiente. Talvez podessem voltar ao que eram antes.
...
Min-ji chegou em casa e abriu a porta devagar, vendo que as luzes ainda estavam acesas.
Seu nervosismo estava a matando, andou com cuidado, para que seus passos não fizessem barulho e quando passou pela sala, ofegou, vendo seu pai e Min-ki dormindo no sofá, um ao lado do outro. Com Castiel deitado no outro sofá, também dormindo como um anjinho.
Sorriu, sentindo seu coração se esquentar com a cena e depois travou, quando os olhos castanhos de Hyun se abriram.
– Você voltou. – Ele murmurou, vendo ela encolher os ombros e olhar para o chão, como uma criança esperando um sermão.
– Pai, eu... – Ela diz com a voz rouca.
– Venha até aqui. – Hyun sorriu levemente, fazendo a azulada o olhar hesitante.
Min-ji andou até o sofá e se sentou ao lado dele, que a puxou para deitar a cabeça em seu ombro, assim como Min-ki fazia no outro lado, em um sono profundo. Hyun beijou o topo de sua cabeça e puxou os dois filhos para mais perto.
– Me desculpa, pai.
– Ah, minha filha... quando vai entender? – Ele riu levemente, fazendo a garota franzir a testa confusa – Talvez algum dia, quando tiver seus próprios filhos. Você e seu irmão são meus bens mais preciosos.
Min-ji mordeu seu lábio inferior e fechou os olhos, sentindo uma lágrima escorrer em sua bochecha.
Não podia perdê-lo também, faria de tudo pra conseguir a cura, nem que não voltasse inteira pra casa depois, não importa os desafios que teria que enfrentar, mas conseguiria. Irá derrubar qualquer um que entrar em seu caminho pra isso.
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