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DÉCIMO QUARTO

— Eu sei que tudo isso é por nós — comecei, tentando suavizar minha voz com um sorriso, enquanto olhava nos olhos dele. — Mas eu também sei que a polícia é sua vida. Pode parecer que estou odiando essa cidade, que não sou feliz...

Pausei por um momento, buscando as palavras certas. Segurei a mão de Charlie, sentindo a textura áspera dos seus dedos, marcados por anos de trabalho duro.

— Mas a verdade é que eu não tive oportunidades de fazer amigos, de conhecer pessoas novas. — Minha voz falhou um pouco, e senti um leve aperto no peito. — Eu não me permiti isso, pai, talvez seja por isso esse choro... por isso essa solidão.

Respirei fundo.

— Eu preciso de amigos — soltei, quase como um desabafo, com uma sinceridade que me surpreendeu. — E considerando que temos um baile em poucos dias... — soltei um riso sem graça — eu preciso urgentemente de um par! Então, vamos ficar em Forks — comecei, sentindo a firmeza nas minhas próprias palavras. — Vamos ser felizes no que você ama, e automaticamente eu serei feliz também.

Era isso. Simples e definitivo.

Eu não iria embora de Forks por causa de um vampiro louco. Não era mais sobre fugir ou viver com medo do que poderia acontecer. Agora, eu precisava seguir em frente, viver a minha vida como uma adolescente normal, ter os meus próprios problemas — não coisas sobrenaturais, mas coisas de verdade, como um baile. Eu precisava ir, curtir a vida, e acima de tudo, ser feliz ao lado do meu pai.

E eu faria isso, independentemente de qualquer coisa.

— Se você diz. — Ele me abraçou, daquele jeito meio desajeitado, como sempre fazia. Era típico dele, nunca o mais expressivo, mas com uma maneira única de demonstrar o que sentia.

Senti seus braços ao meu redor, um gesto descompassado, mas que trazia mais conforto do que qualquer palavra. Era estranho como, mesmo sem saber como agir, ele sempre conseguia me fazer sentir segura. Era o jeito dele, e eu aprendi a entender o que cada gesto torto realmente significava.

Charlie e eu começamos a comer nossos hambúrgueres em silêncio confortável, enquanto ele me atualizava sobre as últimas novidades. Ele mencionou que os ataques dos animais tinham parado, e, por enquanto, não havia mais mortes. Seu tom era mais leve, quase aliviado. Eu podia ver como aquilo o deixava mais tranquilo.

Eu sabia o quanto ele gostava do trabalho dele — na verdade, ele o amava. E o simples fato de ele ter considerado abrir mão disso por mim só reforçava o quanto se importava, o quanto queria me ver feliz. Não importava o quanto eu sentisse dificuldade em me adaptar a Forks, eu não iria deixá-lo sozinho, não por um capricho meu de não conseguir ficar nessa cidade.

Depois que terminamos de comer, Charlie, com sua simplicidade habitual, colocou um dos seus filmes favoritos. Nos acomodamos no sofá, e enquanto a comédia se desenrolava na tela, eu me peguei sorrindo. O som da risada de Charlie ecoava ao meu lado, e naquele momento, percebi que a felicidade estava ali, nas coisas mais simples.

Nosso pequeno momento de paz foi interrompido pela porta se abrindo. Isabella entrou logo em seguida, acompanhada de Edward Cullen. Senti meus olhos rolarem automaticamente, como se fosse uma resposta instintiva, enquanto observava os dois. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Edward se aproximou de meu pai e se apresentou. Charlie apertou sua mão com uma expressão tão neutra que beirava à indiferença.

— O que ele está fazendo aqui? — Charlie e eu perguntamos em uníssono, as palavras saindo ao mesmo tempo, como se tivéssemos combinado.

Isabella olhou para nós, visivelmente desconfortável, enquanto Edward permanecia com aquele ar calmo e imperturbável.

— E-ele queria conhecer você — Bella sussurrou para Charlie, a voz quase trêmula, como se sentisse o peso da situação. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Claro que ele queria conhecer Charlie. Esse vampiro metido estava se enfiando em todos os cantos da nossa vida agora.

Essa família era o verdadeiro caos de Forks, meu Deus!

Charlie cruzou os braços, assumindo sua postura clássica de desconfiança, o olhar fixo em Edward.

— Bom, está me conhecendo — ele respondeu com aquele tom cortante, como se estivesse apenas esperando uma desculpa para encerrar o momento. Aquele típico Charlie, com a paciência se esgotando rapidamente.

Edward, no entanto, não pareceu se abalar. Com toda a sua calma característica, ele deu um passo à frente e, com a mesma tranquilidade, pediu:

— Posso falar com o senhor?

Ele já começava a caminhar em direção à porta, confiante de que Charlie o seguiria. Eu revirei os olhos mais uma vez, sabendo exatamente como isso iria terminar. Meu pai me lançou um olhar carregado de irritação, do tipo que gritava "eu não queria fazer isso, mas vou ter que ir", como se ele estivesse sendo arrastado para uma obrigação.

Relutante, Charlie seguiu Edward para fora, e eu fiquei ali, ao lado de Bella. Eu cruzei os braços, me encostando no sofá, sem nem tentar esconder o desconforto. Bella mexia as mãos nervosamente, evitando meu olhar.

— E então? — perguntei, finalmente quebrando o silêncio, esperando qualquer explicação que ela quisesse oferecer.

Assim que Edward bateu a porta, Bella praticamente correu até mim, agarrando minhas mãos como se dependesse disso. Seus dedos estavam gelados, e o aperto era tão forte que quase machucava. Eu podia sentir o nervosismo vibrando no corpo dela, como se seu coração estivesse prestes a explodir. Seus olhos, arregalados e cheios de urgência, me deixaram desconcertada por um segundo.

— Os Cullen precisam de você — ela soltou, a voz quase em um sussurro, mas carregada de tensão.

Franzi a testa, sem entender nada do que estava acontecendo.

— O quê? — perguntei, confusa, tentando processar o que ela estava dizendo.

Bella engoliu em seco, lutando para manter a calma, mas o desespero em seu rosto era impossível de ignorar.

— Carlisle está prestes a fazer uma coisa, e-ele... — a voz dela falhou por um segundo, como se estivesse sufocada pela gravidade do que estava prestes a dizer. Suas mãos tremiam levemente nas minhas.

Eu me soltei de suas mãos bruscamente, sentindo a irritação subir pelo meu corpo. Aquilo já era demais, como se a vida inteira tivesse que girar em torno dos problemas dos Cullen.

— Não estou nem aí para o que ele vai fazer ou não, Isabella! Ainda não ficou claro isso?! — falei com firmeza, minha voz ecoando pelo cômodo. Eu não podia evitar o tom cortante, estava cansada de me sentir arrastada para esse mundo que não era meu.

— Não, você não está entendendo! — Bella praticamente gritou, os olhos dela brilhando de frustração. — Ele está indo para os Volturi!

Aquela palavra, "Volturi", não significava nada para mim, mas pelo jeito que ela falou, parecia o fim do mundo. Eu revirei os olhos e soltei um riso cínico, cruzando os braços com descrença.

— Não ligo, e muito menos sei quem são os Volturi e, adivinhe só, não quero saber — minha voz saiu fria. Eu estava saturada desse universo de vampiros e seus dramas, e aquilo era a gota d'água.

Bella me encarou, os olhos cheios de desespero, como se eu fosse a única pessoa no mundo que pudesse ajudar, e aquilo só piorava a situação.

— Se os Volturi verem a mente do Carlisle, vão ver você... ver nosso pai, eles vão me ver! — Bella soltou, a voz trêmula e desesperada. As palavras dela ecoaram na minha mente como um golpe inesperado.

Eu a encarei, incrédula. Senti uma onda de raiva subindo, queimando meu peito.

— Por que você se meteu nisso!? Que inferno, Isabella! — gritei, incapaz de conter a frustração. A sensação de que tudo estava escapando ao controle me invadia.

Bella piscou rapidamente, tentando conter as lágrimas que agora enchiam seus olhos, mas as palavras que vieram a seguir fizeram o ar desaparecer dos meus pulmões.

— Eu estou apaixonada, Grace... — A voz dela saiu mais suave, quebrada pela emoção. — Pela primeira vez em toda a minha vida, eu estou apaixonada... — Ela pausou, como se estivesse recolhendo os pedaços de sua coragem. — Edward conseguiu o melhor de mim, me trouxe vida, liberdade... Algo que eu nunca pensei ser possível.

As lágrimas que ela tentava segurar finalmente caíram. Eu vi nos olhos dela algo mais profundo do que qualquer explicação poderia oferecer. Não era só sobre Edward, era sobre o que ele representava para ela — uma chance de sentir algo verdadeiro, algo que a fazia sair da bolha que ela mesma tinha criado.

— Se não quer fazer isso pelo Carlisle, faça por mim — ela implorou, a voz quase um sussurro, mas com uma força emocional que eu não podia ignorar.

Eu fechei os olhos por um segundo, tentando processar tudo. Minha irmã, sempre tão contida, tão fechada no próprio mundo, agora estava completamente vulnerável diante de mim. E eu sabia que, apesar de toda a minha raiva, toda a minha frustração, eu não poderia virar as costas para ela.

— O que são os Volturi? — perguntei, tentando entender a gravidade da situação. O nome soava tão ominoso e, honestamente, não fazia a menor ideia do que significava.

Bella respirou fundo, como se estivesse se preparando para compartilhar um segredo sombrio.

— Os Volturi são... — começou, a voz tremendo um pouco. — Eles são como os governantes do mundo dos vampiros. Um tipo de... conselho, eu acho. Eles mantêm a ordem e as regras, e se alguém quebra essas regras, eles não hesitam em agir.

Eu a ouvi atentamente, absorvendo cada palavra.

— Eles são poderosos e, ao mesmo tempo, muito perigosos — continuou Bella, seu olhar distante, como se lembrasse de momentos aterradores. — Eles têm habilidades que vão muito além do que a maioria dos vampiros possui. Ao menos foi isso que Edward me contou.

— E você acha que eles vão nos encontrar? — questionei, o frio da realidade começando a se instalar.

Bella assentiu, os olhos cheios de medo.

— Se eles acessarem a mente de Carlisle, verão tudo: ele, você, nosso pai... e até mesmo Edward. Não há como esconder. E, se isso acontecer, as consequências podem ser fatais.

Eu poderia muito bem dizer que não ligava, mas sabia que seria um risco para Bella estar tão profundamente envolvida com essa situação. Passei as mãos pelo rosto, tentando processar as ideias que se aglomeravam em minha mente, como nuvens escuras prestes a se transformar em tempestade.

— Eu vou, mas, depois, Isabella... nunca mais me envolva em nada dos Cullen, entendida? — falei, me aproximando dela, a determinação pesando nas palavras. Eu precisava ser clara. A última coisa que eu queria era me ver enredada nesse mundo novamente, onde a normalidade parecia um sonho distante.

Ela apenas concordou, os olhos brilhando em gratidão. Troquei de roupa rapidamente, vestindo algo que me deixasse pronta para qualquer eventualidade, e logo desci as escadas.

Meu pai estava na sala, sempre desconfiado, com a expressão de quem estava prestes a questionar tudo.

— Aonde você vai? — ele perguntou, os olhos examinando meu rosto em busca de qualquer sinal de que algo estava errado.

Eu me inclinei e beijei sua testa, um gesto simples, mas cheio de amor.

— Tudo vai ficar bem, pai. É só um problema de adolescente — assegurei, embora soubesse que era uma grande e bela mentira.

A verdade era que, como sempre, Carlisle me tirava da minha zona de conforto por conta de problemas dele. O que deveria ser uma vida normal agora estava se transformando em um labirinto. Mas, por Bella, eu faria isso. Talvez esse fosse meu principal problema, me importar demais com minha família.

— Se cuidem... — Charlie sorriu para nós duas, e então seguimos até o carro de Edward.

Fiquei em silêncio enquanto entrávamos no carro. Edward se acomodou no banco do motorista e me olhou pelo espelho retrovisor. Havia uma expressão de alívio em seu rosto, mas eu não sabia se poderia confiar naquilo.

— Obrigado por ter vindo — ele disse.

Eu me inclinei um pouco para frente, cruzando os braços.

— Não estou fazendo isso por ele, estou fazendo pela minha irmã — respondi, a firmeza na minha voz deixando claro que minha lealdade estava com Bella, não com Carlisle ou os Cullen. — Não suporto nenhum de vocês.

Edward assentiu, a compreensão preenchendo seu olhar. O carro começou a se mover, e as ruas de Forks passaram rapidamente pela janela.

Eu estava mais do que certa: aquilo não era pelo Carlisle. Era pela minha família, pelo meu pai, pela minha irmã. A ideia de os Volturi, aqueles vampiros poderosos, descobrirem minha existência, e a de todos os que amava, era assustadora. Eu queria deixar isso extremamente claro para todos daquela família que se intrometia em nossas vidas.

Enquanto o carro acelerava pela rua, minha mente estava a mil por hora, pensando em como me proteger e proteger os que estavam ao meu redor. A última coisa que eu desejava era ser um alvo para os Volturi.

Finalmente, chegamos à casa dos Cullen. O lugar tinha uma aura de estranheza, mas ao mesmo tempo era bonito de um jeito quase irreal. Assim que saí do carro, meus olhos foram imediatamente atraídos para o grupo que estava à porta.

Emmett estava lá, ao lado de uma loira que exibia uma beleza gritante, como se estivesse sempre pronta para ser o centro das atenções. Alice estava perto de um homem que tinha um olhar inquieto, como se estivesse sempre à beira de uma nova ideia ou de um movimento. Por último, Esme, com uma presença que exalava calma, estava observando a cena.

Desci do carro logo atrás de Isabella, ainda processando tudo o que estava acontecendo. Assim que coloquei os pés no chão, Alice correu em minha direção e me abraçou com força.

— Ainda bem que você veio! — ela sorriu, os olhos brilhando com uma animação que contrastava com a tensão que eu sentia. — Eu sabia que você aceitaria.

Franzi o cenho, confusa. Como ela podia ter tanta certeza?

— Esta é Rosalie, Emmett você já conhece — Alice continuou, apontando para o casal. Emmett acenou com um sorriso despretensioso, mas Rosalie se aproximou de mim com uma expressão intensa.

Ela parecia estar avaliando cada parte de mim, seu olhar penetrante, quase como se estivesse cheirando o ar ao meu redor, como um animal.

— Causadora de todo o caos... — Rosalie sussurrou, e suas palavras me deixaram inquieta.

— O que? — perguntei, minha voz subindo em incredulidade.

— Carlisle perdeu séculos de sanidade por sua causa. Ele era como um pai para todos nós, e agora está à beira de morrer por causa disso.

Senti a raiva crescendo em meu peito.

— A obsessão que ele criou foi alimentada por ele mesmo — respondi com firmeza, olhando nos olhos dela. — Não jogue a culpa em mim, por atitudes de um cara que, com séculos de idade, sabe muito bem o que é certo e errado.

Rosalie parecia não se importar com o que eu dizia.

— Não gosto de você — ela declarou, a desconfiança transparecendo em sua voz.

— Saiba que esse sentimento é recíproco — repliquei, não disfarçando a hostilidade.

Rosalie se afastou, ainda com aquele olhar gélido, e eu senti um alívio momentâneo, até que o som das palmas de Alice me fez pular de susto. Ela vibrava com uma energia contagiante, como se estivesse comemorando algo que só ela sabia.

— HA! — Alice gritou, com aquele entusiasmo que parecia surgir do nada. — Vocês vão ser melhores amigas!

Meu olhar se voltou para ela, incrédulo. Como ela poderia sequer pensar nisso? Olhei de relance para Rosalie, que estava tão impassível quanto antes, e deixei escapar uma risada seca.

— Melhor terminarmos logo com isso. — respondi, balançando a cabeça, enquanto tentava lidar com o absurdo da situação.

— Existe um lugar. — Ela falou. — Somente ele sabia da existência dessa casa — Esme corrigiu, com a voz um pouco mais baixa, mas carregada de preocupação. — Carlisle nunca nos contou nada sobre o lugar, apenas mencionava em conversas ocasionais que havia um refúgio, um local que era só dele. Nunca soubemos mais do que isso.

Meu coração disparou, quase saindo do peito. Carlisle havia me mostrado o lugar mais importante para ele, aquele refúgio secreto que ele guardava de todos, até mesmo de sua própria família. Ele não apenas me levou até lá, mas também me acolheu em sua cama, cobriu meu corpo com cuidado, e no dia seguinte, sem dizer muito, me levou embora.

Ele fez isso.

Duas vezes.

E agora, diante de todos, o peso daquela revelação era quase insuportável. E por mais que eu quisesse afastar esse sentimento, não podia ignorar o quanto aquilo significava.

— Eu sei onde fica — repeti, firme, trazendo os olhares incrédulos de todos para mim.

Esme foi a primeira a falar, a surpresa clara em seu rosto.

— O quê? Ele mostrou para você? — A incredulidade em sua voz era nítida.

Eu apenas assenti, o ar parecendo mais pesado em meus pulmões.

— Sim, ele me levou lá. — Pausei. — Duas vezes.

Esme passou as mãos pelo rosto, como se tentasse processar tudo. Seus olhos me fitaram com uma mistura de esperança e desespero.

— Estou torcendo que ele tenha ido visitar seu paraíso, antes de se entregar — ela murmurou, a voz frágil. — Se tivermos sorte, Carlisle pode estar lá, ainda ponderando, antes de tomar qualquer decisão drástica com os Volturi.

Eu apenas assenti, sentindo o peso dessa missão recair sobre mim.

— Então vamos — declarei, começando a me dirigir ao carro, pronta para agir.

— Não, Grace — Bella interrompeu, sua voz hesitante, mas firme.

Me virei para ela, confusa.

— O que?

Bella se aproximou, parecendo escolher as palavras com cuidado.

— Talvez seja melhor que você vá sozinha. Ele vai escutar apenas você. Se formos todos, pode parecer uma intervenção, algo que o afastaria ainda mais. Mas se for você... ele pode reconsiderar. Ele confiou em você antes, confia em você agora.

Engoli em seco. A ideia de ir sozinha era desconcertante, mas, ao mesmo tempo, fazia sentido.

Lá estava eu de novo, indo para a casa onde Carlisle havia confessado o que sentia por mim. A lembrança daquele momento era sufocante, mas também cheia de camadas que eu nunca conseguiria decifrar completamente. Isso era muito maior do que eu podia imaginar.

Mas agora, não havia mais volta. Eu precisava terminar isso de uma vez por todas.

Respirei fundo e estendi a mão, esperando a chave do carro. Edward se aproximou em silêncio, colocando-a nos meus dedos com cuidado, como se soubesse o peso que aquilo carregava.

Bati a porta do motorista com um estalo forte, me acomodando no banco. Como se meu corpo soubesse exatamente para onde ir, mesmo sem precisar pensar. As curvas, a estrada... tudo estava gravado em minha memória. Era quase automático.

Eu dirigia em silêncio, cada quilômetro me levando mais perto do lugar onde tudo havia começado.

Minhas mãos apertaram o volante com força, o som do motor o único ruído quebrando o silêncio pesado ao meu redor. A estrada diante de mim ficou ainda mais deserta, envolta em árvores altas e sombras. Virei o carro para a pequena entrada de terra, o coração batendo mais rápido a cada metro percorrido.

E então, ela apareceu.

A casa.

Exatamente como Carlisle a havia deixado da última vez que estivemos aqui. Intocada, quieta, um reflexo do homem que a mantinha como um santuário, cheio de memórias que ninguém além de nós dois conhecia.

Meu peito apertou, uma mistura de ansiedade e confusão crescendo dentro de mim. Eu queria que ele estivesse ali? Parte de mim, a parte mais racional, sabia que isso significaria que ainda havia tempo, que ele não tinha ido aos Volturi. Mas outra parte, uma que eu tentava esconder, temia reencontrá-lo naquele lugar...

A resposta parecia escapar de mim, à medida que eu olhava para aquela casa que guardava segredos maiores do que eu podia carregar.

Não precisei nem abrir a porta do carro. Carlisle apareceu como uma sombra, sua figura familiar se destacando contra o cenário da casa, os olhos escuros e profundos fixados em mim. Ele estava vestido de preto, a expressão no rosto fechada, quase desconfiada.

— O que você acha que vai fazer!? — Não me dei ao trabalho de cumprimentá-lo; havia muito em jogo para me preocupar com formalidades.

Ele me encarou por um momento, como se estivesse tentando ler meus pensamentos.

— O que você está fazendo aqui? — Carlisle perguntou.

— É sério, Carlisle? — perguntei, a incredulidade transparecendo na minha voz.

— Isso não é sobre você — ele respondeu, um tom de firmeza em suas palavras.

— Não estou dizendo que é sobre mim! — rebati, frustrada. — Mas sua família acha que, de alguma forma, você me escuta!

Ele balançou a cabeça negativamente, como se a ideia o irritasse.

— Você realmente acha que se entregar para eles vai adiantar?

Ele estava começando a me deixar nervosa, mas não podia recuar agora.

— Sabe o que é se olhar no espelho e não reconhecer o homem que vê? — ele começou a falar, sua voz agora carregada de emoção. — Sabe o que é passar séculos da sua vida deixando a sua compaixão pelo próximo sempre acima de qualquer coisa, e quando chega alguém que te faça mudar de ideia, sua mente te derruba?

Ele me encarou intensamente, como se quisesse que eu entendesse a profundidade do que estava dizendo.

— Você não conheceu o verdadeiro Carlisle, Grace, e isso me deixa irritado... — Ele se afastou, a frustração evidente em sua postura. — Eu me perdi no caminho, perdi tudo que lutei para construir, coloquei minha família em perigo pela insanidade! Eu fiz tudo ser errado, quando séculos eu lutei para sempre ser certo!

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. O que ele queria dizer com "verdadeiro Carlisle"?

— Isso não vem ao caso agora! — Respondi, olhando para o chão. — Nada disso vai mudar se você for para aqueles vampiros, nada disso será diferente!

Fui até ele, decidida a não deixar que se afastasse.

— Você tem tudo que precisa, Carlisle — respondi, tentando transmitir toda a urgência que sentia. — Sua família. Eles se preocupam com você. Não coloque tudo a perder! Se você acha que se perdeu, trate de se encontrar mais uma vez!

As palavras saíram mais firmes do que eu esperava, e eu podia ver a luta em seus olhos.

— Será pior se deixar cada um deles sem você. Sem sua sabedoria, sem a sua presença!

Ele parou, a luta interna evidente em seus olhos, e então se sentou na escada da entrada, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. Olhando para mim, ele perguntou:

— Fica comigo?

— O que? — minha surpresa era nítida. Não esperava esse pedido.

— Só preciso da sua presença. Você pode ficar em silêncio a noite inteira, se quiser. Só preciso saber que você está aqui — ele respondeu, a vulnerabilidade em sua voz quase me deixou sem palavras. — Fica comigo?

Carlisle era um homem forte, mas naquele momento, ele se mostrava frágil, exposto. Decidi me sentar ao seu lado, completamente em silêncio.

Eu não sabia exatamente o que dizer, e, naquele momento, talvez não houvesse palavras. O silêncio nos envolveu.

— Ele está vindo — Carlisle começou, a voz grave e tensa. — Aro Volturi. Eu o chamei antes que você chegasse.

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