O calor do deserto queimava a pele levemente bronzeada de Daphne Hugo. A jovem passara boa parte do dia caminhando em meio ao nada, de baixo de um calor de 40 graus e sem uma gota de água em seu organismo. Ela já não lembrava mais quando foi a última vez que tomara um copo de água fresca.

  Parecia até um sonho distante.

  A moça de cabelos castanhos havia sido mantida em cativeiro pelas últimas semanas em um lugar que ela desconhecia, mas tinha certeza absoluta que não estava perto de casa como achava antes de fugir. Sua mente as vezes a traía e fazia ter vislumbres de uma fonte inesgotável de água e de alguém vindo a seu resgate. Mas não havia água e nem ninguém vindo lhe salvar. Ela morreria de insolação e de desidratação no meio de um deserto, sozinha e que depois de morta, seria devorada por urubus que pairavam no céu sobre sua cabeça. Esse seria o fim trágico de Daphne Hugo.

  Ela já se imaginava num pós-vida ao lado de seus familiares mortos e de seus ídolos de infância num dos jantares na casa de sua avó, ouvindo Debussy e saboreando um delicioso ensopado de carne na cozinha extravagante da matriarca da Hugo.

  A simples visão foi o suficiente para seu cérebro cansado e suas terminações nervosas a fazerem cair sobre a areia escaldante.

  Seu estômago estava vazio e ela caminhava a horas, e não tinha mais forças para continuar. O fim era inevitável e ela não aquentaria por muito tempo. A jovem Hugo se estirou sobre a terra e esperou...