° Chapter 34 °
OLHA QUEM TOMOU VERGONHA NA CARA LALALALALA
Então... peço que segurem suas cabeças 👁️👄👁️
Eu nem sei o que falar sobre esse cap kakskskkdsk ele é tão bom e ao mesmo tempo tenso, pelo menos achei. Mas vocês quem decidem, não é?
Vocês são meus reis/rainhas, então vamos lá!
E lembrem-se, não se sintam acanhados em expressar o que estão sentindo. Se joguem nos comentários e se estiverem curtindo essa história doida, votem também que me ajuda muito ❤️❤️ Desde já agradeço, aliás, desde sempre. E é isso aí
Boa Leitura!
~~~~x~~~~
Beacon Hills. (20/12/16) |Sexta-feira|
O ar gelado e incômodo com uma mistura quase insuportável de variados remédios fortes no ar juntamente a produtos de limpeza. Era o odor característico de qualquer hospital, revestindo a maior parte dos metros quadrados. Isso sempre irritou Stiles desde que fora obrigado a passar períodos longos do tempo nesse específico ambiente após o diagnóstico de sua mãe. Algo que seu cérebro claramente associou a tempos nada agradáveis de se recordar.
Ele podia não saber ao certo do porquê estar ali, mas sabia que não sentia-se angustiado ou ansioso como nas clássicas vezes para sua surpresa. Captava a presença a mais de alguém ali, e isso de certo modo não o alarmou. Afinal, poderia se tratar de seu pai, pelo menos fora o que passou por seu raciocínio confuso até um certo segundo. Notou uma mão entrelaçada a seus dedos, ocasionando no reconhecimento da textura que lembrava o contato de um determinado lobisomen. O aperto forte e ao mesmo tempo delicado em sua palma. Percebeu algo que pinicava envolvido ao redor de seu outro braço, e isso aos poucos o deu mais motivação para continuar com as tentativas um tanto falhas até abrir os olhos. Não fora tão difícil como esperava depois de alguns segundos.
Piscou rápido e com certa força afim de acostumar suas orbes a receber a claridade do ambiente onde se encontrava. Ignorou a sonolência a todo custo, deparando-se com o teto branco com as clássicas lâmpadas embutidas. Respirou fundo franzindo a testa e olhando para o lado ainda meio perdido.
Derek estava sentado de forma desajeitada em uma cadeira, a metade do corpo descansando na beira da maca junto a cabeça dolorosamente pousada sobre o próprio braço que segurava seus dedos. Uma posição visivelmente desconfortável. O humano piscou mais devagar, desviando o foco por alguns instantes do namorado apenas para levar a atenção rumo ao seu braço esquerdo, este agora limpo e todo enfaixado com gaze e esparadrapos. Suas roupas também não eram as mesmas pelo pouco que notou e se lembrava. Ele moveu meio incerto o braço, erguendo-o de leve e logo esboçando uma careta em desconforto devido a subita dor muscular e ardência que sentiu no local coberto. Revirou os olhos minimamente em frustração, analisando em seguida as camadas do curativo.
— Melhor não mexer, os cortes não foram tão superficiais quanto pensei.. — Escutou de repente a voz rouca e cansada de Derek soar próxima ao seu ouvido, fazendo-o virar a cabeça na direção dele rapidamente. — Você acabou desmaiando, tava perdendo sangue sem parar.. — Explicou o Hale com certa melancolia por trás das palavras, mordendo o interior da bochecha em uma expressão tristonha porém um tanto aliviada por ver o mais novo despertando. Ainda que odiasse ter que encaixar uma frase dessas com alguém o qual mais se importava.
Stiles umedeceu os lábios ressecados franzindo a testa, pensativo por alguns instantes. Até que finalmente tudo do dia anterior veio a tona. Flashes rápidos das garras, Adam rosnando de repente e pedindo para ele se afastar, o sangue encharcando o chão por onde passava. Eram cenas autoexplicativas e fora de ordem mas que mal pareciam reais por terem ocorrido em meio a míseros segundos. Ele arregalou os olhos de leve, deixando um aperto na mão do namorado antes de direcionar um olhar ansioso para o rosto dele.
— Derek, ele.. está bem? — Murmurou meio falho e rouco, a feição ansiosa e atribulada apesar de abatida. O Hale arqueou uma das sobrancelhas parecendo incrédulo com a pergunta, mas suspirou fundo em seguida repreendendo-se. Passou a acariciar o dorso da mão do namorado ainda entrelaçada a sua.
— Conseguimos contê-lo.. mas a madrugada não foi nada fácil pra ele. — Disse após ponderar, encarando o humano com os olhos gentis apesar de atentos e sérios caso ele notasse algo fora do estável no rapaz. — Isaac garantiu que conseguiria acalmá-lo, e está até agora com ele. — Completou apertando os lábios, assistindo Stiles assentir parecendo menos tenso. Logo desviando o olhar para algum ponto qualquer na parede do quarto com um ar um tanto atordoado e pensativo. Um breve silêncio se instalando entre eles de repente.
Derek entreabriu os lábios suspirando fundo, direcionando mais uma vez a atenção para o braço enfaixado do humano. Sua expressão assumindo uma áurea séria em angústia somente em lembrar da cena. Pelo menos até sentir um carinho suave e repentino contra sua bochecha, despertando-o em segundos como se saísse de um transe. Mal notou quando a mão do namorado havia se desvencilhado da sua. Retribuiu a todo custo o olhar de Stiles, mesmo que seus olhos lutassem para o foco não voltar aos ferimentos cobertos. Deixou transparecer de modo sucessivo todo o incômodo que manteu silenciado desde a noite passada.
— Tá tudo bem, okay? Não foi tão grave.. — Stiles disse usando um tom cuidadoso e o olhar firme para encarar a expressão sutilmente aflita do Hale. Ele apertou os lábios maneando a cabeça para o lado com um semblante empático, sentindo a textura áspera da barba rala do namorado contra os dedos. — O idiota responsável sou eu, devia ter me afastado no momento em que ele pediu.. — Afirmou com leve aborrecimento no tom baixo, negando com a cabeça e esboçando arrependimento. Recordou-se de maneira vaga de quando a respiração do francês tornou-se ofegante de forma súbita; primeiro sinal que devia ter o feito recuar. Levou o olhar para o rosto de Derek logo depois, analisando-o tempo suficiente para desvendar o que rondava a cabeça do lupino. Era mais que acostumado com a quietude do mais velho grande parte do tempo, mas o porém a ser destacado era que esse não parecia ser o silêncio comum dele. — Sabe que.. o culpado sou eu, certo? — Assentiu de leve para enfatizar ao dizer devagar, como se fosse alguma novidade. Inclinando-se minimamente para frente.
Derek engoliu em seco afastando o nó irritante que havia estranhamente se formado na garganta, desviando o olhar lentamente. Abaixou a cabeça para encarar o pano branco que revestia o colchão da maca. Stiles negou em um aceno fracamente, tombando a cabeça para baixo afim de conseguir buscar de alguma forma a atenção do namorado até seu rosto outra vez, embora não ganhando a princípio. Ele praguejou em sua mente antes de se arrastar para a esquerda na cama hospitalar, liberando mais do espaço na superfície acolchoada. Fez um breve movimento com os dedos no campo de visão do mais velho, chamado-o para se aproximar.
— Não, não. Nem tudo é culpa sua, Derek. Entenda. — Afirmou duramente mas com gentileza e convicção, assistindo a expressão do Hale cuidadosamente suavizar de modo quase imperceptível a medida que sentava no espaço dado ao lado do humano. Embora tenha se mantido rígido e um tanto incerto sobre diminuir a distância de início. Stiles esboçou um sorriso fechado em compreensão, abrindo o braço em um convite mudo ao outro. Derek comprimiu os lábios hesitando por breves instantes antes de ceder. Ajeitou-se com cuidado no colchão e foi deitando de lado, apoiando a cabeça com cautela sobre o peitoral do humano. Erguendo os olhos verdes para o rosto de Stiles, que sorriu ladino suavemente. — Você não tem culpa, amor. E.. definitivamente, deve ter algo errado com Adam. — Comentou detestando ter que afirmar isso. Não conseguindo disfarçar a mudança brusca em sua expressão que tornou-se distante e inquieta. Arriscou erguer com cuidado o braço enfaixado rumo ao rosto do namorado para acariciar a bochecha do mesmo. Derek segurou uma repreensão na ponta da língua, pois sabia que o outro ignoraria. Apenas fechou os olhos aproveitando o toque.
— Com certeza tem algo errado, Stiles. — Derek murmurou após um suspiro, rompendo o silêncio e abrindo os olhos que sustentavam apreensão. O humano engoliu em seco assumindo um semblante intrigado e atento ao ouvir. Odiava estar certo quase sempre, isso Stiles podia afirmar sem dúvida. Pois admitir que algo assim já estava previsto há muito tempo não poderia mais ser taxado apenas de pessimismo. — Coiotes não costumam sentir os efeitos da Lua tão antecipadamente dessa maneira, e se sentem é um manifesto sutil e menos agressivo dependendo do temperamento. — Explicou usando um tom neutro afim de não alarmar tanto o mais novo. De qualquer jeito sendo em vão devido as circunstâncias. Stiles piscou parecendo compactuar com essas informações, abaixando o braço machucado ao senti-lo cansar. Iniciando afagos nos cabelos na nuca do namorado com a outra mão. A inquietação começando a corroer seu corpo com o passar dos minutos, obrigando-o a mexer alguma parte de seu ser.
— E ele é um coiote nascido, a essa altura deveria ter um certo controle.. — Acrescentou o Stilinski contragosto, apertando os lábios em uma feição absorta. Derek concordou em um aceno mínimo, arqueando uma das sobrancelhas pelo fato ressaltado. — E ele é tão.. atencioso? Quer dizer, não parece ser alguém com traços agressivos no temperamento.. — Por breves minutos sentiu-se errado. Se conhecia bem para saber que se possivelmente existisse algo suspeito com aquele coiote, teria notado de primeira e exposto nem que precisasse gritar para toda a cidade. Fora que fez o de costume; analisou feições, a linguagem corporal. Negou com a cabeça rapidamente, tentando trazer na memória alguma atitude evidente nos últimos momentos que teve com o rapaz, infelizmente encontrando nada. — Isaac não está contando tudo. — Bufou frustrado após dizer, cedendo totalmente a cabeça no travesseiro fino de forma ludibriada, sentia que a cabeça explodiria se pensasse mais. Ouviu Derek cantarolar algo em confirmação, logo sentindo a mão do mesmo acariciando seus cabelos bagunçados e um tanto longos. Não admitiria em voz alta o quanto esse simples ato estava ajudando a afastar a recorrente dor de cabeça.
— E isso quase custou seus ligamentos do braço.. — O Hale murmurou amargo sem conseguir conter. Um rosnado aveludado roncando de seu peito em seguida, não demorando a intensificar mais o abraço ao redor do tronco do humano. Stiles ergueu as sobrancelhas em surpresa e adoração, inclinando o canto dos lábios em um sorriso mínimo e genuíno. Descansou a bochecha contra os cabelos do mais velho enquanto esfregava as costas largas, notando de modo vago a tensão ainda presente nos músculos.
Estes específicos gestos que sempre aqueciam o peito do Stilinski inclusive em momentos assim, sendo um lembrete contínuo do quanto o Hale havia avançado em consideráveis aspectos. Muitos não cogitariam que um dia ainda iria existir essa versão do homem ao ponto de se comportar e render-se assim por alguém. Até ao se tratar de algum membro próximo de sua falecida família há um tempo atrás. Esse nível de afeto não era algo comum a ser mostrado – palavras de Derek que nunca se dissiparam da mente do mais novo – Satisfatório não chegava nem perto de ser a palavra para descrever esse sentimento, saber que deixava o mais velho a vontade desse modo. Poderia passar uma quantidade significativa de anos ao lado dele, e a sensação não mudaria.
— É, tem um ponto.. mas você como sempre foi ágil e graças a isso, estou bem. — Stiles garantiu em um murmúrio carinhoso. Talvez também reforçando o fato um pouco para si mesmo como um mantra antes de mover a cabeça para o lado, deixando um beijo demorado contra a testa do Hale agarrado nele. — Você comeu alguma coisa? — Intensificou os carinhos nos cabelos do namorado ao questionar, lançando um olhar periférico na direção do mais velho deitado em seu peitoral. Derek apenas negou e subiu mais sua cabeça, escondendo o rosto próximo ao pescoço do humano. O cheiro característico que o acalmava entrando por suas narinas. — Quando saímos daqui, quero que você descanse direito.. — Avisou em um falso tom autoritário, mas o pedido soando real para qualquer um que ouvisse identificar facilmente.
— Tanto faz.. hoje ainda tem a Lua cheia. Não vou conseguir dormir nem se quisesse. — Derek disse sem dar muita importância para o evento, saindo abafado e causando breves arrepios no humano devido ao hálito quente em contato com a pele. Stiles arqueou subitamente as sobrancelhas ao se lembrar desse detalhe, consequentemente sua agitação repentina chamando a atenção do mais velho que não demorou a erguer a cabeça de seu peitoral logo depois. — Não, nem pense. — Pediu o Hale, mirando as orbes verdes sérias em aviso para o rosto do namorado. Stiles bufou descontente.
— Eu tenho que ajudar na vigia com o Scott e Corey hoje a noite na casa do Liam. — Disse de maneira resolvida, o semblante e tom de voz óbvios. Devolveu o olhar do mais velho no mesmo modo, assistindo Derek apertar os lábios soltando um suspiro forte pelo nariz. Outro fator que sempre deixaria o Hale de cabelos em pé; a teimosia e a falta de autopreservação do humano de uns anos para cá. Stiles a todo momento disposto a ajudar os outros, mas em nenhum segundo atento em se colocar as vezes em primeiro lugar só para variar. — Não me olha com essa cara de cão emburrado. Sabe que não consigo levar a sério quando faz assim, me lembra aquele meme que já te mos-
— Stiles! Você levou mais de trinta pontos! — Derek o cortou rapidamente. Sua impaciência sobressaindo-se ao aumentar de maneira significativa o tom de voz. Stiles levou o lábio inferior entre os dentes, respirando fundo em revolta e guiou o olhar para o teto. Tentava ignorar que infelizmente o lobisomem tinha razão para se preocupar e gritar com ele. Mas já havia passado por inúmeras situações semelhantes e mais agonizantes e ainda conseguiu tirar o pessoal da morte certa, e odiava estar de fora sentindo-se impotente enquanto os outros se arriscavam. Essa era uma das desvantagens em ser o único humano na alcatéia, mas isso não era algo que o desmotivava. E isso todos tinham o conhecimento devido.
— Derek, mas.. — Mal pôde tentar usar um de seus mais elaborados argumentos. Escutou a porta no canto do cômodo se abrir de repente, e logo a figura de seu pai apareceu ao atravessar o batente. Stiles negou com a cabeça, afrouxando o abraço no mais velho que endireitou-se depressa.
— Chega, Stiles. Como sei que não vai me escutar nesse quesito, pelo menos escute seu namorado. — Noah usou um tom firme que há anos não saía de sua boca. Sustentava uma expressão inteligível, as familiares olheiras ao redor dos olhos claros.
Stiles se encolheu de leve, ele confessa. Encontrar o pai ali fora um susto perfeito, pois havia se esquecido da possibilidade do Sheriff estar presente, deveria ter imaginado. Mas não se daria por vencido, e com esse pensamento. Ousou levantar um pouco seu tronco usando o cotovelo do braço sem danos, sentando na cama com uma certa agilidade. Mas logo sentiu um dos braços de Derek puxando-o para trás pela cintura, sentindo suas costas colidindo suavemente contra o peitoral do lobo. Ele jura que se pudesse rosnar audivelmente sem parecer ridículo, com certeza o faria.
— Não inventa, você ainda tá fraco pela perda de sangue. Melissa disse que você teve sorte, felizmente por não precisar de doação. — Noah esfregou o rosto após dizer, pousando uma das mãos no costumeiro cinto coldre em sua cintura. Lançou um olhar agradecido a Derek, algo que não passou despercebido por Stiles que bufou incrédulo tentando se soltar algumas vezes do aperto do namorado.
— Isso é sério?! Okay que levei um arranhão digno de um Oscar, mas agora tô bem.. — Stiles jura que não quis praticamente choramingar na última parte, mas a frustração fora maior que ele. Recebeu um olhar entediado do pai que apenas se recostou no batente da porta assistindo-o. Derek atrás de si suspirou, passando o outro braço por sua cintura em um abraço firme e paciente. O Stilinski odiava estar no fundo gostando do toque quente devido ao clima frio, ou será que o problema era com ele?
— Um arranhão que vai te dar uma bela cicatriz que sem dúvidas vai atrair olhares curiosos quando for pro departamento do FBI. — Comentou Noah com falsa animação após um suspiro cansado, cruzando os braços contra o peito. Stiles inclinou o canto dos lábios considerando a informação mentalmente, pelo menos isso seria o mais divertido dessa situação toda. — Agora, quero que dê um tempo até que isso melhore, me entendeu? — O Sheriff ergueu as sobrancelhas solidificando seu pedido, vendo Stiles entreabrir os lábios indignado.
— Como se tivéssemos tempo, pai.. — Murmurou o rapaz em nítida angústia, mordendo o interior do lábio inferior e desviando o olhar para o chão. Cedeu ao aperto de Derek aos poucos, ajeitando-se melhor contra ele e pousando o braço direito sobre os do mais velho ao redor de sua cintura. Noah analisou o filho com compreensão no olhar, decidindo se aproximar devagar.
— Apenas.. poupe o braço o máximo possível, e não se coloque em situações difíceis. — Noah usou um tom calmo apesar da seriedade no pedido. A postura relaxada ao contrário do olhar autoritário. — Stiles, eu confio muito em você, e sabe disso. Não me faça repensar sobre. — Deu sua palavra final, olhando de relance para Derek atrás do filho, pedindo silenciosamente que o ajudasse. — Está tudo bem perambular por agora, mas ao anoitecer quero você em casa. — Apenas ditou e não demorou a se virar, movendo os calcanhares em passos pesados na direção da saída do cômodo.
Stiles mordeu o lábio inferior iniciando uma tremedeira em sua perna direita, sua feição assumindo um aspecto pensativo e um tanto culpado. Os olhos âmbar encaravam fixamente seus pés descalços, mas o foco não sendo propriamente neles. Se conhecia o suficiente para saber que não conseguiria obedecer totalmente àquele pedido, mas também não poderia decepcionar seu pai, e nem deixar seus amigos na mão. E embora os descontrolados do passado estejam mais disciplinados que anos atrás e agora tenha surgido outra nova preocupação. As coisas não desandariam como pensavam. Ele acreditava nisso.
— Sei que quer fazer tudo do seu jeito, mas só.. dessa vez, pode ouvir as pessoas que querem seu bem? — Derek sussurrou de maneira gentil, apoiando o queixo sobre o ombro do humano que abraçou mais forte seus braços. — Sei que está ansioso agora que sabe ter algo errado, mas garanto que vou te falar o que estiver acontecendo exatamente. Assim que eu entender tudo.. — Afirmou com firmeza no tom macio, inclinando o nariz para mais perto da pele no pescoço do Stilinski, que fechou os olhos por alguns segundos apertando o lábio inferior entre os dentes superiores. Detestava deixar o sentimento inquieto e sufocante dominá-lo assim.
Stiles se virou devagar nos braços do mais velho, certificando de não bater seu braço no breve movimento. Derek possuía um olhar carinhoso apesar da sonolência, a feição sem a costumeira carranca que não aparecia por ali com tanta frequência tinha alguns anos. O rapaz guiou a mão até o rosto do Hale, acariciando a bochecha coberta pela barba. O sorriso ladino que se formou nos lábios do mais velho fora genuíno e automático, causando uma vibração boa no peito do humano. Stiles se arrastou um pouco mais para frente no colchão, sentindo um aperto carinhoso em sua cintura.
— Me promete que vai tomar cuidado? E.. me contar sem cogitar em esconder?.. — O tom de Stiles soara mais frágil do que realmente pretendia, lançando um olhar cabisbaixo porém resoluto que passava uma confiança tão pura para Derek simplesmente concordar sem pensar. O Hale entreabriu os lábios puxando ar para os pulmões, puxando o corpo do namorado para mais perto. Não desviou o foco do rosto determinado da pessoa mais persistente que já conheceu.
— Vai saber. — Garantiu sério, e sem brechas para um timbre incerto no meio disso. Os olhos verdes mirados no rosto do mais novo. Stiles relaxou visivelmente após piscar devagar, soltando o ar que nem sabia estar prendendo. Mal notou quando levou o olhar para os lábios do Hale, demorando-se ali por alguns segundos antes de juntar ambas bocas em um selinho demorado e lento, levando a mão direita para os fios curtos na nuca do outro. Deixou aparente todo o alívio que sentia naquele ato, não deixando de fora o carinho e a gratidão que gritavam em seu corpo desde que despertou.
Após cessarem Stiles somente o puxou para um abraço urgente. Derek sempre tomando cuidado para não se mexer muito devido ao braço enfaixado pousado sobre suas costas. Ele se colocou entre as pernas do humano, mantendo-se agarrado a ele por intermináveis minutos. Stiles apenas se aconchegou, não escondendo o quanto estava curtindo aquilo.
— Sem mentiras dessa vez. — Derek garantiu em um sussurro de repente, sentindo um fungar baixo e manhoso vindo de Stiles perto de seu pescoço. Definitivamente não estava aberto a erros.
*
O teto escuro e meio empoeirado, sustentado por vigas de ferro e algumas pilastras de concreto. A luz fraca indicando final de uma manhã ensolarada adentrava com dificuldade por estarem no térreo. O cenário realmente parecia perturbador, mas não era um todo tão ruim como aparentava. Pelo menos Isaac garantia isso para si mesmo a toda hora, pois já esteve em lugares piores que o quase subsolo de um prédio.
Observava com a feição séria e os braços cruzados contra o peito, a figura de um Adam meio adormecido. As correntes grossas e pesadas envolvendo o corpo cansado do coiote junto a estrutura da pilastra até então bem resistência desde que toda a agitação começou. Não havia sido fácil, e graças a sua cura possivelmente ainda restaria muitos hematomas e arranhões para curar a essa altura. Tudo o que conseguia sentir era preocupação rondando cada nervo de seu ser, e ao mesmo tempo, seu cérebro não trabalhava para nenhuma alternativa boa afim de conseguir ajudar o menor devidamente. Tudo sempre sendo tão desconhecido para ambos após o primeiro manifesto.
Isaac suspirou forte em aborrecimento, tentando desligar a todo custo seu raciocínio agoniado ao constatar que não resultaria em nada útil assim. Ele bocejou um pouco dando alguns passos na direção do francês, sentando-se em frente ao coiote e cruzou as pernas em seguida. Adam possuía um aspecto bagunçado que se fosse em outra ocasião, Lahey com certeza zombaria.
O restante do suor deixando a pele pálida brilhante, os cabelos desgrenhados e o tecido da blusa que trajava meio rasgado. O cacheado suspirou lamentando silenciosamente, guiando a mão até os fios castanhos do outro deixando uma carícia na área. Levou os olhos para o topo da pilastra logo depois, analisando de maneira minuciosa apenas para checar se não havia alguma rachadura. Se sentiu de certa forma aliviado por não encontrar nada, pelo menos algo dando certo.
— Que horas são?.. — Isaac deu um sobressalto ao escutar a voz rouca de Aubert preenchendo o silêncio daquele local. Seus olhos levemente arregalados voltando-se a ele de imediato. — Desculpe.. — Pediu de maneira fraca, piscando os olhos recém abertos devagar. Lahey suspirou com a sombra de um sorriso mínimo nos lábios.
— Deve ser perto do meio dia. Você só apagou as cinco da manhã. — Informou enquanto ajeitava-se no chão, apoiando os cotovelos nos joelhos. Lançava um semblante tranquilo ao mais novo, que apesar de ter compreendido ainda parecia confuso a medida em que olhava para os lados algumas vezes. — Como se sente? — Usou um tom atencioso, ganhando no mesmo instante o olhar do coiote.
Adam umedeceu os lábios, analisando vagamente o cacheado. Descendo um pouco o foco para verificar as correntes pesadas envolvendo seu corpo. Ele soltou um suspiro longo e cabisbaixo, mantendo o olhar no chão em nítida ponderação. Isaac inclinou a cabeça de leve para baixo, tentando ter acesso ao rosto do outro. Já imaginava o que rondava a mente dele.
— Você não tem culpa disso, entende? Não sabemos.. — Isaac se interrompeu por um momento, apertando os lábios e buscando as palavras certas. Embora nem todo diálogo que já usou ou pretenda usar vá resolver algo. — Não sabemos ainda o que de fato signifique todas essas manifestações, e nem tínhamos como ir atrás disso direito. Sempre precisamos ficar atentos ao caçadores na Europa. Você sabe disso, Adam. — Ressaltou usando um tom paciente e gentil, assistindo aos poucos o menor relaxando a postura. — E eu que errei por não ter dito a eles sobre isso assim que nos instalamos aqui..
— Se não me culpa pelos problemas que eu causo, então não deve fazer isso com você também. — Adam sussurrou em um tom levemente embargado, o olhar ainda voltado ao chão. Isaac não se conteu, aproximando-se e erguendo com cuidado o rosto do coiote pelo queixo. Deparou-se com os olhos azuis marejados, a ponta do nariz meio rosada indicando os indícios do choro. — E-Eu o machuquei, não é? Stiles.. — Engoliu em seco sentindo o nó costumeiro na garganta. Isaac apertou os lábios em compreensão, sentindo uma sensação agoniante no peito. Acariciou os cabelos do menor enquanto se colocava mais para frente, próximo a ele. — Eu juro.. pedi pra ele se afastar, mas ele..
— Sh.. Stiles sabe que não teve a intenção, okay? — Garantiu em um timbre baixo e calmo, lançando um olhar firme enquanto segurava de maneira delicada as bochechas do coiote ao mesmo tempo em que movia o polegar contra a pele agora molhada pelas lágrimas recentes. — E ele já está recebendo os devidos cuidados. Agora, respira devagar. Vamos, babe. — Pediu mantendo o olhar fixo nas orbes do outro, encorajando-o indiretamente através do apelido. O coração do francês não poderia acelerar mais do que já estava. — Sabe que não vou deixá-lo ferir mais ninguém e muito menos se machucar. — Disse de modo determinado e sincero, pousando as duas mãos nos ombros de Adam que suspirou trêmulo assentindo devagar. Não poderia deixar seus pensamentos negativos o atrapalharem novamente.
— Por um momento pensei.. que isso não aconteceria mais. — Adam desabafou cansado entre a respiração um tanto ofegante, apoiando a cabeça contra a pilastra e encarando o teto. — Que eu pudesse reconstruir a vida aqui de algum jeito agora, e.. esquecer que sou uma espécie de... coiote defeituoso. — Zombou sem muito ânimo no tom de voz. Logo fechando os olhos com força ao dizer, mas ainda mantendo o exercício respiratório em prática.
Isaac apenas se empenhava em escutar atento, deixando carícias lentas e constantes contra o rosto e cabelos do menor. Sabia que quando Adam não estava totalmente fora de sua racionalidade, despejar os pensamentos que o atormentavam em forma de palavras era uma boa tática para buscar controle. Embora não conseguir resolver tudo de fato o entristeça.
— Você não é defeituoso. — Quase rosnou ao dizer, pois odiava quando o menor se referia desse modo sobre si. Mas iniciar uma discussão não adiantaria em nada, e descobriu isso da maneira mais desagradável. Ouviu um fungar vindo do francês, o que despertou o cacheado. Fazendo-o amolecer instantaneamente, prosseguindo em um tom mais cuidadoso. — E agora que estamos aqui, talvez tenhamos chances reais de pesquisar mais a fundo.. — Ressaltou esperançoso, ganhando a atenção do outro que piscou algumas vezes tentando cessar o lacrimejar em seus olhos.
— Só quero poder.. controlar isso de verdade. — Engoliu em seco, passando a língua pelos lábios ao ponderar. Sentindo brevemente o gosto salgado das próprias lágrimas. — E espero que.. seja lá o que aconteça aqui hoje, eles não tenham medo de mim quando acabar.. — Praticamente suplicou em um murmúrio, abaixando o olhar por alguns instantes. Isaac esboçou um sorriso fechado e empático, aproximando-se mais e se inclinando até o menor. Ficando cara a cara com ele.
— Existem coisas muito piores, e mais difíceis as quais lidei ao lado deles. E sem contar no que tenham enfrentado na minha ausência. — Suspirou fundo ao constatar, pousando a mão esquerda sobre os cabelos bagunçados do coiote. Sentia que precisava aconselhar o menor mesmo não sendo tão bom nisso. — Acredite, seja lá o que ocorra hoje a noite. Eles vão estar dispostos a ajudar você no final. — Nunca afirmou algo com tanta segurança, e poderia dizer que fora a única coisa certa que disse até então. Esboçou um sorriso de canto gentil, depositando um beijo demorado na testa do francês que fechou os olhos em reflexo.
— Vou confiar nas palavras do meu irmão, então. — Adam murmurou visivelmente mais calmo, o semblante neutro porém a gratidão nítida nos olhos azuis cansados. Isaac riu baixo escovando os cabelos do outro para trás, olhando para o lado de relance em seguida afim de pegar a garrafa d'água pela metade que estava ali há alguns minutos. Deveriam aproveitar o restante de horas que tinham até que tudo iniciasse outra vez. Apenas tinham conhecimento de que com a ida definitiva da Lua cheia; os sentidos, instintos, tudo se acalmariam em Adam.
— Beba um pouco, vai. — Disse Isaac ao aproximar a garrafa plástica, levando-a devagar até os lábios de Aubert que aceitou de bom grado tomando consideráveis goles. Lahey riu anasalado. — Agora tenho um pretexto pra você ser meu escrevo por um dia na próxima vez. — Comentou brincalhão após afastar a garrafa quase vazia. Adam travou uma risada na garganta, olhando de maneira debochada para o maior.
— Ei! Já fui quando você tava sem andar. Mas como sonhar é de graça, então vai em frente e durma. — Sugeriu o coiote revirando os olhos com um sorrisinho travesso, a melancolia afastando-se daquela feição aos poucos. Isaac negou com a cabeça rindo, sentindo-se aliviado ao notar a tensão fora do corpo do rapaz a essa altura.
— Tá bom, mas por falar em dormir. Tente descansar um pouco.. — Isaac pediu sendo o menos autoritário possível para não estressá-lo. Embora sustentasse um olhar sério e determinado na sugestão. Adam ponderou um pouco, maneando a cabeça para o lado em incerteza. — Sabe que não deu certo da última vez. Estar cansado não vai diminuir sua força na Lua, e além do mais. Isso só pode estressar você, pois vai estar exausto e...
— Okay, Okay. — Adam interrompeu o maior em um tom cansado. Mas de um jeito ou de outro não tirava a razão do beta. Suspirou assentindo minimamente em desvantagem, esboçando um sorriso mínimo. Isaac arqueou uma das sobrancelhas em uma feição convencida. — Mas.. me ajuda a dormir? — Pediu em um tom meio tímido, o que deixou o cacheado meramente curioso. Isaac não hesitou em concordar.
— Sabe que sim. — Isaac disse com uma expressão divertida e dando um meio encolher de ombros, levando a mão direita para os cabelos do coiote outra vez. Adam apertou os lábios em um sorriso contido, fechando os olhos ao relaxar sentindo as carícias nas madeixas.
Lahey executava o clássico cafuné que sempre fora um aliado na hora de acalmar o mais novo com pesadelos e afins. Sentia-se no dever de fazer isso pelo amigo por simplesmente nunca ter tido algo assim na adolescência quando precisou. Obviamente os tempos mudaram, mas certas coisas querendo ou não funcionavam para ele como um instinto extra. Embora a maioria das decisões tomadas com base nisso tenham sido talvez um pouco impensadas. Esperava ainda poder concertar certas situações.
O cacheado piscou os olhos e sacudiu a cabeça no intuito de afastar os pensamentos por agora. Apenas concentrando-se no francês a sua frente, que aos poucos se entregava a sonolência que antes fora ignorada a todo custo. Os olhos pesando de maneira gradativa. Isaac analisou as correntes que prendiam o menor, segurando-se para não se render a vontade de soltá-lo. Respirou fundo.
Eles iriam conseguir sair do escuro com relação a tudo isso.
*
Embora os sons externos na vizinhança estivessem mais que evidentes a essa altura. A exaustão corroendo o corpo de Liam era um tanto mais forte. Devido aproximidade da Lua cheia, precisou ficar verericando Theo em algum momento da madrugada. E não foram poucos por conta da sua ansiedade. Embora o chimera ainda tentasse o enganar, os chutes de Lori assumiram uma intensidade incomum e meio preocupante. Óbvio que Deaton havia dito a eles essa possibilidade, mas confessa que se sentiu apreensivo. Odiava ver o mais velho sentindo dor, mesmo que não fosse intensional.
Liam respirou fundo mais uma vez, parando aos poucos de mover a mão contra a barriga do namorado e apenas a pousou sobre a pele debaixo da blusa em um abraço. Raeken quem dormia profundamente dessa vez, e o beta confessa estar sentindo uma vaga inveja com relação a esse ponto. Queria simplesmente deitar e fazer o corpo relaxar, mas agora era como se todo os seus sentidos o proporcionasse um sono leve que qualquer mísero barulho o despertaria. Devido a tudo o que estava acontecendo, aquilo não era ruim de certa forma. Mas ainda sentia falta do sono regulado.
Ele piscou devagar mais uma vez antes de aconchegar o rosto bem próximo a nuca de Theo afim de sentir o cheiro característico do mesmo. Isso sem dúvida sempre o acalmou, e não demorou para sentir sua consciência a caminho para um possível descanso. Pelo menos fora o que constatou antes de uma música estridente soar no andar debaixo, provavelmente vindo da cozinha. Liam praguejou em sua mente, sentindo Theo se mexendo de maneira sútil em seus braços.
— O que é isso? — Theo murmurou meio falho e rouco devido ao sono, seus olhos estreitos ao se virar um pouco no abraço do namorado. Liam suspirou forte, deixando um beijo rápido na testa do chimera antes de começar a se desvencilhar dele. — Não.. fica aqui.. — Pediu o mais velho em um timbre manhoso, puxando de forma desajeitada o braço do beta.
— Calma, amor. Só preciso ir ver, é meu celular tocando lá na bancada. — Liam explicou após esboçar um sorriso em adoração, inclinando-se sobre o corpo do namorado em seguida afim de deixar um beijo demorado no pescoço do mesmo. — Logo tô aqui, okay? — Garantiu paciente, escovando os cabelos macios do outro para trás. Embora estivesse um tanto escuro no quarto, viu de maneira nítida o chimera assentindo de leve para logo voltar a se aconchegar na cama. Dunbar esboçou um breve sorriso de canto, adiantando-se em sair de uma vez do cômodo. O celular estava no segundo toque a essa altura.
Caminhou em passos preguiçosos e firmes até a porta, deixando-a encostada ao sair. Rumou o mais rápido que seu corpo sonolento era capaz, descendo os degraus de madeira de dois em dois. Sentiu de imediato o chão gelado em contato com os pés ao terminar o percurso na estrutura. Precisava dormir depois disso ou então iria tacar aquele aparelho na parede.
Liam esfregou o rosto meio aborrecido enquanto caminhava até a bancada. Buscou de uma vez o dispositivo, no entanto, ao contrário do que pretendia. Decidiu de última hora pegar um copo de leite na geladeira, quem estivesse ligando iria esperar levando em conta seu mal humor repentino. Não tardou em pegar a jarra cheia e despejar o líquido em um copo meio grande. Isso o ajudava a se acalmar quando pequeno, e nunca descobriu o motivo.
— Espero que não seja parente que não conheço.. — Liam suplicou em um resmungo, negando com a cabeça enquanto levava o copo até a boca tomando goles longos. Trouxe logo o celular até o ouvido após aceitar a chamada, não se preocupando muito em olhar no visor. Escutou uma vaga respiração estranha do outro lado. — Alô? — Disse meio desinteressado, voltando a beber o líquido gelado nesse meio tempo.
— Liam? — A voz feminina e doce que conhecia muito bem sôou, fazendo o beta arregalar os olhos instantaneamente e cuspir em reflexo o resto do leite que havia em sua boca. Atingiu a bancada em cheio. — Filho? — Ele piscou as orbes rapidamente sentindo-se desperto de um modo desagradável, retirando o celular de perto da orelha apenas para verificar a tela. A foto clássica de sua mãe estampada na chamada. Ele sentia que seu coração a qualquer momento atravessaria sua caixa torácica.
Deu a volta na bancada, pegando papéis toalha em um rolo preso acima da pia afim de limpar a boca e a bancada desajeitadamente. Levou o celular de volta ao ouvido devagar, tentando normalizar a respiração afim de proferir algo de uma vez por todas. Como ainda cogitou que poderia fugir disso?
— M-Mãe? — Pigarreou após gaguejar, querendo se bater por isso. Jenna soltou um suspiro aliviado do outro lado, o que deixou o beta ligeiramente curioso. Estavam morando no Canadá há poucos anos, e a última vez que ouviu algo assim vindo dela fora quando estavam se mudando para lá de vez. — Mãe, tá tudo bem? Parece meio..
— Estava tentando falar com você há horas! — Ela o interrompeu sem mal notar, soando meio irritada mas ao mesmo tempo em um timbre gentil. Liam bufou uma risada nervosa, largando o papel toalha usado no lixo para levar em seguida a mão até a nuca. — Está tudo bem? Você e Theo estão bem? Ah tô morrendo de saudades.. — Jenna disparou meio agitada, ocasionando num franzir intrigado na testa de Liam. Ele quase não via a mãe assim.
— Também estou com saudades, mãe.. — Ele disse quase como um desabafo, soando um tanto vulnerável. Jurou poder visualizar o sorriso caloroso da mulher após isso. Liam caminhou devagar dando a volta na bancada, rumando até o sofá afim de tentar se manter relaxado para essa conversa assim que se acomodou no estufado. — E.. estamos bem. Desculpe não ter atendido logo, eu e ele estávamos dormindo e..
— Nossa, a noite foi boa? — Jenna não tardou em perguntar, soando brincalhona após uma risada fraca. Liam arregalou de leve os olhos, um sorriso contido e acanhado pairando nos lábios. Não era surpresa perguntas assim. A mulher conseguia ser pior pessoalmente quando ainda morava em Beacon com eles.
— Mãe! — Ele repreendeu mordendo o canto do lábio inferior, negando com a cabeça. Jenna murmurou um "desculpe" mas sabia que de fato a mulher não se arrependia. Liam revirou os olhos com esse pensamento, aconchegando as costas no encosto acolchoado do móvel. — E então.. como você está? Papai tá bem? — Sentia tanta falta de David e dos conselhos sábios e memoráveis para determinada situação, ainda mais agora que precisava tanto de alguns essências. Seu peito apertou em uma angústia difícil de ignorar.
— Ah, meu amor. Estamos ótimos, e ele está dormindo. Plantão corrido no hospital. — Ela explicou em seu costumeiro timbre calmo, ocasionando em um sorriso suave no rosto de Liam. Adoraria poder abraçar a mulher apertado neste exato momento, mas também temia que com o que estava cogitando em dizer a fizesse não querer olhar mais em sua cara. — Mas.. de verdade, fico feliz e aliviada em saber que estão bem porque.. as notícias não são muito boas.. — Jenna sôou apreensiva, fazendo o rapaz se mexer inquieto no sofá. Mudando a postura e apoiando os cotovelos nos joelhos. Liam engoliu em seco, respirando fundo.
— É algum sobrenatural por aí? Mãe, eu juro que se quiser ajuda é só pedir. Sei lá, tenho algumas economias e também posso pedir para o Sc-
— Filho, filho! Respire, e por favor. Não é nada disso, estamos bem. — Jenna interrompeu o outro que precisou apertar os lábios para se frear no falatório. Ela podia ouvir a respiração inquieta dele. — Todos aqui são muito simpáticos e acolhedores, e inclusive conheci um garoto da sua idade estagiando no meu emprego, ele era um coiote. Muito atencioso. — Ela acrescentou totalmente segura em seu tom, pensando que isso poderia amenizar tudo. Liam arqueou uma das sobrancelhas um tanto incomodado com a menção daquele tal garoto.
— Como sabe que era um coiote, mãe? — Liam esfregou o rosto após a pergunta, ouvindo uma risada irônica da mulher. — Sabe que nem todos que têm bons reflexos são sobrenaturais, certo?
— Eu só sei, Liam. Pensa que depois de anos convivendo com vocês eu sairia dessa inútil? — Perguntou retoricamente, arrancando uma risada sonora do filho. As vezes se perguntava se era tão parecido com sua mãe até nos níveis de loucura. Talvez fisicamente já bastasse. — Enfim, antes de dizer. Eu só queria deixar claro que fiz de tudo, tudo mesmo. Mas filho, as ruas estão cobertas de neve e os aeroportos fecharam. Então, quer dizer...
— Espera.. — O sorriso do beta desmanchou automaticamente ao entender o rumo daquilo mesmo que tenha interrompido Jenna sem querer. Escutou um suspiro desanimado e tenso vindo dela. — Vocês não estarão aqui no natal e nem ano novo? — Fora mais difícil falar isso em voz alta do que cogitar, e se estivesse pensando direito. De certo modo seria até melhor não aparecerem, mas sua saudade quanto a ter a companhia de seus pais com certeza falava mais alto. — Tá tão ruim assim a situação? — Sua voz saiu mais como um sussurro frágil.
— Mal dá pra andar pela rua sem prender os pés ou tropeçar na neve, Liam. Muito menos sair de carro. — Jenna explicou em tom de lamento, suspirando fundo. O beta por alguns instantes paralisou, a decisão martelando em sua cabeça. — Eu juro que ano que vem, quando você menos esperar estaremos com vocês. — Ela garantiu em um tom determinado, mas Liam quase não conseguia raciocinar devido ao conflito interno. — Você está bem, querido? — Adotou uma voz apreensiva e sensibilizada por conta do silêncio. Liam piscou os olhos diversas vezes, saindo do estranho transe depois disso.
— Sim, eu só.. vai ser estranho não ter você aqui. Sabe que não ligo muito pro Natal, mas só porque posso ver vocês e comer várias porcarias.. — Ele tentou parecer descontraído, o que arrancou uma risada baixa de Jenna. Liam ficou batucando de leve o dedo no celular, olhando para nenhum ponto específico no chão. De repente sentindo-se perdido. — Theo vai ficar chateado, já tô até vendo. Ele é tão apegado a você quanto eu. — Ressaltou esboçando um sorriso ladino, ouvindo um riso anasalado dela.
— Ele é meu genro, um filho pra mim. Se não sentisse minha falta ficaria ofendida. — Ela disse de maneira divertida, mas por trás era notório a sinceridade naquela frase. Liam sorriu tolamente com a menção do genro, sentindo uma sensação boa no peito. Apenas ele e seu pai David sabiam de fato o quanto sua mãe e Theo eram unidos, e isso sempre aqueceu o coração do beta. — Diga a ele que o amo, tá? Infelizmente não vai dá pra falar pessoalmente..
— Nossa, só pra ele? — Liam assumiu um falso tom enciumado, ouvindo um praguejar baixo vindo da mulher e no fundo esperando as risadas. Jenna costumava ter ataques de risos quando ele tinha ciumes, e até hoje não sabe o porquê. Mas era engraçado e agradável de se ouvir de qualquer forma. Ela bufou.
— Sabe que não, criatura. — Fingiu um sermão, fazendo Liam rir descontraído. Mas aquela sensação inquieta no peito não diminuía de jeito nenhum. A língua coçando para falar. — Amo vocês igualmente. — Acrescentou de modo amoroso. Liam sorriu minimamente, suspirando trêmulo e agradecendo nos pensamentos por ter uma mãe tão incrível como ela. Que o aceitou por inteiro de uma maneira tão fácil, não só ela como também seu pai. Ainda era algo indescritível. Mas o medo em contar uma notícia que não só mudaria a vida dele e a do bando mas também a de seus pais, era maior e de certo modo agoniante. Não queria decepcioná-los. — Filho, agora vou ter que desligar.. tenho que verificar o resto das notícias pra ver se essa neve vai diminuir logo e..
— Mãe, espera! — Liam exclamou alto antes que pudesse se conter, soando meio desesperado e quis se xingar por isso. Jenna permaneceu quieta por alguns instantes, provavelmente assimilando o breve susto. Ele levou a mão para cobrir a boca em reflexo, esfregando a palma em seguida pelo rosto em frustração. Sua perna direita começando a tremer freneticamente.
— O que foi, Liam? — Ela soou em um timbre calmo, mas era notório a seriedade e cuidado ao dizer seu nome. O beta conhecia bem aquilo, e sabia que a mulher havia dado a deixa sobre estar disposta a ouvi-lo mesmo que não fosse tão paciente. Sempre buscou ter paciência exclusivamente com ele. Os tempos difíceis na escola por conta do TEI, a dificuldade em aceitar o padrasto devido aos problemas com confiança. Liam sentiu a respiração engatar, e precisou morder os lábios para não soluçar em agonia. Era a segunda vez em que se sentia tão nervoso. A primeira fora quando descobriu a existência de sua filha.
O beta tinha o conhecimento de que a mulher provavelmente pensava que ele estivesse organizando os planos os quais falou tanto assim que fosse para a faculdade em New York, ou o que o bando pudesse estar tramando para alguma despedida no ano novo. Estes pensamentos fizeram Liam fechar os olhos vagamente, tentando controlar o raciocínio acelerado. Sempre se sentiu horrível por ter proporcionado situações desagradáveis nos colégios anteriores. Se lembrava do olhar de Jenna em cada situação, mas ao mesmo tempo, sabia que não poderia comparar seus erros com sua lobinha, sua filha. Apesar de não descartar o fato de ele e Theo serem novos demais. Não se arrependia e muito menos sentia vergonha disso. Porém, seus instintos diziam para não soltar algo assim pelo celular como as circunstâncias mandavam.
— E-Eu.. — Disse em meio a um suspiro desajeitado, esfregando os cabelos devagar. Liam respirou fundo, engolindo em seco e umedecendo os lábios. — Eu te amo tá? Só.. sinto muito a sua falta.. — Resolveu mudar a rota do que pretendia, no entanto, também se encaixava e era sincero. Jenna suspirou do outro lado, e pôde ouvir alguns ruídos abafados.
— Eu também te amo, querido. — Ela respondeu genuinamente em seu tom atencioso, mas hesitou por um momento em desligar. — Tem certeza que é só isso? — Soou cautelosa mas ao mesmo tempo desconfiada. Liam mordeu o lado interno da bochecha, piscando rapidamente.
— Sim, mamãe. Tá tudo bem, e.. pode dizer ao pai que mandei um beijo pra ele? — Mudou sutilmente o rumo daquilo, tentando parecer o mais natural possível no pedido. Se ajeitou no sofá decidindo deitar um pouco, relaxando os músculos gradativamente no estufado. Mas de qualquer jeito não como gostaria.
— Digo sim, okay.. — Ela ponderou por breves segundos, soltando um suspiro prolongado. O beta sabia que a mulher não havia comprado totalmente essa, mas que o respeitaria no fim. — Eh.. se cuidem, tá? E tentem não dormir tão tarde. — Jenna pediu em seu clássico tom respeitoso mas também preocupado. Liam esboçou um débil sorriso ladino, lembrando-se de que adoraria poder fazer isso se não fosse pela Lua cheia. Agradecia por sua mãe não se lembrar desse detalhe neste momento. — Tchau, amor. — E então, a linha ficou muda. O beta permaneceu com o celular no ouvido por curtos segundos, os olhos azuis meio vermelhos devido ao cansaço encarando o teto. Afastou o aparelho de si e o largou meio sem jeito sobre a mesinha de centro, não se importando muito se havia quebrado ou não.
Ele se deitou de lado tentando pensar em como diria a Theo sobre a decisão impulsiva. Não queria que isso resultasse em uma briga com o mais velho e muito menos hoje. Talvez não tenha sido a ideia mais brilhante, mas também parecia ser a opção mais viável. Liam suspirou pesadamente, sentindo seus olhos marejando um pouco. Não gostaria de chorar, mas vezes parecia que tudo pesava mais com a aproximação da Lua. Ele apertou os olhos com força, escondendo o rosto no acolchoado do sofá afim de abafar um praguejar.
— Liam?.. — A voz que conhecia bem sôou provavelmente próximo às escadas, fazendo-o dar um sobressalto e se sentar rápido para olhar enquanto piscava vezes seguidas afim de afastar as lágrimas. Theo possuía um semblante sonolento, mas ao mesmo tempo havia algo como curiosidade no olhar. O chimera desceu o último degrau, caminhando devagar na direção do sofá. Liam acompanhava os movimentos do namorado ao observá-lo, tentando controlar um pouco seu batimento cardíaco nesse meio tempo. — O que houve? — Theo soou cauteloso e preocupado, sentando-se em seguida com cuidado no lugar vago devido ao peso da barriga. O beta por curtos segundos não soube o que dizer ou o que fazer, mantendo aquele olhar murcho e distante.
— Theo.. — Liam começou de maneira apreensiva, buscando uma das mãos do chimera para entrelaçar seus dedos. Pousou ambas mãos unidas sobre a barriga avantajada do mais velho, encarando-as por alguns segundos antes de levar o olhar ao rosto do outro. — A minha mãe ligou, e.. — Mal conseguiu concluir a frase sem se enrolar, logo notando o coração do mais velho acelerando de leve. Theo poderia tentar o quanto quisesse, manter a feição neutra não ocultaria o quanto o nervosismo percorria seu corpo no momento em uma corrida desenfreada. — Calma.. — Se adiantou em pedir usando um tom gentil, levando a mão livre para esfregar o antebraço do namorado que suspirou trêmulo.
— Desculpa, eu só.. fiquei surpreso.. — Theo admitiu e engoliu em seco apertando os lábios um pouco, direcionando uma feição um tanto ansiosa ao beta. — O que ela disse? — Sôou paciente apesar da visível inquietação. Liam abaixou a cabeça por alguns instantes antes de reunir coragem suficiente para dizer as seguintes coisas com calma e sem tropeços.
— Teve uma nevasca em Toronto, e.. eles não virão, Theo. — Disse de uma vez o fato mas mantendo o tom tranquilo embora o timbre meio melancólico, assistindo o mais velho entreabrir os lábios de modo atônito. Parecia ainda estar assimilando. — Os aeroportos estão fechados, e não sabem quando que vão liberar as viagens de novo.. — Comprimiu os lábios ao informar, deixando um aperto fraco e carinhoso na mão do chimera que até então não esboçara uma reação preocupante além de franzir um pouco a testa em meio ao semblante incerto. Theo desceu devagar o foco para o próprio abdômen.
— E você.. — Raeken umedeceu os lábios ponderando, passando a mão livre pela barriga em carícias lentas. Liam adotou uma expressão cabisbaixa ao entender o rumo de onde ele queria chegar. Pedia a qualquer ser superior para que seu namorado não se decepcionasse com ele, não aguentaria. — Contou? — Ergueu o olhar no instante seguinte ao proferir, soando de maneira hesitante mas ao mesmo tempo não havia resquício de mágoa ao questionar aquilo. O que deixou o beta um tanto intrigado, mas não apagava a apreensão.
— Eu não.. não consegui. — Liam negou de leve com a cabeça antes de abaixar as orbes, seu tom saindo mais como um lamento. E de certo modo lamentava genuinamente por ter que admitir isso. Seus olhos começando a marejar aos poucos. Theo sentiu uma agonia por vê-lo assim, algo quase instantâneo. — Eu iria contar assim que aparecessem por aqui, mas então a minha mãe disse que nem sabe se estarão na Califórnia ano que vem por conta da burocracia até que liberem os aeroportos. — O beta mal notara em meio ao falatório as lágrimas molhando seu rosto junto a respiração não tão regular agora, ou quando os batimentos aumentaram. — Eu só.. não podia contar por ligação. Não assim..
— Amor, vem cá. — Theo proferiu rapidamente, ajeitando-se no sofá da melhor forma para logo após abrir os braços. Sua postura não era mais a mesma há alguns meses por sentir a coluna doer de forma incômoda por conta de Lori, mas ainda era capaz de fazer o mínimo de esforço extra se precisasse. E por seu namorado, faria de tudo. Liam soluçou baixinho abaixando o olhar antes de se inclinar para frente abraçando o chimera com força e escondendo o rosto molhado no pescoço quente. O mais velho não hesitou em esfregar as costas do beta, movendo os dedos da outra mão em um carinho lento na nuca. — Shh.. não precisa se culpar desse jeito, você não tinha como controlar isso.. — Murmurou em seu tom aveludado e tranquilo, ouvindo o namorado fungando um pouco em seu ombro.
— Eu quis ter contado, eu quis tanto.. — A voz embargada do beta apenas incentivou o mais velho a abraçá-lo com mais firmeza. Embora não da maneira que gostaria devido a barriga. Liam ofegou baixo aconchegando-se nos braços que o rodeavam, tentando acalmar seus batimentos. — Mas sabe como a mamãe é.. ela iria surtar. — Suspirou passando a mão pelos olhos de modo desajeitado, encostando o nariz contra o ombro do chimera afim de sentir o cheiro que tanto lhe acalmava. — Me desculpa, Theo. — Sôou meio abafado mas o mais velho havia entendido perfeitamente. Liam fechou os olhos por alguns segundos a medida em que inalava o cheiro reconfortante do namorado, sentindo instantes depois beijos demorados sendo depositados em seu pescoço.
— Amor, escuta. Entendo de verdade que esteja se sentindo péssimo, acredite. — Murmurou de forma firme e serena, percebendo com o passar dos minutos a respiração do beta tornando-se mais calma. — Mas você tomou a decisão certa. Realmente não seria o prudente a se fazer nessas circunstâncias.. — Deixou a frase no ar por curtos instantes, permitindo o silêncio pairar por um momento. Liam se mexeu minimamente, levando o olhar para a barriga do mais velho entre eles. Theo ergueu devagar o rosto dele pelo queixo, olhando firme nas orbes azuis. — Eu não estou decepcionado. — Garantiu com convicção, movendo suavemente o polegar contra a bochecha ainda úmida.
— Mas eu.. de alguma forma estou. — Confessou esboçando uma careta agoniada ao proferir, piscando algumas vezes afim de afastar as possíveis outras lágrimas. Theo franziu de leve a testa, no entanto, mantendo a expressão paciente e acolhedora. Pousando as mãos nos ombros do beta assim que o mesmo o abraçou pela cintura, mirando aquelas orbes azuis no rosto dele. — Lori é uma pequena parte de nós, e está quase chegando.. — Ressaltou com a sombra de um sorriso em constraste aos olhos ainda avermelhados e um tanto inchados. Theo sorriu ladino maneando a cabeça para o lado, acariciando os cabelos bagunçados do beta em um cafuné contínuo. — Sinto como se... estivesse.. — Liam sentiu a voz vacilar. A palavra praticamente na ponta da língua, mas sentia-se enojado apenas em fazer menção para pronunciá-la. Theo arqueou uma das sobrancelhas em cautela, movendo-se mais para frente nos braços dele.
— Negligenciando ela?.. — Arriscou meio sugestivo com relação ao termo, assistindo Liam paralisar por curtos segundos antes de assentir devagar. Theo piscou adotando uma feição relativamente incrédula, mas ao mesmo tempo, não conseguia tirar forças de lugar nenhum para dizer o quanto aquilo era ridículo. Pelo menos não diretamente. O chimera bufou uma risada fraca, sem humor. Segurando com uma das mãos o namorado pela nuca para que permanecesse com a atenção em si. — Amor.. escuta bem o que vou falar, okay? — Viu o mais novo assentir ainda com um olhar tristonho. Theo suspirou. — Você é o melhor pai que ela poderia ter só por.. não ter nos deixado na primeira oportunidade, você consegue entender? — Sua voz adotou um breve timbre embargado. Liam concordou minimamente com a cabeça, deixando o chimera prosseguir. — Tudo bem se sentir assim, tudo bem mesmo. Mas nunca em hipótese alguma pense que estará.. se igualando a uma figura que você nem sequer consegue ser semelhante. — Explicou da melhor maneira que conseguiu, sendo o mais sincero possível não só nas palavras mas também em como olhava para o beta. — Seus pais vão descobrir no tempo certo. — Sussurrou de maneira amorosa, apertando os lábios em um sorriso compreensível.
Liam esboçou um sorriso ladino de relance em alívio, recostando a testa com a do mais velho por alguns instantes antes de levar os braços para a cintura do mesmo. Puxou o corpo com cuidado para seu colo, e Theo sorriu mínimo em surpresa não demorando a se acomodar sobre as coxas do beta a medida em que sentia os braços protetores amparando suas costas. A blusa havia erguido um pouco, expondo o início do baixo ventre avantajado. O beta desceu devagar o olhar para o abdômen do mais velho, contemplando-o de cima a baixo. Theo logo sentiu as bochechas esquentando, franzindo a testa de leve ao apoiar os braços sobre os ombros do outro.
— Por que tá me olhando assim? — Theo sôou tímido em um sussurro, erguendo as sobrancelhas em uma feição divertida vagamente. Liam riu baixo balançando a cabeça em negação, inclinando um pouco o rosto para cima afim de deixar um selinho nos lábios rosados do chimera que não hesitou em retribuir. Dunbar deu de ombros.
— Apenas.. admirando o Theo conselheiro a minha frente. — Disse em um modo casual e descontraído, ocasionando no revirar de olhos do outro que não segurou o sorriso bobo surgindo nos lábios. Raeken acariciou com o polegar a bochecha do namorado, notando os olhos não tão chorosos comparado há instantes atrás. Liam se inclinou mais para o toque, sentindo-se menos aflito sem dúvida enquanto lançava uma feição agradecida. — Ela também tem muita sorte em ter você como pai dela. Sabe disso, não é? — Sua voz soando tranquila e genuína. Theo mal soube reagir por alguns segundos, pois havia aquele maldito mecanismo em seu cérebro que parecia querer sempre não deixá-lo aceitar algum elogio.
— Graças a você.. agora sei. — Mas foi diferente dessa vez, e após proferir tais palavras. Apenas deixou-se ser envolvido pelos braços do beta em um abraço desajeitado, porém caloroso de qualquer forma. Theo logo deitou a cabeça no ombro de Dunbar, sentindo-o recostar o nariz em seu pescoço em uma busca silenciosa por conforto. Lori chutou subitamente por dois segundos, e o chimera somente esboçou um sorriso ladino.
Embora não estivessem planejando nada elaborado desde o início de todo esse desafio. Mudanças ainda podiam assustar de uma maneira tão surreal que as vezes podemos transformar em situações mirabolantes ou até piorar. Mas pensando racionalmente, ainda teriam tempo suficiente para reunir coragem e palavras suficientes para explicar tudo. Afinal, Jenna e David a essa altura eram o menor dos problemas.
*
— Scott! É a segunda vez que derruba um dos meus copos! — Melissa ralhou aborrecida, apertando os lábios para não xingar o filho que parecia ter voltado a si devido ao barulho estridente do vidro quebrando. Ela suspirou fundo, jogando o pano de prato sobre o ombro esquerdo. — Se essa era a ajuda que queria me dá, o melhor seria ter ido pra clínica. — Disse de maneira irônica e cansada, apoiando o quadril na pia enquanto observava Scott rumar para fora da cozinha meio atrapalhado a procura da vassoura afim de limpar todo aquela bagunça.
— Desculpa, mãe.. — Scott disse em um tom sincero após voltar. Suspirou negando com a cabeça, agachando-se e começando a varrer todos os estilhaços espalhados. — E sabe que Deaton me dispensou hoje, lua cheia e tudo mais.. — Explicou sem muito ânimo, concentrando-se em limpar todo o vidro a medida em que lentamente voltava a assumir aquela feição pensativa. Melissa ao longe franziu de leve a testa ao constatar, cruzando os braços intrigada.
A mulher ainda trajava as clássicas roupas do hospital, e o típico olhar apagado após um turno extra, mas ao invés de ir descansar. Resolveu fazer uma limpeza básica na cozinha por cismar que tudo estava imundo. Scott havia surgido inusitadamente pelas escadas dizendo que poderia ajudar, mas desde que pousou os olhos no alpha. Havia detectado algo a mais naquela falsa feição neutra. Por mais que não tivesse sentidos dados pelo sobrenatural. Conhecer seu filho já era o suficiente e contava como uma espécie de poder.
Melissa apertou os lábios em uma linha depois de ponderar, enxugando as mãos no pano pendurado em seu ombro para logo removê-lo e jogar na pia perto dos pratos recém limpos. Ela caminhou devagar até o mais novo, que parecia realmente com a mente longe o suficiente para não notá-la se aproximando. Ajoelhou-se em frente ao filho, encarando-o com carinho antes de levar uma das mãos para pousar sobre o dorso das dele. Scott parou a arrumação no mesmo instante, soltando a pá devagar e mantendo os olhos voltados para o chão, soltando um suspiro.
— Não é de agora que notei esse olhar pensativo.. — Melissa afirmou usando uma voz suave, afastando completamente sem muito esforço a irritação anterior. Scott respirou fundo ainda encarando o vidro por limpar no chão, erguendo em seguida os olhos castanhos para o rosto da mulher. Ela não precisava analisar de forma tão minuciosa para saber o quanto o filho estava exausto, e não fisicamente. — E aposto que não é só por Stiles ter ido pro hospital.. — Sôou sugestiva, porém cautelosa. Lançando um sorriso fechado e acolhedor. Scott entreabriu os lábios parecendo querer rebater, mas ao mesmo tempo meio incerto. A enfermeira suspirou. — Vem cá, Scott. Deixa isso aí. — Pediu segurando o outro pelo pulso ao se levantar, sendo prontamente acompanhada no ato.
Caminharam devagar rumo ao sofá. E por mais cansada que Melissa estivesse, não deixaria simplesmente esse jeito peculiar do filho continuar. Scott poderia ser muitas coisas e as vezes agir dessa forma algumas vezes, mas uma pessoa calada e cabisbaixa o alpha não conseguia ser, pelo menos não por muito tempo. E ela tiraria isso a limpo de uma vez. Muitas situações estavam acontecendo, e possivelmente mais surgiriam. Ele precisava desabafar seja lá o que fosse agora, antes que não tivesse tempo suficiente para o fazer de modo decente.
Ela se sentou no estufado, assistindo Scott fazer o mesmo ao seu lado. A enfermeira acomodou-se, lançando um sorriso ladino encorajador na direção do mais novo antes de abrir o braço esquerdo em um convite para ele se aproximar mais. O alpha hesitou por alguns instantes, mas logo esboçou um rápido sorriso de canto. Scott se deitou, aconchegando a cabeça sobre o colo da mãe. Não demorou a sentir os dedos gentis passeando por seus cabelos. Realmente ela sempre sabia o que fazer.
— Vamos.. — Iniciou ela de maneira descontraída em meio aos carinhos, mas também de um modo doce que o alpha sabia não estar sendo pressionado. — Sei que não estive presente esse dias, mas vi que chegou estranho ontem.. — Confessou casualmente, tentando não parecer tão invasiva. Scott franziu de leve a testa em curiosidade, piscando os olhos em confusão.
— Mas você.. — Scott pareceu pensar por alguns instantes, logo erguendo as sobrancelhas ao se recordar de sentir uma presença a mais ao entrar correndo em casa. Porém, pela primeira vez, resolveu ignorar algo assim. — Ah sim.. era seu intervalo, não é? — Esboçou um sorriso suave em acanho mas então a feição neutra retornou ao seu rosto. Melissa riu fraco.
— Sim, alpha distraído. — Ela zombou maneando a cabeça em negação, arrumando os cabelos do filho para trás com os dedos. Scott esboçou um sorriso de canto em diversão e fechou os olhos por curtos segundos, sentindo-se relaxado finalmente depois de horas lidando com pensamentos conturbados. — Enfim. Querido.. o que está acontecendo? — Questionou cautelosa, mantendo a atenção voltada ao rosto do filho que mudou de um semblante sereno para tenso em segundos. Scott soltou um suspiro prolongado.
— O que fazer quando.. mesmo depois de anos você ainda se sentir bem ao lado daquela pessoa, mas a insegurança parece maior que o instinto de se render a isso? — Disse em um tom baixo e tranquilo, mas os olhos um tanto angustiados voltados para o teto de maneira reflexiva. Melissa franziu as sobrancelhas em preocupação, permanecendo com os carinhos lentos nos cabelos do filho enquanto isso. Ela entreabriu os lábios inspirando de forma mínima, compreendendo sem muito esforço o contexto.
— Realmente.. fica difícil de confiar outra vez quando os pontos principais não ficam muito esclarecidos. — Ela constatou rindo fraco sem humor de fato, lançando um sorriso fechado e simples ao dar um meio encolher de ombros para o outro que mordeu o lábio inferior meio inquieto com a resposta. Melissa não queria parecer acusatória ou algo do tipo, mas apenas ressaltar. — Mas.. temos que ser realistas aqui, quando que conseguiram ter uma conversa decente? — Questionou indo direto ao ponto, arqueando uma das sobrancelhas ao assistir Scott estreitar de leve os olhos pelo visto vasculhando de forma vaga a mente. O moreno apertou os lábios meio acanhado, desviando o olhar e passou a brincar com os dedos de suas mãos unidas pousadas em seu abdômen.
— Tivemos conversas.. — Respondeu prontamente, tentando um tom convincente mesmo que parecesse querer provar mais para si mesmo do que propriamente a ela. Piscou esboçando de relance uma careta para o que murmurou, recebendo um olhar cético de Melissa logo depois. Scott suspirou contragosto, aconchegando mais a cabeça sobre as coxas da mãe. — Tá, talvez algumas brigas tenham saído disso mas..
— Mas não é esse o ponto, não é? — Ela disse devagar, completando o raciocínio dele de maneira atenciosa, ganhando um breve olhar surpreso de Scott antes de vê-lo assentir minimamente para a afirmação. Um sorriso singelo pairou nos lábios da mulher. O alpha mordeu o interior da bochecha.
— Ele me beijou.. — Scott soltou em um tom cansado, focando a atenção para o rosto de Melissa que não ocultou a surpresa em sua feição. Provavelmente mais chocada que ele, mas de qualquer jeito buscando se manter contida. Claro que estava sentindo uma vibração boa com relação a essa novidade, porém queria ter certeza dos prós e contras. Certeza se de fato isso estava bem para Scott. — E-E eu.. — Por alguns instantes sentiu-se travar, formando frases não muito coerentes em seu raciocínio. Melissa pareceu notar, pois deixou um carinho na testa do filho que logo levou o foco a ela outra vez.
— O que sentiu? — Melissa lançou uma feição tranquila para o outro, aguardando pacientemente. Scott ponderou, pensando o quanto estava meio ridículo no momento. Mas quando que conseguiu de fato entender o que sentia sem complicações? Seria uma evolução e tanta em sua vida se isso ocorresse nos eixos certos, isso se houvesse algum. O alpha engoliu em seco.
— Foi como se.. tudo estivesse certo. — Confessou em um murmúrio, o coração palpitando um pouco apenas em lembrar. Esboçou um sorriso de canto quase imperceptível. Melissa sorriu de maneira suave. — Como se ele nunca tivesse ido.. — Tombou de leve a cabeça para o lado em desânimo, buscando a mão da mulher para entrelaçar seus dedos. — Mas então, meu lado racional despertou e..
— Saiu correndo? — Ela completou sugestiva e não muito surpresa, recebendo um olhar tristonho do filho que explicava tudo. A enfermeira suspirou prensando os lábios em um sorriso compreensível e contido. Tendo uma vaga ideia logo depois. — Scott, qual foi a intenção principal dele que você notou quando conversaram pela primeira vez? — O alpha franziu de leve as sobrancelhas ao ouvir a pergunta, dando um aperto carinhoso na mão da mãe.
— Ele exalava arrependimento e nervosismo.. — Disse ao se recordar, adotando um olhar distante a medida em que quase conseguia visualizar eles juntos no canto da cozinha no loft. O alpha umedeceu os lábios. — Ele se mostrava empenhado em me pedir desculpas.. mas eu tava irritado demais com... tudo! E a ideia de que ele pudesse estar com Adam.. — Scott negou com a cabeça, mordendo o canto do lábio inferior.
— O ciumes pode nos cegar, querido. — Melissa afirmou dando um meio encolher de ombros, dizendo silenciosamente estar tudo bem. — Mas não pode simplesmente se esquecer de observar uma coisa: ele voltou não só para se salvar, mas também porque se importa com o bando. Se importa com você. — Ressaltou sustentando um olhar dócil e sincero. Scott levou os dentes ao lábio inferior, desviando as orbes para o teto de maneira incerta. — Sei que não é fácil confiar, ou.. deixar pra trás o que aconteceu. Mas saiba, que tentar dar uma chance não é sinal de que você esqueceu. Mas que superou ao ponto de sentir que Isaac ainda é alguém que vale a pena. — Acrescentou cautelosamente, assistindo Scott voltar o foco a ela. As sobrancelhas do alpha levemente arqueadas em uma possível consideração para o que ouviu, feição menos inquieta. — E se notou que ele pensa da mesma maneira com relação a você, então.. vai sentir o que deve fazer.
Scott respirou fundo, balançando um dos pés pendurados no braço do sofá em ansiedade. Levou alguns bons segundos até que se viu levantando-se do colo de sua mãe. Pondo-se em uma posição sentada, os cotovelos apoiados nos joelhos. Virou a cabeça para encarar a enfermeira, lançando-a um olhar agradecido.
— Tem razão.. — Murmurou assentindo suavemente em meio a um semblante neutro. Melissa umedeceu os lábios, aproximando-se mais do filho. — E.. acho que já sei que decisão tomar. — Acrescentou em um timbre sério, adotando vagamente uma expressão meio tensa. A mulher franziu as sobrancelhas um pouco em curiosidade, mas apenas passou um dos braços pelos ombros do rapaz, esfregando a área tentando passar conforto.
— Claro que sabe.
*
Voltar para casa não fora exatamente o que passou pela mente revoltada de Stiles, mas quando se tinha um Derek bem persuasivo em sua cola neste dia. Ficou difícil usar todos os protestos elaborados para sair dessa, ainda mais quando o coiote o qual o feriu ainda estava no loft e o mais velho não queria levar ele de de volta de jeito nenhum. Jurou para si mesmo que nunca quis tanto bater no namorado, um pouco apenas. E talvez, executar algo que rondava sua mente suja fazia alguns meses. E pelo visto teria que esperar mais se não quisesse lesionar de uma vez aquele braço. Maldita Lua cheia e seus efeitos, ele praguejou em sua mente.
Mas sem dúvida o que abusou do resto de sua paciência fora a conversa com seu pai e ter tido que sugerir de modo minucioso com argumentos quase perfeitamente pensados sobre o que fazer com o controle da entrada e saída no aeroporto internacional de Beacon. Pois o porquê disso estava mais do que claro, e isso Noah tinha que dar razão ao filho. E devido ao último incidente com os caçadores e a distribuição excessiva de armas para os cidadãos incluindo os menores de idade, era algo que pontuava a favor. Tinham conhecimento das peculiaridades existentes na cidade há um tempo, e por mais que soasse um tanto radical suas sugestões. O bando precisaria de proteção.
— Como foi? — Derek questionou em um tom calmo ao erguer o olhar para a porta do quarto, embora a ansiedade se destacasse em sua feição. Stiles apertou os lábios em uma linha, erguendo as sobrancelhas. Levou uma das mãos ao bolso da calça moletom enquanto se aproximava.
— Ele disse que vai pensar em como reunir todos os motivos plausíveis em um relatório. — Disse após um suspiro fundo, inclinando o canto dos lábios em um rápido sorriso débil. — Afinal, controlar a entrada e saída assim da cidade não acontece de uma hora pra outra só porque ele mandou. — Riu fraco sem muita animação, terminando o trajeto até sua cama em passos leves e cansados. O Hale nada disse, somente esboçou uma expressão compreensiva a medida em que acompanhava os movimentos do humano com as orbes atentas, este que logo se sentou ao seu lado no colchão antes de manear a cabeça em negação. — Eu sou um idiota.. — Murmurou, os ombros caindo em uma postura cabisbaixa.
— Stiles.. sabe que não adianta se martirizar agora. Você não tinha como prever aquilo.. — Derek sôou cauteloso, aproximando-se mais do outro e passando um dos braços sobre os ombros um tanto tensos. O Stilinski considerou internamente ao levar as orbes para encarar o braço enfaixado, franzindo a testa em desgosto.
— Eu sei. — Rebateu contragosto ao desviar o foco do ferimento ainda sustentando uma carranca, recostando-se mais contra o toque do lobo sem conseguir ao menos se conter. Respirou fundo tentando canalizar a irritação mínima até então, soltando um bufar frustrado em seguida. — Eu só detesto isso. Parece que sempre tem que acontecer alguma coisa pra me deixar fora da jogada. — Lamentou dando um meio encolher de ombros, deitando a cabeça no ombro do mais velho e erguendo o olhar para a lateral do rosto que tanto amava admirar. Derek não hesitou em retribuir o contato visual.
— Pode até ser, mas quem garante que você vai ficar de fora totalmente? — Lançou um sorriso discreto e travesso demais na concepção do humano que arqueou uma das sobrancelhas em curiosidade. Pode-se dizer que agora tinha a real certeza de que mudou demais aquele lobo não tão azedo. — Não estou insinuando nada, antes que comece suas teorias. — Acrescentou rapidamente em um revirar de olhos, assistindo o namorado praticamente murchar. — Mas o que quero dizer é: Sempre precisaremos de você, mesmo que ainda não possa socar alguém. — Esfregou a palma pelo antebraço do humano, vendo-o estreitar os olhos na direção dele.
— Eu quis socar alguém hoje, sabe como é. — Stiles comentou entredentes como alguém que não quer nada, levantando-se subitamente da cama apenas para se acomodar em seguida sobre as coxas do Hale que não escondeu a surpresa na feição pela ousadia. O Stilinski passou o braço não lesionado pelo pescoço do namorado enquanto mantinha o outro em uma posição confortável, abraçando o lobo da melhor maneira que era capaz no momento. Precisava disso, e não demorou para sentir os braços de Derek enlaçando sua cintura.
— Claro.. me certifico em cuidar de você para sentir vontade de me socar no final das contas. Justo. — Disse o Hale inclinando o canto dos lábios em um falso sorriso compreensível ao assentir com a cabeça e desviar o olhar para a janela do quarto. Stiles entreabriu os lábios negando com a cabeça em o ato teatral de ofensa, impressionado demais para discutir de forma criativa.
— Olha, roubar o sarcasmo dos outros não é nada original. Fique sabendo. — Pontuou lançando um olhar afiado ao encarar as orbes verdes do lobo, que sorriu minimamente. — Mas.. obrigado, de verdade. — Disse de maneira explícita, movendo os dedos em um carinho lento nos fios na nuca do outro. — Só.. não fique bravo com o Adam, okay? Vamos esperar esse período da Lua passar e depois você.. tira tudo a limpo com ele. — Soou sugestivo ao dar de ombros embora torcesse silenciosamente para que Derek considerasse em partes. Não queria deixar a diversão toda só para o Hale, e isso estava mais que claro desde que saíram do hospital.
O mais velho inclinou a cabeça para o lado franzindo de leve as sobrancelhas em intriga, deslizando devagar logo depois as mãos da cintura de Stiles rumo as coxas do mesmo, impulsionando-o para cima um pouco por notar o corpo escorregando anteriormente. O humano arfou fraco em reflexo, piscando meio desconcertado ainda sentindo certas apalpadas.
— E por que esse cuidado todo com ele, hum? E se eu quiser ficar bravo? — Derek elevou um pouco o queixo em uma expressão desafiadora, apertando de modo gentil e firme as bandas de cada lado na bunda do namorado que não conteu morder os lábios. Stiles devolveu aquele olhar, estudando a feição do outro de baixo para cima.
— Que ciumes todo é esse, hein? — Questionou em tom baixo e curioso, estreitando os olhos em diversão. Ousou mover o quadril sutilmente para frente, arrancando um rosnado nada amigável do Hale que brilhou os olhos em uma oscilação rápida no azul gélido. Stiles ergueu as sobrancelhas. — Sabe que não precisa se sentir ameaçado, não é? — Retrucou retoricamente, suavizando a expressão para logo após encostar ambas testas. Derek fechou os olhos, respirando fundo.
— Muita gente nova, ameaça a espreita. É normal que meu lobo se sinta assim. — Explicou no costumeiro timbre rouco e tranquilo apesar do semblante cansado, concentrando-se nas carícias que os dedos do humano executavam em seus cabelos. Abraçou mais a cintura de Stiles, que afastou suas testas minimamente. Esboçou um sorriso contido, depositando um selinho suave contra os lábios do mais velho.
— Mas não se esqueça que você tem uma matilha ao seu lado. — Disse usando uma abordagem confiante, olhando firme nas orbes verdes afim de enfatizar. Notou nesse meio tempo os músculos nos ombros do Hale ainda meio tensos, os quais ele massageou de forma vaga. Stiles pendeu a cabeça para o lado, lançando um olhar carinhoso e empático ao outro. — E sempre estaremos aqui. Não passamos por tantas coisas juntos pra você inventar de perder a cabeça justo agora. — Alertou soando brincalhão mas com uma sútil onda de preocupação em seu tom. Derek permaneceu em silêncio analisando o rosto do mais novo em seu colo, inclinando em seguida o canto dos lábios somente numa sombra de um sorriso.
— Perderia a cabeça se algo tivesse acontecido com você ontem. — Confessou de maneira baixa e meio melancólica, sendo puxado gentilmente um instante depois pelo humano para um abraço cuidadoso. O Hale logo escondeu o rosto na curvatura do pescoço morno, inalando o cheiro característico do namorado que não tardou em se aconchegar retribuindo aquele mínimo gesto. — Mas por enquanto, tô ótimo. — Garantiu mesmo com uma pontada significante de insegurança apesar da maneira abafada como sôou. Stiles negou de leve com a cabeça, os lábios pressionados contra o ombro do mais velho.
— Se o Nogitsune não acabou comigo, não vai ser agora que um arranhão desses vai conseguir essa proeza. — Murmurou tentando parecer sério, todavia, ouviu um riso fraco vindo do namorado logo após isso. O humano esboçou um sorriso ladino em satisfação, depositando beijos castos contra a pele no pescoço do lobo antes de deitar a cabeça perto da curvatura. — E confie em mim, não é só com a minha segurança que precisamos nos preocupar. — Ressaltou avisando em um tom cuidadoso, tentando não estragar o clima. Embora não gostasse de pensar nesses detalhes, ainda precisava lembrá-lo que nem tudo que acontecia com ele poderia ser mais bombástico e preocupante comparado com o que lidariam em breve. Um suspiro fundo vindo do Hale o tirou da linha de raciocínio.
— Como queira. Agora fica quieto, vai. — Pediu em meio a um resmungo suplicante, firmando mais os braços ao redor do humano que riu silenciosamente, sentindo o mais velho praticamente farejando seu pescoço em uma busca por seu cheiro. Nem precisava ter acesso ao rosto de Derek para ter a certeza de que a carranca concentrada estava ali, era quase como se um sistema em seu cérebro o informasse sobre. Ele revirou os olhos carinhosamente com o pensamento.
— Okay, okay. Você venceu. — Disse ao render-se após um bufo fraco em falso desconforto, ajeitando-se mais no colo confortável do lobo. — Dessa vez, só pra deixar claro. — Enfatizou o ponto, recebendo um resmungo em concordância com nítido desinteresse. Fechou os olhos por breves segundos, inalando de maneira discreta o cheiro do mais velho enquanto tentava ignorar o ferimento em seu braço latejando. Ou pelo menos tentava. Nem tudo poderia ser um mar de rosas quando queria, e isso era revoltante em alguns momentos dependendo de seu humor.
Mas querendo ou não, o melhor disso tudo era ganhar o colo de um certo lobo que ele podia afirmar agora ter caído em um cochilo. A cabeça bem acomodada e meio pesada em seu ombro assim como o rosto encaixado no vão de seu pescoço. Stiles riu incrédulo acariciando a cabeleira escura, realmente o Hale ainda conseguia ter talentos ocultos até nessas horas.
*
E como se não bastasse, a tarde resolveu passar de forma lenta para todos os membros daquele bando. Aumentando a ansiedade, angústia. Tudo o que pudesse contribuir para os efeitos inoportunos da grande Lua que fora aparecendo aos poucos no céu escuro e nublado. Não demorou para um clima estranhamente tenso e incomum tomar conta da vizinhança, forçando todos mesmo que indiretamente a se trancarem em suas casas. Pareciam realmente saber de alguma coisa, ou talvez apenas confiaram nos últimos boatos ouvidos desde o encerramento da invasão dos caçadores. Alguns novos hábitos eram difíceis de mudar, e de qualquer forma não seria ruim a essa altura.
A matilha se organizou assim que o céu começou a perder os raios solares e tom claro, ganhando a coloração clássica meio alaranjada. Scott se apressou quando recebeu o sinal de Corey depois de muito esperar em seu quarto, ganhando a confirmação de que já se encontrava do lado de fora da casa de Liam, com aparentemente tudo normal até então. O alpha respirou fundo ao se colocar na moto, admitindo internamente estar se segurando para não ir ao loft. Sabia que Isaac era capaz de se proteger, mas também não poderia fingir que aquele instinto não rondava seu corpo. Sacudiu a cabeça ignorando as ideias, dando partida após colocar o capacete. Esperava que nenhuma mudança brusca ocorresse, apesar de sua intuição não estar a mais das otimistas.
Derek também se prontificou em se apressar do mesmo modo, certificando-se de que Stiles ficaria na residência como havia prometido. O humano garantiu diversas vezes sendo mais convincente do que costumava ser mesmo que a aflição estivesse notória em seus olhos. O Hale se despediu com um selinho rápido para então se adiantar e pular a janela, recebendo quase no mesmo segundo em que aterrissou no solo uma mensagem de Malia. A coiote estava a caminho do loft, avisando que preferiu fazer uma breve mudança no plano ao saber sobre o ocorrido com o coiote recém chegado. Alegando que Scott poderia dar conta do próprio beta junto a Corey.
Pelo menos Derek torcia para que sim com relação a isso ao enviar um "okay" para a prima após entrar no carro. Um súbito rugido intenso e um tanto estridente sôou no horizonte ecoando por entre as árvores e possivelmente despertando alguns animais, ganhando a atenção do Hale que redirecionou as orbes para a mata que rodeava o terreno logo atrás da casa do Stilinski. Apertou os lábios em uma expressão séria e determinada, dando partida ao pisar no acelerador. Não precisava pensar muito para saber de quem se tratava.
──── ◉ ────
Isaac apertou as palmas das mãos contra os ouvidos assim que o menor preso às correntes, despertou repentinamente. Soltando instantes depois um rugido tão poderoso que ocasionou em um breve tremor perceptível a olho nu na estrutura do prédio em que habitavam. Lahey piscou vezes seguidas ainda atordoado, engolindo em seco ao elevar o olhar para o teto em uma vaga vistoria.
Observou com preocupação estampada em sua feição, algumas pedras e resquícios de poeira do concreto caindo sob suas cabeças. Desviou a atenção para Adam rapidamente, aproximando-se e caindo de joelhos próximo a ele em um ato agoniado. O coiote ofegava forte, puxando os braços assim como o corpo para frente em tentativas claras para se soltar. As veias saltadas aparecendo pela clavícula do coiote, apenas confirmando o grau de força que fazia. Isaac suspirou com pesar.
— Adam, hey! Olha pra mim, mantenha os olhos em mim. — Ordenou adotando um tom firme, pousando as duas mãos nos ombros tensos do francês que rosnou alto exibindo as presas ao tentar mordê-lo mas sem sucesso. Os olhos com o agora amarelo vivo encarando ele, os pêlos na face tornando-o animalesco. — Se concentre na minha voz, lembra? Vamos, apenas respire devagar.. — Pedia mantendo o contato visual, assistindo o menor fechar os olhos com força e ofegar em meio a uma careta dolorida. Usara um tom firme e tranquilo, tentando fazer o desespero passar despercebido naquele momento. Mas sua preocupação somente aumentava.
O francês rosnou de forma arrastada, como se quisesse abafar as próprias manifestações contragosto. Isaac sentiu o peito se apertar com a cena, pois podia não ter exatidão de tudo o que se passava no corpo do menor, mas sabia que a dor pelos ossos dele era desgastante e cansativa. Tinha o conhecimento de um detalhe; Adam ansiava em se transformar na forma completa de uma vez e correr livre pela mata, no entanto, não poderia nem se quisesse. Ignorar os instintos e as consequências que viriam acompanhados a isso não era uma opção. Ainda mais instintos os quais Isaac jamais viu antes.
— E-Eu... não.. consigo. — O coiote finalmente conseguiu proferir algo por mais que soasse falho e ofegante. A expressão irritadiça em constraste com os olhos lupinos direcionados a Isaac, que apertou os lábios mantendo as mãos nos ombros do menor. Lembrava-se da última vez quando o contato físico ajudou, mas agora nem sabia mais se isso era útil mesmo com a onda de dor que absorvia do outro neste momento. — Meu corpo tá.. queimando.. — Lamentou de maneira raivosa e impaciente, inclinando mais o corpo para frente por trás das correntes em um modo violento. Isaac o prensou com mais firmeza contra o concreto da pilastra, ganhando resmungos. — E eu só penso no quanto.. preciso estraçalhar alguma coisa! — Rosnou entredentes na última parte, desviando o olhar para algum lugar atrás de Isaac, como se procurasse algo, uma saída. Precisava sair, ele sentia seu corpo praticamente desejando ir até a floresta.
Um rachadura apareceu no topo da pilastra, fazendo Isaac piscar atônito. Ajeitou-se melhor no chão tentando se concentrar no menor. Não sendo desatento quanto ao fato de que até quando os instintos estão quase que totalmente insanos. Adam não se sentia capaz de machucá-lo, pelo menos não diretamente. Isso sem dúvida o empenhou ainda mais, não permitiria tão facilmente ser dominado pelo sentimento de apreensão que o momento proporcionava. Tinha que fazer mais do que isso se quisesse que tudo corresse bem.
— Lembra do que fazíamos quando você sentia essa queimação? — Perguntou Lahey de repente ao se lembrar. Dando uma leve sacudida no francês, buscando a atenção dele. Adam rosnou ao voltar-se com as orbes para o rosto do cacheado, piscando algumas vezes tentando se manter atento. — Foque no seu instinto real, no que você realmente quer alcançar além da floresta... — Colocou-se praticamente cara a cara com o menor, usando uma voz aveludada e clara mas em um timbre cauteloso.
Adam ofegou alto entreabrindo mais os lábios ao sentir as presas cortando o inferior. Ergueu a cabeça olhando para o teto sentindo a nuca bater com tudo contra a superfície dura, era como se suplicasse por alguma solução que supostamente sairia dali. Procurou insistir na sugestão de respirar mais devagar, buscando de maneira desajeitada nesse meio tempo uma das mãos de Isaac que não hesitou em entrelaçar seus dedos. Ignorando totalmente a sensação das garras raspando em sua pele, ocasionando em pequenos cortes. Adam debateu os pés um pouco em inquietação.
— Isso, você consegue. — Encorajou baixinho da melhor maneira, apertando carinhosamente a mão firme de Adam que suspirou trêmulo misturado a rosnados sutis. O coiote aos poucos tornou sua respiração regular, mas não o suficiente para apagar o brilho amarelado de seus olhos. Somente suas presas deram uma trégua, restando só o resquício do sangue seco dos breves machucados já curados em sua boca. Isaac suspirou em alívio, levando a mão livre para o rosto do menor. Tirou alguns dos fios grudados da testa dele. — Viu? Você só precisa persistir. — Ressaltou enquanto executava um carinho lento pela bochecha do coiote usando o polegar. Adam engoliu em seco após uma busca por fôlego.
— É aquela sensação... a floresta.. — Murmurou a última palavra com assombro nítido em seu tom, mirando o olhar intrigado para as árvores que apareciam sutilmente por cima do muro não muito alto o qual revestia o estacionamento. Os galhos e folhas batendo na estrutura — Isaac, eu não quero que aquilo aconteça de novo.. — Disse em um fio de voz choroso, umedecendo os lábios. Isaac mordeu o interior da bochecha com força, lamentando em sua mente enquanto tentava pensar em alguma coisa.
Pelo menos até ouvir passos determinados se aproximando deles, o que o distraiu de imediato da sua linha de raciocínio. Ocasionou na tensão repentina em seus ombros. Um rosnado automático passou por seus lábios, e mal mediu seus atos quando se ergueu do chão em um sobressalto ágil, agarrando seja lá quem fosse pelo pescoço. Ele arregalou os olhos ao ver de quem se tratava.
— É bom me soltar.. ou então eu quebro seu braço antes que me mate sem ar. — Malia ameaçou com certa dificuldade, embora a voz meio falha. O cacheado não tardou em soltá-la, esboçando uma feição acanhada junto a um olhar arrependido. Ela revirou os olhos massageando a garganta. — E então? Como vai ser? Ele fica preso aí até o efeito passar? — Questionou direta ao engolir em seco, caminhando calmamente para perto de Adam que direcionou a atenção a ela arqueando uma das sobrancelhas de forma incrédula. Malia deu de ombros confusa. — O quê? Também posso apagar ele, pelo visto as coisas não estão indo tão bem.. — Comentou direcionando o olhar para o topo da pilastra, esboçando uma careta ao analisar as rachaduras até então mínimas.
Isaac bufou olhando para o teto empoeirado enquanto negava com a cabeça, passando as mãos pelo rosto em seguida. Malia comprimiu os lábios adotando uma feição impaciente, cruzando os braços sobre o peito.
— Escuta, não sou adivinha. — Ressaltou em um tom óbvio, maneando a cabeça para o lado afim de conseguir ganhar a atenção de Isaac que parecia agitado demais para seu gosto. — Isaac, vamos, o que não disse pra nós? — Seu tom soara sério e um tanto acusatório, os olhos castanhos firmes e intimidantes encarando o cacheado. Lahey parou em frente a ela, lançando um último olhar a Adam que o encorajou dando um aceno leve com a cabeça.
— Escuta, eu e ele estamos tão perdidos quanto vocês. — Iniciou em um tom meio aflito ao decidir ser sincero, tentando organizar os pensamentos para não soar tão confuso. Malia franziu de leve as sobrancelhas, aproximando-se mais de Lahey. — Tudo começou quando Adam completou dezoito anos, e desde então eu não sei o que pode ser. Veio a força extra, efeitos da Lua cheia antecipadamente, o-os animais.. — Esfregou a nuca ao mencionar a última parte em um timbre tenso, olhando de relance para o francês com sua visão periférica. Malia seguiu o olhar discretamente, sentindo uma pontada de preocupação incomum assim que notou o coiote meio encolhido tentando respirar devagar. — Tentamos pesquisas em bibliotecas da Europa mas nada que tirasse nossas dúvidas apareceu.. — Enfatizou o "nada" com nítido aborrecimento, abaixando o olhar por alguns instantes antes de encarar a Hale que infelizmente não sabia o que dizer. Optou por caminhar na direção do amigo, ajoelhando-se novamente em frente a ele.
— Cheguei bem na hora, pelo visto. — Uma voz extra e dessa vez conhecida por todos preencheu o silêncio frustrante que se instalou. Malia despertou dos pensamentos, olhando na direção do recém chegado. Derek se aproximava dos outros três em passos calmos, destacando-se na escuridão do lugar amplo graças aos olhos azuis gélidos a mostra. Era perceptível o descontentamento carregado naquele simples caminhar. Isaac suspirou fundo virando um pouco o corpo na direção do Hale, ouvindo um rosnado baixo vindo de Adam. — O que quis dizer com os animais? — Indagou quase esbravejando quando perto o suficiente, expondo as presas vagamente ao erguer o lábio superior sem ao menos notar. Malia arfou em um protesto impaciente, voltando-se ao Hale mais velho.
— Se for um outro descontrolado aqui, sugiro que dê meia volta. Atiçar mais o amigo dele não vai ajudar em nada. — Ressaltou em um tom firme com sua expressão óbvia para o primo, ao mesmo tempo em que gesticulava para a saída logo atrás dele ao longe. Isaac negou com a cabeça intercalando o olhar entre os Hale. Sua sobrancelha arqueada em alerta para o que estava rolando ali. Derek bufou desdenhando, recolhendo as presas.
— Não queira me ver descontrolado. — Rebateu em tom de aviso lançando um olhar neutro na direção de Malia que revirou os olhos com indiferença. Derek redirecionou a atenção para Isaac ao ouvir um rosnado violento de Adam. O cacheado se esquivou das garras do menor em reflexo, retribuindo o olhar do lobo mais velho um instante depois. — Precisa ser mais detalhista que isso. — Disse e apertou os lábios soltando o ar pelas narinas de maneira cansada. Isaac mordeu o lábio inferior, segurando um lado dos ombros de Adam enquanto Malia se aproximava afim de segurar o outro. Adam se debatia.
— Não sei como explicar.. só sei que da última vez na França... aconteceu alguma coisa com os pássaros. — Isaac disse com certa dificuldade ao desviar o olhar, mantendo as mãos firmes contra o ombro do coiote que rosnava contínuas vezes. Derek franziu a testa, agachando-se próximo a eles afim de verificar as correntes vagamente. Malia bufou irritada, ouvindo um baixo estalo vindo do ferro que revestia o corpo do francês. Lahey umedeceu os lábios. — Nos escondemos em uma casa abandonada porque seria arriscado demais ficar no prédio. Adam se descontrolou demais, e entã-
Um ruído parecido com um bater de asas sôou logo atrás deles, interrompendo o cacheado que sentiu sua espinha gelar em surpresa para logo após virar a cabeça. Uma ave de penugem escura indicando se tratar de um corvo sobrevoava de modo agitado, estranhamente próximo ao teto e as vezes se batendo contra as paredes e as outras pilastras. Não demorou para mais quatro chegarem, iniciando um irritante eco coletivo pelo local devido aos crocitar que eles emitiam. Derek piscou um tanto atordoado, sacando as garras em seguida ao sentir-se inquieto por conta dos instintos. Isaac não estava diferente, rosnando entredentes para as aves que pareciam aumentar a cada segundo.
— Sério que deixou pra contar isso só agora? — Derek questionou indignado alterando um pouco o tom de voz. O foco ainda voltado aos animais que sobrevoavam suas cabeças. Esticou o braço em um movimento rápido, cortando o ar em uma tentativa de acertar um dos corvos que havia se aproximado. Isaac arregalou de leve as orbes a medida em que analisava a porção só aumentando.
— Gente! — Malia gritou subitamente, atraindo a atenção imediata dos outros dois. O rosto atônito da coiote encarava Adam, que até então não se submeteram a olhar antes. — Isaac me diz que é normal os olhos dele estarem assim.. — Pediu apreensiva ao negar com a cabeça lentamente após engolir em seco, mal piscava. Derek e Isaac se entreolharam não ocultando a aflição em suas feições assim que pararam para prestar a atenção devida no menor.
Adam ofegava em uma mistura de rosnados inquietante. Mas o inusitado era a íris de seus olhos que havia adotado um tom totalmente escuro, talvez mais que a própria noite. O francês possuía o foco direcionado aos pássaros, parecendo agitar eles ainda mais. Era como se tanto as aves quanto ele estivessem fora de suas consciências naturais. Algo estava muito errado.
— Por isso não dava pra contar. Não tinha como explicar isso! — Deu ênfase ao fenômeno enquanto indicava Adam com um olhar preocupado, tendo que mudar de posição no chão assim que uma parte das correntes fora arrebentada. Derek praguejou erguendo-se rápido, trocando de lugar com Malia para manter Adam no lugar.
Malia suspirou fundo ao se por de pé. Tentando pensar no que fazer, no entanto, precisou ser ágil segundos depois quando dois corvos quase atacaram seu rosto. Segurou uma das aves pelo pescoço em um agarre certeiro, virando o corpo logo depois deixando um chute contra a outra que voou em sua direção novamente. Apertou o pássaro em mãos, ouvindo o osso do pescoço do animal estalar. Ela franziu o cenho ao notar uma coisa, abaixando-se em seguida no chão ficando entre Derek e Isaac que tentavam manter Adam na pilastra a todo custo.
— Aqui, olha. — Disse a Hale ainda ofegante e apontou com o indicador o olho do corvo, indicando em um aceno de cabeça as orbes de Adam. Derek arqueou as sobrancelhas ao entender, e Isaac assentiu já familiarizado. — Os olhos dele estão iguais aos dos corvos, isso quer dizer..
— Sim, ele meio que assume a consciência deles. Só não entendo como.. — Isaac murmurou a última parte não escondendo o desapontamento, desviando o olhar de Malia assim que ouviu um praguejar vindo de Derek ao que teve as garras de Adam cravadas em seu braço. Lahey suspirou frustrado, agarrando com a mão livre a ponta solta da corrente. Tentando prendê-la outra vez.
— E pelo visto.. não só dos corvos.. — Derek comentou esboçando uma careta por conta da dor no ferimento, indicando a entrada em campo aberto do estacionamento. Isaac e Malia não hesitaram em seguir o olhar do Hale mais velho.
Ao longe se encontrava um cervo parado espreitando-os, sendo acompanhado por mais dois logo atrás. Malia rosnou entredentes por cima do ombro, voltando-se para Adam de imediato a tempo de ver uma espécie de oscilação nos olhos do coiote. Alternava entre a íris negra característica dos corvos e o tom meio amendoado com uma fenda preta na horizontal bem no centro. Todos engoliram em seco.
O cervo na liderança bateu as patas contra o concreto segundos depois, avançando agressivamente. Malia grunhiu se levantando no mesmo ritmo.
*
A moto derrapou na terra arrancando alguns fiapos da grama seca. Scott quase caiu do veículo assim que estacionou de qualquer jeito na calçada ao parar subitamente. Puxou o capacete depressa, estreitando os olhos afim de analisar Corey melhor. O chimera andava de um lado para o outro na lateral da casa, parecendo nervoso enquanto esfregava as mãos. Odiava quando seus pressentimentos estavam certos.
O alpha saltou afobado da garupa, caminhando de modo ligeiro contornando a residência. Abaixou a cabeça vagamente devido a uma breve ventania. Corey ao notar a presença do McCall, parou com a inquietação quase no mesmo segundo. O Bryant levou as mãos para os bolsos da calça, apertando os lábios em uma feição de certa maneira aflita. Scott nem precisou perguntar, pois o grito sonoro vindo de Theo que soou do lado de dentro explicou em partes a situação.
— Me diz que já foi lá checar o que está acontecendo.. — Disse o moreno em um tom suplicante, olhando de relance para a casa. Encarou em seguida a expressão meio atordoada do outro, que apenas respondeu dando um aceno de cabeça mínimo.
— A bebê está se mexendo muito, tentei ligar para o Deaton há uma hora mas só deu caixa postal. Liam não sabe mais o que fazer.. — Corey explicou brevemente, encolhendo os ombros de leve assim que outro grito de Raeken ecoou no andar de cima. — Não pude fazer muita coisa porque não absorvo a dor como vocês, e Theo tá me estranhando talvez por conta da Lua. — Ele bufou frustrado consigo ao se lembrar dos quase arranhões que recebeu por chegar perto demais da barriga do chimera. Scott apertou os lábios, engolindo em seco tentando pensar.
— Eu já volto. Fique atento aqui enquanto isso. — Disse de forma breve, deixando um rápido toque no ombro de Corey antes de se virar e correr.
Scott pisou forte no piso de madeira da entrada ao chegar na frente, abrindo a porta rápido e rumando na direção das escadas. Os protestos de Theo ficando cada vez mais alarmantes a medida que avançava nos degraus, mas ainda era capaz de distinguir a voz de seu beta no meio. O alpha bateu na porta do quarto do casal para então adentrar, arregalando de leve as orbes castanhas em preocupação assim que viu o estado do chimera. Liam redirecionou o foco para o alpha, esboçando uma feição de alívio sem conseguir evitar.
— Scott, ela não para de se mexer. Eu juro que já tentei de tudo mas nada acalma ela.. — Liam disse em um tom falho se sentando ao lado de Theo novamente, sentindo o mais velho apertando seus dedos com força seguido de um choramingar. Dunbar logo se voltou ao namorado, inclinando-se para perto dele e acariciando a testa suada. Sentia a queimação clássica passando por seu pulso como uma corrente de energia. Absorvia pela quinta vez a dor do outro. — Calma, meu amor. Vai passar. — Embora tenha repetido isso várias vezes mantendo o tom sereno, nem acreditava mais nas palavras devido ao desespero.
McCall se aproximou colocando-se do outro lado da cama, buscando a mão livre de Theo que para sua surpresa não hesitou em agarrar sua palma. As veias pretas surgindo instantes depois. Scott esboçou uma careta vaga, ao mesmo tempo em que observava abismado a maneira como a filhote se movia dentro do ventre do chimera que vez ou outra resmungava se contorcendo no colchão. Continuamente surgia na superfície exposta do abdômen as ondulações, indicando movimentos inquietos e brutos. Theo arfou alto, suspirando entredentes.
— Minhas costelas já curaram três vezes... é só o que tenho certeza.. — Theo resmungou em meio a respiração entrecortada, apertando outra vez a mão do alpha e fechando os olhos com força por alguns segundos. Desviou o olhar para a feição angustiada do beta, que agora possuía a mão pousada em nítida proteção em sua barriga. Raeken inspirou trêmulo. — L-Liam.. e se ela nascer agora.. — Ele choramingou sentindo um aperto ansioso no peito acompanhado de ondas geladas atravessando sua espinha. Estava com medo, e isso não era segredo para os outros que habitavam o cômodo.
— Ela ainda precisa estar protegida aí dentro, amor. — Disse da forma mais gentil que conseguiu no momento afim de acalma-lo. Acariciou os cabelos úmidos do outro, observando a maneira apreensiva como Theo encarava ele. Queria tanto fazer mais, aquilo era ridículo. Tinha que ter alguma coisa a se fazer para aliviar toda essa experiência. — Vocês vão ficar bem... — Sussurrou como uma espécie de mantra ao se inclinar e depositar um beijo demorado na testa do mais velho, que fungou relativamente agoniado mas fechou os olhos tentando regular a respiração. Por hora funcionou, até voltar a abri-los logo expondo o clássico amarelo brilhante nas orbes antes verdes. Liam brilhou os dele de volta instintivamente, mas a aflição ainda estava lá.
Scott umedeceu os lábios, encarando com um semblante inquieto um ponto qualquer no colchão. Felizmente uma ideia surgiu, graças ao seus conhecimentos básicos em veterinária e tudo o que já leu na clínica com Deaton. O moreno deixou os sentidos escorregarem a princípio apenas para brilhar os olhos no vermelho intenso, assumindo sua posição. Lançou um olhar firme ao beta, chamando-o em sua voz grave e amplificada de autoridade. Precisava que o mais novo se controlasse, e não demorou para receber a atenção do mesmo.
— Preciso que se acalme, e me escute. Theo e sua filha precisam de você, então me ajuda. — Disse calmo precisando retornar com sua voz habitual assim que escutou um breve rosnado vindo de Theo. Scott olhou de relance para o chimera, tirando as mãos dele devagar ao notá-lo se sentir ameaçado. Liam piscou parecendo voltar a si, escutando-o com atenção. — A bebê pelo visto faz com que ele sinta a Lua como nós, o que quer dizer que ela está se transformando. — Resumiu de modo agitado a medida que se movia na lateral da cama. Pegou a coberta que cobria Theo, jogando-a num canto do quarto afim de remover qualquer coisa que pudesse causar uma sensação sufocante no chimera.
— Mas então isso quer dizer que ela pode nascer a qualquer momento? — Liam insistiu tomado pela aflição, mal contendo as palavras. Deixando um aperto na mão do namorado que o segurou perto. Theo arregalou de leve os olhos ao escutar, entreabrindo os lábios pronto para protestar sobre mas tudo o que saiu fora um grito. A filhote havia chutado com precisão a costela esquerda dele, obrigando-o puxar o ar devagar embora a dor fosse horrível. O beta não tardou em levar a mão livre para o local, suspirando e assistindo as veias negras novamente.
— Eu.. eu infelizmente não tenho como te responder, mas acho que posso ajudar no resto. — Scott confessou em meio a agonia, tentando se aproximar em seguida mas Theo rosnou em sua direção quase no mesmo instante. Os olhos brilhantes praticamente espreitando McCall que engoliu em seco diante àquele impasse, lançando um olhar ao beta. Liam suspirou apertando os lábios, reconhecendo bem aquele comportamento de Theo.
— Me diz e eu faço. — Murmurou o beta determinado. Constatando que quanto mais Scott tentasse, mais Theo se irritaria. O alpha assentiu de acordo, afastando-se da cama dando alguns passos para trás até que Raeken se sentisse menos tenso. Liam se voltou ao chimera logo depois, passando a mão pelos cabelos do mesmo em um carinho.
— Faça ele deitar de lado, assim a bebê pode ter mais espaço para se mover sem acertar tanto os ossos dele. — Scott instruiu pacientemente, gesticulando um pouco ao lançar um olhar cuidadoso na direção das orbes de Dunbar que assentiu mais encorajado.
Liam redirecionou o foco ao namorado, que ainda se contorcia em movimentos mínimos. Ele se inclinou para o campo de visão do mais velho antes que passasse o braço direito pelas costas do mesmo. Theo visivelmente relaxou ao sentir o cheiro do pai de sua filha, embora os olhos vibrantes ainda denunciassem seu descontrole. O beta posicionou o outro para o lado direito de maneira cuidadosa, erguendo um pouco mais a blusa do namorado que respirou fundo em resposta aos toques. Dunbar mal percebeu quando o alpha havia se deslocado para perto da porta.
— Onde vai? — Liam perguntou ao virar um pouco a cabeça, ajeitando os travesseiros maiores contra as costas do chimera que lamentava baixinho. Sentou-se no espaço vago do colchão e passou a esfregar por trás a barriga de Theo em um ritmo lento, ainda esperando a resposta de Scott.
— Vou ferver uma água e pegar umas toalhas. — Disse o moreno já parado do lado de fora apoiado no batente. Liam ergueu as sobrancelhas de imediato ao analisar os ítens ditos, o nervosismo exalando gradativamente pelo quarto. Scott se corrigiu depressa, sacudindo a cabeça em negação. — Não é nada disso. É pra fazer uma compressa, pode ajudar por pelos menos alguns minutos. — Reformulou esboçando um rápido sorriso ladino, logo sumindo da vista do beta. Liam suspirou assentindo para si mesmo, buscando se manter calmo. Embora tenha dado um sobressalto com o que veio a seguir.
— Lori! Que droga! — Theo gritou aborrecido, apertando os lábios com força e se encolhendo um pouco quase em posição fetal. Liam passou o braço pelo tronco do namorado, buscando a mão do mesmo que logo apertou seus dedos. O mais novo confessa estar segurando lágrimas de frustração, mas ao levar o olhar para a lateral da barriga do chimera. Arregalou os olhos ao reparar no que se destacava na superfície da pele em um formato assustadoramente perfeito.
Um pé.
Liam entreabriu os lábios, sentindo a respiração engatar em seus pulmões. Era um pé minúsculo, o pé de sua filha, bem ali. Literalmente na frente dele e nem poderia cogitar tentar se esticar para ao menos senti-lo com seus dedos devido a situação conturbada. Os olhos azuis não tardaram em marejar, ainda mais quando sumiu. Indicando a possível quietação de Lori por alguns segundos. Theo respirou fundo em seguida, choramingando baixinho. O beta nem conseguia verbalizar, ainda encarando perplexo a barriga saliente.
— Liam.. — Theo ofegou ao chamá-lo, fazendo-o tremular as pálpebras em piscadas rápidas assim que voltou ao foco. O chimera virou um pouco a cabeça, mirando os olhos lupinos para o namorado, mas ao mesmo tempo parecendo racional o bastante. — O que houve? Seu coração disparou.. — Comentou em um murmúrio cansado, ronronando de leve em seguida quando sentiu os dedos da mão livre de Liam em seus cabelos.
— Shh... nada preocupante. Depois explico, amor. — Disse docemente em meio ao cafuné que fazia nos fios de Raeken que acabou assentindo não dando muita importância. Liam piscou afastando as lágrimas a todo custo, movendo de forma sutil a mão esquerda para encontrar a barriga proeminente do outro. Afagou o área com cuidado, ouvindo Theo suspirar em satisfação.
Iria se manter forte, e torcer para que essa Lua não machucasse as duas pessoas que mais amava.
*
O chão empoeirado agora com litros de sangue banhando consideravelmente o piso, tomando uns bons metros quadrados do estacionamento. O cenário original nunca fora algo agradável propriamente aos olhos de ninguém, e no momento após a ideia de Malia quanto a dar um jeito nos cervos. Apenas contribuiu para a regressão de um lugar que eventualmente poderia ser decente.
A coiote não estava diferente, embora menos encharcada que Isaac. Tinha as mãos sujas com o agora sangue seco assim como suas roupas. Isaac conseguiu sujar até mesmo o cabelo, e Derek não ficou muito para trás. O Hale com os respingos de sangue ainda frescos no rosto, até então só era capaz de pensar em maneiras mais viáveis de como se livraria de mais de dez corpos de cervos e corvos, tirando os pedaços espalhados e os que supostamente ainda poderiam surgir. Não importava se tratava-se do térreo de um prédio cuja o único dono era ele, ainda existia grande chance disso sujar para o lado dele em tempo recorde.
— Quanto tempo até ele voltar ao normal? — Malia disse em meio a respiração ofegante após golpear uma última vez um cervo. Em seguida deu uma olhada rápida em Adam, que pelo visto ainda estava imerso no maldito transe. Ela curvou-se para apoiar as mãos nos joelhos, lançando um olhar impaciente na direção de Isaac. Este que arrastava outra carcaça de um cervo ensanguentado para um lado menos visível do estacionamento. O cacheado esboçou uma vaga careta enojada antes de voltar-se a Hale.
— As vezes pode durar até a Lua sumir de vez, ou então ele desmaia e pode ficar só com a parte coiote ativa. — Isaac disse após limpar as mãos calça, caminhando na direção dos outros dois próximos de Adam, logo sentou perto do francês. Malia bufou negando com a cabeça, cruzando os braços também movendo os calcanhares na direção deles. Acomodou-se de frente para Adam, olhando de relance para Derek que mantinha o olhar fixo voltado para a entrada do estacionamento logo atrás dela.
— É bom que não deixe de levá-lo ao Deaton quando toda essa palhaçada acabar. — Malia murmurou abaixando o olhar, observando com indiferença o sangue seco debaixo de suas unhas curtas. Ela ouviu um suspiro pesado, que a fez erguer a cabeça.
— Juro que será a primeira coisa que farei. — Isaac garantiu em tom baixo, apoiando os cotovelos em seus joelhos enquanto encarava com um semblante distante o local por onde antes era cercado pelos animais da mata. Pequenos flashes dos últimos ocorridos que tem feito desde que chegou passando por sua mente. Ele suspirou. — Eu só faço tudo errado.. — Resmungou com certa amargura, esfregando as mãos em um ato inquieto ao negar levemente com cabeça. Examinou tudo ao redor. A quantidade de sangue por ali era assustadora.
— Você errou mesmo. — Malia concordou dando de ombros, atraindo o olhar apagado de Isaac que não fez muita questão em se manisfestar sobre. — Mas o que você vai fazer depois pra concertar é o que conta.. — Acrescentou, suavizando a expressão repentinamente. Lahey piscou não escondendo a surpresa em sua feição, trocando um breve olhar com Derek que apenas assentiu de forma mínima em garantia. A prima dele estava certa de toda maneira. — Não precisa ficar se lamentando, apenas vá e descubra o que é isso de uma vez. — Encorajou o cacheado de seu jeito, tentando não soar muito grosseira. Isaac esboçou um sorriso ladino, agradecendo silenciosamente.
— Ficou boa em conselhos pelo visto.. — Comentou o beta erguendo de leve as sobrancelhas em uma expressão descontraída. Malia riu anasalado dando um meio encolher de ombros, observando Derek checar Adam rapidamente. — Mas o que me preocupa é.. acho que ele nasceu assim.. — Confessou com apreensão nítida no tom de voz, levando o foco para o francês ainda alheio a eles. Mordeu o canto do lábio inferior, sentindo a familiar angústia por vê-lo assim. Derek franziu a testa.
— Ele nunca falou nada sobre essas habilidades? — O Hale usou um timbre incrédulo, a curiosidade assumindo sua expressão. Isaac negou minimamente. Malia assumiu uma postura pensativa enquanto escutava, desviando devagar o olhar na direção de Adam nesse meio tempo. Isaac respirou fundo, umedecendo os lábios.
— Assim que Adam confiou em mim, deixou de ser tão reservado. Então, acredite quando digo que ele me contava tudo.. — Iniciou calmo e com convicção ao recordar de algumas situações. Adotando uma careta intrigada ao analisá-las um pouco em seu raciocínio. — Ele parecia realmente não ter ideia do porquê tudo aconteceu daquele jeito na França, e agora muito menos aqui.. — Soltou o ar ao finalizar. Dando brecha para um silêncio meio incômodo se estender um pouco entre eles por alguns segundos. A ventania lá fora agitando os galhos e tornando o farvalhar das folhas mais intenso. Lua cheia e tempestade juntos era novidade.
— Com certeza é um tiro no escuro tentar descobrir tudo com peças faltando. — Derek disse acenando minimamente com a cabeça. Embora ainda carregasse a seriedade, mas então lançou um olhar compreensível ao cacheado que mantinha as orbes azuis voltadas para ele. — Mas no fim, o pouco que sabem vai acabar fazendo sentido.. — Disse mantendo a postura otimista, o que não era de seu feitio. Mas de qualquer modo alguém ali precisava ser neste momento.
— Não dúvido disso. — Isaac garantiu, inclinando o canto dos lábios em um sorriso contido. — De um jeito ou de outro, sempre conseguimos encontrar a maioria das respostas aqui.. — Acrescentou com um ar nostálgico em sua feição, ajeitando-se devidamente no chão. Um trovão alto sôou de repente, fazendo ele encolher os ombros em reflexo assim como os outros.
— Por favor, que ele não controle o tempo também.. — Malia suplicou em um murmúrio, os olhos castanhos encarando o teto em alerta mudo. Trovões a distância ainda reverberavam, mas o que chamou sua atenção fora algo pequeno se mexendo por entre as estruturas de concreto numa parte próxima ao teto. A coiote estreitou os olhos. — Gente.. acho que esquecemos um. — Disse ainda com a atenção fixa no tal lugar. Derek franziu a testa.
— Um o quê? — O Hale saiu da posição sentada e se deslocou um pouco para frente ficando próximo a prima, olhando para a mesma direção que ela. Isaac não estava diferente, mas havia se levantado. Tendo uma visibilidade melhor ao caminhar alguns metros.
— Realmente é um corvo, mas parece calmo. — Isaac analisou o animal de longe, pendendo a cabeça para o lado. A ave parecia estar bem interessada neles, mirando aqueles olhos pequenos e negros que intimidavam de uma maneira incômoda. Lahey estreitou de leve os olhos, observando o animal mover a cabeça as vezes de forma rápida. Malia coçou a nuca com a expressão incerta.
— Os animais ficavam calmos em algum momento perto dele? — Derek questionou, arqueando uma das sobrancelhas assim que o corvo se moveu para mais perto. A ave parecia concentrada em algo atrás dele.
— Dependia muito, mas não desse jeito. — Isaac suspirou, fazendo menção em mover mais os calcanhares para ir até lá. Quando subitamente um resmungo doído soou atrás deles, não demorando a virar o rosto depressa. Adam sacudia a cabeça de leve, o semblante abaixado parecendo agoniado com a idade de abrir os olhos devidamente.
Malia se apressou no passo instintivamente, ajoelhando-se em frente ao francês. Analisou o coiote de maneira ansiosa. Derek ao lado da prima, estudava no rapaz qualquer possível indício do fenômeno ocorrer outra vez. Isaac levou uma das mãos para acariciar os cabelos de Adam, tentando fazer o amigo se acalmar daquela atordoação.
— Adam? Consegue me ouvir? — Isaac usou uma voz baixa e cuidadosa, abaixando um pouco a cabeça afim de conseguir ter acesso ao olhar do amigo. Adam respirou fundo algumas vezes, piscando freneticamente por rápidos segundos. Ergueu as orbes assim que a visão ajustou, e embora sua feição cansada. Parecia saber onde estava. — Querido? — O cacheado tentou mais uma vez, permanecendo em alerta assim que viu o aspecto brilhante voltar para as orbes do francês.
— E-Eu... — Adam encarou os olhos azuis de Isaac, mostrando a nítida onda de medo que sustentava em seu semblante. Rosnou baixinho a medida que puxava o ar devagar, tentando organizar os pensamentos. Mas apenas se desesperou em seguida assim que parou para reparar o cenário ao redor deles. O francês travou um grito na garganta ao observar todo aquele sangue pelo chão. — O que.. foi minha culpa?! — Soltou a pergunta em um tom aflito e alto, inclinando-se para frente em um movimento brusco. As correntes tilintaram e o coiote praguejou pela dor do metal pressionando seu corpo.
— Na verdade.. — Malia iniciou com certa cautela. Adam mirou os olhos para o rosto dela. — Em partes foi você, mas o crédito do sangue é todo nosso. Infelizmente estávamos sendo atacados, entã.. — Ela se interrompeu ao notar os olhos azuis do coiote marejando, a respirando acelerando um pouco. A Hale comprimiu os lábios, levando timidamente uma das mãos para deixar uma carícia suave contra a bochecha rosada do francês. — Tá tudo bem.. você não tem culpa. — Não sabia o porquê de estar confortando alguém que mal conhecia, ainda mais levando em conta o fato de que quase havia arrancado o braço de um dos seus amigos. Apenas.. não queria deixá-lo a deriva.
Adam agradeceu silenciosamente esboçando um sorriso ladino, mas fora nítido o esforço que fez para isso devido a circunstância. Ele abaixou a cabeça por alguns instantes, inspirando devagar afim de controlar a parte animalesca por mais tempo. Lágrimas solitárias escorrendo por cada bochecha assim que encarou o chão. Isaac suspirou, checando ao redor mais uma vez para logo se voltar a Aubert.
— Agora que estamos aqui, temos chances de descobrir o porquê disso acontecer nas Luas cheias. — Disse Lahey em seu tom baixo e cuidadoso, deixando apertos gentis no ombro do coiote que ainda mantinha a cabeça baixa. — Essa incerteza vai se encerrar. — Garantiu com confiança, ganhando a atenção daqueles olhos azuis cansados.
— Desde que a gente não acabe em uma biblioteca com um livro mais inútil que o outro.. — Murmurou o francês de maneira cabisbaixa, engolindo em seco a medida que examinava todo o sangue e alguns corpos de pelo visto nove cervos e aves, ou mais. Adam franziu a testa, sentindo o lábio inferior tremer sem ao menos conter. A aflição corroendo seu peito. — Eu.. juro que tentei parar eles.. e acho que quase consegui. — Disse baixinho, observando ainda desacreditado toda aquela bagunça. Ele abaixou a cabeça controlando um soluço, sentindo a respiração querendo acelerar.
— Você fez o que pôde, isso que importa. — Derek disse em um tom firme após um suspiro, deixando um toque amigável no ombro do coiote antes de se levantar. Ele desviou a atenção para Malia, chamando-a através do olhar. — Vem, me ajude a firmar essas correntes. Não podemos arriscar que ele se solte. — Disse calmo ao se deslocar para trás da pilastra, vendo os objetos de ferro caídos. Malia se colocou do outro lado, juntando um lado enquanto via o primo fazer o mesmo. Precisavam improvisar, pois um dos cadeados havia arrebentado.
— Adam, olha pra mim. — Isaac se ajoelhou em frente ao amigo, pedindo calmamente ao notar a respiração do outro se alterando de maneira preocupante a seu ver. O francês ergueu o rosto devagar, exibindo suas presas inferiores que se destacavam. Lahey apertou os lábios, segurando cada lado do rosto do menor. — Lembra do mantra? Hum? Vamos.. — Um rosnado roncou do peito do coiote, mas em nenhum momento o cacheado recuou. — Quais são as quatro coisas que se completam? — Insistiu, arqueando de leve as sobrancelhas em um incentivo silencioso. Adam piscou algumas vezes, mantendo o foco o quanto podia.
— T-Terra.. ar, fogo.. — Adam esboçou uma careta ao pender a cabeça para o lado em desconforto, como se um ruído muito alto tivesse atravessado seu tímpano no ouvido direito. Isaac ergueu o olhar dele pelo queixo, fazendo um contato visual estranhamente reconfortante na concepção de Adam por alguns instantes.
— Quais, Adam? — Tentou novamente, permanecendo com aquela áurea tranquila. Derek e Malia trocaram olhares curiosos, principalmente o Hale que nunca havia ouvido aquele mantra em lugar nenhum. Adam respirou fundo.
— Terra.. ar, fogo.. — O coiote comprimiu os lábios em irritação, sentindo a maldita queimação voltando gradativamente. Logo o desespero retornava como um gatilho irritante de que mal tinha controle sobre si mesmo. — E água.. Terra, ar, fogo e água! — Subiu um pouco o tom de voz, fechando os olhos com força. Outro trovão sôou, fazendo-o se encolher.
— Ele é sensível aos trovões? — Malia questionou preocupada, terminando de dar um jeito nas correntes antes de se levantar e colocar-se ao lado de Isaac. Derek fez o mesmo segundos depois, examinando o estacionamento outra vez.
— Eu não sei, isso nunca o incomodou antes.. que horas são? — Isaac desviou o olhar para Derek, que foi ágil em tirar o celular do bolso da calça. O visor acendeu, mostrando os números grandes: 2:40 AM. Os três arregalaram os olhos surpresos, mal notaram o tempo passando. Lahey engoliu em seco. — Okay.. falta duas horas até o sol começar a aparecer... — Tentou ser otimista, poderiam aguentar até lá, certo?
— Terra, ar, fogo.. e água.. — Adam murmurava continuamente, tentando acreditar e se concentrar nas palavras como nas outras vezes em que precisava manter o controle. Isaac lançou um olhar aborrecido para o teto do estacionamento assim que outro trovão ecoou. Aubert praguejou em meio ao mantra. — Tá voltando, eu tô sentindo.. não consigo impedir isso. E-Eu..
— Hey! Você consegue, eu acredito em você! — Isaac segurou o rosto do menor novamente em um movimento repentino, assustando até mesmo Malia e Derek. — Sei o quanto é difícil, mas nada do que está acontecendo é culpa sua.. com certeza tem uma resposta, algum propósito..
— Isaac.. por favor, se afasta. — Suplicou Adam quase em um sussurro, olhando fundo nos olhos azuis de Lahey que franziu a testa. — Eu não quero machucar você.. — Disse entredentes após ofegar, sentindo as mãos do cacheado se afastando de seu rosto. Isaac foi recuando, embora hesitasse na decisão. — Que droga! — Ralhou o coiote contorcendo-se por entre as correntes. Seu peito subindo e descendo na respiração entrecortada. Avançou com toda força para frente, ocasionando no aumento da rachadura no topo da pilastra. Malia deu um passo para trás, observando o local onde o concreto estalava.
— Gente.. — Ela disse um tanto alto, alternando o olhar entre Isaac e Derek que redirecionaram o foco para o rosto dela. — Estão ouvindo?.. — Nem precisou terminar.
Adam rosnou arrastado, elevando a cabeça e exibindo o exato momento em que seus olhos mudaram do original amarelo brilhante para uma íris completamente escura outra vez. Ele encarou um ponto específico na entrada do lugar o qual os outros não identificaram de imediato, no entanto, não demoraram para perceberem que dessa vez não se tratava de corvos.
Ruídos agudos e constantes se aproximavam gradativamente. Malia esboçou uma careta ao reconhecer o som, lembrando-se do tempo em que passou na floresta e suas caminhadas noturnas. Os morcegos apareceram instantes depois no campo de visão de todos, fazendo-os praguejar. O bando não era nada pequeno.
— Merda.. — Isaac rosnou, sacando as garras em seguida enquanto observava os animais voando rumo a eles. Derek fez o mesmo.
— Isso é ridículo. — Malia constatou revoltada, olhando de relance para Adam que mais parecia a merce dos morcegos do que ao contrário. Ela bufou deixando por conta dos outros dois, ajoelhando-se na frente de Adam. — Vamos! Não pode deixar eles terem o controle assim sobre você! — Praticamente gritou, batendo o punho no chão. Adam não desmanchou aquele semblante catatônico, os olhos escuros deixando-o ainda mais sombrio.
— Não é gritando com ele que vai resolver alguma coisa. — Isaac disse enquanto tentava acertar os morcegos que o cercavam, assim como Derek que vez ou outra conseguia agarrar um e jogá-lo para longe. Lahey rosnou alto para os bichos, exibindo as presas. Malia olhou para trás vagamente observando por cima do ombro o estado da situação.
— Vamos, Adam.. — Ela murmurou ainda com os olhos voltados para a confusão, mas logo desviou para o coiote levando em seguida as duas mãos para os ombros do mesmo. — Olha, sei que está cansado e com medo, mas.. sei que pode me ouvir também. Então, por favor, assuma o controle. — Disse devagar e com tanta convicção que mal se reconheceu. Analisava o semblante meio apagado do outro, com a expectativa borbulhando no peito.
— Malia.. — Derek chamou meio ofegante, ganhando a atenção da prima rapidamente. — Não sei o que tá fazendo, mas continua. — Pediu ao mesmo tempo em que olhava ao redor. Malia franziu a testa ainda confusa mas logo isso se dissipou assim que parou para reparar nos morcegos. Isaac riu incrédulo entendendo.
Os animais ainda pareciam agitados, mas voavam na direção oposta. Diminuíram de maneira significativa, adotando um comportamento menos agressivo. Pelo menos por alguns segundos, até começarem a se juntar novamente. Os ruídos agudos aumentando. Derek e Isaac desmancharam o semblante fascinado. A tensão voltando como um soco no estômago.
Malia analisou os morcegos minuciosamente em curtos segundos para então, voltar-se a Adam. Uma ideia havia surgido, fazendo-a tomar uma decisão meio impulsiva. Esperava que não estivesse se precipitando, pois suas escolhas nem sempre eram as melhores dependendo da situação.
A Hale respirou fundo, apoiando as mãos no chão nas laterais de seu corpo. Ainda encontrava-se ajoelhada e em uma posição meio torta, mas deixou-se ser envolvida aos poucos pelo poder que a Lua um dia teve sobre ela. A sensação fora quase semelhante a primeira vez que se transformou, mas sem toda aquela aflição e desesperado. Abriu os olhos revelando o aspecto brilhante e azul. Ela rosnou entredentes erguendo de leve o lábio superior, suas presas a mostra. Devia ter avisado para os outros dois, mas quando abriu a boca já havia sido mais que tarde.
O rugido da coiote reverberou pelo local, produzindo uma vibração notória pela estrutura de concreto. Partículas de poeira e pedras caindo. Isaac e Derek se agacharam em reflexo, olhando para trás.
Malia quase caiu para frente ao se apoiar nos joelhos, ofegando um pouco enquanto mantinha os olhos em Adam, este que subitamente assumiu um certo controle.
Os olhos do francês permaneceram com mesma íris escura por alguns instantes, focando o olhar para o bando de morcegos que foram se afastando aos poucos. Derek e Isaac não deixaram de suspirar aliviados, mas então outro fator os intrigava agora.
— Adam.. — Malia chamou, aproximando-se cautelosamente. O coiote paralisou por míseros segundos até piscar os olhos, levando-os a ter o clássico amarelo de volta. Um rosnado suave ecoou de seu peito ao encarar a figura da Hale a sua frente, mas isso certamente não a fez hesitar nos passos até ele. — Tá tudo bem, você assumiu o controle. — Disse em um timbre tranquilo, ajoelhando-se. Aubert suspirou fundo, alternando o olhar pelo local de maneira frenética. Ela segurou o rosto do rapaz, ganhando o foco genuíno dele. — Olha pra mim. Estou aqui, o Isaac está aqui. — Indicou o cacheado a direita em um aceno breve de cabeça. O francês inspirou trêmulo, assentindo. — Isso.. — Murmurou satisfeita, esboçando um sorriso ladino quase imperceptível.
Isaac arqueou uma das sobrancelhas, não conseguia esconder o quanto estava impressionado. Se manteu numa distância razoável, pedindo para Derek fazer o mesmo.
— Graças a você.. eu consegui. — Adam murmurou sem ao menos reparar, soando ofegante enquanto tentava tirar um pouco dos fios caídos em sua testa. Malia entreabriu os lábios tentando formular algo, mas acabou por optar em escovar os cabelos do francês para trás com os dedos. Aubert olhou para um canto qualquer em acanho, apertando os lábios para não sorrir de maneira perceptiva. Ela se levantou abruptamente, dando alguns passos para trás afim de encarar seu primo e Isaac.
— Agora.. falta uma hora pro sol nascer. — Malia cruzou os braços, sua feição neutra enquanto observava os demais. Era do feitio dela, agir como se nada demais tivesse ocorrido. Derek ergueu de leve as sobrancelhas, esperando alguma manifestação da coiote ou algo parecido. Ela somente deu de ombros parecendo confusa. — O quê?
— Esquece.. — Isaac disse após bufar, pousando o dedo indicador e polegar acima do nariz. Permaneceu com a postura pensativa por um momento, tentando organizar os pensamentos antes de elevar o olhar rumo a Adam. — Você está bem? — Questionou de maneira gentil, vendo o menor garantir com um aceno mínimo. — Ótimo.. — Soltou o ar que nem sabia estar segurando. Derek ao longe se encostou em uma outra pilastra, cruzando os braços.
— Espero que Scott esteja melhor que nós. — Comentou adotando um olhar pensativo, dirigindo a atenção para verificar por cima do muro o estado da Lua. O Hale suspirou impaciente, não conseguindo deixar de pensar em Stiles. Torcia para o namorado estar em casa, cumprindo a promessa.
— Tenho que concordar.. — Isaac murmurou.
*
Liam realmente se convenceu durante anos que sua primeira Lua cheia tinha sido um verdadeiro caos que por sorte, havia sido controlado. Agora ele com certeza encontrava-se repensando esse pequeno fator.
— As toalhas mornas vão ajudar no quê exatamente? — O beta questionou meio ansioso. Observava o alpha perto da porta do quarto, este que torcia uma toalha um tanto longa a cima de uma bacia. Um resmungo meio alto de Theo se fez presente, fazendo-o voltar o foco ao namorado que possuía a cabeça aconchegada em seu peito junto a barriga proeminente contra seu quadril. Ele deixou um carinho no rosto de Raeken.
— Lembro da minha mãe comentar que isso ajuda o bebê a se acalmar quando agitado demais. Espero que com ela funcione. — Scott explicou rapidamente, apertando mais um pouco a toalha grossa nas mãos antes de se levantar rumando na direção do casal na cama. Dobrou o tecido no meio encurtando-o e estendendo na direção do beta que pegou tentando não fazer movimentos bruscos.
— Amor.. vou colocar aqui, tudo bem? — Liam disse baixinho próximo ao ouvido do namorado, que franziu a testa meio confuso antes de abrir os olhos minimamente. Theo assentiu dando permissão, sentindo em seguida o calor da toalha pousando em sua pele pegando toda a lateral da barriga. O chimera rosnou suavemente em reflexo, mas então relaxou a medida que sentia os carinhos lentos de Dunbar em seus cabelos. Respirou fundo durante uma vaga careta, erguendo mais a blusa deixando o abdômen saliente exposto. Liam sorriu de forma mínima, mirando o olhar para Scott. — Ele não atendeu? Nem uma vez? — Tentou não soar tão alarmado, ainda permanecendo com as carícias no namorado.
— Não, eu até pediria para Corey ir até a clínica mas.. é arriscado por hora deixar a casa sem vigia. — O McCall suspirou frustrado, puxando a bacia com água morna para o canto do quarto longe da porta. Aproximou-se logo depois, mantendo uma distância razoável caso Theo se incomodasse. Liam abaixou o olhar para o rosto até então tranquilo do chimera, buscando ter calma e concentrando-se para seus sinais químicos não ficarem tão aparentes pelo cômodo. O alpha logo notou isso. — Hey.. eles estão bem, e o importante é mantê-lo calmo. A Lua deixa as emoções mais intensas, então qualquer coisa pode atiçar a parte lobo e coiote. — Ressaltou mas não com o intuito de afligir o mais novo, e sim ajudá-lo a analisar os pontos positivos em um todo até agora. — Cheque para ver se ela está agitada.. — Pediu após suspirar, esfregando as mãos dentro dos bolsos da calça. Liam assentiu apertando os lábios.
O beta levou a mão livre para a área próxima ao umbigo do namorado, cuidando para não remover a toalha bem posta sobre ele. Pousou a palma com delicadeza na pele macia, movendo devagar e mantendo-se mais atento que o normal. Sua pequena estava mais quieta comparado a minutos atrás, o que não tornou a compressa inútil, no entanto, Theo ainda resmungava algumas vezes e isso não o tranquilizava de fato. Algo estava incomodando-o e não era propriamente Lori.
— E então? Deu certo? — Scott disse mantendo o tom não muito alarmante, inclinando-se um pouco para frente em expectativa. Não sabia ao certo quando começou a odiar ver Theo com dor, seu beta agora a seu ver. Um sentimento o qual não passou batido pelo alpha, mas inusitadamente não se arrependeu dessa declaração. Talvez fosse um instinto novo ou só a empatia falando alto, apenas queria ajudá-los o mais rápido que conseguia.
— Ela tá mais calma.. — Liam murmurou sabendo que o outro ouviria perfeitamente de qualquer forma, lançando um sorriso agradecido em seguida na direção do alpha que assentiu, porém não era como se pudesse ocultar a nítida inquietação. Ainda mais quando Theo lamentou baixinho esboçando uma vaga careta de dor, aconchegando-se mais nele. — Mas ele ainda tá incomodado. E não sei o que pode ser... — Acrescentou agoniado, assumindo um semblante pensativo ao fixar o olhar no colchão em um ponto qualquer. Por um momento se perdeu em pensamentos, mas então se viu encarando o brilho da Lua que refletia pelo chão do cômodo rumando até a cama onde se encontrava. O beta franziu a testa intrigado. Scott seguiu o olhar dele, levando alguns segundos para entender.
— Pelo visto.. ele tá tentando não se transformar. — O alpha constatou com certo fascínio, movendo-se mais para perto sutilmente. Liam assentiu ainda assimilando, abraçando mais seu namorado. — Ele tem um ótimo autocontrole, a dor que a Lua nos causa é quase insuportável nas primeiras vezes.. — Deu um meio encolher de ombros, suspirando forte e buscando o celular em sua calça. Arregalou de leve os olhos ao ver o horário, o que chamou a atenção de Liam.
— O quê? — O beta disse em um fio de voz, recebendo em seu campo de visão o visor do dispositivo de McCall que virou o aparelho na direção dele. Liam arfou surpreso, nem parecia que havia passado tanto tempo assim. Na verdade, deixou de reparar nos cenários ao seu redor desde que Theo começou a apresentar desconforto e sua filha resolveu o dar um susto. — Então.. estamos perto de encerrar essa maldita noite. — Não escondeu o alívio ao proferir, desviando o olhar para a janela relativamente ampla que dava uma visibilidade boa da Lua por entre as árvores que se balançavam indicando a ventania. Nunca se viu tão ansioso para ver o sol desta vez.
— Isso. Apenas mais alguns minu.. — O alpha se interrompeu ao escutar um ruído no andar de baixo, fazendo-o tensionar e franzir as sobrancelhas em alerta por saber que Corey ainda encontrava-se do lado de fora rodeando a casa. O moreno se virou caminhando de forma ameaçadora na direção da porta, ouvindo instantes depois rosnados baixos vindos de Liam.
— Scott.. — O beta chamou um tanto alto e apreensivo, mas somente viu Scott erguer a mão em um pedido claro de silêncio a medida que se colocava para fora do quarto. Mantinha os olhos castanhos focados no corredor. Liam deixou os olhos assumirem a coloração amarela brilhante, praticamente se preparando para atacar qualquer coisa. Firmou mais a mão sobre a barriga avantajada do namorado, certificando-se de não deixar as garras saírem por agora.
Scott admite ter sido rápido até demais ao avançar na direção do movimento que viu na metade das escadas, ocasionando numa decisão súbita em ter que parar seus calcanhares de maneira ágil ao notar de quem se tratava. Deaton se encolheu em reflexo pelo susto, mas então assumiu uma postura despreocupada quando reconheceu a figura de McCall a sua frente. Ambos bufaram com certo alívio e frustração, obviamente mais da parte de Scott.
— Onde estava?! — O alpha exclamou não escondendo sua indignação. Deaton apertou os lábios em uma feição culpada genuína, lamentando silenciosamente. — Enchemos sua caixa postal de tanto que ligamos! — Scott suspirou pesado após ressaltar, esfregando os cabelos para trás. Deaton compreendia sem dúvida.
— Com essa ventania, fiquei sem sinal. E pra completar, uma árvore caiu bem na entrada da clínica. — Deaton explicava-se resumidamente a medida que terminava de subir as escadas e era seguido pelo alpha durante o percurso no corredor, este que por alguns segundos ficou chocado. — Por sorte, consegui arrombar a porta dos fundos e chegar até aqui. — Ajeitou a bolsa média que trazia consigo, parando próximo a entrada do quarto. Podia ouvir breves rosnados ecoando de lá. — Como tudo está indo?
— A bebê tava se mexendo de uma forma.. assustadora. — Scott esboçou uma careta, não conseguindo definir de outra maneira. Deaton ergueu as sobrancelhas assumindo aquela postura típica de saber mais ou menos com o que estava lidando, desviando vagamente o olhar para o casal ao longe. — A Lua tá afetando os dois acho que.. na mesma intensidade, mas Theo provou ter controle. Considerando tá sentindo tudo pela primeira vez. — Após dizer, logo conduziu o druida para dentro do quarto. Liam exibiu as presas prestes a rosnar novamente devido àquela agitação, porém assim que o veterinário adentrou o cômodo sentiu-se menos desconfiado. Deaton se aproximou com cautela, mantendo-se próximo a beirada da cama.
— Peço desculpas, Liam. Nada contribuiu para que eu pudesse vir pra cá o mais rápido possível. — Deaton confessou levemente aborrecido, lançando um olhar sincero. Pousou a bolsa sobre o colchão, abrindo-a e procurando o que desejava. Liam suspirou fundo tentando não fazer perguntas, o homem parecia realmente ansioso enquanto vasculhava o interior da bolsa.
Theo levou alguns segundos para notar uma nova presença no cômodo, seus olhos abrindo gradativamente. Devido ao desfoque da visão a princípio, só conseguiu enxergar o borrão da silhueta do druida. O chimera não tardou a rosnar, ainda mais quando o veterinário fez menção para se aproximar. Instintivamente exibiu as presas no mesmo segundo, abraçando sua barriga enquanto mirava as orbes que brilhavam no amarelo intenso. Liam entrelaçou seus dedos, não se importando muito com as garras perfurando o dorso de sua mão. Precisava mantê-lo relaxado.
— Theo, é só o Deaton. Ele não vai machucar vocês, eu prometo. — Liam sussurrou gentil no ouvido do namorado, mas com convicção afim de espantar toda aquela agitação dele. Raeken piscou freneticamente, ainda encarando o veterinário com um ar defensivo, pelo menos até enfim reconhecê-lo. — Ele só quer ver se está tudo bem. — Disse olhando nos olhos brilhantes do outro que retribuiu quase instantaneamente. Theo engoliu em seco, assentindo embora ainda hesitasse.
Deaton se manteu no lugar até que o outro ficasse confortável com sua presença, enquanto pedia para Liam ajudar o chimera a deitar de barriga para cima por um momento. Theo tentou ignorar a dor das pontadas em suas costelas a medida que se virava com calma, notando a toalha ainda morna sendo retirada de sua barriga. Uma corrente gelada atingiu sua pele no abdômen avantajado, fazendo-o querer se encolher. Liam se esgueirou para trás dele, servindo de apoio para as costas.
— Eu só preciso checar os batimentos cardíacos dela. — Deaton explicou lançando um olhar manso mas ao mesmo tempo pedia permissão. Theo respirou fundo tentando acalmar seus instintos, levantando um pouco mais a blusa que trajava deixando a barriga exposta. O druida se aproximou devagar ao entender, ajeitando o estetoscópio nos ouvidos e esticando o tubo de condução. Posicionou o diafragma meio gelado contra a pele do chimera, que deu um leve salto acompanhado de um rosnado baixo.
— Shh.. — Liam emitiu e apoiou o queixo no ombro do namorado. Abraçando-o pelo quadril de forma protetora mas certificando-se de não atrapalhar Deaton, que ia alternando os locais por onde buscava um melhor acesso pelo batimento cardíaco, pois neste momento precisariam improvisar. Theo se rendeu aos toques do beta, sentindo-se relaxar mesmo que neste instante estivesse odiando a aproximação de alguém além de Liam.
— Os batimentos estão bons. — Informou Deaton ao endireitar a postura e se afastar minimamente. Liam suspirou fraco em alívio, ajeitando a blusa de Theo logo depois. — Isso é um ponto positivo, levando em conta que a Lua cheia poderia ser um tanto agressiva demais para os dois. — Confessou em seu melhor tom cuidadoso, assistindo o beta de Scott morder o lábio inferior em nervosismo. — Mas agora com relação as costelas dele.. ainda não estão curadas como deveria, por isso dói. — Disse com cuidado. Theo buscou fôlego com certa dificuldade ao ouvir, trocando um breve olhar inseguro com Liam.
— E o que podemos fazer? — O beta engoliu em seco, a ansiedade nítida em seu semblante cansado. Theo rosnou baixinho se mexendo um pouco e acomodando a cabeça contra o ombro do namorado. Dunbar suspirou preocupado acolhendo-o mais em seus braços. — A cura dele geralmente não é assim.. — Murmurou inconformado, entrelaçando seus dedos com os do chimera que os apertou de imediato. Liam franziu de leve as sobrancelhas notando algo de errado, não demorando a notar a careta que Theo esboçava. Deaton adotou uma expressão preocupado, dando um leve sobressalto para trás quando viu uma ondulação evidente na barriga do outro.
— Theo, ela está indo para suas costelas de novo? — Deaton usou um tom incrivelmente calmo para a surpresa de Scott e Liam, enquanto se aproximava mas ao mesmo tempo mantendo uma distância segura para não irritar o gestante. Theo assentiu sem pestanejar, apertando os olhos com força assim como a mão de Liam.
— É como se ela já quisesse sair ou.. estivesse incomodada. — Theo disse em um tom meio estrangulado devido a uma pontada forte. Ele arqueou levemente as costas em agonia, dando arfadas fracas. Liam não hesitou em pousar as mãos nas laterais da barriga avantajada, absorvendo a dor o quanto podia. Raeken agradeceu mentalmente.
— E talvez ela esteja.. — Deaton acabou por murmurar com um olhar distante, mas não propriamente para o casal. Parecia estar raciocinando, e Scott lançou um olhar atencioso na direção de seu beta em um pedido mudo para manter a calma. O druida voltou-se a realidade instantes depois. — Antes não tínhamos como saber quais seriam as habilidades dela. Ao que tudo indica está entre uma coiote ou uma loba. — Explicou gesticulando um pouco sendo o mais breve possível ao ouvir outro rosnado vindo de Theo. — Ele precisa se transformar. — Foi direto ao ponto. Liam franziu a testa em uma feição apreensiva.
— Tem certeza? Ele não faz isso há meses.. — Liam umedeceu os lábios tentando acalmar o próprio batimento cardíaco para não dar uma certa brecha ao seu lobo. Deaton assentiu com convicção, olhando vagamente para trás afim de checar a Lua pela janela do quarto. Estava no ponto alto, e brilhava com força. Mal teve tempo de pensar em avisá-los.
Theo rosnou com mais intensidade, os olhos vivos no clássico amarelo que pareciam carregar toda fúria canalizada nas últimas horas. Liam sentiu as garras do namorado perfurando o dorso de sua mão. Embora o chimera não quisesse fazer isso, era visível que todo autocontrole havia se esvaído.
— Liam.. se afasta.. — Pediu em meio a respiração ofegante, esgueirando-se para o lado com intuito de sair dos braços do mais novo que o encarou com incerteza. Theo suspirou fundo após mais um chute de Lori. — Por favor.. — Disse fracamente, rosnados sutis roncando de seu peito que podiam ser perceptíveis até mesmo para Deaton.
O beta engoliu em seco levantando-se com cuidado do colchão, deixando contragosto a cama livre para o namorado. Embora seu lobo tenha se agitado de modo significativo ao executar isso. Parou ao lado da cama, sentindo a agonia corroer seu peito a medida que assistia a cena a sua frente.
Theo curvou-se sentando sobre as pernas, apoiando as duas mãos a frente em uma posição quadrúpede meio desajeitada devido ao peso de sua barriga e a junção de toda a dor. O chimera rosnou alto fechando os olhos com força, cravando as garras no pano que revestia a cama até chegar ao colchão perfurando-o. Fechou as mãos em punhos, respirando fundo. Logo a pelagem negra fora tingindo sua pele, suas mãos e pés se tornando patas em meio ao processo. Questão de instantes restou apenas suas roupas agora largas perdidas pela cama. Ergueu o focinho mirando as orbes brilhantes na direção dos demais, mas precisamente para Liam em busca de atenção.
— Ele tá choramingando.. — Lamentou Liam não aguentando manter distância, aproximando-se rápido e sentando no espaço em frente ao coiote que emitia o clássico choro fino e constante, parecia um filhote desamparado. O beta segurou o rosto de Theo com cuidado, levando uma das mãos para acariciar a pelagem macia na área do pescoço. — Oi, amor, estou aqui. — Disse em tom carinhoso com sua feição atenta. Olhava fundo nos olhos animalescos a sua frente, não deixando de notar pela visão periférica a barriga nada pequena do namorado se destacando na forma coiote. Esboçou um sorriso suave sem ter a chance de se conter.
— Por favor, Liam coloque ele deitado de lado. — Pediu Deaton meio apressado, movendo-se em um ato meio brusco para o lado oposto da cama. O beta assentiu de prontidão, acariciando as costas de Theo até conseguir induzi-lo a deitar. Colocando-o em seguida na posição pedida, o que dava uma visibilidade clara da barriga de exatos seis meses pousada sobre o colchão. Scott ao longe ergueu as sobrancelhas numa expressão boba, apesar da tensão.
— Tô ouvindo alguns estalos.. — Liam murmurou franzindo a testa intrigado, aguçando mais sua audição enquanto mantinha os olhos fixos no abdômen de Theo. Deaton se colocou em frente ao coiote, pousando de leve as duas mãos sobre a barriga.
— As costelas estão se curando devidamente. — Afirmou o druida com certa empolgação e um vago sorriso após terminar de apalpar o abdômen, notando o alívio no rosto de Liam a seguir que voltou-se ao namorado depressa. Arrumou a cabeça do coiote em sua coxa, enquanto mantinha os carinhos nos pêlos. — É normal doer um pouco, ainda mais que.. — Deaton se interrompeu assim que seus olhos perceberam algo incomum surgindo na pele em uma certa área da barriga do chimera. — Espera..
— O que houve? — Scott se aproximou alarmado, olhando por cima do ombro do veterinário que parecia mais fascinado do que preocupado. Liam do outro lado rosnou baixo por não estar entendendo, não tardando em se inclinar para analisar assim como eles. Os olhos azuis arregalando-se no mesmo instante.
Scott não se limitou na aproximidade desta vez, pousando uma das mãos gentilmente na barriga do coiote que por pouco não o mordeu se não fosse pelos reflexos rápidos de Liam. O alpha analisou minuciosamente aquelas veias negras surgindo na parte mais abaixo onde o pêlo escuro de Theo não era em abundância, deixando a pele exposta sutilmente. McCall suspirou atônito com o palpite que o atingiu. Seria possível?
— Ela.. — Liam mal conseguia verbalizar, apenas manter-se quase estático em seu raciocínio. Um riso fraco escapou por seus lábios, conhecia aquilo perfeitamente assim como Scott que o olhava com uma feição orgulhosa e abismada. — Lori está tirando a dor dele.. — Finalmente disse o fator surreal, sua voz denunciando o quanto estava maravilhado. Recebendo a confirmação em seguida assim que percebeu Theo relaxando em seus braços minimamente. O beta mal sabia o que dizer.
— Realmente... ela é mais forte do que pensávamos. — Deaton comentou ainda hipnotizado a medida que observava. Levou menos de um minuto até que as veias sumissem. Scott ao lado do druida ainda podia sentir os breves movimentos que a filhote fazia abaixo de sua palma, somente despertou para a realidade quando ouviu um rosnado um tanto alto vindo de Theo que exibiu sutilmente as presas superiores. O alpha afastou a mão sem hesitar com um sorriso sem graça.
— Temos muito o que aprender com ela pelo visto.. — Concluiu o druida antes dar uns passos para trás, puxando gentilmente Scott pelo braço afim de dar mais espaço para o casal. Theo possuía a respiração regular a essa altura, mas mantinha os olhos brilhantes bem abertos e atentos. Liam acariciava a cabeça dele, permanecendo com a mão na barriga avantajada em nítida proteção.
— Com certeza. — Liam murmurou sustentando um sorriso bobo. Logo inclinando-se para baixo deixando um beijo demorado no topo da cabeça de Theo, que abanou a calda automaticamente.
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ESTÃO VIVOS? TODO MUNDO BEM? KAKAKAKWKJS SIM CAP GRANDE PQ FOI MUITA IDEIA AAAAAAAAAAAAAAA
LORI É UM MINE ÍCONE MEUS AMIGOS, AMA OS PAPAIS DELA MAIS QUE TUDO ♥-♥
Teorias sobre o Adam? E aquele momento da Malia? Ksksksks
Espero de verdade que tenham gostado, e fiquem tranquilos, que tudo se ajeitará no cap 35 hauahua aiai aguardem
SEE YOU SOON, WOLFIES ♥♥♥
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