Capítulo 20: 'Guarda chuva'
/Lisa/
O mundo escureceu lá fora, coberto pelas nuvens cinzentas e trovões que avisavam que uma longa chuva estaria por vir. Às últimas horas dentro deste auditório foram um pouco tensas, Tzuyu não apareceu mais a aula e Taeyong e sua gangue não paravam de me encarar.
Nunca pensaria que isso aconteceria no meu primeiro dia de aula na faculdade, mas dei um "VIVA" mentalmente quando o alarme soou e o professor Cha nos dispensou da aula.
Diferente do que eu pensava, Taeyong e os outros dois seguiram caminhos opostos ao meu quando me apressei para sair do auditório.
Eu sabia que a qualquer hora algum deles iria atacar, tentava dizer-me mentalmente que estava pronta pra isso, mas não estava. Eles são três e eu apenas uma, e são homens, homens nada legais ou bonzinhos, isso me faz sentir calafrios na realidade, não sou durona coisa alguma.
Eu queria me dar um soco depois de ameaçar Taeyong, mas o que eu podia fazer? O cara era um idiota e uma hora ou outra, assim como faz com todos, começaria a implicar comigo também.
- Oi?
Sai dos meus desvandeios quando dei de cara com um peitoral largo vestido por um suéter preto e um cachecol. Movi meu olhar para cima, e então mais para cima. O homem era gigante.
Quando finalmente cheguei ao seu rosto vi um sorriso bonito contrair-se em seus lábios rosados. E que sorriso.
- Meu nome é Mingyu. Eu sou irmão da Tzuyu. Quer dizer, meio irmão. - Ele se apresentou, tímido.
Usei esse tempo para analisá-lo, Mingyu tinha uma pele naturalmente branca, nada muito bronzeada, cabelos castanhos claro e olhos amendoados, um sorriso de matar, e claro, era absurdamente alto.
- Achei legal o que você fez pela Tzuyu, significa muito. - Ele disse dando um sorriso mais leve e um olhar de agradecimento.
- Eu faria isso por qualquer pessoa. - A frase saiu tão rápida da minha boca que não tenho certeza se ele compreendeu. Acho que sim, porque sorriu de novo.
- Nos vemos amanhã. - Ele disse e então subiu as escadas do auditório com passos apressados.
Oh, tudo bem. Eu não fazia ideia que a Tzuyu teria um irmão bonito, eu imaginava que ele fosse um baixinho com óculos esquisitos, mas é totalmente o contrário. Dou de ombros e subo as escadas.
Cheguei a saída apenas querendo correr para o meu dormitório, realizar os exercícios que o Sr. Cha havia passado e depois namorar a minha cama pelo resto da tarde. Mas não fui muito longe, o mundo caia lá fora.
Dei alguns passos para frente para sentir a chuva sob a palma da minha mão, estava forte e a brisa gelada. Suspirei e fechei os olhos por alguns segundos, apenas para sentir o cheiro reconfortante da chuva e ouvir o barulho dela caindo. Todos pareciam ter ido embora.
Pareciam...
Ouvi o barulho de passos e meu corpo todo se arrepiou. Senti meu corpo que antes tremia com frio se esquentar. Ele estava ao meu lado, calado, encarando a chuva. No entanto não exalava tensão assim como eu.
Silêncio preenche o espaço, minhas mãos tremem levemente e meu corpo está mais quente do que eu gostaria. Pareço prestes a sofrer um ataque.
Ouço seu suspiro.
- Oi. - Ele diz quebrando o silêncio e meu corpo todo congela, inclusive a minha boca. Tensão e adrenalina cobrem meus músculos.
Mais alguns segundos de silêncio. Escuto-o resmungar algo baixinho.
- Eu só queria que você soubesse...eu não tenho nada haver com aqueles três ou com o que eles fizeram. - Ele dá de ombros e abre seu guarda-chuva.
Mordo o lábio.
- Você parecia bem íntimo deles. - Respondo, secamente, mais do que eu gostaria. Vejo pelo canto do olho sua mandíbula se apertar.
- Não importa. Eu sinto muito pelo que aconteceu mais cedo.
Por que ele sente muito?
- Não preciso de alguém com pena... - Começo, mas ele me corta.
- Não disse que sinto pena, disse que sinto muito. - Ele responde, com o tom cheio de desdém. Ele dá outra vez de ombros. - Achei apenas corajoso o que você fez pela sua colega, amiga...tanto faz, foi sem noção, mas corajoso. Ninguém teria essa corajem para enfretá-los.
Ele não olha para mim, mas eu não consigo evitar. Meus olhos o seguem, parando em seu rosto impassível e bonito, perco o fôlego.
- Como você? - Eu digo com o mesmo tom de desdém que ele usou antes. Consigo ver um sorriso nascer em seus lábios. Estremeço.
- É. Como eu. - Ele murmura.
O silêncio volta e por mais que tente ignorar sua presença, não consigo. Ele não olha para mim, parece também querer me ignorar. Desvio o olhar para chuva.
Minhas pernas estão bambas e minhas mãos trêmulas, nunca pensei que a necessidade era tão grande, isso até vê-lo. Seu calor irradia e queima meu corpo, meu deus, o que eu vou fazer?
Sinto-o se afastar e subir o garda-chuva, caminhando em passos lentos em direção a saída. Uso esse tempo para voltar a respirar e controlar meu coração que dispara em batidas erráticas.
Nada mudou, Jungkook continua sendo aquele que faz me coração disparar a ponto de explodir, seja de amor, seja de tristeza ou raiva.
Abaixo o rosto, ofegando, e fecho os olhos por um instante, mas os abro imediatamente quando sinto seu perfume mais perto, seu calor mais próximo.
Ele está de frente para mim, encarando-me intensamente nos olhos, não é o mesmo olhar de dois meses atrás, se parece mais com que ele usava quando nos conhecemos. Reprimido, talvez desafiador.
- Alguém me disse que eu deveria ser corajoso e gentil. - Ele disse e então estendeu o guarda-chuva. - Como não fui corajoso hoje, acho que deveria ser gentil.
Meu corpo travou ao ver sua mão estendendo o guarda-chuva para mim. Meus olhos se perderam nos seus, buscando talvez algo que o fizesse lembrar. Ele não demonstrou nenhum lampejo, isso me deixava magoada, eu não podia evitar.
Estendo minha mão trêmula para a sua, meus olhos ainda perdidos nos seus, se afogando nas íris profundas e escuras. Senti o choque familiar quando nossos dedos se tocaram pelo meu desajeito, percorrendo meu corpo e tirando o ar dos meus pulmões.
Puxei o guarda chuva para mim. Ruborizei desviando o olhar.
- Até amanhã...Lalisa. - Ele disse, parecendo usar meu nome pela primeira vez em seus lábios.
Nossos olhares se encontraram pela última vez antes que ele virasse as costas e então saísse pela chuva, que já havia diminuído.
- Até... - Eu sussurrei com um nó se formando em minha garganta.
/Rosé/
Joguei-me em minha cama com os cabelos ensopados e respiração ofegante por conta da minha corrida contra chuva. Chequei meu celular rapidamente e mandei uma mensagem para Lisa.
- Chegou bem?
Desligo o celular ao ouvir uma batida na porta do dormitório.
Parece que ela chegou.
Deslizo para fora da cama e vou para sala, espio pelo olho mágico da porta, mas não vejo ninguém. Giro a chave.
- Lisa? - Disse ao abrir a porta, sendo surpreendida por um ataque rápido em meus lábios.
Jimin estava ali, embalando-me nos braços e beijando-me com intensidade, nossos corpos estão perfeitamente encaixados assim como nossos lábios. Gemi levando minhas mãos aos seus cabelos.
- Hum... O que deu em você? - Pergunto ao tentar recuperar o fôlego, ele sorri, e merda, nunca vou conseguir me recuperar desse sorriso.
Ele se afasta colocando a mão sobre meus ombros.
- Você se molhou toda! - Ele diz em tom de bronca, mas minha mente maliciosa me faz sorrir para ele, que revira os olhos.
- Esqueci o guarda chuva.
- Vá tomar um banho quente, você vai ficar doente desse jeito. Trouxe uma coisa pra você, é surpresa. - Ele pisca para mim me fazendo derreter. - Vá! - Ele deixa um tapa em meu traseiro enquanto aponta para o banheiro. É a minha vez de revirar os olhos.
Vou antes para o meu quarto para pegar minha toalha e minhas roupas, antes de sair ouço meu celular vibrar. Lisa provavelmente respondeu.
Abro as mensagens, arqueando a sobrancelhas ao ver que não é Lisa, mas sim um perfil anônimo.
- tic tac...tic tac. O tempo está acabando.
Merda.
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