
ᥫ᭡ 023
COM O CAIR DA NOITE, A LUA ME trouxe clareza. Já se passara o jantar, subi para o meu quarto depois de assistir o novo episódio do k-drama que estamos assistindo em família. Subo para o meu quarto quando todos os outros fazem o mesmo, eu estou no meu quarto, deitada na minha cama e lendo ao livro de capa rosa, entitulado "Vermelho, Branco e Sangue Azul". Ainda permaneço no início do livro, capítulo dois, mas ele já me cativou bastante, principalmente no que se refere à relação dos personagens.
Eu vejo a relação entre o Principe Henry e Alex. Rapidamente consigo associá-los a Hyunjin e eu, pois, assim como os dois, nós vivemos em pé de guerra. Mas não tivemos um incidente como o do bolo para nos obrigar a fingirmos nos dar bem, talvez esse seja o problema com nós. Talvez descobrir que já nos conhecíamos há cinco anos e que éramos secretamente o ombro amigo do outro devesse ser o nosso bolo, mas não rolou.
Folheio as suas páginas com cautela, para não deixar dobrinhas. De uma hora para a outra escuto barulhos vindo de fora, penso que pode ser um animal e ignoro. Mas os sons irritantes continuam, agora mais próximos de mim, na minha janela. Eu vou até lá, caminhando devagarzinho com medo do que me espera. Abro a janela com cuidado e uma pedrinha entra, quase me acertando o rosto. Lá está o animal, Hwang Hyunjin.
— Hyunjin, o que você está fazendo aí? — sussurro brava. — Tá maluco? Quer me fazer perder um olho?
— Eu vim ver como está o nosso bebê — ele faz uma piada. Eu tranco a janela novamente e me afasto, não tenho humor para comédia. — Ei, espera!
Resolvo ser paciente. Respiro fundo, tentando a todo custo não jogar a pedrinha nele de volta. Eu retorno à janela e a abro, encostando-me nela, espero que continue.
— Não vai nem me convidar para tomar uma xícara de café, vizinha? — ele pergunta ainda lá de baixo.
— Já não é tarde para isso?
— Jiyoon, eu posso entrar ou não? — ele desiste das brincadeiras e pergunta de uma vez, vai direto ao ponto em que queria chegar.
— Se eu disser não, você vai embora? — questiono, mas ele é irredutível, quando coloca uma coisa na cabeça é isso e pronto.
— Não.
— Então o que posso fazer? — consinto. Não sei onde estou com a cabeça. Talvez debaixo dos pés, com eles pisoteando o meu juízo que já não estava perfeito. — Entra logo.
Hyunjin demostra uma habilidade que eu jamais imaginaria dele. Ele se pendura entre a parede e a grande árvore ao redor de casa, para conseguir subir. Antes que eu possa tentar entender perfeitamente que estratégia de maluco ele usou para conseguir entrar, ele já entra. Devo dizer que fiquei impressionada.
Assim que pisa os pés no meu quarto, Hwang faz uma checagem pelo lado direito. Ele me mostra um lado curioso que ainda não tinha exibido, dá uma boa conferida na minha estante de livros, mas o que chama atenção mesmo são as fotos na minha parede.
Eu sento na minha cama um pouco duvidosa das suas intenções, fico sem jeito de recebê-lo aqui tão tarde da noite, pelo menos estou usando meu pijama de calça, assim não me preocupo com estar mostrando demais. Mas ainda me pergunto: O que ele pode querer estando no meu quarto a esta hora da noite?
Após a sua ronda, Hwang vem em direção a minha cama, dá a volta nela e, reclamando um pouco de dor, ele senta-se no chão, com as costas encostadas na minha cama e os olhos indo além da janela. Rapidamente escondo o romance gay que leio debaixo do travesseiro, mas não estou fazendo absolutamente nada de errado, é apenas um reflexo.
— E então, o que procura? — pergunto.
— Você disse queria conversar — ele responde, relaxando a postura. — Pois bem, eu estou aqui.
— A gente poderia conversar amanhã, você não precisava vir aqui uma hora dessas, é tarde — o informo do óbvio. — Sei que nós não moramos em um bairro perigoso e que a sua casa é aqui atrás, mas ainda assim, é melhor previnir do que remediar.
— Jiyoon, eu estou invadindo o seu quarto a esta hora da noite. Quem acha que realmente parece em perigo nessa situação?
— Você não está invadindo, eu te deixei entrar.
— Oh, então sou eu quem está correndo perigo? — ele interroga. — Mas, voltando ao assunto principal, o que você quer tanto conversar comigo?
Ele estava o tempo inteiro olhando para longe, mas quando pergunta isso ele direciona o olhar para mim. Eu desvio o olhar porquê ainda me sinto nervosa perto dele, tenho medo de dizer algo que me entregue muito sobre o passado, ou até de olhar nos seus olhos, porque eles conseguiriam arrancar verdades de mim as quais não consigo admitir nem para eu mesma.
— É que desde que a gente se encontrou no domingo, o clima ficou estranho. Não é como se antes fosse uma maravilha, mas parece ter piorado — eu tento me explicar. — Eu não sei como é para você, mas é estranho para mim até olhar para você agora.
Ele suspira e faz silêncio por um tempo. Fico curiosa sobre sua expressão então volto a observá-lo. Hyunjin estava olhando para outro lugar, mas vira para mim outra vez e agora nós dois nos olhamos. Ficamos assim por poucos segundos, mas parece muito intenso para pouco tempo. Ele dá algumas batidinhas no chão, no lugar ao lado do seu.
— Você pode vir aqui, por favor? — ele me pede. É a frase mais gentil que eu já ouvi dele nos últimos anos. Estranho, penso que pode ser uma emboscada, uma armadilha. Mas se for, caí nela no instante em que abri a janela. — É que, para mim, é estranho conversar sem olhar para você.
Sem graça, eu deslizo do colchão até o chão, me sentando ao lado dele. Agora entendo o que tanto ele olhava, é noite de lua cheia. O céu está lindo, as milhares de estrelas o iluminando são vistas pela janela. A lua perfeitamente redonda bem alto deixa um clima diferente.
Hwang ora suspira, ora batuca as pontas dos dedos no chão. Mesmo aproveitando a vista, ele fica ansioso, o que também me deixa assim. Olho para ele por um tempo, os reflexos claros no seu rosto o deixam muito bonito, porém eu paro de o encarar quando passo a pensar demais sobre isso.
— A noite está bonita lá fora — ele diz. — A sua casa também é tão silenciosa... — ele comenta comigo. — Os pensamentos não te assombram?
— Quais tipos de pensamentos?
— Não sei, pensamentos ruins — ele diz, mas não parece seguro das suas palavras. Parece que se abrir com alguém é tão difícil para ele, quanto para mim. — Uma vez a minha mãe me disse que, o silêncio te traz paz, ou acaba com ela.
— E o que você pensa? — o questiono.
— Não sei ainda, não costumo ter muitos momentos de silêncio. Mas, como geralmente os meus momentos de silêncio são durante as provas, começo a acreditar que ele tira a minha paz.
Eu dou uma boa risada, mas calo a boca para não acordar ninguém. Nesse último mês, a última coisa que pensei em fazer com ele seria rir. Exceto por um sonho esquisito em que eu ria dançando sobre o seu caixão.
— Você tinha razão no que me disse uma vez sobre com seria nos encontramos, é bem estranho — eu admito.
— É. A situação inteira é bem embaraçosa, não é? — ele ri. — Aliás, acho que você bem que poderia me dar algumas explicações.
— Não sei quais explicações você espera de mim — eu digo. — O que você quer saber? — pergunto nervosa.
— A coisa que mais me atormentou durante este tempo é não saber porquê você disse que me odiava — ele começa logo pela parte mais difícil de responder.
— Eu sei que você já sabe disso, Hyunjin — eu lembro que já havia explicado para Wangja. — Você sabe de muita coisa que não deveria.
— Sim, eu sei. Eu só queria ouvir da sua boca.
— Não espere que eu faça isso, é constrangedor de mais. Foi um mal entendido, é tudo que importa — suspiro. — Eu nunca deveria ter escrito aquelas histórias bobas sobre você.
— Não são histórias bobas, são ótimas — pela primeira vez na vida ele me faz um elogio. — Eu falei sério quando te elogiei, não ando por aí elogiando qualquer um. Mas eu odiei o que você fez comigo nesses últimos capítulos.
— Com você? — pergunto sem entender nada.
— Park Hyunbin, Hwang Hyunjin — ele levanta as mãos simbolizando uma balança. — Eu sempre achei estranho me identificar tanto com um personagem, agora entendi o porquê.
— É, me desculpe por isso — peço, a cada palavra que sai da minha boca eu sinto vontade de sumir. Quero que a minha voz suma também, mas continuo falando e falando o que preferia esconder. — Eu tentei não fazer ele inspirado em você, mas acabou acontecendo sem que percebesse. Eu me sinto patética.
— Eu não te acho patética — ele tenta não me deixar tão mal. — Acho que sou irresistível de mais para você não pensar em mim.
— Ah, sim, claro — concordo irônica. — Mas já que você me fez uma pergunta, posso te devolver a mesma? Por que você me odeia?
— Eu já disse, achei que você me odiava — ele continua com respostas vagas, não que eu tenha colocado todos os pingos nos is. — Saber que você me odiava me deixava mal, achei que se te tratasse do mesmo modo eu não sentiria mais nada. A culpa foi sua, você quem disse que me odiava primeiro.
— Foi um mal entendido, eu já te falei isso mil vezes — explico novamente. — Não foi um "eu te odeio pra valer", foi mais um "eu odeio gostar de você". Você deveria ter percebido quando eu comecei a bater a cabeça na mesa — acabo falando mais do que deveria, praguejo-me por isso.
Não consigo distinguir do que se trata a expressão de Hyunjin. Ele me encara de uma maneira confusa, fica imóvel e calado. Será que o matei? Eu estalo os dedos na frente do seu rosto e ele volta para a terra.
— E você ainda gosta de mim? — ele pergunta olhando nos meus olhos.
Por um instante a minha voz falha, eu não consigo dizer um "não", mesmo que essa seja a resposta. Eu desvio os olhos dos seus e passo a observar além da janela, é só assim que consigo responder:
— Não — quando a palavra sai, eu consigo continuar a dizer, mas não me sinto mais leve. — Eu estou com o Chris agora, lembra?
— É, eu lembro — ele passa a admirar o horizonte também. — Ainda não acredito que vocês dois estão namorando.
— Ainda não acredito que você estava namorando, você me disse que estava esperando — eu recordo. — Mas talvez ela tenha sido a pessoa certa — chego a esta conclusão após lembrar de algumas coisas. — Sinto muito pelo que aconteceu entre vocês dois. Você disse que estava brigando muito com alguém que achava especial e eu não pude te compreender perfeitamente, agora sei que você também gostava muito dela. Sinto muito por como tudo terminou.
Hyunjin solta um riso nasalado.
— Por que você está rindo? — o questiono.
— É que eu nunca sei quando você está sendo ingênua ou cruel.
Não o entendo. Nós ficamos mais um tempo em silêncio aproveitando a vista. Aos poucos algumas luzes vão se apagando. É tarde, as pessoas vão pouco a pouco dormir tranquilas em suas casas.
De repente, outra coisa chama a atenção de Hyunjin, algo que ele não tinha reparado ainda. Ao lado do meu guarda-roupas, no canto esquerdo ao qual ele não rondou, um cesto de roupas sujas vazio com o guarda-chuva que ele me emprestou cinco anos atrás. Eu o guardei comigo, mantive aqui porquê nunca pensei que Hwang Hyunjin pisaria os pés no meu quarto.
— Você ainda tem isso? — ele se levanta de repente, indo até o cesto de roupas sujas e pegando o objeto preto que me emprestou.
— Ei, larga isso! — eu digo tentando o pegar de suas mãos.
Ele puxa de um lado e eu do outro. Hwang é mais forte e toma das minhas mãos, para piorar tudo ainda o ergue sobre a cabeça. Eu dou pulinhos para tentar alcançar mas não consigo. Não é que eu seja tão mais baixa que ele, é que ele tem braços bonitos e compridos também. Irritada, o empurro, mas ele é tão agil quanto se mostra forte e me agarra, fazendo com que nós dois caiamos na minha cama.
— AI! — ele grita e eu logo tapo sua boca.
— Shh! — peço por silêncio. — Eu não estou nem um pouco afim de explicar ao meu pai o que você faz aqui a esta hora da noite.
Fico com medo de ele gritar apenas para me provocar, mas tiro a mão da boca de Hyunjin e ele fica em silêncio, apenas fazendo careta. Fico nervosa quando percebo que estou por cima dele e saio rapidamente, me sento ao lado, sua expressão ainda é de sofrimento.
Não consigo parar de olhar para ele, no espaço descoberto pela sua camisa. Eu não sei de onde que tiro essa coragem em um momento como este, mas ergo a barra da camisa, exibindo mais do seu corpo. Quando faço isso, as marcas roxeadas ficam evidentes, algumas são vermelhas, parecem recentes. Eu olho para Hyunjin sem saber o que fazer.
— Hyunjin, o que é isso? — pergunto, nervosa e preocupada.
— Se eu te contar um segredo, você não conta a ninguém? — ele pede.
— Não, eu não conto.
— Eu sou o homem-aranha — ele banca o engraçadão, mas ninguém ri.
Por reflexo, eu bato nele. Ele volta a reclamar de dor e eu imediatamente sinto-me arrependida, culpada.
— Desculpa, você me desculpa? — suplico. Ele aceita mordendo o lábio, impedindo que gritasse — Me conta a verdade, o que aconteceu?
— Não é nada que você deva saber.
— Eu pensei que amigos contassem tudo um para o outro — falo. Mas talvez esteja pensando muito em Hyunjin como Wangja, não como ele mesmo, o que não me suportava até dias atrás.
— E desde quando nós somos amigos?
— Desde cinco anos atrás.
— Você não vai me deixar em paz até que eu explique, não é? — ele pergunta, já sabe a resposta.
— Não está nos meus planos.
— Tá, tudo bem — ele concorda, mas põe uma condição. — Se eu contar a verdade, você promete que não vai se meter? — ele deixa claro sua única exigência.
— Eu não vou — não vou deixar você saber que me menti.
Ele hesita, pensa por um tempo. Espero que me diga a verdade, mas talvez ele possa inventar uma desculpa qualquer. Ou talvez eu esteja colocando muita expectativa negativa em algo que deve ser apenas fruto dos treinos.
— Foi o meu pai.
— Seu pai? — questiono nervosa. — Por que? O que ele fez? Ele te bateu? — disparo as perguntas. Tento me acalmar, Hyunjin com certeza está bem mais abalado com tudo isso do que eu. Deve ser difícil para ele falar sobre um assunto tão delicado.
— Porque ele estava bêbado — o garoto me responde. — Ele estava muito embriagado e se eu não me colocasse na frente, ele teria batido na minha mãe ou na minha irmã.
— As marcas que eu vi em você no vestiário, não eram dos treinos, não é?
— Não todas.
De repente, eu lembro de Seungmin. No domingo ele me contou que Hyunjin está passando por alguns problemas bem delicados e que é uma barra difícil de lidar. Talvez seja sobre isso que ele estava indiretamente se referindo. Como Kim é vizinho do lado e um dos melhores amigos, conseguiu perceber isso bem melhor que eu.
— Ele costuma fazer isso com frequência? — pergunto com delicadeza.
— Só quando bebe muito, o que é regular desde que eu era mais novo — ele começa a me contar. — Meu pei é viciado em apostas, ele quase levou nossa família a falência, mas minha mãe deu um jeito. Ela se separou dele, mas alguns meses depois eles voltaram, meu pai disse que era um novo homem, que não bebia mais. Durante um tempo isso foi verdade, mas logo a bebedeira voltou e os problemas também — os olhos dele ficam vermelhos e o vejo lutar contra isso. — Eles se separaram e reatam desde que eu aprendi a jogar basquete. E por mais que a minha mãe odeie a situação, ela não consegue ficar longe dele, porque diz que somos as únicas pessoas que ele tem. Ela mudou muito também, costumava ser tão cheia de vida e andava sempre tão elegante, hoje ela está sempre triste, não se cuida como antes e faz a maior parte do seu trabalho de casa. Nós não precisamos dele para nada, Jiyoon. Mas a minha mãe é boa de mais até para deixar alguém como ele sozinho no mundo.
— Eu sinto muito, Hyunjin — eu toco o seu ombro. — Mas você nunca pensou em denunciá-lo?
— Denunciá-lo? Como eu posso denunciar o meu próprio pai, Jiyoon? Que tipo de filho eu me tornaria?
— O que coloca o seu bem estar da sua família como prioridade.
— Eu queria que fosse mais fácil. Se a minha família não fosse tão cheia de problemas como a sua, talvez eu não seria como sou hoje— ele se lamenta. — Eu tenho medo de acabar me tornando igual a ele.
— Você não é assim! — eu o conforto. — Hyunjin, tem alguma coisa que eu possa fazer para te ajudar? — pergunto.
— Esse assunto está fora do nosso alcance, eu só preciso esperar que a minha mãe largue ele outra vez. Eles vão voltar, mas pelo menos por um tempo as coisas vão ficar em paz.
— Por quanto tempo você vai ter que continuar aguentando isso?
— Eu não sei.
— Isso não é certo, Hyunjin. Você precisa fazer alguma coisa, não pode deixar isso assim.
— Eu não posso fazer nada... — ele diz, assustado e bravo. — Por favor, não faça nada também. Jiyoon, se você contar isso para alguém, eu nunca mais vou olhar para você.
— Mas eu quero fazer algo, eu preciso fazer algo por você — digo. Quero acabar com o sofrimento dele. — Me diz, como eu posso te ajudar?
— Se você deixasse a janela aberta para mim quando eu precisar fugir, já será o suficiente — ele me pede.
— A minha janela sempre ficará aberta para você — digo tentando sorrir, mas a situação em que ele se encontra me faz mesmo é querer chorar.
— Obrigada, Jiyoon — ele agradece, Hwang consegue mostrar um sorriso para inibir a vontade de chorar. Fico contente que ele pelo menos tente, imagino que, passando pelo que passa, deve ser complicado encontrar momentos em que possa sorrir.
— Pela janela? — eu pergunto.
— Para nós dois, nunca é só uma janela.
— É... por nada — sorrio sem graça, olhando em outra direção.
— Jiyoon, a minha janela sempre ficará aberta para você também — ele diz.
Ele tem razão, não é apenas uma janela. É uma fuga, um lugar a salvo de tudo e todos. Uma janela é a passagem perfeita para um cantinho especial, um lugar mágico onde não há dor, onde você pode por os pensamentos em ordem e onde terá alguém para fazer-te esquecer o mundo real e sombrio lá fora.
Uma janela também é uma porta para a alma, pro coração.
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