
ᥫ᭡ 015
— JIYOON-AH! — CHAN GRITA O meu nome ao presenciar a cena. Eu estou jogada no chão quente, com joelhos e braços ralados.
Meu corpo em peso dói, eu estou tendo certa dificuldade para me movimentar também. Sei que não há nada quebrado, mas a locomoção ainda é difícil. Hyunjin, que caiu comigo, fica se contorcendo no chão e jogando todos os tipos diferentes de praga que conhece em mim. Eu mereço isso, foi minha culpa. Eu deveria ter ficado sentada com Chan e não me atrevido a andar em algo que não sei, pois além de me machucar, machuquei mais alguém.
Bang Chan corre até nós, ele parece desesperado. O loiro não para de nos perguntar se estamos bem. Hwang responde que vai me matar, eu digo apenas que estou sim. Ele me ajuda a levantar enquanto Seungmin dá apoio para Hyunjin. Voltamos para onde estávamos antes, ando com certa dificuldade, meus joelhos estão todos ralados e meus braços também, a minha sorte foi ter caído de costas e não machucado o rosto. O outro não teve a mesma sorte, tem um machucado numa de suas bochechas.
— Yoon, por favor, me perdoa — Kim pede, nervoso. — Eu não devia ter te deixado ir sozinha. É culpa minha, eu poderia ter ido pelo menos atrás de você.
— Eu sou teimosa, faria isso de qualquer maneira — admito.
— Jiyoon, Hyunjin, nós vamos ao hospital! — Chan exclama, já se preparando para fazer isso mesmo.
— Não precisa — eu nego. — São só alguns arranhões, não é para tanto.
— Mas vocês precisam limpar as feridas e fazer curativos — ele fala exatamente como se fosse uma mãe preocupada. — Então vamos para a minha casa, é pertinho, eu vou cuidar disso para vocês. Pode ser?
— Tudo bem — é a primeira vez que nós dois concordamos em algo.
— Eu vou com vocês! — Yujin fala, entrelaçando o braço do namorado em seu pescoço para o dar apoio. Ele reclama quando ela toca nos machucados.
— Não precisa — o namorado da Baek nega a oferta, retirando o braço que antes estava em volta dela. — Jeongin te acompanha até em casa. Você faz isso para mim?
— Claro, hyung! — Yang concorda.
— Mas... — ela tenta dizer algo, mas não tem nem tempo de discordar.
— Nós já estamos indo — Hyunjin dá a última palavra.
Sem contestar mais, Yujin vai com Jeongin. Com o que aconteceu o clima meio que acabou para o resto do grupo também, então foram todos embora, com excessão de Seungmin. Ele ficou para ajudar Hwang a ir até a casa do amigo. Na minha opinião é um tremendo exagero, mas não posso reclamar, porque estou adorando isto.
Fico surpresa. Inesperadamente, Chan se ajoelha no chão. Eu fico parada, me questiono se é o que estou pensando, ou se ele apenas se abaixou para amarrar os cadarços. Seria humilhante da minha parte se fosse este último e eu interpretasse errado. Ele passa a me olhar. Quando espera que eu faça algo entendo que trata-se da primeira opção, mas é um gesto tão nobre e com um tom leve de constrangimento, que eu não sei nem como reagir.
— Pode subir, eu te carrego — ele diz. — Tenha cuidado para não se machucar.
Eu desejo rir, não porquê vejo isso como uma situação engraçada, mas porque estou tão acostumada a receber uma crueldade imensurável do amigo que, quando algo assim acontece, ninha mente tem dificuldade em processar. Coisas assim só ocorrem em filmes.
Tomo cuidado para não encostar nenhuma ferida nele, pois sei que doeria. Assim que subo em suas costas nós começamos a andar — eles começam. Passamos o caminho inteiro em silêncio ouvindo apenas os grunhidos de dor que Hyunjin emite, é assim até chegarmos. Bang Chan não me coloca no chão nem para abrir a porta, só faz isso quando entramos na sala e ele me deixa no sofá. Seungmin também larga Hwang Hyunjin comigo, mas recebe uma ligação da sua mãe e tem que ir. Ficamos apenas os três.
Chan nos deixa sozinhos, ele diz que irá pegar o kit de primeiros socorros e sai por um corredor. Algum tempo depois ele volta, passa pela cozinha e traz uma garrafinha de soro fisiológico. O dono da casa pega uma almofada do sofá e senta-se no chão, sobre ela. Com toda a delicadeza do mundo, ele limpa as feridas no joelho com o soro, secando com algumas gases e tomando cuidado para não molhar o chão. Eu fecho os olhos com medo de arder, mas a mesma coisa que nada.
Depois de limpar, ele pega um vidrinho marrom, quando abre e puxa a tampa, sai uma espátula bem esquisitinha, molhada num líquido incolor. Ele espalha pelo meu joelho e eu imediatamente solto um gritinho, não me preparei para a ideia de que isso arderia tanto.
— Calma... — ele assopra o local, sinto arder menos. — São só alguns segundos, já vai passar.
— Chan, está doendo! — eu digo, esse troço arde mais do que deveria.
Ele continua assoprando o joelho direito, me tranquilizo quando a ardência se cessa. Depois disso, ele enrola meu joelho com uma atadura e cola um esparadrapo na pontinha. Mesmo que eu ache exagero, deixo que ele prossiga. É boa a sensação de ter alguém cuidando de mim, para variar. Quando ele repete o processo no outro joelho, não evito gritar de novo. Meu Deus, como arde!
— Tsc... dramática! — Hyunjin debocha do meu sofrimento.
Chan não enfaixa o meu outro joelho, a ferida é bem menor. Nas outras ele apenas limpou, colocou o bactericida e aplicou uma pomada de cicatrização. Em seguida, no fim, ele deu um beijinho na minha testa e foi cuidar do amigo.
Ele faz o mesmo processo que havia feito em mim, porém em Hyunjin. As feridas do Hwang são maiores porquê eu ainda caí um pouco por cima dele, então torci para que a limpeza fosse mais dolorosa também. Só Deus sabe o quão satisfeita fiquei quando ele gritou com a dor também. Parece que eu não sou a única "dramática" desta sala. Toma essa, boboca!
— Vocês dois vão precisar refazer os curativos amanhã e passar a pomada direitinho — ele se senta entre nós dois, para apartar futuras brigas. — Ah, amanhã eu não vou poder ir para a escola, preciso fazer alguns exames. Mas vou deixar os meus informantes de olho, quero ver se vocês vão cuidar dos curativos.
— Há algo com que eu deva me preocupar? — pergunto sobre a parte dos exames.
— São apenas exames de rotina — ele nos tranquiliza. — Eu peço que se cuidem direito enquanto eu estiver fora.
Eu prometo a Chan que irei fazer tudo direitinho, como ele disse. Como está ficando tarde, eu peço que ele me leve até perto de casa e ele concorda. Chris me acompanha até a casa de Hyunjin, vou caminhando desta vez. Depois de deixarmos o bobo na casa dele, eu digo que posso ir sozinha e depois de muita controvérsia, o loiro não contesta mais. Vou sozinha para casa porque não estou pronta para levar um namorado até lá ainda.
Quando cheguei Sumin foi a primeira a perguntar o que aconteceu, eu expliquei tudo e logo após fui direto para o meu quarto. Ela nem insistiu muito nas perguntas, normalmente faria milhares delas, mas ao que parece, Felix não está se sentindo bem e teve toda a atenção da mãe pelo resto do dia.
Pensei que pudesse ser uma jogatina para ter dengo e colo o dia todo, mas no dia seguinte ele amanhece com febre. Felix adoece e eu tenho que ir sozinha à escola, nem Seungmin deu as caras lá em casa hoje, só o vejo quando chego na sala de aula. Sento no mesmo lugar de sempre e espero as aulas começarem. Olho para a cadeira vazia e sinto uma tremenda falta do meu irmão, mando boas energias para que ele fique bem em breve.
Penso bastante sobre ele, queria ficar em casa para cuidar dele, senão de cama também. Meu corpo inteiro ainda dói, estou completamente acabada, toda dolorida da queda e com olheiras. Eu quase não consegui dormir à noite, alem do incomodo com a dor pós queda, dava para ouvir Felix tossindo do quarto dele. Seria melhor ter ficado em casa, mas não, eu tenho que ser a aluna exemplar e vir à escola. O atual modelo é quem pouco está se importando com isso, a aula acabara de começar e ele não está aqui.
— Meu Deus, eu preciso aprender a calar a boca — penso alto, mas nem tanto, quando vejo ele entrar pela porta entreaberta. Mas eu não disse nenhuma palavra, nem mesmo o seu nome. Apenas a força dos meus pensamentos foi preciso para o invocar, além de fazer ele sentar-se bem ao meu lado. — Não tem outro lugar para você ir? — sussurro para não levar uma bronca.
— Eu me atrasei, os bons lugares estão ocupados — ele responde. — Se não percebeu, minha mesa está ocupada.
— Tanto faz — ignoro o fato, lembro do maldito dia que me atrasei e tive que sentar com ele também. — Fica aí se você quer, mas nem pense em falar comigo.
— Esta é a ultima coisa que eu quero — ele diz.
— Ótimo.
— Ótimo! — ele tem sempre que falar por último. Seu garotinho imbecil e arrogante.
É fácil o ignorar, tenho muitas outras coisas para me preocupar. Como a dor e cansaço que tomam todo meu corpo, ou a tontura e exaustão. Eu me sinto tão no limite que penso em pedir para voltar pra casa. Mas não é tão fácil assim sair deste colégio.
Eu abaixo a cabeça e encaro por um tempo o meu caderno escrito pela metade. A senhora Hong fala algo mas eu não estou mantendo a minha atenção na aula. Eu só quero poder descansar. Fico dividida entre a vontade de deitar e descansar, e a necessidade de ficar e assistir a aula. Eu tenho que ser forte e lutar até o fim para manter os meus olhos abertos. Eu deveria pelo menos ter comido algo.
Eu tento, esforço-me mesmo até onde dá. Mas não consigo por muito tempo, preciso ir até a enfermaria ficar de repouso. Eu ergo a mão, pedindo licença para falar, pedir a professora que me deixe sair da sala. Sinto minhas mãos perderem o tato, minha visão turva, minhas pernas tremerem ao levantar e em seguida, tudo se apagar.
Quando abro os olhos, tudo está muito claro, me assusto com a lâmpada sobre minha cabeça e a claridade das paredes brancas que não pertencem à sala de aula. Olho para o lado procurando algo familiar e vejo Hyunjin deitado na cama do lado a minha. Estamos na enfermaria, até aqui ele me persegue.
— Que bom, você acordou — uma voz fala da minha esquerda, é o doutor que entra na sala. — Como está se sentindo? — ele pergunta, parando ao lado da minha cama.
— Cansada — falo. — Eu desmaiei?
— Sim — ele responde, pegando o esfigmomanômetro, colocando o aparelho no meu braço e começando a manuseá-lo. Minha mãe já tinha usado em mim algumas vezes, eu entendo como funciona, mas nunca me acostumarei em como isso aperta. Mesmo que seja indolor, me incomoda. — A sua pressão já está voltando ao normal. Eu preciso te fazer umas perguntas, mas parece que foi por exaustão. Você tem dormido bem? Está se alimentado direito?
— Não, para as duas perguntas — respondo. Não me lembro qual foi a última vez que me alimentei bem de verdade, já a insônia foi apenas noite passada. Mas estou exausta sim, boa parte psicologicamente.
— Isso é ruim. É muito importante que você durma bem, pratique exercícios regularmente e principalmente que se alimente.
— Eu sei, é que eu não estive com muito apetite esses dias.
— Tem certeza de que é apenas isso? — ele me pergunta, parece desconfiado. — Você pode me contar se algo estiver te incomodando, é um ambiente seguro.
— Não, é apenas por isso — respondo. — A minha mãe já está sabendo disso? — pergunto.
— Ainda não, eu quero te avaliar antes para explicar melhor o quadro geral. Vou fazer isso agora.
— Não, espera um pouco — eu peço. — Se ela souber, vai largar tudo para vir aqui e, se não se importa, eu gostaria de descansar um pouco antes.
— Tudo bem, eu posso comunicar daqui a pouco — ele concorda um pouco relutante. — Eu ligarei em uma hora, para que você possa descansar um pouco. Mas antes eu vou te examinar direitinho e pegar algo para você comer.
— Tudo bem, obrigada — eu agradeço. O doutor concorda e continua me examinando, primeiro com o estetoscópio. — Doutor, o que ele tem? — pergunto apontando Hyunjin.
— Por que quer saber? Ele é seu namorado?
— Meu o quê!? — eu dou risada. — Não é nada disso.
— Tem certeza? — ele questiona. — Você não pode mentir para mim. Eu sou médico e tenho um estetoscópio apontado para o seu coração.
— Não é nada disso que está pensando. É que eu... eu... ora, só me responda. Estou curiosa.
— Hyunjin disse que estava com muita dor de cabeça e cansaço — ele me explica. — Por que as feridas combinando? — ele pergunta sobre nossos machucados enfaixados. — É alguma nova trend de casal?
— Nós tivemos um acidente de skate, e não, não somos um casal. Eu tenho um namorado, sabia?
— Apenas fique longe das pistas de skate, mantenha-se segura — ele ri. — Agora descanse um pouco, vou buscar algo para você comer. Você ficará bem em breve.
O doutor sai e nos deixa sozinhos. Eu fico quietinha enquanto o outro dorme, ou finge, não consigo ver pois está de costas para mim. Ele disse que está cansado então acredito, pois Hyunjin não é do tipo que mata aula. Mas me deixa incomodada ele estar aqui, parece que me persegue.
Eu fico encarando o teto por alguns segundos, mas acabo pensando nele. Eu penso em como a situação com ele me desgasta, é uma tortura psicológica e eu estou cansada de mais. Penso que tudo isso é um fardo grande de mais para carregar e talvez agora devêssemos negociar uma trégua. O ambiente também me deixa nervosa, detesto o cheiro hospitalar.
— Hyunjin, está acordado? — pergunto.
— Eu estou com dor de cabeça, você não ouviu? — ele responde sem mover-se.
— É, eu esqueci que a gente se odeia muito para bater um papo, nem que seja para me distrair do ambiente.
Hwang suspira alto. Ele resmunga e vira-se, ficando de frente para mim e esperando que eu continue a falar. Mas eu não faço ideia de como conversar com ele, eu só quero manter a minha cabeça livre do ambiente em que estamos e, se possível, acabar com a guerra.
É estranho como tem certas coisas que eu nunca conseguirei me acostumar. Minha mãe trabalha em hospitais desde que eu me lembro e eu nunca vou conseguir me adaptar ao ambiente, só o cheiro já me faz ficar nervosa.
— O que você quer? — ele pergunta todo grosseiro, nada de novo por aqui.
— Eu não sei. Talvez... fazer as pazes — respondo. Espero não mudar de ideia, minha mente necessita de descanso imediato.
— Mas eu não quero — ele responde como quem, para ele, o meu desejo por paz não importa.
— Por que não?
— Apenas não quero, o motivo agora não é importante — ele responde, vago como deve ser a sua cabeça.
— Olha Hwang, eu só não queria que quando estivéssemos juntos, você, Chan e eu, que o clima ficasse esquisito — eu ponho para fora. — Está me desgatando, a situação é insustentável. É um saco sair com vocês nessa energia pesada.
— A solução para isso é bem simples, pare de sair com a gente!
Eu me esforço para mudar a situação, mas ele não quer. Eu tento ter uma boa convivência com ele, não apenas por Chan, mas por mim também. Por que com Hyunjin tudo tem que ser tão difícil, até mesmo o ato de falar casualmente sem se matar?
— Eu não entendo, juro que não te entendo — nego com a cabeça. — Como você pode agir assim? — me esforço para manter a calma. — Olha só para você, você tem uma namorada incrível que te ama e cuida de você, mas consegue ser tão egoísta ao ponto de não permitir o seu melhor amigo de ser feliz.
— Você não sabe do que está falando, garota.
— Você não percebe o quão egoísta isso te torna? — questiono, estou a um passo de perder o controle. — Enquanto você está pelos corredores se agarrando com a sua namorada, Chan fica constantemente preocupado com a sua aprovação sobre nós dois, para ele você é importante. Você não consegue ser capaz de deixar o seu amigo permitir-se ser feliz também.
— O problema nunca foi a felicidade de Chan, Jiyoon — ele diz. — Você não percebe? Não sabe que o problema aqui é você?
— Então me fala, Hyunjin. Me explica, qual é o meu problema? — pergunto já com o tom de voz exaltado. — Me explica o que há de errado comigo, porque eu não entendo.
— O problema está em que você machuca só de estar namorando com ele — Hwang responde. — Porque vai chegar uma hora em que você não vai mais conseguir sustentar essa mentira e acabará machucando ele.
— Como você pode afirmar com tanta certeza que eu vou fazer isso? — perco o controle.
— Porque eu consigo ver isso só de olhar nos seus olhos — ele diz, não altera seu tom mesmo que eu faça isso com o meu. — Você acha que engana alguém, mas não engana nem a si mesma. É claro como a luz do dia.
— O quê? — pergunto, mas minha vontade é de gritar. — O que é tão óbvio assim para você? — questiono furiosa. — Anda, me fala! Não é você quem sabe de tudo?
— Eu não sei de tudo, mas de uma coisa eu tenho certeza — ele diz. — Você não está apaixonada por ele, Yang Jiyoon.
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