37 | Visions are back
╔╦══• •✠•❀•✠ • •══╦╗
37. Visões estão de
Volta
╚╩══• •✠•❀•✠ • •══╩╝
─━━━━━⊱✿⊰━━━━━─
Rony, você é o legume mais insensível que já tive a infelicidade de conhecer.
─━━━━━⊱✿⊰━━━━━─
Dezembro chegou, trazendo mais neve e uma decidida avalanche de deveres de casa para os quintanistas. As tarefas de monitor para mim e Rony também se tornaram mais pesadas com a aproximação do Natal. Era sorte que meu tempo de detenção já tivesse acabado, pois não sei como conseguiria organizar tudo se ainda tivesse que lidar com isso. Eu e meu irmão fomos chamados para supervisionar a decoração do castelo (“Tenta pendurar festões com o Pirraça segurando a outra ponta e tentando estrangular você com ela”, disse Rony), tomar conta dos alunos de primeiro e segundo anos que passam os intervalos das aulas dentro do castelo por causa do frio cortante (“E eles são uns melequentos atrevidos, sabe, tenho certeza que decididamente não éramos mal-educados assim quando frequentávamos o primeiro ano”, comentou Rony. “Eu acho eles fofinhos”, devolvi para meu irmão, “Ok, eles são muito atrevidos.”), e patrulhar os corredores dividindo turnos com Argo Filch, que suspeitava que o espírito natalino pudesse se manifestar numa eclosão de duelos de bruxos (“Ele tem bosta nos miolos”, disse Rony, furioso). Enfim, andávamos tão ocupados que mal tínhamos tempo para nada, eu mal dava atenção para Lee, mas não fazia tanta diferença já que ele em si estava ocupado estudando para o N.I.E.M.
Pela primeira vez em sua carreira escolar, Harry parecia querer muito passar as festas longe de Hogwarts. Entre a proibição de jogar quadribol e a preocupação se Hagrid seria ou não posto em observação, eu sabia que ele sentia muita raiva da escola naquele momento. Eu, ao menos, tinha uma animação nos dias que se seguiam, e era, com toda certeza, o quadribol. Mas, acabei ficando um pouco intrigada no último treino quando Angelina começou a recrutar pessoas para ocupar os postos dos meus irmãos e Harry, pois foi quando descobri que era pessoas para atuarem como batedor e artilheiro que ela procurava, e não um apanhador.
— O caso é que você é rápida. — Disse ela certo dia vindo conversar comigo — Ágil... o fato de você ser baixa te deixa com vantagem. Acho que se daria bem como apanhadora também.
Ergui as sobrancelhas intrigada.
— Só um teste. Achar um artilheiro é fácil, mas apanhador é muito difícil e você é boa, por que não tenta?
— Eu de apanhadora? — Perguntei ainda sem acreditar — Angelina, você tem certeza?
— Confiamos em você. — Katie disse reforçando a fala da morena
— Viu? Podemos testar agora quando vierem as pessoas pro teste de Artilheira. — Disse Johnson com um sorriso
— Ok. — Suspirei
Talvez fosse legal tentar algo novo, mas o que eu realmente não esperava era quem iria ver nos testes.
— Ginny!? — Exclamei perplexa ao ver minha irmã chegar com seu jeito confiante de sempre e segurando uma vassoura — Que você está fazendo aqui?
— Vim fazer o teste ué. — Ela sorriu confiante
Eu olhei para Rony que devolveu o olhar expressivo para mim. Mais um Weasley no time da Gryffindor? Era o que parecia.
Além do quadribol a única coisa que me animava eram os encontros da AD, e estes teriam de ser interrompidos durante as festas, porque quase toda a turma iria passar as férias com a família. Hermione ia esquiar com os pais, uma coisa que eu e Rony achamos muito engraçado, pois nunca ouvimos falar de trouxas que atavam pranchas finas de madeira aos pés para deslizar montanha abaixo, não fazia o menor sentido fazer isso. Eu e Rony, assim como nossos irmãos, íamos para A Toca. Harry amargara muitos dias de inveja até eu e Rony dizemos em resposta à sua pergunta como iria para casa passar o Natal: “Mas você também vai! Eu não falei? Já faz semanas que mamãe nos escreveu dizendo para convidar você!”
Óbvio que não fazia semanas, mas foi legar ver o ânimo de Harry subir ao céu de empolgação, enquanto Hermione erguia os olhos ao teto. Pelo que eu sabia Lee viajaria com os pais para casa da avó dele na Escócia, já Vega passaria o natal na Casa dos Black com a mãe e Sirius. Imagino que no fundo, Harry também quereria passar as festas com o padrinho.
Acontece que Sirius não entrara em contato com Harry ou Vega desde sua última aparição no fogo, e, embora os dois soubessem que com a Umbridge em constante vigilância seria insensato tentar se comunicar, não lhe agradavam imaginar Sirius sozinho na antiga casa da mãe.
Eu não via Mia ou Arc desde o dia que vi como ela morrera, apenas Cedric parecia todos os dias para me fazer companhia e dizia que Mia ia ficar bem, Arc estava cuidando dela e ela só estava passando por uma fase de aceitar a verdade depois de quinze anos pensando de uma forma. Eu só esperava poder ver ela logo.
Cheguei cedo à Sala Precisa para a última reunião antes das festas, estava na companhia de Angelina e Katie. Rony e Mione ainda deviam se encontrar na comunal, mas Harry já estava na sala quando nós três adentramos, ambas sem fôlego e sentindo muito frio. Logo notamos que o garoto não estava sozinho e sim na companhia de Luna Lovegood.
— Bom. — Disse Angelina maquinalmente, tirando a capa e atirando-a a um canto — Finalmente conseguimos substituir você e arrumar o time.
— Me substituir? — Perguntou Harry sem entender
— Você, Fred e George. — Disse ela, impaciente — Temos um novo apanhador, na verdade uma nova artilheira e dois batedores.
Harry arqueou uma sobrancelha.
— Uma nova artilheira? — Perguntou
— Rox vai te substituir como apanhadora, ela é realmente boa e rápida, sabemos que ela conhece vários truques com a vassoura e como não podemos ter você... o que eu quero dizer é que então arrumamos uma pessoa para ficar no lugar dela. — Explicou Angelina
Harry me olhou e eu tentei lhe dar um sorriso fraco.
— Ok, e quem? — Perguntou ele não demostrando entusiasmo
— Ginny Weasley. — Informou Katie
Harry boquiabriu-se.
— É, eu sei. — Disse Angelina, puxando a varinha e flexionando o braço — Mas ela é realmente boa. Acho que ser bom em quadribol está no sangue dos Weasley.
Eu sorri com o comentário, isso era bem verdade.
— E os batedores? — Harry perguntou. Percebi que ele estava tentando manter a voz calma
— Andrew Kirke. — Respondi meio rindo, mas sem entusiasmo — E Jack Sloper. Nenhum dos dois é muito genial, mas comparados aos outros que apareceram... — E olhei para as outras duas garotas com uma expressão que mesclava apreensão e meia-gargalhada
A chegada de Rony, Hermione e Neville encerrou o assunto, e cinco minutos depois a sala já estava bastante cheia.
— O.k. — Disse Harry chamando todos à ordem — Achei que hoje deveríamos repassar o que já fizemos até agora, porque é a última reunião antes das férias e não tem sentido começar nada novo antes de uma pausa de três semanas...
— Não vamos fazer nada novo?! — Exclamou Zacarias, resmungando, insatisfeito, suficientemente alto para ser ouvido por toda a sala — Se eu soubesse nem teria vindo.
— Então todos lamentamos muito que Harry não tenha lhe avisado. — Retrucou Fred em voz alta
— Lamentamos mesmo. — Acrescentei despreocupadamente
Várias pessoas abafaram risinhos enquanto o garoto cruzava os braços e fingia não se importar.
— ... podemos praticar aos pares. — Continuou Harry — Vamos começar com a Azaração de Impedimento durante dez minutos, então podemos apanhar as almofadas e experimentar o Feitiço Estuporante mais uma vez.
Todos se dividiram obedientemente, Eu fiz par com Lee como sempre. Logo a sala se encheu de gritos intermitentes de “Impedimenta!”. As pessoas ficavam paralisadas por mais ou menos um minuto, enquanto o parceiro olhava a esmo pela sala, observando o trabalho dos outros pares, depois recuperava os movimentos e era sua vez de azarar.
Lee era muito bom em feitiços, embora às vezes tivesse receio de me azarar, além disso eu amava o irritar, pois tinha o costume de sempre quando ele abria a boca pra falar um feitiço, eu me adiantava em dizer:
— Travalingua! — E bum quando o feitiço o atingia, a língua dele colava no céu da boca o fazendo não poder emitir nenhum som por pelo menos um minuto e eu morrer de rir
— Harry não nos mandou treinar a Azaração do Travalingua! — Resmungou ele depois de se recuperar do feitiço pela segunda vez
— Mas é engraçado. — Eu sorri para ele piscando os olhinhos e me fazendo de anjo
— Hum. Hum. — Ele se fez de bravo, mas com um sorrisinho lutando pra sair — Não me olha assim não, tô com raiva.
— Owww, que fofo, ele tá bravinho. — Fiz beicinho de bebê me aproximando do menino que começou a balançar a cabeça negativamente enquanto ria
— Wow! Estamos pratican... — Ia dizendo um Rony irritado do outro lado da sala, mas foi interrompido pela minha voz e o feitiço Impedimenta! que eu o lancei sem nem mesmo olhar em sua direção
— Sim, maninho. — Respondi com um sorriso finalmente o olhando caído no chão — Estamos praticando. — E puxei rápido a gravata de Lee o dando um selinho depressa, mas logo me arrumando e colocando minha varinha em postos — A prática é bem melhor que a teoria, não acham?
— Rox. — Hermione riu balançando a cabeça de um lado a outro e eu lhe devolvi o sorriso com um dar de ombros
Observei que Neville estava irreconhecível, tal o seu progresso. Depois de ter se recuperado três vezes seguidas, Harry mandou Neville se reunir a Rony e Hermione para poder andar pela sala e observar os outros, eu continuei praticando com Lee.
Transcorridos os dez minutos da Azaração de Impedimento, espalhamos as almofadas pelo chão e começamos a praticar mais uma vez o Estuporante. O espaço era realmente muito limitado para permitir que todos trabalhassemos ao mesmo tempo; metade do grupo observava a outra metade por alguns minutos, depois se revezavam. Eu observei que o grupo estava realmente indo bem, Harry devia estar orgulhoso. É verdade que Neville estuporou Padma Patil em vez de Dean, a quem estava visando, mas errou por muito menos do que antes, e todos os outros tinham feito enormes progressos. Me senti muito orgulhosa dos meus elfos que além de fofos pareciam ser muito bons em azarações.
Ao final de uma hora, Harry anunciou um intervalo.
— Vocês estão ficando ótimos. — Disse sorrindo — Quando voltarmos das férias, poderemos começar com os feitiços mais importantes, talvez até com o Patrono.
Ouviram-se murmúrios de excitação. Eu mesma fiquei muito empolgada, sempre quis executar o feitiço do Patrono. A sala começou se esvaziar, como sempre aos pares e trios; a maioria desejou a Harry um “Feliz Natal” ao sair. Lee foi junto com Fred e George e disse que me esperaria na Comunal; eu fiquei pra recolher as almofadas com Rony, Harry e Hermione, e assim as empilhamos em ordem. Rony e Mione saíram antes; Harry se demorou um pouco mais, mas eu logo saí da Sala balançando a varinha e cantarolando baixinho.
— Tá animada. — Disse a voz de Cedric. Ele estava encostado na parede do lado de fora
Olhei para um lado e para outro, mas o corredor estava vazio, então eu podia o responder.
— Um pouco. Como a Mia está?
Cedric abriu a boca para falar, mas se calou, seus olhos intrigantes perdidos em algo, virei-me para trás. A amiga de Cho, Marieta Edgecombe vinha saindo da Sala Precisa um tanto emburrada.
— Boas festas, Marieta. — Eu falei com um sorriso, mas tenho certeza que pareceu deboche se considerar o fato que eu nunca havia falado com ela antes
— Eu não gosto de você, nem dos seus amigos, você sabe disso. — Devolveu a garota me olhando com raiva antes de continuar a andar, logo sumindo pelo corredor
— Essa garota é toda chata, não é? — Comentei rindo; Cedric não respondeu, percebi então algo se enroscar no meu pé e olhei para baixo vendo Marshall, meu furão, mexendo seu pelo nas minhas pernas. Me abaixei para o pegar no braço — Oi, bebê! Você anda todo sumido, não é? Esqueceu da mamãe, foi? Hum... muito bonito pra sua cara seu... Cedric, onde você vai?
Cedric acabara de dar meia volta voltando a Sala Precisa, ainda com o furão nos braços eu o acompanhei. O menino não falava coisa alguma.
— Ced!? Que você quer aí? — Ele acabara de atravessar a porta; ajeitei Marshall no braço esquerdo para poder girar a maçaneta — Só tem o...
Paralisei. O som da porta abrindo e o fato de eu ter derrubado meu furão no chão com toda força, além do berro que Marshall deu, foram suficientes para fazer os últimos dois ocupantes da Sala Precisa se virarem a procura do barulho.
E cá estava eu... paralisada olhando para Cho e Harry que até uns segundos atrás tinham as bocas coladas. Eles estavam se beijando... e Cedric tinha visto.
Marshall estava com raiva de mim por eu ter o derrubado, então se aproximou de Harry começando a se esfregar em sua perna, eu olhei para o rosto de Ced... estava vago, nenhuma expressão, impassível, ou talvez em choque.
— Vocês estavam se beijando na frente do Cedric!? — Soltei voltando a olhar para os dois morenos, meu melhor amigo e a antiga namorada do meu amigo morto
— Na frente do Ced? — Cho parecia que ia começar a chorar, seus olhos em si já estavam molhados
Eu suspirei, não conseguia olhar nos olhos deles.
— Eu... só vou... nos vemos amanhã, Rox. — Suspirou Cedric antes de desaparecer, fiquei vermelha de raiva
— ROX! — Exclamou Harry tão vermelho quanto um pimentão, Cho também corada passava as mãos pelos olhos
— E por que você está gritando comigo, Harry? Não sou surda. — Perguntei, meio impassível, ainda sem conseguir olhar nos olhos dele enquanto me aproximava e tentava colocar um furão irritado nos braços — E até onde eu sei não fiz nada. Ai, Marshall! Eu te derrubei sem querer, se você me morder de novo, te faço dormir fora da Comunal, e não adianta procurar os Creevey ou o Nigel ou a Natty, tá me ouvindo?
Marshall se aquietou e eu me levantei, olhando para as duas figuras mais altas que eu que me encaravam, vermelhos.
— Desculpa por ter atrapalhado vocês... eu já vou sair. — E me virei para andar até a porta
— O que você quis dizer com “na frente do Cedric”? — Perguntou uma Cho chorosa
— Boas festas, Chang. — Dei de ombros e abri a porta, equilibrando-me para não derrubar Marshall novamente — Nos vemos na Comunal, Harry.
Harry só chegou à sala comunal meia hora depois, e encontrou Hermione, Rony e eu ocupando as melhores poltronas diante da lareira; quase todos nossos colegas já tinham ido dormir. Hermione estava escrevendo uma longa carta. Já enchera metade de um pergaminho, que caía pela borda da mesa. Rony estava deitado no tapete da lareira, tentando terminar um dever de Transfiguração. E eu, também deitada no tapete, estava brincando com Marshall, mas com a mente preocupada com Cedric.
— Por que demorou? — Perguntou meu irmão quando Harry afundou na cadeira ao lado de Hermione
Harry não respondeu. Eu não olhei para ele, acho que ele imaginou que eu já tivesse contado o que acontecera, mas é óbvio que eu não sou fofoqueira.
— Você está se sentindo bem, Harry? — Perguntou Hermione examinando-o por cima da ponta da pena
Harry encolheu os ombros indiferente. Na verdade, ele não sabia se estava ou não se sentindo bem, consegui ler em sua mente.
— Que foi? — Perguntou Rony se erguendo nos cotovelos para olhar melhor o amigo — Que aconteceu?
— Foi a Cho? — Perguntou Hermione muito objetivamente — Ela encostou você na parede depois da reunião?
Eu deixei escapar um risinho, Harry me olhou sério.
— Você contou?
— O que eu deveria contar, Harryzinho? — Me fiz de desentendida
— Afinal, foi ou não a Cho, Harry? — Reforçou Hermione
Abobalhado, Harry confirmou com a cabeça. Rony deu risadinhas, só parando quando seu olhar encontrou o de Hermione.
— Então... ah... que é que ela queria? — Perguntou ele fingindo displicência
— Ela... — Começou Harry, meio rouco; pigarreou e tentou novamente — Ela... ah...
— Vocês se beijaram? — Perguntou Hermione sem rodeios
Rony se sentou tão depressa que arremessou o tinteiro pelo tapete. Inteiramente alheio ao que fizera, olhou para Harry com grande interesse.
— Então? — Quis saber
Eu continuei olhando séria para o idiota do meu irmão gêmeo que não percebera que sujara minha roupa com tinta. Harry, no entanto, olhou de Rony, cujo rosto expressava um misto de curiosidade e hilaridade, para a testa levemente enrugada de Hermione, e confirmou com a cabeça.
— HA!
Rony fez um gesto de vitória com o punho e desatou a rir tão estridentemente que sobressaltou vários segundanistas tímidos sentados junto à janela. Um sorriso relutante se espalhou pelo rosto de Harry ao ver Rony rolar pelo tapete. Hermione lançou a Rony um olhar de profundo desgosto, e voltou a sua carta.
— E aí? — Perguntou Rony finalmente, encarando Harry — Como foi?
— O bebêzinho nunca beijou. — Caçooei meu irmão enquanto usava um feitiço para limpar a tinta da minha roupa
Rony me lançou um olhar sério. Harry refletiu por um momento.
— Úmido. — Disse com sinceridade
Rony emitiu um som que poderia indicar alegria ou nojo, era difícil dizer.
— Porque ela estava chorando. — Continuou Harry, pesaroso
— Ah! — Exclamou Rony, o sorriso se atenuando em seu rosto — Você é ruim assim de beijo?
— Não sei. — Respondeu Harry parecendo imediatamente preocupado — Vai ver sou.
— Claro que não é. — Disse Hermione, distraída, ainda escrevendo a carta
— Como é que você sabe? — Perguntou Rony rispidamente, e eu olhei interessada para Mione
— Porque ultimamente Cho passa metade do tempo chorando. — Respondeu distraidamente — Chora na hora da comida, no banheiro, por toda parte.
— Achei que você e o Harry já tinham se beijado. — Comentei entre risinhos segurando Marshall no ar sem os olhar — Já ia reclamar por você ter beijado o Harry e nunca ter me beijado.
Rony revirou os olhos, Harry os arregalou, Mione me olhou com a testa franzida.
— Eu gosto de garotos, Rox. Achei que você também gostasse.
— Odeio rótulos. — Revirei os olhos — E eu falei de beijo, não pedido de casamento.
— Rox, por que você namora com o Lee Jordan? — Hermione perguntou de repente
— Porque ele é legal.
— Você ainda namoraria com ele se ele fosse uma garota?
— Sim. — Respondi achando que a pergunta dela havia sido bastante idiota — Ué, por que não? E eu só deveria namorar garotos?
Hermione estava prestes a responder algo quando Rony a cortou.
— Hermione, esquece. — Falou sério, mas então mudou o assunto e meio que sorriu — Voltando ao assunto anterior, acho que era de esperar que uns beijinhos animassem a Cho, não?
— Rony — Disse Hermione em tom muito solene, molhando a ponta da pena no tinteiro — você é o legume mais insensível que já tive a infelicidade de conhecer.
— Que é que você quer dizer com isso? — Perguntou Rony, indignado — Que tipo de pessoa chora quando está sendo beijada?
— É. — Disse Harry parecendo sentir um ligeiro desespero — Que tipo?
Hermione olhou para os dois com uma expressão no rosto que beirava a piedade, eu deixei escapar um risinho.
— Vocês não compreendem como a Cho está se sentindo neste momento?
— Não! — Responderam Harry e Rony juntos
Hermione suspirou e descansou a pena.
— Bom, obviamente ela está se sentindo muito triste, porque Cedric morreu. Depois, imagino que esteja se sentindo confusa porque gostava do Cedric e agora gosta do Harry, e não consegue entender de qual dos dois gosta mais. Depois, está se sentindo culpada, achando que é um insulto à memória do Cedric beijar o Harry, e deve estar preocupada com o que as outras pessoas vão dizer quando começar a sair com ele. E provavelmente não consegue entender seus sentimentos com relação a Harry, porque era ele quem estava junto quando Cedric morreu, então tudo isso é muito confuso e doloroso. Ah, e está com medo de ser expulsa do time de quadribol da Ravenclaw porque está voando muito mal.
O fim de sua fala foi recebido com um silêncio de breve aturdimento, então Rony falou:
— Uma pessoa não pode sentir tudo isso ao mesmo tempo, explodiria.
— Só porque você tem a amplitude emocional de uma colher de chá isto não significa que sejamos todos iguais. — Disse Hermione maldosamente, retomando sua pena
— Foi ela quem começou. — Disse Harry — Eu não teria... ela meio que me procurou... e no momento seguinte estava derramando lágrimas em cima de mim... eu não sabia o que fazer...
— Não é sua culpa, cara. — Disse Rony, parecendo assustado só de pensar
— Tão cavalheiros. — Debochei meio rindo
— Você tinha de ser legal com ela, Harry. — Disse Hermione, erguendo os olhos ansiosa — Você foi, não?
— Bom. — Respondeu Harry, um calor desagradável subindo pelo rosto — Eu meio que dei umas palmadinhas nas costas dela.
Hermione parecia estar se controlando com extrema dificuldade para não olhar para o teto.
— Bom, suponho que poderia ter sido pior. Vai voltar a vê-la?
— Terei, não é? Temos os encontros da AD, não temos?
— Você me entendeu. — Disse Hermione, impaciente
Harry não respondeu. Parecia estar pensando.
— Ah, bom. — Disse Hermione distante, absorta outra vez em sua carta — Você terá muitas oportunidades para convidá-la.
— E se ele não quiser?
— Não seja bobo. — Disse Hermione distraída para Rony — Harry gosta dela há séculos, não é, Harry?
Ele não respondeu novamente. Verdade, ele gostava de Cho há séculos, e eu não precisava ler sua mente para saber. Embora eu estivesse ainda um pouco intrigada com o que aconteceu, e com Cedric.
— Por que àquela hora você tinha perguntado se a Rox nos contou, Harry? — Perguntou Rony lembrando-se de repente
Como Harry não respondeu, resolvi explicar com um dar de ombros.
— Sem querer querendo eu vi eles se beijarem, chega derrubei Marshall do colo por causa do choque.
Rony fez um “Ah” de entendimento, Harry continuou pensativo, Mione ainda escrevia.
— Afinal para quem é que você está escrevendo, Hermione? — Perguntou meu irmão, tentando ler o pergaminho que agora arrastava pelo chão. Hermione puxou-o para longe dele
— Vítor.
— Krum?
— Quantos Vítor nós conhecemos?
Rony não respondeu, mas pareceu aborrecido, e tenho certeza que estava mesmo. Nenhum de nós quatro falamos nada durante os vinte minutos seguintes, Rony terminando o trabalho de Transfiguração dando bufos de impaciência e riscando as frases; Hermione escrevendo sem parar até o fim do pergaminho, enrolando-o e lacrando-o; e Harry contemplando o fogo, pensativo, parecia desejar que a cabeça de Sirius aparecesse ali para lhe dar uns conselhos sobre garotas, eu já estava impaciente com seus pensamentos, enquanto continuava deitada no tapete, simplesmente a fazer nada. As chamas da lareira, no entanto, foram gradualmente baixando até só restarem brasas que se desfizeram em cinzas e, olhando ao redor, vi que éramos, mais uma vez, os últimos a se retirmos da sala comunal.
— Boa-noite. — Disse Hermione, dando um enorme bocejo — Você vem agora, Rox?
— Ah, claro. — E me levantei do tapete tentando apanhar Marshall comigo, mas o furão prendeu as garras no tapete — Que foi agora? A Natty já tá dormindo, sim, os meninos também. Amanhã você brinca com eles, vamos.
— Não me diz que você entende os guinchos desse bicho. — Rony franziu a testa quando eu me abaixei novamente e peguei Marshall nos braços
— Eu entendo seus guinchos, por que não entenderia os dele? — Retruquei meio rindo
— Sua...
— Noite, meninos. — E acenei brevemente, mandando-lhes beijinhos enquanto acompanhava Hermione na subida para o nosso dormitório
— Está tudo bem? Tem visto algo ultimamente ou teve ataque de poder de novo? — Sussurrou Hermione enquanto subíamos as escadas em espiral. Eu havia contado a ela sobre quando eu vi a morte de Mia e como eu via os Testrálios
— Cedric viu Cho e Harry se beijando. — Revelei com um longo suspiro — Espero que ele esteja bem.
— Puxa... — Disse Hermione — também espero. E a Mia?
— Não sei, ainda se recuperando.
— Hum... Amélia?
Nesse momento me deixei franzir a testa enquanto voltava meus olhos para Hermione.
— Você disse que o Arc acha que...
— Não há nada de errado com a Amélia! — A cortei — Nada, ok?
E girei a maçaneta do nosso dormitório, deixando claro para Mione que não ueria falar sobre aquilo. Despimos as vestes e pusemos os pijamas em silêncio. Lavender, Parvati e Amélia já estavam dormindo. Coloquei Marshall em sua caminha, ele fez um som que pra mim pareceu um boa noite, eu sorri enquanto acariciava o pelo dele e logo me meti na cama, mas não fechei o cortinado; em vez disso, fiquei contemplando o pedaço estrelado de céu que via pela janela junto à cama de Parvati. Esperava que Cedric estivesse bem, Mia e Arc também...
— Noite. — Disse Mione de algum ponto à direita
— Noite. — Respondi
Olhei para Méri, o leão de pelúcia, do lado do meu travesseiro enrolado no sobretudo preto que outrora pertencera a Draco. Que ódio, eu amava aquele cheiro. Abracei os dois e fechei os olhos, estava tudo bem, e se não estava, ficaria.
Isso se eu conseguisse dormir... Virei de um lado para outro na cama, estava suando, podia sentir... meu corpo começou a tremer de leve, e eu continuava a me remexer, com os olhos fechados, e essa tormenta durou por alguns minutos que mais pareceram horas, até que meus olhos arderam, como se estivesssem encharcados de pimenta, eles lacrimejavam e eu só queria gritar, mas era como se algo apertasse forte meu pescoço, eu estava sem ar, nenhum som saía de minha boca.
— Abra os olhos, maldita. — Sussurrou uma voz ao longe, me causando arrepios
Eu obedeci. Mas uma luz clara e forte inundou minha visão. Eu logo reconheci que não estava mais no meu dormitório, e nem mesmo deitada. Estava em pé em um lugar que eu não conhecia. Mas, observar o local não parecia importante, eu vi uma cobra, e senti que tinha que segui-la.
Estava escuro, contudo eu podia ver objetos à minha volta que refulgiam em cores estranhas e vibrantes. A cobra estava virando a cabeça para algo. Eu fiz o mesmo, e acompanhando a visão do animal, ao primeiro relance vi um corredor vazio... mas não... havia um homem sentado no chão mais adiante, o queixo caído sobre o peito, seu contorno brilhando no escuro.
A cobra estirou a língua, provando o cheiro do homem no ar. Eu sabia o que ela estava fazendo; o homem estava vivo, mas atordoado, sentado à porta no fim do corredor. Ela não o atacaria?
Eu sentia os pensamentos da cobra tão fortes como se ela fosse um humano, ela tinha vontade de morder o homem, percebi, mas precisava controlar o impulso, tinha uma coisa mais importante a fazer. Mas o que era?
O homem estava se mexendo, uma capa prateada caiu de suas pernas quando ele se pôs em pé; e eu vi seu contorno vibrante e difuso elevar-se acima de sua cabeça, vi-o tirar uma varinha do cinto. Meus olhos se arregalaram quando vi a enorme cobra recuar ganhando altura do chão. Não, não. Eu tentei fazer algo, mas quando toquei na cobra, foi como tocar em uma figura holográfica, eu não podia fazer nada a não ser gritar enquanto via a cobra atacar aquele homem, uma vez, duas, três, enterrando suas presas na carne do homem, sentindo suas costelas se partirem sob suas mandíbulas, sentindo o sangue jorrar quente.
Eu gritava mais, estava atordoada. O homem gritou de dor, depois se calou, tombou de costas contra a parede... o sangue manchou o chão...
Fechei fortemente os olhos, com uma mescla de desespero e apreensão. Então os abri. Cada centímetro do meu corpo estava coberto de suor gelado; minha roupa de cama se enrolara em mim como uma camisa de força; tanto Méri quanto o sobretudo de Draco estavam caídos no chão. Me sentei a cama em desespero, enquanto lembrava-me do homem que fora atacado e de como a cobra o deixara.
— Papai!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro