147 | The Wandmaker
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147. O Fabricante
de Varinhas
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Tão jovens para estarem lutando contra tantos. E isso incluí sua própria irmã.
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ᴴᵃʳʳʸ ᴾᵒᵗᵗᵉʳ
Dobby estava morto. Era meio difícil acreditar que ele estivesse mesmo morto. Mesmo enquanto eu cavava uma sepultura para ele – sem auxílio de magia – ou quando os outros foram até lá me ajudar, sem nem questionar meus princípios, e Luna recitou algumas palavras sobre o túmulo do elfo, ainda era muito difícil raciocinar.
Pedi um momento a mais sozinho com Dobby e eles me entenderam, senti palmadinhas carinhosas em minhas costas, e, em seguida, todos voltaram ao chalé, deixando-me sozinho ao lado do elfo.
A visita à casa dos Malfoy havia me trazido muitos pensamentos turbulentos que eu mal conseguia raciocinar direito, entretanto eu já não ardia com aquele desejo obsessivo pelas Relíquias como antes, sabia o que tínhamos que fazer, precisávamos buscar as Horcruxes, só assim poderíamos derrotar Voldemort. Só assim... a Rox, eu não sei o que pensar sobre a minha melhor amiga, e quanto mais eu penso mais maluco fico.
Ali parado, em frente ao montículo avermelhado que era a cova de Dobby, não tinha nada que eu pudesse fazer.
Eu olhei a toda volta: havia muitas pedras grandes e brancas, polidas pelo mar, delimitando os canteiros. Apanhei uma das maiores e depositei-a, como um travesseiro, no lugar onde, agora, descansava a cabeça de Dobby. Apalpei, então, o bolso à procura de uma varinha.
Havia duas ali. Eu tinha esquecido, perdi a noção; não consegui me lembrar de quem eram as varinhas; tive a impressão de que as tirei à força da mão de alguém. Escolhi a mais curta, que se ajustou melhor à minha mão, e apontei-a para a rocha.
Lentamente, às instruções que murmurei, foram aparecendo cortes fundos na superfície da pedra. Eu sabia que Hermione poderia ter feito melhor e provavelmente mais rápido, mas eu queria marcar o lugar como quis cavar a sepultura. Quando tornei a levantar, a pedra exibia os dizeres:
Aqui jaz Dobby, um Elfo Livre.
Contemplei o meu trabalho por mais alguns segundos, então me afastei, minha cicatriz ainda formigando um pouco e minha mente repleta de pensamentos que tinham me ocorrido na cova, ideias que haviam se formado no escuro, ideias ao mesmo tempo fascinantes e terríveis.
Encontrei todos sentados na sala de estar quando entrei no pequeno hall, as atenções concentradas em Bill, que estava falando. A sala era bonita, tinha cores claras, e, na lareira, um fogo esperto com lenha recolhida na praia. Eu não quis deixar cair lama no tapete, por isso parei à porta para escutar.
— ... por sorte, Ginny está de férias. Se estivesse em Hogwarts, poderiam tê-la levado antes de chegarmos a ela. Agora sabemos que também está a salvo.
Bill virou a cabeça e me viu parado.
— Estou tirando todos d'A Toca — Explicou — Levei-os para a casa de Muriel. Os Comensais da Morte já sabem que Rony está com você, bom... potencialmente já sabiam, já que... já que... — Ele desviou os olhos por alguns segundos e percebi Rony soltar um muxoxo, não precisava que eles explicassem, eu sabia que estavam falando de Rox; Bill suspirou, mas logo voltou a me olhar — Bom, sabemos que irão perseguir fatalmente a nossa família agora; não se desculpe. — Acrescentou, ao ver a minha expressão — Sempre foi uma questão de tempo, papai vem dizendo isso há meses. Somos os maiores traidores do sangue que existem.
— E mesmo assim Rox virou as costas para a gente, não é!? — Rony resmungou com impaciência como se não fosse capaz de se conter
— Isso nam faz sentide. — Retrucou Fleur olhando a expressão mortal de Rony e o olhar distante do marido ao ouvir aquilo — A Roxy nam parrece alguém que farria...
— Ele está manipulando ela! O Malfoy está manipulando ela! — Insistia Rony agora dando socos na própria perna e parecendo irritado
— Rony... — Chamou Bill, mas o irmão levantou-se e simplesmente saiu da sala deixando-nos para trás
Luna e Dean continuavam calados, sem expressar suas opiniões quanto aquilo, enquanto Fleur ainda parecia confusa e Bill não aceitava muito como verdade a notícia, estava agora parado olhando fixo para o ponto em que o irmão esteve sentado ainda pouco.
— Vocês tem certeza que era ela? A Rox mesmo? — Perguntou depois de alguns segundos ao finalmente voltar olhar para mim
— Sim. — Respondi — Eu também queria que não fosse, acredite, mas... era ela.
Bill suspirou e baixou a cabeça, fixando seu olhar no piso.
— S-sobre sua família — Recomecei o assunto fazendo o mais velho dos irmãos Weasley tornar a me olhar —, já que estão todos com a tia... digo, a sua tia Muriel, a Vega está com...?
— Também está com eles. — Bill confirmou entendendo a minha pergunta — Mamãe está cuidando dela, não tivemos notícia alguma de Sienna. Remus... Remus acha que ela pode estar morta.
Senti o peso da frase assim que me atingiu e fiquei mal pela minha irmãzinha que com certeza devia estar sentindo falta da mãe. Vega só teve ela por muito tempo da sua vida, já eu por mais que tenha perdido meus pais muito mais novo que ela, não tive tempo pra me apegar, não lembro deles, sentir falta de algo que nunca teve e sentir falta de algo que sempre esteve presente são duas coisas bem diferentes.
— E... como eles estão protegidos? — Tornei a perguntar
— Feitiço Fidelius. — Respondeu — Papai é o fiel do segredo. E fizemos o mesmo com este chalé; aqui sou o fiel do segredo. Nenhum de nós pode ir trabalhar, mas isso não é o mais importante no momento. Quando Olivaras e Grampo melhorarem, vamos transferi-los para a casa de Muriel também. Não temos muito espaço, mas ela tem. As pernas de Grampo estão se refazendo, Fleur lhe deu Esquelesce: provavelmente, poderemos fazer a transferência dentro de uma hora ou...
— Não — Falei imediatamente fazendo Bill se espantar — Preciso dos dois aqui. Preciso falar com eles. É importante.
Senti autoridade na minha própria voz, a convicção, a determinação que me sobreviera enquanto cavava a sepultura de Dobby. Todos os rostos se voltaram para mim, intrigados.
— Vou me lavar. — Falei a Bill, olhando para as minhas mãos sujas de lama e sangue de Dobby — Em seguida, preciso vê-los imediatamente.
Entrei na pequena cozinha e me dirigi à pia sob a janela com vista para o mar. O dia amanhecia no horizonte, rosa-amarelado e com um leve matiz dourado, e eu fui me lavando, mais uma vez seguindo o fio dos pensamentos que tinham me ocorrido no jardim escuro...
Dobby jamais poderia nos dizer quem o enviara ao porão, mas eu sabia o que tinha visto. Um penetrante olho azul me espiara do caco de espelho, e o socorro tinha chegado. Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem.
Eu enxuguei as mãos, insensível à beleza da paisagem à janela e aos murmúrios dos demais na sala de visitas. Contemplei o oceano e me senti mais próximo, neste amanhecer, do que jamais me sentira, do âmago de tudo.
E minha cicatriz formigava, e eu sabia que Voldemort também estava chegando lá. Eu entendia e, contudo, não entendia. Meu instinto me dizia uma coisa, meu cérebro outra bem diversa. O Dumbledore em minha mente sorria, observando-me por cima das pontas dos dedos juntos, como se estivesse orando.
O senhor deu a Rony o desiluminador. O senhor o compreendeu... deu-lhe um meio de voltar atrás...
E o senhor compreendeu o Rabicho também... o senhor sabia que havia nele certo arrependimento, em algum lugar...
E se os conhecia... o que conhecia de mim, Dumbledore?
Estou destinado a saber, mas não a buscar? O senhor sabia como eu acharia isso penoso? Foi por isso que dificultou tanto? Para que eu tivesse tempo de concluir sozinho?
Eu fiquei muito quieto, os olhos vidrados, observando o ponto em que uma borda dourada e ofuscante do sol se erguia no horizonte. Baixei, então, os olhos para as mãos limpas e fiquei momentaneamente surpreso de ver a toalha que segurava. Coloquei-a de lado e voltei ao hall e, no caminho, minha cicatriz latejou, raivosa, e lampejei em minha mente, fugaz como o reflexo de uma libélula na superfície da água, os contornos de um edifício que eu conhecia excepcionalmente bem. Bill e Fleur estavam parados ao pé da escada.
— Preciso falar com Grampo e Olivaras. —Anunciei sem me demorar
— Nam. — Respondeu Fleur — Você vai terr que esperrarr, Arry. Os dois stam muite ruins, cansades...
— Lamento — Falei, sem me exasperar —, mas não posso esperar. Preciso falar com eles agora. Em particular, e separadamente. É urgente.
— Harry, que diabo está acontecendo? — Perguntou Bill — Você aparece aqui com um elfo doméstico morto e um duende semi-inconsciente, Hermione com a aparência de que foi torturada e Rony se recusa a me dizer o que aconteceu, além do fato de que, é claro, aparentemente a minha irmãzinha caçula, a garota apaixonada por quadribol e mitologia grega de repente passou pro lado de Você-Sabe-Quem, tudo por causa do tal do ex-namorado Comensal dela...
— Não podemos lhe contar o que estamos fazendo. — Retruquei, taxativamente — Você pertence à Ordem, Bill, sabe que Dumbledore nos confiou uma missão. Não podemos discuti-la com mais ninguém. Rony só falou de... ele só falou dela porque era necessário.
Fleur deu um muxoxo de impaciência, mas Bill não se virou; encarava Harry. Seu rosto coberto de cicatrizes estava impenetrável. Por fim, disse:
— Tudo bem. Com quem quer falar primeiro?
Eu hesitei. Sabia o que pesava sobre sua decisão. Restava-me muito pouco tempo. Agora era o momento de decidir: Horcruxes ou Relíquias?
— Grampo. Falarei com Grampo primeiro.
Meu coração disparou, como se tivesse corrido e acabado de saltar um enorme obstáculo.
— Aqui em cima, então. — Disse Bill, mostrando-me o caminho
Eu subi vários degraus, quando parei e olhei para trás.
— Preciso de vocês dois também! — Gritei para Rony e Hermione, que estavam rondando, meio escondidos, o portal da sala de visitas. Rony já parecia pelo menos um pouco mais calmo
Os dois surgiram à luz do hall, parecendo estranhamente aliviados.
— Como vai? — Perguntei a Hermione — Você foi fantástica, inventando aquela história enquanto ela a machucava daquele jeito...
Hermione esboçou um sorriso, e Rony lhe deu um aperto carinhoso no braço.
— Que estamos fazendo agora, Harry? — Perguntou ele — E a...
— Ela não é invencível. — Tratei de dizer mesmo que ressentido com o que falava, doía muito pensar nisso — Ela tem pontos fracos como todo o mundo, e nós conhecemos o ponto fraco dela. Não é porque ela mudou de lado que o lado que ela está vai ganhar.
Rony e Hermione se entreolharam, ambos pareciam tão ressentidos quanto eu, magoados.
— E o que faremos? — Rony tornou a perguntar
— Vocês verão. Venham.
Eu, Rony e Hermione subimos com Bill a um pequeno corredor. Nele havia três portas.
— Aqui — Disse Bill, abrindo a porta para o quarto dele e de Fleur. O cômodo também se abria para o mar, agora salpicado de dourado. Eu me aproximei da janela, dei as costas para a vista espetacular e aguardei, os braços cruzados, a cicatriz formigando. Hermione sentou-se na poltrona ao lado da penteadeira, e Rony, sobre o braço do estofado.
Bill reapareceu, trazendo o pequeno duende, que ele acomodou cuidadosamente na cama. Grampo resmungou um agradecimento, e Bill saiu, fechando a porta e isolando todos.
— Lamento fazê-lo se levantar. — Falei — Como estão suas pernas?
— Doloridas. — Respondeu o duende — Mas vou sobreviver.
Ele ainda se agarrava à espada de Gryffindor, e tinha um ar estranho: meio truculento, meio intrigado. Eu registrei a pele macilenta do duende, seus longos dedos finos, seus olhos negros. Fleur tirara seus sapatos: os pés compridos estavam sujos. Era pouco mais robusto do que um elfo doméstico. A cabeça em forma de domo era muito maior do que a de um humano.
— Você provavelmente não deve se lembrar... — Comecei
— ... que fui o duende que o levou ao seu cofre, na primeira vez que visitou o Gringotes? — Completou Grampo — Lembro, Harry Potter. Mesmo entre os duendes, você é muito famoso.
Eu e o duende nos encaramos, avaliando um ao outro. Minha cicatriz continuava a formigar. Eu queria acabar depressa a entrevista com Grampo, e, ao mesmo tempo, temia fazer um movimento em falso. Enquanto tentava decidir o melhor modo de abordar o meu pedido, o duende quebrou o silêncio.
— Você enterrou o elfo. — Disse em um tom inesperadamente rancoroso — Observei-o da janela do quarto ao lado.
— Enterrei. — Confirmei
Grampo me olhou pelo canto de seus amendoados olhos negros.
— Você é um bruxo incomum, Harry Potter.
— Como assim? — Perguntei esfregando distraidamente a cicatriz
— Você cavou a sepultura.
— E?
Grampo não respondeu. Achei que estava sendo escarnecido por agir como um trouxa, mas não me importava se Grampo aprovava ou não a sepultura de Dobby. Me preparei para o ataque.
— Grampo, preciso lhe perguntar...
— Você também salvou um duende.
— Quê?
— Você me trouxe para cá. Me salvou.
— Bem, espero que não esteja se lamentando. — Falei já meio impaciente
— Não, Harry Potter — E, com um dedo, torceu a barbicha rala do queixo —, mas você é um bruxo estranho.
— Certo. Bem, preciso de ajuda, Grampo, e você pode dá-la.
O duende não fez nenhum gesto de encorajamento, mas continuou a franzir a testa para mim, como se nunca tivesse visto nada parecido.
— Preciso arrombar um cofre no Gringotes.
Eu não pretendia ser tão inepto; as palavras tinham me escapado da boca quando a dor trespassou minha cicatriz e eu vi, mais uma vez, os contornos de Hogwarts. Fechei a mente com firmeza. Precisava negociar com Grampo primeiro. Rony e Hermione olhavam para mim como se eu tivesse enlouquecido.
— Harry... — Disse Hermione, mas foi interrompida por Grampo
— Arrombar um cofre no Gringotes? — Repetiu o duende fazendo uma careta e mudando de posição na cama — É impossível.
— Não, não é. — Rony o contradisse — Já foi feito.
— É. — Disse Harry — No mesmo dia em que eu o conheci, Grampo. Meu aniversário, faz sete anos.
— Na época, o cofre em questão estava vazio. — Retrucou o duende, e compreendi que, embora Grampo tivesse saído de Gringotes, a ideia de as defesas do banco terem sido vazadas o ofendia — Tinha uma proteção mínima.
— Bem, o cofre em que precisamos entrar não está vazio, e imagino que deva contar com fortíssima proteção. Pertence aos Lestrange.
Vi Hermione e Rony se entreolharem, abismados, mas haveria bastante tempo para explicações depois que Grampo desse sua resposta.
— Sem chance — Respondeu ele, com firmeza — Não há a menor chance. "Se procuram sob o nosso chão, um tesouro que nunca enterraram..."
— "... ladrão, você foi avisado, cuidado...", é, eu sei, lembro bem. Mas, não estou tentando roubar um tesouro para mim, não estou tentando apanhar nada para meu lucro pessoal. Dá para você acreditar?
O duende olhou enviesado para mim, a cicatriz em forma de raio em minha testa formigou, mas eu a ignorei, me recusei a reconhecer a dor ou o convite que encerrava.
— Se houvesse um bruxo em que fosse possível crer que não visa a um lucro pessoal — Disse Grampo, finalmente —, este seria você, Harry Potter. Duendes e elfos não estão acostumados à proteção ou ao respeito que você demonstrou esta noite. Não de porta-varinhas.
— Porta-varinhas. — Repeti: a frase soou estranha aos meus ouvidos, a cicatriz formigou enquanto os pensamentos de Voldemort se voltaram para o norte e eu ardia de vontade de interrogar Olivaras, no quarto ao lado
— O direito de portar uma varinha — Disse o duende, em voz baixa — tem sido, há muito tempo, motivo de contestação entre bruxos e duendes.
— Bem, os duendes são capazes de magia sem o auxílio de varinhas. — Disse Rony
— Isto não vem ao caso! Os bruxos se recusam a dividir os segredos tradicionais sobre varinhas com outros seres mágicos, nos negam a possibilidade de ampliar nossos poderes!
— Bem, os duendes também não dividem os seus conhecimentos de magia. — Argumentou Rony — Vocês não querem nos contar como fazem suas espadas e armaduras. Os duendes sabem trabalhar o metal de um modo que os bruxos jamais...
— Não importa. — Tratei de dizer ao reparar que Grampo estava ficando vermelho — O que está em questão não são os bruxos contra os duendes, ou qualquer outra criatura mágica.
Grampo deu uma risada desagradável.
— Mas é essa, a questão é exatamente essa! À medida que o Lorde das Trevas se torna mais poderoso, a sua raça se coloca mais firmemente acima da minha! O Gringotes cai sob o domínio dos bruxos, os elfos domésticos são massacrados, e quem entre os porta-varinhas protesta?
— Nós protestamos! — Disse Hermione, empertigando-se na poltrona, os olhos brilhantes — E sou caçada do mesmo modo que um duende ou um elfo, Grampo! Sou uma sangue-ruim!
— Não se chame de... — Murmurou Rony
— Por que não? Sou sangue ruim com muito orgulho! Sob a nova ordem, não tenho uma posição melhor do que você, Grampo! Foi a mim que escolheram para torturar na casa dos Malfoy!
Enquanto falava, ela afastou a gola do robe para mostrar o corte fino que Bellatrix fizera, vermelho contra a pele de sua garganta.
— Você sabia que foi Harry quem libertou Dobby? — Perguntou ela — Você sabia que há anos queremos que os elfos sejam livres? — (Rony se mexeu incomodado no braço da poltrona de Hermione.) — Você não pode desejar a derrota de Você-Sabe-Quem mais do que desejamos, Grampo!
O duende olhou para Hermione com a mesma curiosidade que manifestara por mim.
— Que procuram no cofre dos Lestrange? — Perguntou-nos de repente — A espada que está lá é falsa. Esta é a verdadeira. — O duende olhou de mim para os outros — Acho que já sabem isso. Você me pediu para mentir lá no porão.
— Mas a espada falsa não é o único objeto naquele cofre, é? — Perguntei — Talvez você tenha visto outras coisas lá dentro, não?
Meu coração batia cada vez com mais força. Redobrei os esforços para ignorar a pulsação da cicatriz. O duende tornou a enrolar a barbicha no dedo.
— É contra o nosso código de ética falar sobre os segredos de Gringotes. Somos os guardiões de tesouros fabulosos. Temos um dever para com os objetos postos sob nossa guarda, e que foram, muitas vezes, feitos por nossas mãos.
O duende acariciou a espada e seus olhos negros correram de mim para Hermione, dela para Rony e de volta.
— Tão jovens — Disse, finalmente — para estarem lutando contra tantos. — E voltou a olhar mais uma vez para Rony — E isso incluí sua própria irmã.
Vi que Rony começara a ficar vermelho e estava pronto para retrucar, por isso me apressei, antes que ele estragasse todo o plano.
— Você nos ajudará? — Perguntei — Não temos a menor esperança de arrombar o cofre sem a ajuda de um duende. Você é a nossa única chance.
— Vou... pensar no pedido. — Disse Grampo irritantemente
— Mas... — Começou Rony, zangado; Hermione cutucou-o nas costelas
— Muito obrigado. — Agradeci
O duende inclinou a cabeça grande de topo arredondado, assentindo, e então flexionou as pernas curtas.
— Acho — Disse ele, acomodando-se ostensivamente na cama de Bill e Fleur — que aquela Esquelesce já fez efeito. Poderei, enfim, dormir. Me deem licença...
— É, claro. — Falei, mas, antes de sair do quarto, inclinei-me e apanhei a espada de Gryffindor que estava ao lado do duende. Grampo não protestou, mas pensei ter visto rancor em seus olhos quando fechei a porta.
— Aquele bostinha. — Sussurrou Rony — Ele está se divertindo em nos fazer esperar.
— Harry — Sussurrou Hermione, afastando a mim e Rony da porta, para o meio do corredor ainda escuro —, você está dizendo o que penso que está dizendo? Você está dizendo que tem uma Horcrux no cofre dos Lestrange?
— Estou. Bellatrix ficou aterrorizada quando achou que tínhamos entrado no cofre, perdeu a cabeça. Por quê? Que achou que tínhamos visto, que mais pensou que poderíamos ter levado? Alguma coisa que a deixou apavorada que Você-Sabe-Quem descobrisse.
— Mas pensei que estávamos procurando lugares em que Você-Sabe-Quem tivesse estado, lugares em que tivesse feito alguma coisa importante! — Comentou Rony, desconcertado — Ele algum dia entrou no cofre dos Lestrange?
— Nem sei se algum dia ele entrou no Gringotes. — Falei — Quando era mais moço, jamais guardou ouro lá, porque ninguém lhe deixou nada. Mas teria visto o banco por fora, na primeira vez que foi ao Beco Diagonal.
A minha cicatriz latejou, mas não dei atenção; queria que Rony e Hermione entendessem a questão do Gringotes antes de falarmos com Olivaras.
— Aposto como ele teria invejado qualquer um que possuísse a chave de um cofre no Gringotes. Acho que a teria considerado um verdadeiro símbolo de que se pertence ao mundo bruxo. E não esqueçam que ele confiava em Bellatrix e no marido. Foram os servos mais dedicados antes de sua queda, e saíram à sua procura quando ele desapareceu. Você-Sabe-Quem disse isso na noite em que voltou, eu ouvi.
Eu esfreguei a cicatriz.
— Mas acho que não disse à Bellatrix que era uma Horcrux. Jamais contou a Lucius Malfoy a verdade sobre aquele diário. Provavelmente, disse a ela que era um objeto de estimação e lhe pediu para guardá-lo no cofre. O lugar mais seguro do mundo para qualquer coisa que se queira esconder, segundo Hagrid... à exceção de Hogwarts.
Quando terminei de falar, Rony sacudiu a cabeça.
— Você realmente entende ele.
— Bocadinhos apenas. — Respondi — Bocadinhos... Eu gostaria de ter entendido tanto assim Dumbledore. Mas veremos. Vamos ao Olivaras agora.
Rony e Hermione pareciam perplexos, mas impressionados, ao me acompanharem no trajeto de atravessar o corredor, logo bati à porta oposta à de Bill e Fleur. Um débil "Entre!" nos respondeu.
O fabricante de varinhas estava deitado em uma das camas de solteiro, distante da janela. Permanecera preso no porão mais de um ano e eu sabia que fora torturado pelo menos em uma ocasião. Estava emaciado, os ossos do rosto destacavam-se nitidamente na pele amarelada. Seus grandes olhos cinzentos pareciam imensos nas órbitas fundas. As mãos que estavam sobre o cobertor poderiam pertencer a um esqueleto. Me sentei na cama vazia, ao lado de Rony e Hermione. Dali não se via o sol nascente. O quarto dava para o jardim sobre o penhasco e a cova recém-aberta.
— Sr. Olivaras, me desculpe incomodá-lo. —Falei
— Meu caro rapaz. — A voz de Olivaras era fraca — Você nos salvou. Pensei que fôssemos morrer naquele lugar. Jamais poderei lhe agradecer... jamais agradecer... o suficiente.
— Ficamos felizes em salvá-los.
A minha cicatriz latejou. Eu sabia, tinha certeza, que praticamente não me restava tempo para chegar ao alvo antes de Voldemort, nem tentar impedi-lo. Senti um assomo de pânico... contudo, tomei minha decisão quando optei por falar com Grampo primeiro. Fingindo uma calma que não sentia, apalpei a bolsa no pescoço e tirei a varinha partida.
— Sr. Olivaras, preciso de sua ajuda.
— O que precisar. O que precisar. — Respondeu o fabricante de varinhas, fraco
— O senhor pode consertar isso? É possível?
Olivaras estendeu a mão insegura e eu coloquei em sua palma as duas metades quase soltas.
— Azevinho e pena de fênix. — Disse Olivaras, com a voz tremida — Vinte e oito centímetros. Bem flexível.
— Sim. O senhor pode...?
— Não. — Sussurrou Olivaras — Lamento muito, muito mesmo, mas uma varinha que sofreu tal dano não pode ser consertada por nenhum meio que eu conheça.
Eu já havia me preparado para ouvir isso, mas, ainda assim, foi um choque. Recolhi as metades da varinha e tornei a guardá-las na bolsa, ao pescoço. Olivaras fitou atentamente o lugar onde a varinha partida desaparecera e não desviou o olhar até eu ter tirado do bolso as duas varinhas que trouxera da casa dos Malfoy. Não consegui pegar a de Rox de volta.
— O senhor pode identificar essas? — Perguntei
O bruxo apanhou a primeira varinha e segurou-a junto aos olhos enfraquecidos, girando-a entre os dedos nodosos, flexionando-a de leve.
— Nogueira e fibra cardíaca de dragão. — Disse — Trinta e dois centímetros. Rígida. Essa varinha pertenceu à Bellatrix Lestrange.
— E essa outra?
Olivaras fez o mesmo exame.
— Pilriteiro e pelo de unicórnio. Exatos vinte e cinco centímetros. Razoavelmente flexível. Era a varinha de Draco Malfoy.
— Era? — Repeti — Não é mais dele?
— Talvez não. Se você a tirou...
— ... tirei...
— ... então talvez seja sua. O modo como a tirou, naturalmente, faz diferença. E também depende muito da varinha em si. Mas, em geral, quando uma varinha é conquistada, sua lealdade muda.
Fez-se silêncio no quarto, exceto pelo ruído distante do mar.
— O senhor fala de varinhas como se elas tivessem sentimentos. — Falei — Como se pudessem pensar sozinhas.
— A varinha escolhe o bruxo. — Disse Olivaras — Isto sempre esteve claro para os estudiosos da tradição das varinhas.
— Mas uma pessoa pode usar uma varinha que não a escolheu?
— Ah, sim, se você for realmente capaz de magia poderá canalizá-la através de quase qualquer instrumento. Os melhores resultados, porém, sempre ocorrerão quando houver a máxima afinidade entre bruxo e varinha. Esses vínculos são complexos. Uma atração inicial, depois a busca mútua de experiência, a varinha aprendendo com o bruxo, o bruxo com a varinha.
O mar avançava e recuava; era um som triste.
— Tomei a varinha de Draco Malfoy à força. — Falei — Posso usá-la sem perigo?
— Creio que sim. Leis sutis governam a propriedade das varinhas, mas uma varinha conquistada, em geral, se dobra à vontade do novo dono.
— Então eu devo usar esta? — Disse Rony, tirando a varinha de Rabicho do bolso e entregando-a a Olivaras
— Castanheira e fibra cardíaca de dragão. Vinte e três centímetros e meio. Quebradiça. Fui obrigado a fabricá-la, pouco depois do meu sequestro, para Peter Pettigrew. Sim, se você a conquistou, é mais provável que ela lhe obedeça, e obedeça bem, do que outra varinha.
— E isso se aplica a todas as varinhas? — Perguntei
— Creio que sim. — Respondeu Olivaras, seus olhos salientes fixos no meu rosto — O senhor me faz perguntas profundas, sr. Potter. A tradição das varinhas é um ramo misterioso e complexo da magia.
— Então, não é necessário matar o dono anterior para se apossar realmente de uma varinha? — Perguntei
Olivaras engoliu em seco.
— Necessário? Não, eu não diria que seja necessário matar.
— Mas há lendas. — E, ao dizer isso, o meu coração acelerou, a dor na cicatriz se tornou mais intensa; tive certeza de que Voldemort decidira pôr sua ideia em prática — Lendas sobre uma varinha, ou varinhas, que passaram de mão em mão por assassinato.
Olivaras empalideceu. Sobre o travesseiro muito branco, ele parecia cinza-claro, e seus olhos enormes, injetados de sangue e salientes, talvez expressassem medo.
— Apenas uma varinha, acho. — Sussurrou ele
— E Você-Sabe-Quem está interessado nela, não é? — Perguntei
— Eu... como?! — Exclamou Olivaras rouco, e olhou para Rony e Hermione pedindo ajuda — Como sabe disso?
— Ele queria que o senhor lhe dissesse como vencer a ligação entre as nossas varinhas.
Olivaras ficou aterrorizado.
— Ele me torturou, você precisa entender! A Maldição Cruciatus, eu... eu não tive escolha senão contar o que sabia, o que imaginava saber!
— Compreendo. O senhor lhe falou dos núcleos gêmeos? O senhor disse que ele precisava apenas pedir emprestada a varinha de outro bruxo?
Olivaras estava aterrado, paralisado, pela extensão do que eu sabia. Assentiu, lentamente.
— Mas não funcionou. — Continuei — A minha ainda derrotou a varinha emprestada. O senhor sabe por quê?
Olivaras balançou a cabeça tão lentamente quanto assentira.
— Eu... nunca tinha ouvido falar nisso. O senhor e sua varinha realizaram um feito único aquela noite. O vínculo entre os núcleos gêmeos é extremamente raro, ainda assim por que a sua varinha teria partido a varinha emprestada eu não sei...
— Estávamos falando de outra varinha, a que troca de mãos por assassinato. Quando Você-Sabe-Quem se deu conta de que a minha varinha tinha feito uma coisa estranha, ele voltou para lhe perguntar sobre a outra varinha, não foi?
— Como sabe?
Eu não respondi.
— Voltou. — Sussurrou Olivaras — Queria saber tudo que eu pudesse lhe dizer sobre a Varinha da Morte, Varinha do Destino ou a Varinha das Varinhas.
Olhei de esguelha para Hermione. Ela parecia perplexa.
— O Lorde das Trevas — Respondeu Olivaras, em tom ao mesmo tempo abafado e temeroso — sempre se contentara com a varinha que eu fabricara para ele, teixo e pena de fênix, trinta e quatro centímetros, até descobrir o vínculo entre os núcleos gêmeos. Agora precisa de outra varinha, mais poderosa, porque acha que é o único meio de vencer a sua.
— Mas logo ele saberá, se é que já não sabe, que a minha está irremediavelmente partida. — Falei baixinho
— Não! — Exclamou Hermione, em tom assustado — Ele não pode saber isso, Harry, como poderia...?
— Priori Incantatem. — Respondi — Deixamos a sua varinha, a de ameixeira-brava e a varinha da... da Rox na casa dos Malfoy, Hermione. Se eles as examinarem direito, e as fizerem recriar os feitiços lançados recentemente, constatarão que a sua partiu a minha, que você tentou e não conseguiu consertá-la, e concluirão que estou usando a de ameixeira-brava, desde então.
A pouca cor que ela recuperara desde a sua chegada desapareceu do seu rosto. Rony lançou a mim um olhar de censura e disse:
— Não vamos nos preocupar com isso agora...
O sr. Olivaras, no entanto, interferiu:
— O Lorde das Trevas não está procurando a Varinha das Varinhas apenas para destruí-lo, sr. Potter. Está determinado a possuí-la porque acredita que ela o tornará verdadeiramente invulnerável.
— E tornará?
— O dono da Varinha das Varinhas sempre deve temer um ataque, mas a ideia do Lorde das Trevas possuir a Varinha da Morte, devo admitir... é formidável.
Lembrei-me subitamente de minha insegurança quando tínhamos nos conhecido, do quanto gostara de Olivaras. Mesmo agora, depois de torturado e preso por Voldemort, a ideia de o bruxo das Trevas possuir a varinha parecia fascinar e causar aversão ao fabricante de varinhas, na mesma medida.
— O senhor... o senhor então acha que essa varinha realmente existe, sr. Olivaras? — Perguntou Hermione
— Ah, sim. É perfeitamente possível determinar o percurso da varinha através da história. Há lacunas, é claro, e bem grandes, onde ela desaparece de vista, temporariamente perdida ou escondida; mas sempre reaparece. Ela tem certas características reconhecíveis aos estudiosos da tradição das varinhas. Há relatos escritos, alguns obscuros, que eu e outros fabricantes de varinhas nos propusemos a estudar. Eles têm um tom de autenticidade.
— Então, o senhor... o senhor não acha que pode ser um conto de fadas ou um mito? — Perguntou Hermione, esperançosa
— Não. Se precisa ser transmitida por assassinato, eu não poderia afirmar. A história é sangrenta, mas isto talvez se deva apenas ao fato de ser tão desejada e despertar tanta paixão nos bruxos. É imensamente poderosa, ameaçadora nas mãos erradas, e é um objeto que exerce imenso fascínio em todos os estudiosos do poder das varinhas.
— Sr. Olivaras — Disse Harry —, o senhor informou a Você-Sabe-Quem que Gregorovitch tinha em seu poder a Varinha das Varinhas, não foi?
Se é que era possível, Olivaras empalideceu ainda mais. Parecia um fantasma quando engoliu em seco.
— Mas como... como sabe...?
— Não importa como sei. — Respondi, fechando os olhos momentaneamente ao sentir a ardência na cicatriz e vendo, por segundos apenas, a rua principal de Hogsmeade, ainda escura, porque estava situada muito mais ao norte — O senhor informou a Você-Sabe-Quem que Gregorovitch tinha em seu poder a Varinha das Varinhas?
— Era um boato. — Sussurrou Olivaras — Um boato que correu há muitos anos, muito antes de você nascer! Acredito que tenha sido o próprio Gregorovitch quem o espalhou. O senhor pode perceber como seria bom para os negócios que um fabricante estivesse estudando e duplicando as qualidades da Varinha das Varinhas!
— Posso. — Eu me levantei — Sr. Olivaras, uma última coisa e, então, deixaremos o senhor descansar. Que é que o senhor sabe sobre as Relíquias da Morte?
— As o quê? — Perguntou o fabricante de varinhas, parecendo absolutamente aturdido
— As Relíquias da Morte.
— Receio não saber do que está falando. Isso ainda tem alguma relação com varinhas?
Eu fitei o rosto culpado e acreditei que Olivaras não estivesse fingindo. Não conhecia as Relíquias da Morte.
— Obrigado. — Falei —Muito obrigado. Vamos deixá-lo descansar.
Olivaras parecia impressionado.
— Ele estava me torturando! — Ofegou — A Maldição Cruciatus... o senhor não faz ideia...
— Faço. Realmente faço. Por favor, descanse um pouco. Obrigado por nos contar tudo isso.
Eu saí à frente de Rony e Hermione e desci a escada. Vislumbrou Bill, Fleur, Luna e Dean sentados à mesa na cozinha, xícaras de chá diante deles. Todos ergueram os olhos para mim quando passei pela porta, mas apenas acenei com a cabeça e continuei em direção ao jardim, Rony e Hermione em meus calcanhares. O monte de terra vermelha que cobria Dobby destacava-se adiante, e segui para lá sentindo a dor de cabeça se intensificar. Era agora um enorme esforço bloquear as visões que se impunham à minha mente, mas eu sabia que teria de resistir um pouco mais. Logo, cederia porque precisava saber se a minha teoria estava correta. Mais um breve esforço apenas para poder explicar tudo a Rony e Hermione.
— Muito tempo atrás, Gregorovitch teve em seu poder a Varinha das Varinhas. Vi Você-Sabe-Quem tentando encontrá-lo. Quando conseguiu, soube que não estava mais com Gregorovitch: Grindelwald lhe roubara a varinha. Como Grindelwald descobriu que estava com Gregorovitch, eu não sei, mas se o fabricante de varinhas foi suficientemente burro de espalhar esse boato, não deve ter sido muito difícil.
Voldemort estava às portas de Hogwarts; eu o via parado ali, e via, também, a lanterna balançando à luz da alvorada se aproximando cada vez mais.
— E Grindelwald usou a varinha para se tornar poderoso. E, no auge do seu poder, quando Dumbledore percebeu que era o único que poderia detê-lo, travou um duelo com Grindelwald e tomou-lhe a Varinha das Varinhas.
— Dumbledore tinha a Varinha das Varinhas? — Admirou-se Rony — Mas então... onde está agora?
— Em Hogwarts. — Respondi, lutando para permanecer com meus amigos no jardim
— Mas então vamos! — Disse Rony, com urgência — Harry, vamos buscá-la antes que ele a consiga!
— É tarde demais para isso. — Eu não consegui me conter, levei as mãos à cabeça, tentando ajudar minha mente a resistir — Você-Sabe-Quem sabe onde está. E está lá agora.
— Harry! — Exclamou Rony, furioso — Há quanto tempo você sabe disso... por que estivemos perdendo tempo? Por que conversou com Grampo primeiro? Poderíamos ter ido... ainda podemos ir...
— Não. — Falei, e caí de joelhos no capim — Hermione tem razão. Dumbledore não queria que eu a possuísse. Não queria que eu a tomasse. Queria que eu encontrasse as Horcruxes.
— A varinha invencível, Harry! — Gemeu Rony
— Minha obrigação é... é encontrar as Horcruxes.
E agora tudo estava fresco e escuro: o sol apenas visível no horizonte enquanto ele deslizava ao lado de Snape, atravessando os jardins em direção ao lago.
— Daqui a pouco irei me juntar a você no castelo. — Disse, com sua voz aguda e fria — Deixe-me agora.
Snape fez uma reverência e voltou pelo mesmo caminho, sua capa preta esvoaçando às costas. Caminhei lentamente, aguardando o vulto de Snape desaparecer. Não seria bom que Snape, nem ninguém, visse aonde estava indo. Mas não havia luzes nas janelas do castelo, e ele poderia se esconder... e, em um segundo, lancei sobre mim mesmo um Feitiço da Desilusão que me ocultou até dos meus próprios olhos. E continuei andando, contornando o lago, apreciando os contornos do castelo, meu primeiro reino, meu direito por nascimento...
E ali estava, ao lado do lago, refletindo-se nas águas escuras. O túmulo de mármore branco, uma mancha desnecessária na paisagem familiar. Senti mais uma vez um assomo de controlada euforia, aquela sensação intoxicante de propósito na destruição. Ergui a velha varinha de teixo: que apropriado que este fosse o seu último grande ato.
O túmulo se abriu da cabeceira aos pés. O vulto amortalhado continuava tão comprido e magro como fora em vida. Tornei a erguer a varinha.
A mortalha se abriu. O rosto estava translúcido, pálido, encovado, contudo, quase perfeitamente preservado. Tinham lhe deixado os óculos sobre o nariz torto: senti desprezo e vontade de rir. As mãos de Dumbledore estavam cruzadas sobre o peito, e ali estava ela, presa sob as mãos, enterrada com ele.
Será que o velho tolo imaginara que o mármore ou a morte protegeriam a varinha? Será que pensara que o Lorde das Trevas teria medo de violar o seu túmulo? A mão aranhosa mergulhou e arrebatou a varinha de Dumbledore, e, quando a segurei, uma chuva de faíscas voou da sua ponta, salpicando o corpo do seu último dono, finalmente pronta para servir a um novo senhor.
Hello bruxinhos!!
Demorou, mas aqui está... a cada diz o fim mais e mais próximo. É isso, nos vemos segunda que vem. Amo vocês.
– Bjoss da tia Nick.
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