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117 | The Seven Potters

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117. Os Sete Potters
       
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Uma pedra que foi presente de um Comensal da Morte, bem sensato. Não vamos basear a segurança do mundo bruxo em um romancezinho adolescente.
 
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   Voltei correndo ao meu quarto, chegando ainda em tempo de ver o carro dos Dursley se afastar rua acima. Avistei, ainda, a cartola de Dédalo Diggle entre Petúnia e Duda, no banco traseiro. O veículo virou à direita, no fim da rua dos Alfeneiros, suas janelas se avermelharam por um momento ao sol poente, e, então, desapareceu.

   Apanhei a gaiola de Edwiges, a Firebolt e a mochila, lancei um último olhar ao quarto anormalmente arrumado e, então, desci desajeitado para o hall, onde pousei a gaiola, a vassoura e a mochila próximos ao pé da escada. A claridade diminuía rapidamente, o hall enchia-se de sombras crepusculares. Parecia muito estranho ficar parado ali, naquele silêncio, sabendo que ia sair de casa pela última vez. Anos atrás, quando os Dursley me deixavam sozinho e iam se divertir, as horas de solidão tinham se constituído num presente raro: parando apenas para furtar alguma guloseima da geladeira, eu corria escada acima para brincar com o computador de Duda, ou ligar a televisão e trocar de canal à vontade. Dava-me um estranho vazio lembrar aqueles tempos: era como lembrar um irmão mais moço que tivesse perdido.

— Não quer dar uma última olhada na casa? — Pergunto a Edwiges, que continuava aborrecida com a cabeça sob a asa — Nunca mais viremos aqui. Você não quer lembrar os bons tempos? Isto é, olhe só para esse capacho. Que recordações... Duda vomitou aí depois que o salvei dos dementadores... Ele acabou me agradecendo, dá para acreditar?... E no verão passado, Dumbledore entrou por essa porta…

   Perdi por um instante o fio dos pensamentos, mas Edwiges não fez nada para me ajudar a retomar meu discurso e continuou parada na mesma posição. Virei as costas para a porta da frente.

— E aqui embaixo, Edwiges — Abri uma porta sob a escada —, é onde eu costumava dormir! Você nem me conhecia na época... caramba, eu tinha esquecido como é apertado…

   Corri o olhar pelos sapatos e guarda-chuvas empilhados, lembrando-me de que acordava toda manhã encarando o “avesso” dos degraus da escada, que muito frequentemente estavam enfeitados com uma ou duas aranhas. Naquele tempo, desconhecia minha verdadeira identidade, e ainda não descobrira como os meus pais tinham morrido nem a razão de coisas tão estranhas sempre acontecerem ao meu redor.

   Ainda lembrava os sonhos que me perseguiam, mesmo naquela época: sonhos confusos que incluíam clarões verdes e, uma vez – tio Válter quase batera com o carro quando eu contei um deles –, uma moto voadora…

   Um ronco repentino e ensurdecedor ecoou perto dali. Me endireitei abruptamente e bati com o cocuruto no portal baixo. Parando apenas para dizer alguns dos palavrões mais enfáticos aprendidos com meu tio, saí cambaleando até a cozinha com as mãos na cabeça e espiei o quintal pela janela.

   A escuridão parecia estar ondulando, o ar estremecia. Então, uma a uma, as pessoas começaram a aparecer instantaneamente à medida que se desfaziam os Feitiços da Desilusão. Dominando a cena, vi Hagrid, de capacete e óculos de proteção, montando uma gigantesca motocicleta com um sidecar preto. A toda volta, outras pessoas desmontavam de vassouras e, em dois casos, de cavalos alados negros e esqueletais.

   Abrindo com violência a porta dos fundos, corri para o centro do círculo. Ergueu-se um grito de boas-vindas enquanto Hermione abria os braços para mim, Rony me dava um tapinha nas costas e Hagrid perguntava:

— Tudo bem, Harry? Pronto para o bota-fora?

— Com certeza. — Respondi, incluindo todos em um grande sorriso  — Mas eu não estava esperando tanta gente!

— Mudança de planos. — Rosnou Olho-Tonto, que segurava duas sacas grandes e cheias e cujo olho mágico girava do céu do anoitecer para a casa e dali para o jardim, com estonteante rapidez — Vamos entrar antes de lhe explicar tudo.

   Eu os conduzi à cozinha onde, rindo e tagarelando, eles se acomodaram em cadeiras, sentando nas reluzentes bancadas de tia Petúnia ou se encostando nos imaculados eletrodomésticos: Rony, magro e comprido; Hermione com os cabelos bastos presos às costas em uma longa trança; Fred e George, com sorrisos idênticos; Bill, cheio de cicatrizes e cabelos longos; o sr. Weasley, o rosto bondoso, os cabelos rareando, os óculos meio tortos; Olho-Tonto, cansado de guerra, perneta, o olho mágico azul girando na órbita; Tonks, cujos cabelos curtos estavam pintados no rosa berrante de que tanto gostava; Lupin, mais grisalho, mais enrugado; Fleur, esguia e linda com seus longos cabelos louros platinados; Kingsley, careca, negro, os ombros largos; Hagrid, de barba e cabelos sem trato, curvando-se para não bater a cabeça no teto; e Mundungo Fletcher, franzino, sujo e trapaceiro, com aqueles olhos caídos de basset hound e os cabelos empastados. O meu coração pareceu crescer e se iluminar ao vê-los; gostava incrivelmente de todos, até de Mundungo, que eu tentei estrangular da última vez que o encontrara.

  Mas… faltava alguém.

— Cadê a Rox?

  Rony praticamente suspirou, parecendo chateado.

— Não deixaram ela vir, você deve imaginar como ela ficou, minha irmã não é conhecida por ser miss simpatia. — Murmurou

— Não é nada sensato deixar “A Arma” sair livremente sem motivo nenhum com tantos Comensais da Morte atrás dela. — Retrucou Moody

— E a Ametista? — Eu o olhei — Está com ela, não é?

— Uma pedra que foi presente de um Comensal da Morte, bem sensato. — Moody tornou a retrucar — Não vamos basear a segurança do mundo bruxo em um romancezinho adolescente. É bem mais cauteloso manter a Médiumaga em segurança em casa, todos concordamos.

   Não querendo mais tocar nesse assunto me virei para outra pessoa, a qual sua presença aqui era um pouquinho estranha.

— Kingsley, pensei que você estivesse cuidando do primeiro-ministro trouxa, não? — Perguntei do lado oposto da cozinha

— Ele pode passar sem mim por uma noite. — Respondeu — Você é mais importante.

— Harry, adivinha? — Falou Tonks, empoleirada sobre a máquina de lavar roupa, acenando os dedos da mão esquerda para mim; brilhava ali uma aliança

— Você se casou? — Gritei, meu olhar correndo da auror para Lupin

— Que pena que você não pôde assistir, Harry, foi superíntimo.

— Genial, meus para…

— Tudo bem, tudo bem, teremos tempo depois para pôr as novidades em dia! — Rugiu Moody, abafando a algazarra, e fez-se silêncio na cozinha. O bruxo largou as sacas junto aos pés e se virou para mim — Dédalo provavelmente lhe disse que tivemos de abandonar o plano A. Pio Thicknesse passou-se para o outro lado, o que nos causou um grande problema. Decretou que são transgressões puníveis com prisão ligar esta casa à Rede de Flu, criar uma Chave de Portal, aparatar ou desaparatar aqui. Tudo em nome de sua maior proteção, para impedir que Você-Sabe-Quem chegue a você. Coisa absolutamente sem sentido, uma vez que o feitiço de sua mãe já se encarrega disso. Na realidade, o que ele fez foi impedi-lo de sair daqui em segurança.

  “Segundo problema: você é menor de idade, o que significa que ainda tem um rastreador.”

— Não estou...

— O rastreador, o rastreador! —Interrompeu Olho-Tonto com impaciência — O feitiço que detecta atividades mágicas em torno de menores de dezessete anos, e que permite ao Ministério descobrir quando um menor faz uso da magia! Se você, ou alguém ao seu redor, lançar um feitiço para tirá-lo daqui, Thicknesse saberá, e os Comensais da Morte também.

  “Não podemos esperar o rastreador caducar, porque, no momento em que você completar dezessete anos, perderá toda a proteção que sua mãe lhe deu. Em resumo: Pio Thicknesse acha que o encurralou de vez.”

   Eu não pude senão concordar com o desconhecido, o tal Thicknesse.

— Então, que vamos fazer?

— Vamos usar os únicos meios de transporte que nos restaram, os únicos que o rastreador não poderá detectar, porque não precisamos lançar feitiços para usar: vassouras, testrálios e a moto do Hagrid.

   Percebi falhas nesse plano; contudo, me calei para dar a Olho-Tonto a chance de continuar.

— Ora, o feitiço de sua mãe só se desfará sob duas condições: quando você se tornar maior ou — Moody fez um gesto abrangendo a cozinha impecável — quando deixar de chamar este lugar de lar. Hoje à noite você e seus tios vão seguir caminhos separados, concordando plenamente que jamais voltarão a viver juntos, certo?

   Eu assenti.

— Então desta vez, quando você sair, não haverá retorno, e o feitiço se desfará no momento em que deixar o âmbito desta casa. Decidimos desfazer o feitiço antes, porque a alternativa é esperar Você-Sabe-Quem entrar e capturá-lo no momento em que completar dezessete anos.

  “A única coisa que temos a nosso favor é que Você-Sabe-Quem ignora que estamos transferindo você hoje à noite. Deixamos vazar uma pista falsa no Ministério: acham que você vai esperar até o dia trinta. Ainda assim, estamos lidando com Você-Sabe-Quem, portanto não podemos confiar que ele se deixe enganar com a data; certamente, por precaução, terá alguns Comensais da Morte patrulhando o céu desta área. Então, equipamos umas doze casas diferentes com toda a proteção que é possível lhes dar. Todas
aparentam ser aquela em que vamos escondê-lo, todas têm alguma ligação com a Ordem: minha casa, a do Kingsley, a de Muriel, tia de Molly... entende a ideia.”

— Entendo. — Confirmei com pouca sinceridade, porque ainda era capaz de ver um enorme furo nesse plano

— Você vai para a casa dos pais de Tonks. Uma vez dentro dos limites dos feitiços protetores que lançamos sobre a casa, poderá usar uma Chave de Portal para A Toca. Alguma pergunta?

— Ah... sim. — Respondi — Talvez eles não saibam para qual das doze casas seguras eu irei primeiro, mas não ficará meio óbvio — E fiz uma rápida contagem das cabeças — quando catorze de nós voarmos para a casa dos pais de Tonks?

— Ah — Disse Moody —, me esqueci de mencionar o principal. Os catorze não irão voar para a casa dos pais de Tonks. Haverá sete Harry Potter deslocando-se pelo céu hoje à noite, cada um deles com um companheiro, cada par rumando para uma casa segura diferente.

   De dentro do casaco, Moody tirou um frasco contendo um líquido que parecia lama. Ele não precisou acrescentar mais nada: entendi o restante do plano imediatamente.

— Não! — Exclamei alto, minha voz ressoando pela cozinha — Nem pensar!

—  Eu avisei a eles que essa seria a sua reação. — Disse Hermione com um ar indulgente

— Se vocês acham que vou deixar seis pessoas arriscarem a vida...!

— ... porque é a primeira vez para todos nós, não é? — Interpôs Rony

— Isto é diferente, fingir ser eu...

— Bom, nenhum de nós gostou muito da ideia, Harry. — Disse Fred, sério — Imagine se alguma coisa der errado e continuarmos para o resto da vida retardados, magricelas e “ocludos”.

   Eu não sorri.

— Não poderão fazer isso se eu não cooperar, precisarão que eu ceda uns fios de cabelo.

— Então, lá se vai o plano por água abaixo. — Comentou George — É óbvio que não há a menor possibilidade de arranjar fios dos seus cabelos, a não ser que você colabore.

— É, treze de nós contra um cara proibido de usar magia; não temos a menor chance. — Acrescentou Fred

— Engraçado. — Resmunguei — Realmente hilário.

— Se tivermos que usar a força, usaremos. — Rosnou Moody, seu olho mágico agora estremecendo um pouco na órbita ao me encarar com severidade — Todos aqui são maiores de idade, Potter, e todos estão dispostos a se arriscar.

   Mundungo sacudiu os ombros e fez uma careta; o olho mágico virou de esguelha pelo lado da cabeça de Moody para repreendê-lo.

— Não vamos continuar a discutir. O tempo está passando. Quero alguns fios de cabelo seus, moleque, agora.

— Seria tão mais rápido e fácil se pedissem simplesmente pra Rox usar o teletransporte dela, o Ministério não tem acesso a ele e seria muito mais prático. — Resmunguei

— Seria, se ela estivesse conseguindo usar os poderes ou mesmo que pudesse sair de casa, não é? — Bufou Moody — Acha que não pensamos nisso!? Vamos, moleque, os fios de cabelo.

— Isto é loucura, não há necessidade…

— Não há necessidade! — Rosnou Moody — Com Você-Sabe-Quem aí fora e metade do Ministério do lado dele? Potter, se dermos sorte, ele terá engolido a pista falsa e estará planejando emboscar você no dia trinta, mas ele será doido se não mantiver um ou dois Comensais da Morte vigiando. É o que eu faria. Talvez eles não possam atingir você nem esta casa enquanto o feitiço de sua mãe estiver em vigor, mas está prestes a caducar e eles têm uma ideia geral de sua localização. A nossa única chance é usar chamarizes. Nem mesmo Você-Sabe-Quem é capaz de se dividir em sete.

   O meu olhar encontrou o de Hermione e desviou-se rapidamente.

—  Portanto, Potter, uns fios do seu cabelo, por gentileza.

  Eu olhei para Rony, que fez uma careta como se dissesse “dá logo”.

— Agora! — Vociferou Moody

   Com todos os olhares convergindo para mim, levei a mão ao topo da cabeça, agarrei um punhado de fios e os arranquei.

— Ótimo. — Disse Moody, mancando até mim e puxando a tampa do frasco de poção — Aqui dentro, por gentileza.

   Deixei cair os fios no líquido cor de lama. No instante em que meu cabelo tocou a sua superfície, a poção começou a espumar e fumegar e, instantaneamente, se tornou límpida e dourada.

— Ah, você parece muito mais gostoso que o Crabbe, Goyle ou a Pansy, Harry — Comentou Hermione antes de notar as sobrancelhas erguidas de Rony e, corando levemente, acrescentou —, ah, você entendeu o que eu quis dizer, a poção de Goyle lembrava um bicho-papão.

— Certo, então, os falsos Potter alinhem-se do lado de cá, por favor. — Pediu Moody

   Rony, Hermione, Fred, George e Fleur se enfileiraram à frente da reluzente pia de tia Petúnia.

— Falta um. — Disse Lupin

— Aqui. — Respondeu Hagrid rispidamente, e, erguendo Mundungo pelo cangote, largou-o ao lado de Fleur, que enrugou o nariz deliberadamente e foi se postar entre Fred e George.

— Eu lhe disse que preferia ser guarda. — Reclamou Mundungo

— Cala a boca. — Rosnou Moody — Como já lhe expliquei, seu verme invertebrado, quaisquer Comensais da Morte que encontrarmos tentarão capturar Potter, e não matá-lo. Dumbledore sempre disse que Você-Sabe-Quem iria querer liquidar Potter pessoalmente. Serão os guardas que terão de se preocupar mais, os Comensais da Morte tentarão eliminá-los.

   Mundungo não pareceu muito tranquilo, mas Moody já tinha tirado de dentro da capa meia dúzia de cálices, que distribuiu após servir em cada um a dose da Poção Polissuco.

— Todos juntos, então…

   Rony, Hermione, Fred, George, Fleur e Mundungo beberam. Todos ofegaram e fizeram caretas quando a poção chegou à garganta: imediatamente, suas feições começaram a borbulhar e distorcer como cera quente. Hermione e Mundungo cresceram de repente; Rony, Fred e Jorge encolheram; seus cabelos escureceram, os de Hermione e Fleur pareceram reentrar na cabeça.

   Moody, indiferente, começou a soltar os cordões das enormes sacas que trouxera: quando tornou a se aprumar, havia seis Harry Potter exclamando ofegantes diante dele. Fred e George se viraram um para o outro e disseram juntos:

— Uau... estamos idênticos!

— Não sei, não, acho que estou mais bonito. — Comentou Fred, examinando seu reflexo na chaleira

— Bah! — Exclamou Fleur, mirando-se na porta do micro-ondas —, Bill, nam olhe parra mim: estam horrenda.

— Se as roupas ficarem largas em vocês, há tamanhos menores aqui — Disse Moody, indicando a primeira saca —, e vice-versa. Não esqueçam os óculos, há seis pares no bolso lateral. E depois de se vestirem, a bagagem está na segunda saca.

   Eu achei que aquela talvez fosse a cena mais bizarra que já presenciei na vida, e já vira coisas extremamente exóticas. Observei meus seis duplos mexerem na saca de roupa, tirar trajes completos, pôr os óculos e guardar as próprias coisas. Tive vontade de pedir que demonstrassem um pouco mais de respeito por minha intimidade quando começaram a se despir sem censura, visivelmente mais à vontade em desnudar o meu corpo do que estariam com os seus próprios corpos.

— Eu sabia que Ginny estava mentindo sobre aquela tatuagem. — Disse Rony, olhando para o próprio peito nu

— Harry, a sua visão é ruim mesmo. —Comentou Hermione, ao colocar os óculos

   Uma vez vestidos, os falsos Harry Potter tiraram da segunda saca mochilas e gaiolas de coruja, cada uma contendo uma alvíssima coruja empalhada.

— Ótimo. — Aprovou Moody, quando, por fim, os sete Harry vestidos, equipados com óculos e bagagem, se viraram para ele — Os pares serão os seguintes: Mundungo irá viajar comigo de vassoura…

— Por que vou com você? — Protestou o Harry mais perto da porta dos fundos

— Porque você é o único que precisa de vigilância. — Rosnou Moody, e, de fato, seu olho mágico não se desviou de Mundungo enquanto continuava —, Arthur e Fred…

— Eu sou o George. — Disse o gêmeo para quem Moody estava apontando — Você não consegue nos distinguir nem quando somos Harry?

— Desculpe, George…

— Eu só estou zoando você, na verdade sou o Fred…

— Chega de brincadeiras! — Rosnou Moody — O outro... Fred ou George, seja lá quem for, você vai com Remo. Srta. Delacour…

— Vou levar Fleur em um testrálio. — Disse Bill — Ela não gosta muito de vassouras.

   Fleur foi para junto dele, lançando-lhe um olhar apaixonado e servil que desejei de todo o coração que jamais voltasse a aparecer em meu rosto.

— Srta. Granger com Kingsley, também em um testrálio…

   Hermione pareceu mais tranquila ao retribuir o sorriso de Kingsley; eu sabia que ela também não se sentia segura em uma vassoura.

— E você sobra para mim, Rony! —Comentou Tonks animada, derrubando um porta-canecas ao acenar para ele

   Rony não pareceu tão satisfeito quanto Hermione.

— E você vai comigo, Harry. É isso? —Perguntou Hagrid, parecendo um pouco ansioso — Iremos de moto. Vassouras e testrálios não aguentam o meu peso, entende. Não sobra muito espaço depois que eu me sento, então você irá no sidecar.

— Beleza. — Falei, sem muita sinceridade

— Achamos que os Comensais da Morte esperarão que você esteja voando em uma vassoura. — Explicou Moody, que pareceu perceber o que eu estava sentindo — Snape já teve tempo suficiente para acabar de informar a eles tudo que sabe sobre você, por isso, se toparmos com Comensais, apostamos que irão escolher um Harry que pareça à vontade montando uma vassoura. Muito bem, então — Continuou Moody, amarrando a saca com as minhas roupas falsas e saindo primeiro para o quintal — Calculo que faltem três minutos para o nosso horário de partida. Não adianta trancar a porta dos fundos, não vai segurar os Comensais da Morte quando vierem procurar você... Vamos…

   Corri ao hall para apanhar minha mochila, a Firebolt e a gaiola de Edwiges antes de me reunir aos outros no quintal escuro. A toda volta, vassouras saltaram para as mãos dos donos; Kingsley já tinha ajudado Hermione a montar um grande testrálio negro; e Bill ajudou Fleur. Hagrid estava pronto ao lado da moto, com os óculos de proteção.

— É essa? A moto de Sirius?

— A própria. — Respondeu Hagrid, sorrindo para mim — E a última vez em que a montou, Harry, você cabia em uma das minhas mãos!

   Eu não pude deixar de me sentir um pouquinho humilhado ao embarcar no sidecar. Isto me colocava vários metros abaixo dos demais: Rony deu um sorrisinho debochado ao me ver sentado ali, como uma criança em um carrinho de parque de diversões. Eu empurrei a mochila e a vassoura para o lugar dos pés e encaixei a gaiola de Edwiges entre meus joelhos. Ficou extremamente desconfortável.

— Arthur andou fazendo uns ajustes. —Contou Hagrid, indiferente ao meu desconforto. Montou, então, a moto que rangeu um pouco e afundou alguns centímetros no solo — Agora tem uns botões especiais no guidão. Esse aí foi minha ideia — Hagrid apontou com o grosso dedo um botão roxo junto ao velocímetro

— Por favor, tenha cuidado, Hagrid. —Recomendou o sr. Weasley, que estava parado ao nosso lado, segurando a vassoura — Ainda não tenho certeza se é aconselhável, e certamente só deve ser usado em emergências.

— Muito bem, então. — Anunciou Moody — Todos a postos, por favor; quero que todos saiam exatamente na mesma hora, ou invalidamos a ideia de despistamento.

   Todos montaram as vassouras.

— Segure-se firme agora, Rony — Disse Tonks, e vi meu amigo lançar um olhar furtivo e culpado a Lupin antes de colocar as mãos na cintura da bruxa. Hagrid deu partida na moto, que roncou como um dragão e o sidecar começou a vibrar.

— Boa sorte a todos! — Gritou Moody — Vejo vocês dentro de uma meia hora n’A Toca. Quando eu contar três. Um... dois... TRÊS.

   Ouviu-se o estrondo da moto, e senti o sidecar avançar assustadoramente; estávamos levantando voo em alta velocidade, meus olhos lacrimejavam um pouco, meus cabelos foram varridos para trás. À minha volta, as vassouras subiam também: a cauda longa e negra de um testrálio me ultrapassou. As minhas pernas, entaladas no sidecar pela gaiola de Edwiges e a mochila, já estavam doendo e começando a ficar dormentes. Meu desconforto era tão grande que eu quase me esqueci de lançar um último olhar ao número quatro da rua dos Alfeneiros; quando finalmente olhei pelo lado do sidecar, já não sabia distinguir qual era a casa. Fomos subindo, sem parar, em direção ao céu...

   Então, de repente, sem ninguém saber de onde nem como, nos vimos cercados. No mínimo uns trinta vultos encapuzados pairavam no ar, formando um vasto círculo no meio do qual entraram os membros da Ordem, sem perceber…

  Gritos, clarões verdes para todo lado: Hagrid soltou um berro e a moto virou de cabeça para baixo. Perdi a noção de onde estávamos: lampiões de rua no alto, berros à minha volta, eu agarrado ao sidecar, como se disso dependesse minha vida. A gaiola de Edwiges, a Firebolt e a mochila escorregaram de baixo dos meus joelhos...

— Não...! EDWIGES!

   A vassoura girou em direção ao solo, mas eu consegui, por um triz, agarrar a alça da mochila e a gaiola quando a moto voltou à posição normal. Um segundo de alívio e outro clarão verde. A coruja soltou um grito agudo e tombou no chão da gaiola.

— Não... NÃO!

   A moto avançava veloz; de relance, vi Comensais da Morte encapuzados se dispersarem quando Hagrid rompeu o seu círculo.

— Edwiges... Edwiges…

   A coruja, porém, continuou no chão da gaiola, imóvel e patética como um brinquedo. Eu não conseguia acreditar, e senti um supremo terror pelos companheiros. Espiei rapidamente por cima do ombro e vi uma massa de gente se deslocando, clarões verdes, dois pares montados em vassouras se distanciavam, mas não sabia dizer quem eram…

— Hagrid, temos que voltar, temos que voltar! — Berrei para sobrepor a voz ao ronco atroante do motor, empunhei a varinha, empurrei a gaiola de Edwiges para o chão, se recusando a aceitar que estivesse morta — Hagrid, DÊ MEIA-VOLTA!

— Minha obrigação é levar você em segurança, Harry! — Berrou Hagrid, acelerando

— Pare... PARE! — Gritei. Quando tornei a olhar para trás, dois jorros de luz verde passaram voando por minha orelha esquerda: quatro Comensais da Morte tinham deixado o círculo e vinham em minha perseguição, fazendo pontaria nas largas costas de Hagrid. O bruxo se desviou, mas os Comensais emparelharam com a moto; lançaram mais feitiços contra nós, e tive que me abaixar para evitá-los.

   Torcendo-me para trás, ordenei “Estupefaça!”, e um raio de luz vermelha partiu de minha varinha, abrindo uma brecha entre os quatro perseguidores, ao se dispersarem para evitar ser atingidos.

— Segure-se, Harry, isso acabará com eles. — Rugiu Hagrid, e ergui os olhos bem em tempo de o ver meter o dedo grosso em um botão verde ao lado do medidor de gasolina

   Uma parede, uma parede maciça de tijolos irrompeu do cano de escape. Espichando o pescoço a vi expandir-se no ar. Três dos Comensais da Morte se desviaram para evitá-la, mas o quarto não teve tanta sorte: desapareceu e em seguida despencou como uma pedra por trás da parede, sua vassoura despedaçada. Um dos companheiros diminuiu a velocidade para socorrê-lo, mas eles e a parede voadora foram engolidos pela escuridão quando Hagrid se inclinou por cima do guidão e acelerou.

   Mais Maldições da Morte lançadas pelos dois Comensais sobreviventes voaram pelos lados da minha cabeça, mirando Hagrid. Eu respondia com Feitiços Estuporantes; vermelho e verde colidiam no ar produzindo uma chuva de faíscas multicoloridas, e pensei intempestivamente em fogos de artifício, e nos trouxas lá embaixo que não fariam ideia do que estava acontecendo…

— Lá vamos nós outra vez, Harry, segure-se. — Berrou Hagrid, apertando um segundo botão

   Desta vez saiu uma rede pelo escape, mas os Comensais da Morte estavam preparados. Não só se desviaram, como o que havia desacelerado para salvar o amigo inconsciente os alcançou: brotou inesperadamente da escuridão e agora três deles vinham em perseguição da moto, todos disparando feitiços.

— Isso vai resolver, Harry, segure firme! — Berrou Hagrid, e o vi bater com a mão espalmada no botão roxo ao lado do velocímetro

   Com um urro inconfundível, o fogo de dragão, incandescente e azul, jorrou pelo escape e a moto arrancou com a velocidade de uma bala, produzindo um som metálico. Vi os Comensais da Morte desaparecerem para evitar a trilha mortífera de chamas e ao mesmo tempo senti o sidecar sacudir sinistramente: as ligações metálicas que me prendiam à moto racharam com a violência da aceleração.

— Tudo bem, Harry! — Berrou Hagrid, empurrado para trás pelo ímpeto da moto; ninguém controlava agora, e o sidecar começou a se retorcer violentamente no jato de ar que a moto deslocava.

  “Estou alerta, Harry, não se preocupe!”, berrou Hagrid, e, do bolso do blusão, ele tirou o guarda-chuva cor-de-rosa e florido.

— Hagrid! Não! Deixa comigo!

— REPARO!

   Ouviu-se um estampido ensurdecedor e o sidecar se soltou completamente: eu disparei para a frente, impulsionado pela velocidade da moto, então o sidecar começou a perder altura...

   Desesperado, apontei a varinha para o carro e gritei:

Wingardium Leviosa!

   O sidecar subiu como uma rolha, desgovernada, mas, pelo menos, no ar. Meu alívio, porém, durou apenas segundos: mais feitiços passaram por mim como raios, os três Comensais da Morte agora mais próximos.

— Estou chegando, Harry! — Gritou Hagrid da escuridão, mas senti o sidecar recomeçar a afundar.

   Agachando-se o mais baixo que podia, apontei para os vultos que seaproximavam e berrei:

Impedimenta!

   O feitiço atingiu no peito o Comensal do centro. Por um instante, o homem abriu absurdamente braços e pernas no ar, como se tivesse batido contra uma barreira invisível: um dos seus companheiros quase se chocou com ele…

   Então o sidecar começou de fato a cair e um dos Comensais disparou um feitiço tão perto de mim que precisei me encolher abaixo da borda do sidecar, e perdi um dente ao bater contra o assento…

— Estou indo, Harry, estou indo!

   Uma mão descomunal agarrou as minhas vestes pelas costas e me guindou para fora do sidecar em mergulho irreversível; puxei para mim a mochila ao me arrastar para o assento da moto e me vi sentado de costas para Hagrid. Ao ganharmos altitude, afastando-se dos dois Comensais da Morte restantes, cuspi sangue da boca, e, apontando a varinha para o sidecar que caía, gritei:

Confringo!

   Senti uma dor terrível como se me arrancassem as entranhas quando Edwiges explodiu; o Comensal mais próximo foi arrancado da vassoura e saiu do meu campo de visão; o companheiro recuou e desapareceu.

— Harry, me desculpe, me desculpe. — Gemeu Hagrid — Eu devia ter tentado consertar o sidecar... você ficou sem espaço…

— Isto não é problema, continue voando! — Gritei em resposta, no momento em que mais dois Comensais da Morte emergiam da escuridão e vinham em nossa direção

   Quando os feitiços cortaram o espaço entre nós, Hagrid se desviou e ziguezagueou; eu sabia que ele não ousaria usar novamente o botão do fogo de dragão, comigo sentado sem a menor segurança. Disparei um Feitiço Estuporante atrás do outro contra os perseguidores, mal conseguindo mantê-los a distância. Disparei outro feitiço para detê-los: o Comensal mais próximo desviou-se e seu capuz caiu, e, à luz vermelha do Feitiço Estuporante seguinte, reconheci o estranho rosto vidrado de Stanislau Shunpike, o Lalau..

Expelliarmus! — Berrei

— É ele, é ele, o verdadeiro!

   O grito do Comensal encapuzado chegou aos meus ouvidos apesar do ronco da moto: no momento seguinte, mais dois perseguidores tinham recuado e desaparecido de vista.

— Harry, que aconteceu? — Berrou Hagrid — Onde eles se meteram?

— Não sei!

   Eu, porém, tive medo: o Comensal encapuzado gritara “é o verdadeiro”; como soubera? Corri os olhos pela escuridão aparentemente vazia e senti o perigo. Onde estavam? Me virei no assento para ficar de frente e me agarrei nas costas do blusão de Hagrid.

— Hagrid, use o fogo do dragão outra vez, vamos dar o fora daqui.

— Segure-se bem, então, Harry!

   Ouviu-se uma trovoada metálica e ensurdecedora e o fogo branco-azulado jorrou do escape: senti que estava escorregando para trás no pouco assento que me cabia, Hagrid foi atirado para cima de mim, mal conseguindo manter as mãos no guidão…

— Acho que despistamos eles, Harry, acho que conseguimos! — Berrou Hagrid

   Contudo, não me convenci: o medo me envolvia enquanto olhava à direita e à esquerda, à procura dos perseguidores e seguro de que viriam... Por que teriam recuado? Um deles ainda segurava a varinha... “É ele, é ele, o verdadeiro”... tinham exclamado logo depois que ele tentara desarmar Lalau…

— Estamos quase chegando, Harry, estamos quase conseguindo! — Gritou Hagrid

   Senti a moto perder um pouco de altitude, embora as luzes em terra ainda parecessem estrelas remotas.

   Então a cicatriz em minha testa ardeu em brasa: dois Comensais apareceram dos lados da moto, duas Maldições da Morte lançadas por trás passaram a milímetros de mim… Então eu o vi. Voldemort vinha voando como fumaça ao vento, sem vassoura nem testrálio para sustentá-lo, seu rosto ofídico brilhando na escuridão, seus dedos brancos erguendo mais uma vez a varinha... Hagrid soltou um urro amedrontado e mergulhou a moto verticalmente. Segurando-se como se a minha vida dependesse disso, disparei Feitiços Estuporantes a esmo para a noite vertiginosa. Vi um corpo passar por mim e soube que tinha atingido alguém, mas, em seguida, ouvi um estampido e vi saírem faíscas do motor; a moto entrou em uma espiral descendente, completamente descontrolada…

   Jatos de luz verde tornaram a passar por nós. Eu estava totalmente desorientado: minha cicatriz continuava a queimar; esperei morrer a qualquer segundo. Uma figura encapuzada em uma vassoura vinha a centímetros de mim, eu o vi erguer o braço...

— NÃO!

   Com um grito de fúria, Hagrid se atirou da moto contra o Comensal da Morte; para meu horror, vi os dois bruxos caírem e desaparecer, seus pesos somados excessivos para a vassoura…

   Mal se segurando na moto com os joelhos, ouvi Voldemort gritar:

Meu!
 
   Era o fim: eu não ouvia nem via onde Voldemort estava; de relance, percebi outro Comensal da Morte fazer uma curva para se afastar do caminho e ouvi: Avada…

   Quando a dor me forçou a fechar os olhos, minha varinha agiu por vontade própria. Senti-a arrastar meu braço como um enorme magneto, pelas pálpebras entreabertas vi um jorro de fogo dourado, ouvi um estalido e um grito de fúria. O Comensal da Morte restante urrou; Voldemort berrou:

— NÃO!

   De algum modo, me dei conta de que estava com o nariz a dois centímetros do botão do fogo de dragão; soquei-o com a mão livre e a moto disparou mais chamas no ar, precipitando-se para o solo.

— Hagrid! — Chamei, se segurando com força à moto — Hagrid... Accio Hagrid!

   A moto acelerou, puxada para a terra. Com o rosto ao nível do guidão, eu nada via exceto luzes distantes que se aproximavam sem parar: ia bater e não havia nada que pudesse fazer. Atrás de mim, outro grito…

Sua varinha, Selwyn, me dê sua varinha!

   Senti Voldemort antes de vê-lo. Olhando de esguelha, deparei com os olhos vermelhos e tive certeza de que seria a última coisa que veria na vida: Voldemort preparando-se para me amaldiçoar.

   Então o lorde sumiu. Olhei para baixo e vi Hagrid de pernas e braços abertos no chão: puxei com força o guidão para evitar bater nele, tateei à procura do freio, mas, com um estrondo de furar os tímpanos e uma colisão de fazer o chão tremer, a moto bateu com grande impacto em um laguinho lamacento.

Helloooo bruxinhoooos!!

   Como estamos?

   Desculpem a demora, acabei atrasando, mas aqui está o capítulo. Depressão porque Relíquias da Morte só tem isso, né?

   Bom, nos vemos quarta-feira.

– Bjosss da tia Nick.

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