{68} A final do Campeonato de Quadribol
Quando passamos pela bruxa de um olho só, Harry lembrou-se da Capa da Invisibilidade, que havia deixado lá, mas não se atreveu a ir buscá-la.
— A culpa é nossa. — Disse Rony sem rodeios e eu assinti — Nós o convencemos a ir. Lupin tem razão, foi uma estupidez e não devíamos ter feito isso...
Ele parou de falar; tínhamos chegado ao corredor onde os trasgos de segurança estavam patrulhando e Hermione vinha ao nosso encontro. Uma olhada no rosto dela me convenceu de que ela ouvira falar do que acontecera. Senti um peso no coração... será que ela contara à Professora McGonagall?
— Veio tripudiar? — Perguntou Rony ferozmente quando a garota parou diante de nós — Ou acabou de nos denunciar?
— Não. — Respondeu Hermione. Ela segurava uma carta nas mãos e seus lábios tremiam — Só achei que vocês deviam saber... Hagrid perdeu o caso. Bicuço vai ser executado. — Ele... ele me mandou isto. — Acrescentou entregando a carta
Harry apanhou-a. O pergaminho estava úmido, e enormes gotas de lágrimas tinham borrado tão completamente a tinta em alguns pontos que era difícil ler a carta. Mas consegui decifrar.
Cara Mione,
Perdemos. Tive permissão de trazer Bicuço de volta a Hogwarts.
A data da execução vai ser marcada.
Bicucinho gostou de Londres.
Não vou esquecer toda a ajuda que você nos deu.
Hagrid
— O quê? — Exclamei em choque
— Eles não podem fazer isso. — Disse Harry — Não podem. Bicuço não é perigoso.
— O pai de Malfoy deve ter intimidado a Comissão para ela fazer isso. — Disse Hermione, enxugando as lágrimas — Vocês sabem como ele é. Os outros são um bando de velhos caducos e bobos e ficaram com medo. Mas vai haver recurso, sempre há. Só que não consigo ver nenhuma esperança... nada vai mudar até lá.
— Vai, sim. — Disse Rony com ferocidade— Você não vai ter que fazer o trabalho todo sozinha desta vez, Mione. Eu vou ajudar.
— Ah, Rony!
Hermione atirou os braços ao pescoço do meu irmão e desabou completamente. Rony, com cara de terror, acariciou muito sem jeito o topo da cabeça da garota. Finalmente, ela se afastou.
— Rony, eu realmente sinto muito, muito mesmo, pelo Perebas... — Soluçou ela
— Ah... bem... ele estava velho. — Disse Rony, parecendo muitíssimo aliviado por Hermione o ter soltado — E estava ficando meio inútil. Nunca se sabe, talvez mamãe e papai me comprem uma coruja agora.
Senti pequenas lágrimas caírem sobre o meu rosto e fechei minha mão com força, senti minhas unhas cravarem na palma da minha mão e o sangue escorrer, isso não ia ficar assim, não ia mesmo.
— Rox? — Ouvi Harry falar e então Mione e Rony olharem pra mim
Os dei uma última olhada e saí, dei meia volta relutante e comecei a andar batendo o pé pelo castelo totalmente impaciente.
— Rox, onde você vai?
— Rox?
Ainda escutei os três me chamarem enquanto corriam atrás de mim, mas nem me importei, virei um corredor, sem saber direito aonde eu estava indo, mas foi quando eu o vi. Sentado na sacada da janela com os seus amigos, rindo como se tivesse acabado de ouvir ou contar uma piada. E então Crabbe o tocou de leve o fazendo se virar e perceber que eu estava indo em sua direção.
— Rox? — Ele sussurrou parecendo ligeiramente assustado ou intrigado
Mas eu não me importei, me aproximei mais dele e... PÁ!
Dei uma tapa do rosto de Draco com toda a força que eu pude reunir. Malfoy cambaleou. Crabbe e Goyle ficaram parados, estupefatos, enquanto eu tornava a levantar a mão.
— Você não tem noção? O que você tem na cabeça? Seu... seu escroto, idiota! — E então comecei a dar alguns socos em seu peitoral e algumas lágrimas caíram do meu rosto — Sua barata nojenta, repugnante e asquerosa!
Observei seu rosto, ele parecia assustado e intrigado.
— É sua culpa! — Falei agora apontando o dedo em seu rosto — É TUDO SUA CULPA, PORQUE VOCÊ É UM GAROTO ESCROTO E MIMADO, O BICUÇO VAI SER EXECUTADO E TUDO ISSO PORQUE VOCÊ QUERIA CHAMAR ATENÇÃO NA AULA!
— O quê? — Ele pareceu surpreso com o que eu falei e me olhava mais assustado do que com raiva
— Rox! — Pude escutar a exclamação de Rony com a voz fraca
— Sai, Rony! É culpa dele, tudo culpa dele!
— Rox, eu não sabia, eu juro que não sabia que isso ia acontecer... o meu pai...
— EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ! NÃO ACREDITO EM NADA DO QUE VOCÊ DIZ... VOCÊ... você... — E então abaixei a voz suavemente, a raiva e a tristeza tomando conta, a mágoa era enorme
— Roxanne! — Rony falou de novo tentando me puxar pra longe dele
Mas então eu puxei a varinha, a mão trêmula. Malfoy recuou. Crabbe e Goyle olharam para ele pedindo instruções, inteiramente abobados.
— Vamos. — Murmurou Malfoy com uma voz tristonha e, num instante, os três tinham desaparecido no corredor que levava às masmorras
— Rox! — Tornou a exclamar Rony, parecendo ao mesmo tempo espantado e impressionado — Meu Merlim, você bateu nele, você simplesmente bateu.
Me virei para eles, ainda com o rosto em leves lágrimas, suspirei fundo tentando me manter forte e então me virei para Harry, que assim como Mione estavam perplexos.
— Acho bom você dar uma surra nele na final de quadribol! — Falei com a voz esganiçada — Acho bom dar, porque não vou suportar ver Slytherin vencer! E se vencerem, eu pego a minha vassoura e vou eu mesmo dar uma lição de moral naquele engomadinho.
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As medidas de segurança impostas aos alunos desde a segunda invasão de Black impediram que fôssemos visitar Hagrid à noite. A única oportunidade que tinhamos de falar com ele era durante a aula de Trato das Criaturas Mágicas. Ele parecia ter ficado aparvalhado com o veredicto da Comissão, ficava se culpando e eu estava muito mal com tudo aquilo, mas que tudo, eu estava magoada com Draco, ele chegou a me mandar duas cartas por Colin e eu joguei as duas na lareira, não estava com raiva e sim, me sentindo profundamente traída.
As férias da Páscoa, por sua vez não foram exatamente relaxantes. Os alunos do terceiro ano nunca tinham recebido tantos deveres para casa. Neville Longbottom parecia às vésperas de um colapso nervoso, e não era o único.
— Chamam a isso de férias! — Bradou Seamus Finnigan certa tarde na sala comunal — Ainda faltam séculos para os exames, qual é a deles!
Mas ninguém tinha tanto a fazer quanto Hermione. Mesmo sem Adivinhação, – cuja matéria ela tinha desistido, após uma discussão com a Professora Trelawney — ela estava estudando mais matérias do que todos os outros. Em geral era a última a deixar a sala comunal à noite, a primeira a chegar na biblioteca na manhã seguinte; tinha olheiras iguais as de Lupin e parecia estar constantemente prestes a cair no choro.
Rony e eu assumimos a responsabilidade pelo recurso de Bicuço. Quando não estavamos cuidando dos nossos próprios deveres, estavamos examinando volumes grossíssimos com títulos do tipo O manual da psicologia do hipogrifo e Ave ou vilão? Um estudo sobre a brutalidade do hipogrifo. Rony ficou tão absorto que até se esqueceu de ser antipático com o Bichento. Harry estava lotado de treinos de quadribol, já que a partida Gryffindor-Slytherin estava marcada para o primeiro sábado depois das férias de Páscoa. Com tanta coisa para fazer, não tive mais que me preocupar com Malfoy no meu pé, imagino que ele também estivesse lotado de tarefas e treinos.
Slytherin liderava o campeonato por exatos duzentos pontos. Isto significava (conforme Oliver não parava de lembrar ao seu time) que eles precisavam vencer a partida por um número de pontos superior a duzentos para ganhar a Taça. Significava, ainda, que a responsabilidade de vencer cabia em grande parte a Harry, porque capturar o pomo valia cento e cinquenta pontos. Oliver não parava de dizer que Harry precisava esperar o time marcar pelo menos uma margem maior de cinquenta pontos, antes que ele pegasse o pomo, que se assim ele fizesse, a taça seria nossa.
Toda a Gryffindor estava obcecada com a próxima partida. Acontece que nossa casa não ganhava a Taça de Quadribol desde que o lendário e maravilhoso Charlie Weasley (Sim, o meu segundo irmão mais velho no caso) jogara como apanhador. Além disso, uma rivalidade crescia entre a Gryffindor e a Slytherin, não era apenas Harry e Draco e sim todos das casas. Nunca, na lembrança de ninguém, uma partida se aproximara com uma atmosfera tão carregada. Quando as férias terminaram, a tensão entre os dois times e suas casas estava a ponto de explodir. Pequenas brigas irrompiam nos corredores, que culminaram em um incidente perverso, no qual um quartanista da Gryffindor e um sextanista da Slytherin acabaram na ala hospitalar, com alhos-porós brotando dos ouvidos.
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Todas as atividades normais na sala comunal foram abandonadas na véspera do jogo. Até Hermione pusera os livros de lado.
— Não consigo estudar, não consigo me concentrar. — Comentou ela, nervosa
Havia uma grande algazarra. Fred e George enfrentavam a pressão agindo com mais barulho e exuberância que nunca. Oliver estava a um canto debruçado sobre a maquete de um campo de quadribol, empurrando bonequinhos com a varinha e resmungando. Angelina, Alícia e Katie riam das piadas de Fred e George. Harry se sentara comigo, Rony e Hermione afastado do centro das atividades, imagino que ele procurava não pensar no dia seguinte, ele parecia nervoso.
— Você vai se sair bem. — Disse Hermione a ele, embora parecesse decididamente aterrorizada
— Claro que vai, você é o melhor apanhador da história, Harry! Tirando o meu irmão, óbvio. Mas tenho certeza que você vai ser ótimo. — Falei tentando o animar
— Você tem uma Firebolt! — Concluiu Rony
— É... — Respondeu Harry, meio acanhado
Pareceu um alívio para ele quando Wood se levantou e gritou:
— Time! Cama!
Harry e o resto do time da Gryffindor entraram no Salão Principal, no dia seguinte, sob uma tempestade de aplausos. Até as mesas da Ravenclaw e Hufflepuff os aplaudiam também. A mesa da Slytherin, por outro lado, vaiou alto quando eles passaram. Não pude deixar de reparar que Malfoy parecia mais pálido do que de costume.
Oliver passou o café da manhã inteiro insistindo para que o time comesse, sem, contudo, se servir de nada. Depois apressou-os a se dirigirem ao campo antes que os outros tivessem terminado, para terem uma ideia das condições de jogo. Quando saíram do Salão Principal, receberam novos aplausos.
Eu havia vestido uma roupa toda vermelha com dourado, mas com alguns detalhes pretos, é claro. E Parvati fez questão de fazer um penteado no meu cabelo, assim como no de Lavender, Amélia e no dela, e colocou um daqueles utensílios indianos que ela me presenteou no natal. Diz ela que é um Headband indiano de penas. Amélia por sua vez pintou nossos rostos fazendo meio que um leão, até que estávamos bonitas, embora eu achasse tudo aquilo um exagero.
— Estamos parecendo gêmeas. — Lia exclamou animada se olhando no espelho, seu longo cabelo cacheado solto com um Headband igual o meu
— Quadrigêmeas. — Lavender corrigiu, ela estava com o cabelo solto da mesma forma e também tinha o rosto pintado — A diferença é que eu sou loira, a Rox é ruiva, você é morena do cabelo cacheado e a Pati tem cabelos pretos e lisos.
— É, você tem razão. — Lia concordou — Partiu jogo, então?
— Finalmente. — Falei me levantando em um salto — Acho que exageramos demais, ok que é um jogo importante, na verdade extremamente importante. Mas até parece que estamos indo arrumar marido.
As meninas se entreolharam entre si e sorriram. Mas é claro, Pati ia torcer pelo Harry, Lia pelo George e Lav queria ver o Rony, como não pensei nisso?
— Mulheres se arrumam pra se sentir bonitas consigo mesma, não por causa de garotos. — Parvati argumentou quando finalmente estávamos indo para a arquibancada
— Aham, sei. — Resmunguei rindo
— Meninas. — Bradou Seamus em um tom divertido — Estão bonitas, leoas.
Apenas revirei os olhos, enquanto elas riam agradecendo, e finalmente chegamos até onde Rony estava com Hermione.
— Que demora, o jogo tá já começando e... Isso é pena no cabelo de vocês? E... que é isso nos seus rostos?
— Pelas barbas de Merlim. — Exclamei batendo a palma da minha mão no rosto com o comentário do meu irmão, mas graças aos céus escutei a voz de Jordan indicando que o jogo começara
“E aí vem o time da Gryffindor!”, bradou ele, que, como sempre, fazia a irradiação
O time entrou em campo sob uma onda gigantesca de aplausos. Três quartos da torcida usavam rosetas vermelhas, agitavam bandeiras vermelhas com o leão da Gryffindor ou faixas com palavras de ordem: “PRA FRENTE GRYFFINDOR!” e “A COPA É DOS LEÕES!”. Atrás das balizas da Slytherin, porém, duzentos torcedores se cobriam de verde; a serpente prateada da casa refulgia em suas bandeiras e o Prof. Snape estava sentado na primeira fila, vestindo verde como os demais, exibindo um sorriso muito sinistro.
“Potter, Bell, Johnson, Spinnet, Weasley, Weasley e Wood. Considerado por todos o melhor time que Hogwarts já viu em muitos anos...” Os comentários de Lee foram abafados por uma onda de vaias da torcida da Slytherin, mas nós continuavamos batendo palmas fortemente. “E aí vem o time da Slytherin, liderado pelo capitão Flint. Ele fez algumas alterações no esquema tático e parece ter preferido o peso à qualidade...”
Mais vaias da torcida da Slytherin. Eu, porém, achei que Lee tinha razão. Malfoy era, sem discussão, o menor jogador do time; todos os outros eram enormes.
— Capitães, apertem-se as mãos! — Disse Madame Hooch
Flint e Wood se aproximaram e se apertaram as mãos com força; davam a impressão de que estavam querendo quebrar os dedos um do outro.
— Montem nas vassouras! — Disse Madame Hooch — Três... dois... um...
O som do seu apito se perdeu no estrondo das torcidas na hora em que as catorze vassouras levantaram voo. Vi que Draco voava na esteira de Harry, como se o seguisse e Harry logo aumentou a velocidade para ir à procura do pomo.
“E Gryffindor com a posse da bola, Alícia Spinnet da Gryffindor com a goles, voando direto para as balizas da Slytherin, em boa forma, Alícia! Arre, não – a goles foi interceptada por Warrington, Warrington da Slytherin partindo em velocidade pelo campo – PAM! – uma boa rebatida de um balaço por George Weasley, Warrington deixa cair a goles, que é apanhada por... Johnson, Gryffindor com a posse da bola outra vez, aí Angelina – bom desvio de Montague – se abaixa Angelina, aí vem um balaço! – ELA MARCA! DEZ A ZERO PARA GRYFFINDOR!”
Angelina deu um soco no ar ao sobrevoar o extremo do campo; o mar vermelho nas arquibancadas berrou de felicidade...
— AI!
Angelina quase foi derrubada da vassoura por Marcos Flint ao colidir em cheio com ela.
— Desculpe! — Escutei Flint dizer enquanto os torcedores lá embaixo vaiavam — Desculpe eu não vi a jogadora!
Não demorou muito, Fred atirou o bastão contra a cabeça de Flint, cujo nariz bateu com força no cabo da vassoura e começou a sangrar.
— Chega! — Gritou Madame Hooch, mergulhando entre os dois — Pênalti contra Gryffindor pelo ataque gratuito ao artilheiro do seu adversário! Pênalti contra Slytherin por prejuízo intencional ao artilheiro do seu adversá rio!
— Ah, nem vem! — Berrou Fred, mas Madame Hooch apitou e Alícia se adiantou para cobrar o pênalti
“Aí, Alícia!”, gritou Lee no silêncio que se abatera sobre as arquibancadas. “SIM, SENHORES! ELA FUROU O GOLEIRO! VINTE A ZERO PARA GRYFFINDOR!”
— Que fofo, ele defendeu a Angelina, ele gosta dela não é? — Ainda escutei Lav falar do meu lado, mas nem respondi pois meus olhos estavam fixos no jogo
Harry deu uma guinada na Firebolt. Flint, ainda estava sangrando à beça, e voava para cobrar o pênalti contra Slytherin. Oliver sobrevoava as balizas da Gryffindor, os maxilares contraídos.
“É claro que Wood é um esplêndido goleiro!”, comentou Lee Jordan para os ouvintes enquanto Flint aguardava o apito de Madame Hooch. “Esplêndido!Difícil de vazar – muito difícil mesmo – SIM SENHORES! EU NÃO ACREDITO! ELE AGARROU A BOLA!”
Com certeza, aliviado, Harry se afastou velozmente, espiando para todos os lados à procura do pomo.
“Gryffindor com a posse, não, Slytherin com a posse – não! – Gryffindor retoma a posse e é Katie Bell, Katie Bell da Gryffindor com a goles, a jogadora corta o campo – FOI INTENCIONAL!”
Montague, um artilheiro da Slytherin, cortou a frente de Katie e em vez de agarrar a goles, agarrou a cabeça da jogadora. Katie deu uma cambalhota no ar, conseguiu continuar montada, mas deixou cair a goles.
O apito de Madame Hooch soou mais uma vez ao sobrevoar Montague e começar a gritar com ele. Um minuto depois, Katie tinha marcado mais um pênalti contra a defesa da Slytherin.
“TRINTA A ZERO! TOMA, SEU SUJO, SEU COVARDE...”
— Jordan, se você não consegue irradiar imparcialmente...
— Estou irradiando o que acontece, professora!
Soltei uma leve risada, como sempre fazia nos jogos, era bom ver Jordan narrando, fazia ficar mais divertido e tirava a tensão da partida.
Voltei meu olhar para Harry, ele cabara de ver o pomo – refulgia ao pé de uma das balizas da Gryffindor –, mas ele não devia apanhá-lo por ora e se Malfoy o visse...
Harry deu meia-volta na Firebolt e correu em direção ao campo da Slytherin – a manobra funcionou. Malfoy saiu a toda velocidade atrás dele, pensando evidentemente que Harry vira o pomo lá...
CHISPA.
Um dos balaços passou voando pela orelha direita de Harry, arremessado pelo gigantesco batedor da Slytherin, Derrick. Então, novamente...
CHISPA.
O segundo balaço roçou pelo cotovelo de Harry. O outro batedor, Bole, vinha se aproximando.
— Ai meu Merlim. — Parvati exclamou parecendo nervosa e quase roendo as unhas na arquibancada
Harry teve um vislumbre fugaz de Bole e Derrick voando em sua direção, com os bastões erguidos...
Virou a Firebolt para o alto no último segundo e os dois batedores colidiram com um baque de provocar náuseas.
“Ha, haaa!”, bradou Lee Jordan quando os batedores da Slytherin se separaram, levando as mãos à cabeça. “Mau jeito, rapazes! Vão ter que acordar mais cedo para vencer uma Firebolt! E Gryffindor fica com a posse da bola mais uma vez, quando Johnson toma a goles – Flint emparelhado com ela – mete o dedo no olho dele, Angelina! – foi só uma brincadeira, professora, só uma brincadeira – ah não – Flint toma a bola, Flint voa para as balizas da Gryffindor, agora é com você Wood, agarra...!”
Mas Flint marcou; houve uma erupção de vivas do lado da Slytherin e Lee xingou tanto que a Professora Minerva McGonagall tentou arrancar o megafone mágico das mãos dele.
— Desculpe, professora, desculpe! Não vai acontecer de novo! “Então, Gryffindor está à frente, trinta a dez, e Gryffindor tem a posse...”
Enraivecidos porque Gryffindor tomara a dianteira desde o início, os adversários estavam rapidamente recorrendo a todos os meios para roubar a goles. Bole atingiu Alícia com o bastão e tentou alegar que pensara que era um balaço. George foi à forra dando uma cotovelada na cara de Bole.
Madame Hooch puniu os dois times e Wood fez mais uma defesa espetacular, elevando o placar para quarenta a dez para Gryffindor. O pomo tornara a desaparecer. Malfoy continuou a acompanhar Harry de perto quando o garoto sobrevoou o campo, procurando, agora, o pomo – quando Gryffindor estiver cinquenta pontos à frente... exatamente o que Oliver tinha falado.
Katie marcou. Cinquenta a dez. Fred e George mergulharam cercando a garota, os bastões erguidos, caso os jogadores da Slytherin pensassem em se vingar. Bole e Derrick aproveitaram a ausência de Fred e George para arremessar os dois balaços em Wood; eles o atingiram no estômago, um após o outro, e o goleiro virou de cabeça para baixo no ar, agarrando-se à vassoura, completamente sem ar.
Madame Hooch ficou fora de si.
— Não se ataca o goleiro a não ser que a goles esteja na área do gol! — Gritou ela para Bole e Derrick — Pênalti a favor da Gryffindor!
Eu já estava alterada, aquela maldita Slytherin só sabia roubar e roubar. Mas, graças aos céus, Angelina marcou. Sessenta a dez. Instantes depois Fred arremessou um balaço contra Warrington, derrubando a goles de suas mãos; Alícia apanhou a bola e enterrou-a no gol da Slytherin– setenta a dez.
A torcida da Gryffindor estava rouca de tanto gritar, eu particularmente não tinha mais voz – a casa passara sessenta pontos à frente e se Harry apanhasse o pomo naquele momento, a Taça seria nossa. Centenas de olhos acompanhavam Harry enquanto ele sobrevoava o campo, muito acima das equipes, com Malfoy correndo atrás dele.
Então Harry o viu. O pomo estava brilhando seis metros acima dele. O garoto imprimiu maior velocidade à vassoura; o vento rugiu em seus ouvidos; ele estendeu a mão, mas, de repente, a Firebolt começou a desacelerar... foi quando eu me deparei com a cena mais ridícula que eu já havia visto.
Malfoy se atirara para a frente, agarrara a cauda da Firebolt e procurava atrasá-la.
Harry se enfureceu o suficiente para bater em Malfoy, mas não conseguiu alcançá-lo. Draco ofegava com o esforço de segurar a Firebolt, porém seus olhos brilhavam de malícia. Conseguira o seu intento – o pomo tornara a desaparecer.
— MAS QUE DROGA, QUE IDIOTA, SEU... — Berrei alterada começando a o xingar sem pensar das coisas mais bárbaras que vinham a mente
— Pênalti! Pênalti a favor da Gryffindor!Nunca vi uma tática igual! — Madame Hooch guinchava, enquanto velozmente se dirigia até o ponto em que Malfoy deslizava de volta à sua Nimbus 2001
“SEU SAFADO NOJENTO!”, urrava Lee Jordan no megafone, saltando fora do alcance da Professora McGonagall. “SEU SAFADO NOJENTO, FILHO...”
A professora nem se deu o trabalho de ralhar com Lee. Na verdade ela sacudia o dedo na direção de Malfoy, seu chapéu caíra da cabeça, e ela também berrava furiosamente.
Alícia cobrou o pênalti para Gryffindor, mas estava tão zangada que errou por mais de meio metro. O time da Gryffindor começou a perder a concentração e os jogadores da Slytherin, encantados com a falta de Malfoy em cima de Harry, se sentiam estimulados a tentar voos mais altos.
“Slytherin com a posse, Slytherin corre para o gol... Montague marca...”, gemeu Lee “Setenta a vinte para Gryffindor...”
Harry agora estava marcando Malfoy tão de perto que os joelhos dos dois se batiam o tempo todo. Harry, com certeza não ia deixar Malfoy sequer se aproximar do pomo...
“Angelina Johnson pega a goles para Gryffindor, aí Angelina, VAI, VAI!”
Olhei para os lados e percebi que todos os jogadores da Slytherin, à exceção de Malfoy, estavam correndo pelo campo em direção a Angelina, inclusive o goleiro do time – todos iam bloqueá- la...
Harry deu meia-volta na Firebolt, curvou-se até deitar o corpo sobre seu cabo, e impeliu-a para a frente. Como uma bala, ele se precipitou em alta velocidade contra os jogadores da Slytherin.
— AAAAAAARRRRRRRE!
Os jogadores se dispersaram quando viram a Firebolt vindo; o caminho de Angelina ficou desimpedido.
“ELA MARCOU! ELA MARCOU!Gryffindor lidera por oitenta a vinte!”
Harry, que quase mergulhara de cabeça nas arquibancadas, parou derrapando no ar, inverteu a direção da vassoura e voltou a toda para o meio do campo. E então ele viu uma coisa que fez o seu coração parar. Malfoy estava mergulhando, uma expressão de triunfo no rosto – lá, a menos de um metro acima do gramado, lá embaixo, havia um minúsculo reflexo dourado.
Harry apontou a Firebolt para baixo, mas Malfoy estava quilômetros à sua frente.
— VAI HARRY! VAI! VAI! VAI! — Cruzei os dedos nervosa acompanhando cada movimento, Rony ao meu lado estava do mesmo jeito, assim como Mione
A distância que separava Harry de Malfoy foi diminuindo. Harry deitou-se no cabo da vassoura quando viu Bole arremessar um balaço contra ele, já encostara nos calcanhares de Malfoy, emparelhou...
Harry se atirou à frente, tirou as mãos da vassoura. Afastou o braço de Malfoy do caminho com um empurrão e...
“PEGOU!” Tirou, então, a vassoura do mergulho, a mão no ar, e o estádio explodiu.
— ELE PEGOU! ELE PEGOU O POMO! — Parvati começou a pular animada
Eu e Rony começamos a berrar sem parar, assim como todo o estádio, menos, obviamente os Slytherin. Eu estava feliz de uma forma que eu nem podia explicar.
Harry sobrevoou as arquibancadas, a bolinha de ouro estava bem segura em sua mão, batendo inutilmente as asinhas contra seus dedos.
No momento seguinte, Wood veio voando ao seu encontro, quase cego pelas lágrimas; agarrou Harry pelo pescoço e soluçou sem se conter no ombro do garoto. Fred e George colidiram com eles; depois as vozes de Alícia e Katie:
— Ganhamos a Taça! Ganhamos a Taça!
Embolados num abraço de muitos braços, o time da Gryffindor foi descendo, berrando roucamente, de volta ao chão. Onda sobre onda de torcedores vermelhos saltou as barreiras do campo, eu não demorei a já estar lá no meio da alforria, mesmo sendo às vezes empurrada por pessoas que queriam chegar até os jogadores. Choveram mãos nas costas deles. Então Harry e o resto do time foram erguidos nos ombros dos torcedores.
Não demorei a avistar Hagrid, que estava emplastrado de rosetas vermelhas e gritava:
— Você os derrotou, Harry, você os derrotou! Espere até eu contar a Bicuço!
Lá estava Percy, pulando que nem maluco, toda a dignidade esquecida. A Professora Minerva soluçava mais até que Wood, enxugando os olhos com uma enorme bandeira da Gryffindor; e lá, lutando para chegar a Harry, eu, Rony e Hermione, quase sendo esmagados por todo mundo. Faltaram palavras para expressar nossa felicidade. Simplesmente sorriamos radiantes ao ver Harry ser carregado para a arquibancada onde Dumbledore aguardava de pé com a enorme Taça de Quadribol.
Naquele momento, eu não podia estar mais feliz.
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