CHUVA AVERMELHADA
Don't blame me, love made me crazy
If it doesn't, you ain't doin' it right
Lord, save me, my drug is my baby
I'll be usin' for the rest of my life
☆Don't blame me - Taylor Swift☆
☆
BAKUGOU
A idiota da Akira enviou os relatórios da missão naquele mesmo dia.
A urgência era recuperar os arquivos que seriam leiloados e únicos que faltavam haviam sido encontrados, mas ela só esqueceu de especificar sobre o antigo assassino da antiga Comissão de Segurança Pública que havia participado do roubo e também deveria ser pego como os outros dois.
E pra piorar, enquanto eu tentava sair do meu andar na agência para o trabalho, a merda da estagiária do Kirishima segurava meu uniforme pelas costas tentando me fazer parar de andar sem sucesso, enquanto insistia em ir conosco. Sinceramente, não sei porque aquele cabelo de merda contratou alguém tão irritante e que não calava a boca nunca.
__ Por que não me deixam ir?! Senhor Dynamight, por favor!
__ Vai atormentar outra pessoa sua praga, eu tô ocupado, então ME LARGA!
Aquela baixinha idiota soltou minhas roupas e correu para tentar bloquear meu caminho no corredor.
“Por que o idiota do Kirishima nunca não fica de olho nessa garota?!”
__ Ela está atrás dele, não é? - Kyo me perguntou com a voz baixa.
__ Do que você acha que tá falando pirralha de merda?
__ A senhorita Hattori! - respondeu cerrando os punhos -Ela vai lutar hoje, não vai?!
Meus olhos se arregalaram por um simples instante enquanto soltei um bufo irritado, agarrando meu cabelo frustrado. A garota podia se camuflar em qualquer lugar, é claro que ela estaria escondida ouvindo minha conversa com a presidente da Divisão de Inteligência.
__ Tava ouvindo a minha conversa de novo sua merdinha?!
__ Me deixa ir! Senhorita Hattori não vai ferir ninguém se eu estiver lá! Ela nunca avançou pra uma luta quando eu tava por perto, posso pará-la pra você Dynamight!
__ Você fica! - respondi ignorando os protestos dela - Sem discussões, pirralha.
__ Mas Dynamight…
Ela avançou segurando meu braço enquanto seus olhos começaram a acumular lágrimas nos cantos. Com um suspiro cansado, eu segurei os ombros dela e me abaixei na altura dos olhos dela. Se o Kirishima descobrisse que eu havia gritado com a estagiária dele ia acabar ficando bravo e chutando minha bunda outra vez.
__ Presta atenção, vou parar aquela idiota, mas as coisas vão ficar feias pra fazer isso, entendeu? Não vou correr o risco de ter você me atrapalhando.
Pra minha surpresa, a garota deixou as lágrimas caírem sem nem tentar contê-las, enquanto seus ombros tremiam levemente e seus olhos azuis me encaravam profundamente.
__ Tá mentindo... - sussurrou com a voz quebrada - Você nem se importa com ela...
__ Não me faça te trancar em alguma sala pirralha... - sussurrei apertando meus olhos com um suspiro frustrado - Eu vou consertar toda essa merda e nós vamos ter uma conversa sobre sua relação com aquela maluca mais tarde.
__ Eu cuido da Kyo - A voz de Mirko preencheu meus ouvidos enquanto ela se aproximava por trás de mim indo até a Kyo. Enquanto ela segurava os ombros da pirralha tentando acalmá-la, os olhos dela encontraram os meus por um fração de instantes, então percebi que ela também já sabia de tudo - Pode ir Dynamight.
Antes que eu pudesse entrar no elevador no fim do corredor, a pirralha chamou meu nome com voz de choro, algo que ela nunca havia feito desde que a conheci.
__ Por favor Bakugou, precisa salvar a Senhorita Hattori!
__ Não planejo fazer outra coisa - sussurrei sem saber se aquilo era pra pirralha ou pra mim mesmo.
O último local para a recuperação era o mais luxuoso dos anteriores, o melhor e mais importantes financiadores daquele ataque estavam lá, merdinhas irritantes que fodiam com a vida de inocentes e moviam dinheiro sujo pelo submundo. Não dá pra negar, a velocidade com que aquela idiota conseguia encontrar criminosos era impressionante, mas não mais que a capacidade dela de se meter em problemas.
Eu percorri o prédio inteiro durante a luta e depois dela, mas não havia nenhum sinal, nem sequer uma pista de onde ela estaria.
"Onde se meteu, sua idiota?!"
Minha mente estalou quando saí do local, ambulâncias e carros da polícia espalhados por todos os lados, um único olhar de quem eu odiava trombou com o meu me fazendo entender que só tinha uma pessoa no mundo que conseguia “senti-la” e encontrá-la.
Desgraçado de telepata do caralho.
Logo avancei ignorando meu parceiro de trabalho e agarrei a gola do uniforme daquele merda, nos levando para o lugar minimamente privado e mais próximo, enquanto ele nem sequer me impedia.
Quando a risada dele invadiu meus ouvidos, minha raiva aumentou em dobro e logo as costas dele bateram com a parede de um dos prédios enquanto eu apertava a gola do uniforme dele.
__ Me levando pra um beco escuro, o que vai fazer comigo loirinho?
__ Cadê ela?! - perguntei enquanto o segurava contra a parede.
__ Eu não sei - respondeu revirando os olhos - E isso dói, sabia? Não devia bater as pessoas na parede seu brutamonte!
__ Você sempre sabe onde aquela maldita está, mas por algum motivo não tá correndo atrás dela como um cachorrinho dessa vez. Onde ela está?
Ele me observou por um instante, o suficiente pra achar o que queria na minha mente, que fez sua feição se fechar completamente e seus olhos queimarem.
__ Você já sabe, né? - sussurrou.
__ Me responde - falei afrouxando o aperto no uniforme dele - ... só dessa vez.
__ Se ela se machucar por sua causa, eu mesmo mato você, sabe disso né?.
__ Não vou perder pra ela, então não perca a merda do seu tempo pensando nisso.
__ É melhor mesmo... - disse fechando os olhos e se concentrando, antes de levantar o braço e apontar para o leste da cidade - Distante, mas sempre barulhenta… Vai achá-la entre as construções mais próximas, então tome cuidado pra não fazer um dos prédio desabar sobre vocês.
"Como se aquela maldita não pudesse segurar um como se fosse nada"
Antes que ele me perguntasse sobre aquele pensamento que me ocorreu, eu já havia me afastado e pegado impulso nas explosões das minhas mãos, as gotas de chuva começando a molhar meu uniforme enquanto corria contra o tempo pra impedi-la de cometer alguma burrice.
☆
__ Quando vai mostrar seu rosto? - perguntei fazendo mais alguns andaimes desabarem ao meu lado - Eu posso te matar mesmo se continuar escondido, mas não seria tão prazeroso.
Não me lembro bem da última vez em que meu corpo parecia entrar em combustão. A luta na primeira batalha da guerra anos atrás ou a com o All For One? Bem, não importava, porque naquele instante só queria fazer aquele prédio em obra inacabada desabar sobre ele, mas era provável que morresse rápido, mas precisava prolongar o sofrimento dele o máximo possível.
Não era nada como a minha luta com All For One ou os Nomus no passado.
Ele me deixou rastros e o segui tranquilamente até a zona de construção de novos apartamentos na cidade que ficava a leste de onde meu herói iria lutar, distante o suficiente para que não me interrompesse.
O traje preto como breu e as pulseiras de cobras cravejadas de diamantes me acompanharam uma última vez.
Uma última luta para a Divisão de Inteligência.
Enquanto entrei pelo hall principal, o desgraçado ficou se escondendo nos andaimes, telas de proteção e máquinas posicionadas ao meu redor, mas eu desejava levar aquilo devagar assim como ele fez com meus agentes.
__ Quantos títulos acumulou desde a última vez que nos vimos? - A voz dele ecoou ao meu redor - Sabe como eles são importantes no nosso ramo...
__ Não me importo com isso tanto quanto as outras pessoas - respondi empurrando uma das paredes que senti que estavam perto dele, mas somente os escombros caíram no chão.
__ Significam mais do que imagina... - a voz dele disse mais distante de mim - Quanto mais títulos alguém recebe no submundo, maior é o perigo que representa. Há quanto tempo, Akira Hattori, a Líder -
__ Não use meus títulos, seu merda! APAREÇA DE UMA VEZ! - exclamei cruzando os braços enquanto as paredes começavam a rachar ao meu redor, peças da construção caindo de uma vez só com a minha raiva.
__ Como desejar criança - Respondeu enquanto suas botas bateram no chão atrás de mim, um sorriso de canto sendo espalhado pelo meu rosto quando me virei para encará-lo.
Ele estava bem mais velho, mas a força parecia ainda maior. O grisalho tomando conta dos fios castanhos de seu cabelo ralo enquanto a longa cicatriz em seu rosto foi acrescentada com as marcas dos estilhaços de vidro de nosso último e único encontro na UA, além é claro do uniforme preto coberto por poeira da antiga Divisão de Segurança foi coberto por faixas desgastadas da mesma cor.
__ Eu não descobri seu nome, só sei que faz parte do clã Yamazaki - falei segurando minhas mãos atrás das costas enquanto ele me observava - Gosto de fazer as coisas da forma certa e saber quem estou destruindo.
__ E faz diferença? - perguntou com um riso de escárnio - Vai guardar meu nome como um troféu ou ficará de luto por mim?
__ Eu costumo fazer a primeira opção com homens como você.
Ele não se moveu do lugar em que estava, mas após o silêncio que preencheu o lugar, ele se agachou na minha frente enquanto olhava para cima, o teto ainda encoberto dando visão para o céu coberto de nuvens de chuva.
__ Takeru - sussurrou - Meu nome é Takeru Yamazaki.
__ Me diz, por que demorou tanto Takeru? - perguntei me agachando para ficar na mesma altura de seus olhos - Por que matou meus agentes ao invés de sumir no mundo? Por que não me enfrentou?
__ Está mesmo conversando comigo?
__ Vou te matar - respondi com um pequeno sorriso - Mas preciso entender primeiro, é algo pessoal.
__ Você é impulsiva, posso ver isso só de olhar nos seus olhos... - comentou pendendo a cabeça para o lado - Um assassino nunca deve agir com pressa, é bom aproveitar todo o tempo que conseguir pra se preparar...
__ Pra me matar? Nem sequer pode encostar em mim.
__ Não, não posso… - respondeu com um olhar pensativo - Mas tem vários jeitos de fazer alguém desejar a morte sem nem sequer tocá-la...
Muitos me chamavam de vilã, mas se vingar de alguém que tomou vidas era um crime maior do que os dele? Eu deveria fingir agir como um herói, agredi-lo até que caísse no chão, o jogar para a polícia e posar para fotos no fim?
Não que fosse um problema, mas não era meu estilo.
__ Ou vai me dizer que gosta da vida que tem? Nem sequer pode ser amada... não pode nem sequer limpar o sangue nas suas mãos -
Ele estava começando a me estressar cada vez mais, minhas unhas cortavam a pele das palmas das minhas mãos enquanto eu tentava não quebrar aquela garganta. Porém, o interrompi quando meu poder o jogou para trás, quebrando a parede do prédio e o mandando para fora dali. Eu caminhei tranquilamente, a poeira levantada com a destruição irritando meu nariz, enquanto meu olhos procuravam o corpo dele nos escombros.
__ Você está quase me convencendo a te dar uma morte rápida Takeru…
A lâmina que quase atingiu meu rosto me fez soltar um pequeno sorriso de diversão enquanto meus olhos caiam no canto observando ele assumir a posição de luta enquanto sangue escorria na lateral de seu rosto manchando as inúmeras cicatrizes que ele possuía ali.
__ Deve ser incrível ver seus jogos serem executados, né? Colocar as peças necessárias no tabuleiro e fazê-las lutar por você... Usar as pessoas e depois as descartar quando não tiverem mais utilidade...
__ Como se fosse melhor do que isso! - respondi enquanto andava ao redor dele, minhas veias sentindo a queimação da minha raiva misturada com meus poderes.
__ Não sou, a diferença entre nós é que não escondo as mortes que carrego...
Velozes como raios, a faca dele estava a centímetros na minha garganta e meus poderes segurando a garganta dele.
__ Uma última luta - sussurrou pra mim com um sorriso - Um único vencedor.
__ Permite que eu tire sua vida? Estou perguntando por educação, vou fazer isso de qualquer maneira.
__ Não me leve a mal, prefiro ser aquele que vai matar Akira Hattori.
Meu chute passou raspando pelo rosto dele enquanto segurei o braço dele que estava perto demais no meu rosto, mas ele optou por usar o outro pulso e acabou acertando minha costela, arrancando minha respiração num instante, mas então usei uma das rajadas telecinéticas para acertá-lo de costas na estrutura de ferro empilhadas num canto.
__ Eu luto desde criança, você sabe disso, e às vezes sinto falta de lutar pra valer - comentei saltitando até ele, tendo que desviar de mais uma das lâminas deles sendo jogadas em mim. Aquela altura, já havia percebido que ele havia me atraído para aquele lugar, lâminas e mais lâminas enterradas e escondidas entre as construções.
__ Eles não entendem, não é? - disse se levantando ofegante - Como precisa da adrenalina, a sensação de estar na beira da vida e da morte pra se sentir...
__ Viva de verdade… - completei surpresa comigo mesma por confessar aquilo em voz alta. Takeru avançou mais uma vez, tentando usar seus socos em mim, que apenas bateram na minha barreira furiosamente.
__ Quer me matar pra se sentir viva ou pra sentir que não precisa mais viver?!
__ Não seja tão presunçoso. Não sabe nada sobre mim, pra você sou só uma missão que recebeu e falhou em executar!
__ Todo mundo tem uma fraqueza, até mesmo um demônio como você - ele disse respirando pesadamente enquanto colocou as mãos abertas na barreira invisível a sua frente, me olhando profundamente - Gosto de imaginar que sei isso sobre você, porque conhecer a fraqueza de alguém é conhecê-la por completo...
__ Cale a boca - respondi apertando os músculos das pernas dele, mas apesar de começar a soar frio, ele se manteve de pé me encarando.
__ Você é igual a mim Hattori. Então porque insiste em ficar do lado daqueles Heróis? Por alguém que não hesitou na primeira oportunidade que teve em te virar às costas?
__ O quê...? - sussurrei tanto confusa quanto surpresa.
__ Acha que me esqueci daquele dia? O olhar que aquele herói deu a você que te quebrou por inteira?
__ Não... - um sussurro escapou dos meus lábios enquanto meu coração pesou dentro do meu peito.
__ Katsuki Bakugou, Herói Número Dois... devo presumir que o que vi naquele dia foi o término de vocês?
A chuva começou a cair sobre nós.
Takeru começou a rir.
Aquele som agudo e profundo espalhou um arrepio pelo meu corpo enquanto eu engoli em seco e tentava voltar a me concentrar.
__ Ele é forte Hattori, mas nenhum herói é imortal! - exclamou abrindo os braços de forma exagerada enquanto continuava a rir.
Tentei levantar as barras de ferro que estavam perto de nós nele, mas a confusão em minha mente estava fazendo minha mira ficar confusa, o que ele aproveitou para desviar e vir para cima de mim, mas consegui escapar da lâmina por um instante enquanto me abaixei dando uma rasteira nele, suas costas batendo contra o chão aos meus pés.
__ Há um boato na minha família de que sua mãe matou meu pai pelas costas por um Herói qualquer! - ele exclamou aos quatro ventos - SE EU MATAR SEU FAVORITO, FICAREMOS QUITES?!
__ NÃO VAI TOCAR NELE! - gritei acertando um pulso de poder no chão, já que ele desviou no último instante, o lugar rachando enquanto a neblina vermelha se dissipou levemente.
__ Não preciso, já sei que é você quem vai fazer tudo ser destruído, inclusive ele... - sussurrou olhando para algo acima dos meus ombros.
"Não..."
__ QUE MERDA TÁ FAZENDO, SUA IDIOTA?!
☆
BAKUGOU
__ Que porra acha que vai fazer?! ME DIZ, SUA IDIOTA DE MERDA!
Apesar do local mal iluminado, podia ver a bagunça que ela havia feito, mas era tudo uma brincadeira de criança.
Ela já teria destruído ele se quisesse.
Mas ao invés disso ela estava deixando ele dizer aquelas coisas...
__ Vai embora - ela disse ofegante se colocando na frente daquele homem - Não vou pedir duas vezes.
__ Acha que precisa me proteger?! - falei me posicionando para usar as explosões se fosse necessário - Quem pensa que sou pra precisar da sua ajuda?!
Aqueles olhos cinzas me olharam uma última vez, a água da chuva pingando em seus cílios enquanto ela respirava fundo e se virava para aquele homem, suas mãos brilhando com a névoa vermelha.
Me impulsionei rapidamente com as explosões, segurando o tronco dela e nos mandando para o mais longe dali. Acabamos caindo antes do que eu esperava quando ela usou os poderes pra se soltar, a areia enlamaçada grudando em nossos uniformes enquanto nos levantamos do chão.
Ela não tirou os olhos dele e começou a andar em direção a ele me ignorando completamente. Minha explosão bateu na barreira dela, chamando sua atenção pra mim outra vez.
__ Para de me atrapalhar - ela disse apertando seus pulsos.
__ Acha que só porque é a porra da Capitã da Divisão vou deixar me ignorar?!
Desviei para o lado o suficiente para não ser atingido pelo corte do poder dela, que quebrou a parede da construção mais próxima atrás de mim.
__ Parece o nosso primeiro dia na UA, não? - perguntei com um riso irônico enquanto me levantava, os ombros dela tensos enquanto me encarava - Só que eu não vou te deixar escapar dessa vez.
Explosões cortaram o ar, os prédios ao nosso redor sendo transformados em escombros enquanto ela tentava se livrar de mim e eu tentava mantê-la longe dele. O problema é que ela não é uma vilã e nem sequer uma heroína, então o estilo de luta dela era completamente diferente. Contido, mas rápido e feroz, ela não ia me ferir gravemente, porém precisava me tirar do pé dela. Ela acabou conseguindo me atingir com uma das rajadas, me mandando exatamente para onde aquele assassino estava, o lugar em que ela queria ficar.
__ Olha só o casalzinho! - aquele homem exclamou entre risos atrás de mim - Vão brincar de lutinha agora?!
Akira caiu dos céus enquanto a névoa vermelha se espalhou ao redor dela, sumindo rapidamente com a chuva.
__ Quando ficou tão idiota pra dar ouvidos a um vilão, hein?! - perguntei avançando, usando minha explosão como pretexto para quase acertá-la com um chute e é claro que logo ela resolveu usar os punhos em mim, sendo minha única opção bloqueá-los até achar uma abertura nos movimentos dela.
__ CALA A BOCA!
__ NEM PENSAR! Eu vou tirar essa sua ideia maluca da sua cabeça nem que pra isso eu tenha que -
Uma dor se espalhou pelo meu peito enquanto ela deixava os socos de lado e finalmente usou a telecinese no meu corpo. Só então entendi porque ela nunca fez aquilo enquanto estava na UA. Doía como o inferno ter seu coração segurado por uma mão invisível e intocável enquanto era esmagado pouco a pouco.
__ Eu mandei calar a boca... - Ela sussurrou enquanto seus olhos eram tomados por um vermelho vibrante, as veias de sua mão começando a brilhar com a mesma cor.
__ Isso não foi nada gentil de se fazer com o seu amante, Hattori!
Antes que ela conseguisse acertá-lo com o seu corte por causa da provocação dele, ignorei minha dor e a segurei nos mandando para trás, enquanto ela tentava se livrar do meu aperto em sua cintura, as unhas dela tentando arranhar as manoplas.
__ Quantos dos seus ainda terei que matar que pra que mostre QUEM VOCÊ É DE VERDADE HATTORI?! Quem acha que eles chamaram enquanto eu cortava os rostos deles?!
Foi completamente selvagem o grito que saiu da garganta dela enquanto tentava se soltar, mas se eu fizesse aquilo, AKira não hesitaria em matá-lo.
__ Me parece que se quiser me matar, terá que acabar com seu herói primeiro! Que ótimo encontro romântico esse!
Ela acertou uma cotovelada no meu olho, forte o suficiente pra fazer meu aperto ao redor dela afrouxar, dando tempo para ela girar o tronco e chutar meu estômago.
__ Não faz besteira Akira... - falei começando a ofegar enquanto tentava recuperar o ar.
__ Saí da minha frente Dynamight...
__ Eu não quero te machucar - Insisti mesmo com a dor no meu peito de alastrando - Me deixa fazer meu trabalho, ele não vai mais ferir ninguém…
Soltei um pequeno gemido quando uma lâmina daquele assassino acertou minha coxa, não profundo o suficiente para que eu tivesse que me preocupar, mas o bastante para fazer os olhos dela se arregalarem antes dela correr. Segurar uma maluca é um saco, mas não deixaria que ela perdesse a cabeça por completo.
__ Por que tem que ser um intrometido de merda?! POR QUE NÃO PODE ME DEIXAR EM PAZ JÁ QUE ME ODEIA?!
__ JÁ CHEGA AKIRA!
Segurando o tronco dela e dando uma rasteira em sua perna, eu nos levei ao chão segurando os pulsos dela enquanto ela tentava se soltar, os chutes me atingindo com cada vez mais raiva.
Naquele instante, eu tive um deja vu, mas ao invés do sorriso que ela me deu no passado, seus olhos estavam vermelhos de choro enquanto as lágrimas dela eram disfarçadas pela chuva.
__ Para com essa merda AKIRA!
Ela tentava me chutar com mais força, a confusão na mente dela impedindo o poder dela de se manifestar.
“Psíquicos só podem ser vencidos através da exaustão ou de seus próprios sentimentos”, a voz da Presidente da Divisão estalou na minha mente.
Aquelas palavras que saíram da minha garganta como um grito desesperado em seguida, logo me fizeram me arrepender de dizê-las porque minha mentira significava que eu estava brincando com as emoções dela, mesmo que dissesse pra mim mesmo que era para impedi-la de se machucar.
__ Eu sei que não vai conseguir me ferir de verdade porque AINDA ME AMA!
Foi o suficiente para fazê-la parar de lutar, seu corpo congelado abaixo de mim enquanto a voz dela ficou presa em sua boca. Os olhos vermelhos dela logo voltaram a cor original, mas no instante em que aquele olhar acinzentado se revelou, os ombros dela começaram a tremer enquanto um soluço violento escapou de seu peito.
__ Não quero te machucar, então me deixa resolver isso por você... Não tem que carregar toda essa merda sozinha...
__ Ele não vai parar… - ela sussurrou com a voz quebrada.
__ Vai sim, mas primeiro preciso que você não faça o que quer - respondi enquanto afrouxava o aperto em seus pulsos, aproximando meu rosto do dela - Não suja suas mãos de sangue por alguém que nem ele.
__ Mas eu... é meu dever...
__ Deixa isso comigo, ok? - sussurrei descansando minha testa contra a dela, seus olhos derramando ainda mais lágrimas.
Eu engoli em seco enquanto ela se quebrava abaixo de mim, sabendo que usar os sentimentos dela como desculpa pra pará-la era o mais covarde possível da minha parte.
__ BRAVO! Parabéns ao casal pela cena! - O assassino exclamou enquanto preenchia o ar com palmas - Qual vai ser o próximo ato de hoje?! O beijo entre o Anjo da Morte e o Número Dois?!
Pro Heros não devem machucar os vilões quando eles já estiverem em uma situação de captura, fracos, caídos ao chão, não devemos ferir mais que o necessário para contê-los.
"Que se foda aquele maldito protocolo"
Eu deixei ela por um instante, minhas manoplas caíram no chão enquanto eu e aquele assassino ficávamos frente a frente pela primeira vez. Ele foi o primeiro a avançar, o sorriso maligno espalhado por seu rosto enquanto corria pra cima de mim. Desviei rapidamente da faca que passou zunindo pelo meu rosto, liberando uma das explosões menores direto na costela dele. Ele já estava tossindo sangue, obra da Akira, mas parecia que cada vez que tentava insistir em me atacar, sua vontade de terminar aquilo subia mais e mais.
Eu bloqueei seus socos, liberei mais explosões direto em seu estômago, meus olhos queimando de raiva enquanto acabava com ele, até que finalmente acertei o primeiro soco em seu rosto.
E depois outro…
Outro…
E mais outro…
A única coisa que eu queria naquele instante era tirar o sorriso que não sumia de forma alguma de seu rosto desfigurado.
__ Deixa a garotinha me matar... - ele sussurrou antes de começar a tossir mais sangue - só assim vai… provar pra todos o monstro que é…
O próximo soco fez ele desmaiar enquanto eu segurava o uniforme dele, mas não queria parar. Desejava que ele tivesse a chance de sentir o mínimo da dor que havia causado à ela.
Meu punho foi parado antes que encontrasse o rosto dele uma última vez, meus olhos se voltando no mesmo instante para os lados encontrando os dela, sua mão erguida no ar enquanto ela me continha.
__ Também não pode fazer isso - ela disse com a voz falha - Você é um herói Katsuki…
Como herói, sempre tive que me esforçar pra superar minhas fraquezas, mas sendo sincero, nunca soube o que deveria fazer com ela. Porque mesmo conseguindo parar uma das mulheres mais fortes do meu país, ela ainda conseguia me desarmar facilmente.
“Por quê…?” Foi o que começou a se repetir na minha cabeça enquanto ela me encarava esperando que eu soltasse aquele homem aos meus pés.
Então eu fiz, não porque era meu dever como herói, mas porque era o que ela queria de mim.
Foi então que meu corpo começou a entrar em pânico, porque só havia um motivo pra me sentir daquele jeito, mas minha mente não queria acreditar. Eu nem sequer conhecia aquela mulher de verdade, ela nem sequer permaneceu na minha vida depois de todas aquelas mentiras, então por quê?
Quando ela soltou meu pulso de sua telecinese, me assustei quando as mãos dela bateram no chão tentando se impedir de bater a cabeça. Eu logo corri até ela segurando um de seus braços enquanto ela respirava pesadamente e o sangue escorria de seu nariz, completamente encharcada, assim como eu, pela chuva que havia aumentado.
__ Por que tinha que vir pra cá? - ela sussurrou enquanto segurava a gola do meu uniforme - Por que tá agindo assim?
__ Porque você é uma idiota que nunca pede ajuda quando tá em perigo - respondi tentando limpar o sangue em seu rosto, mas ela logo rejeitou o meu toque.
__ Shinkai… - ela disse desviando o olhar, empurrando meu peito com força enquanto ligava o ponto em seu ouvido - O último foi pego, verifica meu rastreador...
Enquanto ela deixava seus ombros caírem e a cabeça pender, seu choro silencioso sendo libertado por ela, fiquei ali sem saber o que mais poderia fazer, porque a pessoa que eu deveria ter protegido estava mais machucada do que eu podia imaginar. Porém, quando os sons da sirene encontraram os meus ouvidos, percebi que não poderia deixá-la ser vista daquela forma.
__ Eu sei que não devia fazer isso, mas preciso que… - falei tocando em seu ombro, fazendo a virar os olhos pra mim - Precisa se recompor, logo vão chegar aqui.
Quando ela entendeu o recado, sua postura mudou completamente, porque a única que deveria estar ali era a Hattori, alguém temida e forte que nunca estaria chorando no chão.
Eu entendi isso no momento em que tentei ajudá-la a se levantar e só ganhei um tapa na minha mão enquanto ela bufou irritada.
__ Não toca em mim - disse voltando a fazer seus olhos brilharem friamente em vermelho - Faça seu trabalho e garanta que ele não fuja até que a polícia chegue.
☆
Qual limite eu cruzei naquele lugar?
Quais sentimentos eu revelei para o meu inimigo e para o homem que eu amava?
O quanto deixei que me ferissem por achar que eu merecia aquela dor?
Tudo isso não teve a menor importância no fim.
Não quando eu finalmente fiz algo por mim mesma e por alguém em quem tinha depositado toda a minha fé.
Eu deveria ter escrito outra carta…
"Ainda não acabou..."
☆
BAKUGOU
__ Nossa, você tá zoado pra caralho, hein? - Aquele telepata idiota veio me provocar quando terminou a conversa com a Akira num canto ao longe perto dos carros da polícia - Mas não vou te agradecer.
Meus olhos se mantiveram nela o tempo inteiro desde que eles chegaram, o assassino precisava dos primeiros socorros pelos ferimentos que a Akira e eu deixamos no corpo dele e é claro que os policiais e alguns agentes dela resolveram adiantar o relatório dos presos e arquivos recuperados, mas ela não estava ouvindo nada.
Aqueles olhos perdidos e sem foco revelavam isso.
__ Ela vai ficar bem - ele disse com a voz baixa ao meu lado - Não precisa mais fingir se importar com ela.
__ Cala a boca, não fez nada pra impedi-la de se ferir seu merda!
__ Como se eu fosse capaz disso - respondeu enquanto desviou o olhar - Me admira ela não ter enfiado uma faca no seu estômago e torcido dentro.
__ Ela não é uma assassina - disse enquanto meus punhos se fecharam ao lado do meu corpo.
__ Que bom que sabe, é menos um chamando ela assim - disse abrindo um sorriso antes de apontar o dedo pra minha cara e me dar as costas logo em seguida - Mas o olho roxo vai ser uma boa lembrança, hein?
Apesar de me livrar daquele idiota, Kirishima resolve que seria uma boa opção me atazanar também. Ele se encostou no capô do carro da polícia enquanto eu aplicava uma compressa de gelo no meu olho esquerdo, os paramédicos deram um jeito no sangramento da minha perna, mas ainda precisaria passar no hospital.
__ Cara, temos muito pra conversar, hein? - disse estendendo a mão para segurar meu queixo e virar meu rosto para si - A senhorita Misaki vai ter que desmarcar nossa sessão de fotos…
__ Tira a mão, idiota!
O ruivo idiota riu de mim, enquanto cruzava seus braços observando o vai e vem que sempre acontecia depois de uma batalha.
__ Deve ter sido difícil… Ela não parece bem, muito menos você.
__ Que merda tá dizendo?! Vaza daqui!
__ Ele poderia ser pego facilmente por um de vocês, mas acho que as coisas ficaram sentimentais demais, né? É mais fácil lutar com vilões do que com ela?
__ Saí daqui antes que eu exploda essa sua bunda, cabelo de merda.
__ Vou falar com a Mina amanhã, talvez ela consiga colocar algum juízo nessa sua cabeça à força.
Porém, nós deixamos nossa baixa guarda e quando o primeiro tiro disparou, seguido de bombas de gás sendo espalhadas por toda aquela área, as coisas aconteceram rápido demais. Nos colocamos a postos, tosses vindas de todos os lados, as luzes das lanternas dos policiais tentando localizar aquele homem, já eu não poderia usar minhas explosões e acabar jogando todo aquele lugar pelos ares.
O problema com os que foram criados pela Comissão de Segurança é que eles não agem de forma escancarada, são silenciosos, velozes e se escondem em qualquer local que os leve até seu destino final.
Tanto ela quanto aquele homem.
Esse foi meu erro, ter esquecido como ela sabia se mover sem ser notada.
Meu corpo inteiro se arrepiou. Atrás de mim, um pequeno gemido de dor chamou a atenção de todos.
Quando me virei, só desejei que aquilo não fosse real, que fosse só mais um dos meus pesadelos de merda.
As gotas de sangue pingando no chão.
Vê-la caindo de joelhos.
A faca enfiada em seu corpo.
Ela não usou a barreira.
Ela nem ao menos ativou seus poderes.
Ela não hesitou em colocar seu próprio corpo pra impedir que aquilo me atingisse.
O sangue começou a se espalhar cada vez mais pelo seu traje, até que começasse a manchar o chão de vermelho puro.
__ Akira… - sussurrei com a voz quebrada.
☆
Mais uma vez minhas mãos se encontravam sujas de sangue.
Porém, naquele instante, era o meu.
Enquanto uma dor ardente percorria meu corpo, minha visão ia perdendo o foco a cada segundo.
Antes que meu corpo encontrasse o chão por completo, alguém me segurou firmemente até que minha cabeça estivesse apoiada sobre seu ombro.
Eu tinha consciência dos gritos ao meu redor, mas quando encarei os olhos malignos do Takeru e o olhar vitorioso a minha frente, soube que não tinha acabado ainda.
Me concentrei na única coisa que ele ainda tinha e fiz minha escolha.
Não poderia morrer e deixá-lo viver.
O gemido de dor dele encheram meus ouvidos enquanto seu coração era parado pelo meu poder, seu corpo caindo no chão se contorcendo com a dor que causei nele.
Ele não tinha o direito de tentar feri-lo.
Ele não devia tentar tirar a vida do meu herói.
__ Por favor Akira, PARA! - A voz desesperada do Bakugou chegou em mim.
Por causa de toda a exaustão da luta de antes, o ferimento e minha mente confusa, meus poderes começaram a falhar por completo, não conseguia diminuir minha frequência cardíaca ou parar a zona de sangramento no meu abdômen.
É claro que logo o Shin estava tropeçando ao meu lado, a cor completamente tomada de seu rosto quando viu o vermelho do meu traje.
__ Aki… não… - ele sussurrou enquanto tentava estancar o corte, mas se ele retirasse o objeto o sangramento só iria aumentar.
__ Seus idiotas… - sussurrei enquanto aqueles dois me seguraram, antes de sentir o gosto metálico preencher minha boca com sangue - Shin... Assuma o comando.
__ Aki, eu... não… não posso…
__ É UMA ORDEM! - gritei antes de fechar meus olhos, me arrepiando ainda mais com a dor ardente do ferimento. Apesar da chuva, meu corpo parecia estar pegando fogo por dentro, parecia uma eternidade dentro de mim em chamas puras.
"Me desculpa Shin..."
__ Para de pedir desculpas Aki! - respondeu quando finalmente saiu de seu choque - Não pode me deixar assim! NÃO PODE MORRER AKIRA!
Eu sentia a respiração descontrolada do Bakugou ao lado do meu rosto, suas mãos se agarrando firmemente em mim, mas não podia sequer ver aqueles olhos de rubis uma última vez.
__ É melhor se tornar o Número Um, seu desgraçado… - sussurrei sentindo ele ficar tenso atrás de mim.
"Nunca dei muito valor à minha vida, mas gostaria de ter conseguido seu perdão antes de partir...", pensei comigo mesma antes das minhas pálpebras ficarem pesadas e minha visão turva, meus ouvidos apenas reconhecendo a voz daqueles dois começarem a me chamar desesperadamente.
“Mãe, eu finalmente vou poder te ver?”
☆
☆(N/A): Oii gente, soltei mais um e sai correndo...
PS: Finalmente estou de férias, então é provável que solte um capítulo por semana, eu acho... vai depender se ela vive ou morre né? Bjs :)
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