011 - Louco e ocupado
— Não há razão nenhuma para você puxar meu cabelo com tanta força — eu resmunguei, e outro puxão no meu cabelo veio. Eu estava sentada no chão da minha sala de estar com um travesseiro macio no meu colo, enquanto minha mãe estava no sofá atrás de mim, trançando meu cabelo em duas tranças holandesas.
— Sim, tem. Faz semanas desde a última vez que você me ligou, Daphne, semanas. Você foi para a Inglaterra e nem se deu ao trabalho de me ligar? Eu nem vou começar o assunto de não me trazer um presente.
Eu ri quando ela terminou a segunda trança e amarrou com dois elásticos pequenos. Virei-me para ela e vi o olhar de diversão em seu rosto, antes de colocar minha cabeça em seu colo.
— Eu sei, desculpe. Tenho estado ocupada — eu disse. — Falando em ocupação. Como vão os negócios?
Minha mãe me lançou um olhar que me disse para não fazer mais perguntas. Embora houvesse um toque de diversão em seus olhos, ela era severa e determinada o suficiente para não me dizer uma única palavra.
— Você está do lado do inimigo agora, Daphne. Você sabe que não posso lhe dizer uma única palavra.
Suspirei.
— Eu sei, mas esqueci, mãe.
Mamãe estalou a língua.
— E é tudo culpa sua, sabia? Você poderia ter feito seu estágio na nossa empresa, mas não, você queria escapar das nossas garras.
Eu ri, mas ela estava certa.
— Eu não poderia trabalhar para vocês. Eu cresci vendo meu pai ser um homem de negócios e sim, eu aprendi todos os seus truques, mas eu queria ver e ganhar mais experiência. Essa empresa vai ser minha um dia, então não se preocupem, eu não vou cruzar totalmente para o lado do inimigo.
Sienna Preston foi definitivamente meu modelo enquanto crescia. Ela tinha uma parte da empresa do meu pai, no entanto, ela era uma advogada que o representava e a empresa. Ela era extremamente inteligente, e nenhuma vez, em seus quarenta e sete anos, perdeu um único caso.
No entanto, sua falha era que ela absolutamente tinha que saber de tudo. Não importava se ela planejava compartilhar com o pai ou não, ela simplesmente precisava ser a pessoa que era informada de tudo, mesmo que não tivesse nada a ver com ela.
— Então — ela começou a perguntar, mantendo a voz baixa. — Como vão as coisas com a editora Westwood?
Eu reprimi uma risada e finalmente saí do seu colo. Eu servi uma bebida para nós, sem álcool, é claro, e sentei-me ao lado dela no sofá.
— Por que você estaria interessada nisso?
— Porque o outro homem que está lutando para comprá-la é seu pai.
— Desculpe, sou leal como um cachorro e agora minha lealdade é para com meu chefe enquanto trabalho para ele — sorri.
— Eu imaginei — ela murmurou baixinho.
— Embora, o que eu posso dizer é que eu não sabia sobre o papai ser o segundo possível comprador. O Sr. Estevan tem muitas secretárias e cada uma lida com algo que lhe é atribuído. Então, como sou filha única de Michael Preston, e é obviamente um conflito de interesses, eu nunca soube sobre isso até agora.
— Você ainda está decidida a abrir seu negócio depois de terminar a universidade?
Eu balancei a cabeça entusiasticamente.
— Sim! Vou trabalhar até obter meu mestrado em administração e, depois disso, já que meu pai não vai se aposentar até ser forçado a isso, quero abrir algo em meu nome, para começar e ser conhecida antes de herdar milhões de dólares em uma empresa.
A resposta de mamãe foi revirar os olhos.
— Seu pai e eu trabalhamos duro a vida inteira para que você não tivesse que lutar, mas não, você quer lutar, então eu vou deixar você lutar.
Eu gemi quando ela assumiu o modo mãe completa.
— Podemos não falar sobre isso?
Assentindo com a cabeça, ela sorriu amplamente.
— Vamos falar sobre sua vida amorosa, então. Ou a falta dela.
— Podemos voltar a falar de negócios?
— Pare de tentar evitar o assunto, Daphne — ela disse. — Você é uma mulher jovem, e sim, eu sei que o que aconteceu com aquele bastardo é mais do que traumatizante, mas ele se foi. Ele não pode mais te machucar.
Eu estremeci ao mencioná-lo.
— Eu tenho um amigo que veio verificar se ele ainda está na prisão. Eu tive pesadelos novamente e, como eu ignorei minha terapeuta mais de duas vezes, estou com vergonha de ligar para ela e vê-la novamente.
— Posso ir com você, se quiser.
Eu balancei minha cabeça.
— Como minha mãe, eu não quero que você saiba os detalhes do que aconteceu. Você já viu as coisas ruins, especialmente depois que eu quase morri, mas essa foi a parte menos dolorosa. Então, não, eu não quero que você saiba todos os detalhes. Isso te quebraria…
Eu podia ver seus olhos se encherem de lágrimas enquanto ela tentava contê-las. Ela me abraçou com força, e eu senti uma onda de segurança me invadir enquanto ela me segurava perto.
— Eu me odeio por não ter sido capaz de proteger você - ela sussurrou contra meu cabelo enquanto dava um beijo suave no topo da minha cabeça.
— Não foi sua culpa, ok? Nunca foi. Nem foi minha.
Fiquei mais do que agradecida porque, se não fosse pelo olhar atento da minha mãe, ninguém teria visto o que estava acontecendo a portas fechadas. Eu era jovem e tinha muito medo de falar por causa das ameaças que recebia. Minha mãe foi a única razão pela qual consegui sair daquele buraco do inferno e por que ele está na cadeia.
— Não vamos falar sobre isso, ok? Eu prometo a você, voltarei para algumas sessões com
a terapeuta.
Ela sorriu, embora eu soubesse que ela estava relutante em acreditar em mim.
— Ok. Vamos almoçar.
E um almoço com a mamãe era exatamente o que eu precisava, eu sentia muita falta dela e foi tão bom finalmente poder falar com ela, depois de meses sem nos vermos.
Foi outra semana movimentada no escritório. Theodore estava tentando desesperadamente ganhar o chefe da editora Westwood, que parecia estar favorecendo meu pai, em vez disso. Já que Theo gastou muito dinheiro tentando ganhar a favorabilidade, se ele perdesse agora, ele perderia uma porrada de dinheiro.
No entanto, a mesma coisa se aplicava ao meu pai. Eu não queria me intrometer de forma alguma, e fiquei grata por caber a Ellie cuidar de todos os detalhes sobre aquele cliente. Mas, algumas vezes, ela pediu minha opinião, que eu tentei manter imparcial, e ela pegou no pé disso. Ela não era burra, e não demorou muito para perceber que Michael Preston era meu pai, e então ela se desculpou por me colocar em uma posição embaraçosa.
Theodore me mandou uma mensagem para marcar uma data em que ele poderia me ver. Dei uma olhada na agenda dele e, infelizmente para nós dois, ele estava atolado, até nos fins de semana. Está ficando cada vez mais ocupado, pois havia muitas coisas que precisavam ser feitas corretamente antes dos feriados, e não importava que fosse apenas o fim de julho, ele ainda precisava de muito tempo para se concentrar em seu trabalho para poder tirar janeiro e fevereiro de folga.
O telefone do escritório tocou e, como eu era a única disponível para atender a ligação, respirei fundo e rezei para não estragar tudo.
— Escritório de Theodore Estevan. Aqui é Daphne falando, o que posso fazer por você hoje?
— Oh, eu adoro quando você é toda profissional — uma risada baixa veio do outro lado da linha e eu revirei os olhos ao som da voz de Luka.
— Senhor, deixe-me lembrá-lo de que as ligações telefônicas estão sendo gravadas.
— Ah, merda. Desculpe. De qualquer forma, preciso adiar a reunião que tive com o chefe no sábado.
Peguei rapidamente a planilha de compromissos semanais de Theodore e vi que no sábado ele teria uma reunião de três horas com Luka.
— Posso adiar para a semana que vem, mas não posso garantir que ele tenha tempo para uma reunião de três horas.
— Não tem problema. Me ligue quando tiver definido a data.
Desliguei o telefone e ri para mim mesma. Dei o próximo passo e corrigi a agenda de Theo antes de ir para o escritório dele. Ele ficou preso lá dentro nas últimas horas e até mandou entregar o almoço para ele, enquanto ele deixou o resto de nós ir comer alguma coisa.
Bati na porta duas vezes, mas não obtive resposta. Dei um passo ousado e entrei no escritório sem receber sinal verde e o que vi me abalou.
Theodore estava no telefone, falando, bem, principalmente xingando alguém. Havia uma pilha de papéis em sua mesa, e eu tremi com a visão. Ele tinha pelo menos cem papéis para assinar, e o lote que já estava assinado era significativamente menor.
Ele desligou o telefone e jogou-o para o outro lado da sala, antes de olhar para mim.
— O que foi, Srta. Preston? — nossa, ele estava realmente puto.
— Há uma reunião que foi remarcada, então você tem um dia de folga no sábado.
Theodore resmungou.
— Não, isso não vai dar. Encontre algo para preencher o dia.
— Senhor, você está se esforçando demais. Tire o dia de folga.
Ele me olhou com a sobrancelha erguida. Dei um pequeno passo para trás quando percebi o quão irritado ele estava.
— Eu não pedi sua opinião. Preencha o espaço. Se não há nada a ser feito, invente algo.
Pisquei algumas vezes, a descrença estava estampada em meu rosto enquanto balançava a cabeça.
— Tudo bem. Vou encontrar alguma coisa.
Theodore era definitivamente louco. Eu não ia marcar uma reunião, é claro, já que ele precisava de pelo menos um dia de folga, mas se eu não pensasse em algo, qualquer coisa, isso voltaria para me atormentar. Então, marquei uma reunião comigo em um pequeno hotel agradável fora da cidade que eu frequentava com Luka antigamente.
Ele ou me foderia como se o amanhã não existisse, ou me demitiria. Eu gostava das probabilidades aqui porque assim que Theodore foi provocado, ele não conseguiu conter o domínio e as partes internas de si mesmo. Elas não podiam ser silenciadas.
Trabalhamos pelo que pareceu uma eternidade. Foi uma coisa boa, porque enquanto eu observava outras secretárias trabalhando, peguei algumas dicas e truques de cada uma delas e as escrevi. Afinal, além de Ellie e eu, todas elas estavam na faixa dos quarenta e poucos e cinquenta e poucos anos, elas fizeram esse trabalho a vida inteira e, com certeza, nenhuma delas era tola e idiota.
Cinco horas passaram bem rápido. Não percebi o quão cansada eu estava até guardar todos os documentos e pegar minha bolsa para ir embora. No elevador, eu estava bocejando feito louca, e Ellie apenas riu de mim.
Pensei que finalmente iria para casa e teria uma noite mais cedo, para finalmente dormir direito. No entanto, quando saí do prédio, lembrei-me dos planos previamente feitos que tinha com um amigo, e meu telefone vibrou.
— Oi, Cora — eu disse. — Você já terminou o trabalho?
— Sim, acabei de terminar. Você tem algum plano agora?
Eu balancei a cabeça e revirei os olhos para a estupidez, já que ela não conseguia me ver.
— Sim, vou encontrar Erin para tomar um café, quer ir junto?
— Claro, me mande o endereço por mensagem.
Cora desligou o telefone e eu entrei no meu carro. Por sorte, a cafeteria não era muito longe. Durante o trajeto, ouvi um pouco de música e troquei mensagens com Luka, enchendo o saco para ele me ver hoje à noite, porque conhecendo aquele homem, ele conseguiu as informações que pedi para ele encontrar, no mesmo dia em que falei.
Eu estava inquieta nas últimas noites. Eu precisava encontrar um encerramento e ver minha terapeuta novamente, e o primeiro passo para isso era garantir que aquele bastardo não veria a luz do dia tão cedo.
Meta p próximo cap: 10 votos!
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