ೃ [016] I could be a good mother
𝗘𝗨 𝗣𝗢𝗗𝗘𝗥𝗜𝗔 𝗦𝗘𝗥 𝗨𝗠𝗔 𝗕𝗢𝗔 𝗠𝗔𝗘
✩‧ೃ 𝐑𝐡𝐞𝐦𝐦𝐚 *Arryn* Pov༄୭࿔.
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"Primeiro dia de nome"
❝ era claro seu amor pelos filhos e a comentada fidelidade ao marido, mas, Más línguas diriam, no entanto, que a lady talvez não fosse admirada pelo acaso... Ousaria dizer que ela costumava enfeitiçar os homens, mas se era com magia ou outros talentos não sabemos ━━ cogumelo em fog* e sangue. ❞
{🪻}
*passagem de tempo*
Um ano.
Rhemma passava a última peça de roupa na cabeça da menina, tentando pentear os curtos cabelos cacheados enquanto a filha levava um dos bonecos de madeira à boca, mordendo e babando. Maegor estava sonolento, provavelmente descansando antes de colocar toda a energia para fora. Vestiam azul e dourado, puros como qualquer imagem de santidade que a mãe já tivesse visto.
Era o primeiro dia de nome, presentes já foram entregues, mas nenhuma carta para o desânimo da mãe. As pessoas por quem tinha apreço não pareciam querer compartilhar essa alegria com ela.
Olhou as duas crianças iguais, exceto pelo cabelo. A menina tinha cachos platinados, tão leves que pareciam em pé; o menino, cabelos tão lisos que escorriam para os olhos, obrigando-os a cortar a frente como uma cuia para que não o atrapalhasse. Agradecia aos deuses por ter crianças saudáveis, mesmo que Aenys não andasse nem falasse.
A alegria da corte se resumia naquelas duas crianças. Viserys amava banquetes, mas não fazia muitos desde que se resguardou no leito real. Uma festa considerável fora preparada em vez de caçada, o rei estaria presente, mesmo que por tempo limitado. Embora não fosse costume conversar sobre, todos sabiam da fragilidade da mais velha dos gêmeos. Bom, apenas uma pessoa falava sobre.
━━ Obrigada pela ajuda ━━ disse a mulher, entregando ao eunuco a escova após ele terminar de arrumar os presentes mais íntimos.
No chão, Maegor chamava pela mãe, apontando para um dos brinquedos que já havia ganhado. Restou ao homem roliço entregá-lo, já que ela estava ocupada colocando um laço na menina.
━━ Lady Rhemma ━━ anunciou o eunuco, dando passagem. ━━ Príncipe Aegon.
A porta foi aberta após Mathos anunciar Aegon, que caminhou até Rhemma, olhando para a menina arrumada e depois desviando o olhar até encontrar quem realmente queria. O menino, que naquele instante segurava um dos brinquedos novos, foi pego no colo.
Analisou a aparência do marido da mesma forma que ele reparou na bagunça no aposento dela, agradecendo aos deuses por estar minimamente arrumado e aparentemente não ter bebido por ora.
━━ Está magnífico! ━━ lançou-o ao ar. ━━ Tome.
Entregou o dragão de madeira, vendo o sorriso do menino após pousar no colo de Aegon. Rhemma pegou a filha nos braços, virando-a para Aegon, esperando a opinião de outro alguém, mas recebeu o príncipe dando toda a atenção para o outro gêmeo.
━━ Você está linda... ━━ expressou após olhar novamente, grandes bochechas rosadas e grandes olhos arredondados violetas. Tocou a bochecha dela, fazendo cócegas, passando para o pescoço e então para a barriga, recebendo risadas em troca ━━ Você é tão linda!
Aproximou o rosto, deixando um forte beijo no pescoço de Aenys.
━━ O laço não está muito grande? ━━ o homem questionou, olhando para a esposa. Rhemma revirou os olhos, levantando a menina para que ficasse mais confortável no colo, irritada com o comentário. ━━ Desculpa.
━━ Está na hora ━━ avisou.
━━ Mama! ━━ Maegor chamou, estendendo os braços.
━━ Seja um bom menino. ━━ Não podendo pegá-lo, Rhemma se contentou deixando um beijo em sua bochecha gorda, passando os dedos pelos cabelos lisos e arrumando-os.
Aegon partiu à frente, levando Maegor, e Rhemma o seguiu pelos corredores logo atrás, como de costume, carregando Aenys.
O vestido da lady Arryn fez com que Viserys, sentado e sendo carregado por seus guardas, lembrasse da mãe da jovem e, consequentemente, de Aemma. Reconheceu o vestido porque era o mesmo violeta. Seu sorriso se estendia por toda a sala enquanto Rhemma levantava sua bebê para o alto, trazendo aplausos de todos ao redor.
Era apenas o primeiro dia do nome de Maegor e Rhaenyris. Ela girava a criança, sendo acompanhada por Aegon que girava Maegor com dedicação, claramente tendo preferência por ele.
De longe, outra pessoa observava, calada e inquieta. Um telespectador no canto do salão, as palavras de Alicent ecoando nos ouvidos.
Quando colocados ao chão, Aenys segurava a bainha do vestido da mãe ainda sentada, enquanto Maegor, já em pé, segurava a mão da irmã, tentando levantá-la. Ele era alguns centímetros maior que a outra, minutos mais velha.
Os olhos de Rhemma se iluminavam, assim como os das pessoas da corte que se animavam para ver a princesa dando seus primeiros passos, mas logo uma risada escapou quando Aenys caiu ao chão junto com Maegor. Vendo a pequena chorar, Rhemma se abaixou, pegando-a no colo, segurando o riso e tentando acalmá-la enquanto Maegor olhava preocupado, sem entender o choro repentino, mesmo que costumeiro.
━━ Está tudo bem, meus amores ━━ disse, acalmando a menina manhosa enquanto observava o queixo do irritadiço tremer.
O rei e a rainha, junto com a Mão, planejaram uma comemoração para os gêmeos, e agora Maegor, com apenas um ano, já andava sozinho, de colo em colo, impossível de ser parado; enquanto sua irmã ainda não passava de tentativas falhas, limitando-se apenas ao colo da mãe e, às vezes, ao da avó, que a carregava pelo salão.
A lady estava observando Aemond, incomodada com as outras conversando com ele e todo o questionamento que se iniciava sobre o príncipe e sua falta de interesse pelas mulheres da corte.
Seria comentado sobre desvios à preferência masculina se o príncipe ao menos tivesse amigos. Nenhum.
Todos os lordes sempre se encantavam com o jovem príncipe, e todas as ladies com Aenys. Rhemma sentava, observando toda a atenção ir para seu filho mais jovem. Não gostava que aplaudissem a falta de educação de Maegor apenas por acharem engraçado.
━━ Dragão! ━━ ele gritou animado, tomando o brinquedo da mão de Aegon com brutalidade e o lançando para que Aemond o pegasse.
━━ Maegor... ━━ chamou a atenção do menino de um ano.
━━ Daqui a poucos anos, Maegor será declarado o Targaryen mais jovem a montar em um dragão ━━ o rei Viserys disse para todos ouvirem, trazendo um sorriso a Alicent sentada ao lado do rei e a Otto. ━━ É atrevido e feroz.
Era claro o amor do avô com os netos, filhos de Aegon com Rhemma.
Aemond entregou o brinquedo para Maegor, apenas para o dragão ser lançado novamente. Parecia querer brincar como se fosse um cachorro. Ao redor, todos riram, confortáveis com a fala do rei e a brincadeira da criança sem entendimento.
Rhemma olhou para o amante como se desculpasse.
━━ Pare, querido, não faça isso ━━ Rhemma repreendeu, se abaixando para ficar no nível do filho. Encarou Aegon. ━━ Pegue-o no colo. Bom, vamos rezar para que não seja tão cabeça dura quanto demonstra ser ━━ soltou, tentando aliviar os olhares.
Silêncio transbordou na sala. Otto, nada satisfeito, abriu a boca, se aproximando mais enquanto segurava seu cálice de vinho.
━━ Ao menos Maegor já fala e anda... ━━ Otto, a Mão do Rei, disse, fazendo com que todos ficassem em silêncio. Não era de costume tocarem nesse assunto, não na presença da mãe. ━━ Diferente da irmã que não disse ainda nenhuma palavra ou engatinha...
Os olhos violetas de Rhemma se intensificaram no mesmo instante, fixos no mais velho. Ela não suportava mais a pressão que Otto colocava em Aenys. Irritada, uniu os lábios em uma linha fina, batendo disfarçadamente o pé ao chão enquanto balançava sua bebê. Virou a cabeça, parando em direção a Aegon.
━━ Cada um tem o seu tempo, vovô ━━ disse em defesa da filha, vendo os olhos de Rhemma se mostrarem felinos.
O Hightower olhou para a filha e os netos presentes, todos em silêncio.
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Estava sentada com as moças, com a filha no colo, mesmo que seus olhos buscassem outro lugar. A música alta a fazia perder os sentidos.
━━ Rhaenyris é de fato um amor, mas e o príncipe? ━━ Lady Tarly, uma mulher um pouco mais velha que Alicent, questionou o que todos queriam perguntar.
━━ Ele está... ━━ Rhemma esticou o pescoço, procurando-o. ━━ Segure Aenys, por favor?
A entregou para Alicent, sentindo o medo. A neta não chorou sob o cuidado da avó, que a acudia acostumada em dar colo.
Para seu alívio, a ama que ajudava em dias como esses trouxe o bebê, colocando-o no chão. Bastou que os pequenos pés tocassem o sólido para que Maegor corresse como uma flecha na direção da mãe, com os braços abertos e passos desregulados, parecendo que ia cair a qualquer momento. Pulou para as pernas da mulher, se agarrando ao vestido.
━━ Mama! ━━ gritou, pedindo o colo que antes fora recusado, novamente.
Rhemma passou os braços pelas costas dele, sentindo os cabelos exalarem seu perfume de bebê. Parecia tão natural que ela fechou os olhos, inalando o máximo que conseguia, até que se misturasse com algo a mais. Se afastou, confusa. Reparou que ele não se vestia mais como a irmã, havia trocado de roupa.
━━ Onde você estava, hein? ━━ perguntou, apertando-o enquanto o menino sorria, pulando, parando para fazer pequenas cócegas na barriga grande dele. ━━ Senti sua falta.
Maegor se limitou a sorrir e piscar em confusão. Não sabia o significado de sentir falta, mas queria o colo da mãe.
━━ Tive que o trocar, senhora. ━━ explicou.
━━ O pequeno príncipe da corte usando roupas novas? ━━ questionou retoricamente, arrumando os cabelos bagunçados e a gola da roupinha. ━━ Parece um homenzinho. ━━ Virou-se para a ama novamente. ━━ Mas por que trocou? Ele se sujou?
A mulher olhou para os pés, movendo-os e pensando em como falar. Olhou para os lados, sentindo as bochechas ruborizarem; não queria contar, mas a lady Arryn permanecia a encarar.
━━ Ele se sujou com o vinho que o príncipe Aegon deu para ele beber, senhora. ━━ media nas mãos ━━ Príncipe Aemond pediu para que o trocasse.
Rhemma se sentiu chacoalhada por um instante até que, desesperadamente, pegou o menino, colocando-o no colo como um boneco de pano. Apertou as bochechas para que ele abrisse a boquinha, levando o nariz para perto, sentindo o cheiro forte de vinho substituir o perfume natural de bebê. Reparou no lábio superior roxo, manchado pelo corante da bebida.
Colocou-o no chão, não pensou que Aegon fosse fazer isso. Sentiu as mãos do filho se levantarem em direção ao busto cheio de leite; ele sentia fome. Rhemma os abaixou, estava furiosa demais, lançando todo seu ódio para o marido que passava a mão em uma criada. Olhou para baixo, não queria estragar o dia de nome das crianças, o que eles não entendem, não sentem.
━━ Não quero mais ele com Aegon ━━ avisou, mesmo que tentasse esconder o rancor de suas falas com um sorriso; as damas ao redor notavam o incômodo. ━━ Deixe meu marido se divertir com os amigos, ele merece.
━━ Sim, senhora.
━━ Tome, leve-o para descansar ━━ mandou, mesmo que ele ainda estivesse se inclinando para tentar obter leite da mãe. Acalmou-o passando a mão em sua cabeça. ━━ Seja um bom menino.
Enquanto as ladies iam agradar Maegor, elogiando-o e esforçando-se para obter uma risada, a mãe pegou a gêmea do colo de Alicent, que, mesmo de longe, observava o outro se divertir tonto e sonolento. Foi colocada em cima da pequena mesa, perto da mãe, enquanto as damas colocavam comida na frente do menino, tudo a não ser bolo.
━━ Fome! ━━ pedia com suas mãos gorduchas dentro do pote. Com as mãos sujas, colocou-as na boca, chupando os dedos, insistindo em comer com as mãos.
━━ Maegor me lembra Aegon quando bebê. ━━ Olhou as mãos mexendo nas cutículas e se aproximou, arrumando a franja lisa e platinada. ━━ Tal pai, tal filho.
Parecia querer acusá-la, como se dissesse "é bom que seja". A culpa pesava nos ombros da platinada; Rhemma uniu os lábios em uma linha fina, aproximou-se do menino colocando a irmã sentada ao lado e tomou da ama o lenço, limpando os dedos babados e melados. Não queria conversar sobre isso; pai e filho não importavam para a lady.
━━ O rei disse sobre o príncipe ser o futuro mais jovem montador ━━ iniciou, sorrindo e recebendo todo o carisma de um menino de um ano com dois dentes grandes afastados. ━━ Me pergunto, o ovo já eclodiu e deixaram em segredo? Os filhos da princesa Rhaenyra tiveram dragões em seus berços.
Rhemma virou o rosto na direção de quem falava, não se recordava do nome da moça, que parecia rude e inconveniente, nem da casa a que pertencia. Não sabia nada além da aparência: uma velha com cara de fuinha e orelhas grandes.
━━ Ouvi dizer que o mais novo não teve ━━ iniciou, soltando o lenço que segurava e olhando nos olhos da moça, que se escondiam atrás da pele flácida. ━━ Isso não o impede de ser um montador tão bom quanto Maegor será um dia.
Parecia que ácido fora jogado no ar que respiravam; ficaram em silêncio, se encarando por longos segundos. Alicent, tomando o laço da menina e arrumando-o, observava a moça se ajeitar na cadeira desconfortavelmente. Não esperava que Rhemma falasse algo; era amigável e esperava uma resposta gentil.
━━ Os presentes são tão lindos ━━ disse uma lady com cabelos ruivos, quebrando o silêncio. ━━ Mas talvez um bobo seja o que falta; crianças amam bobos.
━━ Bobos, não, nem pensar ━━ interrompeu, se recordando do sonho com um bobo que possuía a face malhada e cujos olhos podres exalavam o fedor da morte. ━━ Acho que o papagaio já é o suficiente. A nossa pequena Aenys ficou encantada com ele.
Ao ouvir "papagaio", a bebê olhou para a mãe atenta. Um sorriso espontâneo escapou de Rhemma; mesmo que não falasse, era um alívio assisti-la fazer algo, reconhecer palavras. Mesmo que o gesto fosse pequeno, deu-lhe tranquilidade; Aenys ouvia e entendia algumas coisas.
Irritava-a quando Otto a olhava em desprezo, mesmo que por preocupação, ou Alicent a definia como 'simples' por sua lentidão comparada ao irmão, ou a qualquer outra criança. Odiava esse termo; sua filha não era uma idiota, apenas precisava de tempo.
A festa havia durado poucas horas desde o incidente com a bebida e a cena de Aegon com a criada, da qual Rhemma fingiu não ver para preservar o dia de nome dos filhos. Os convidados foram para os aposentos e a pequena família se recolheu em frente à lareira, uma pequena mesa ao chão com um mar de telas e tintas agora envelhecidas espalhadas; Aegon, por outro lado, se entregou a mais uma noite, como de costume, na Rua da Seda.
━━ Sua vez, meu amor ━━ Rhemma chamou Maegor após terminar com Aenys, entregando a menina para que Aemond cuidasse.
O príncipe entregava à menina um pássaro de madeira enquanto Rhemma pegava seu pincel gasto, molhando-o na tinta vermelha. Tomou a pequena mão do filho, pincelando até que uma crosta de tinta fresca a cobrisse. Ele ria, seus dentes em crescimento fazendo com que a mãe sorrisse de volta ao som que mais amava, apoiando a mãozinha na tela, bem ao lado da da irmã em amarelo.
━━ Parece ter gostado desse ━━ Aemond pronunciou, assistindo a brincadeira com o pássaro.
━━ Se não tivesse se ocupado durante a hora dos presentes, teria visto o quanto ela amou o papagaio que ganhou ━━ olhou-o com os cantos dos olhos antes de retornar ao que desejava falar ━━ Aves, pelo jeito, serão a paixão dela.
━━ Eu não estava ocupado; tirei Maegor antes que se juntasse ao clube dos bêbados no primeiro dia de nome ━━ defendeu-se, ignorando o incômodo ao ver o mencionado bater o pincel contra a mesa. ━━ Gostou do papagaio?
A última sentença foi direcionada à menina, que se virou com atenção, enquanto o irmão seguia o movimento confuso, mesmo continuando a bater o pincel na mesa, sujando e batendo cada vez mais forte.
━━ Notou? ━━ Rhemma sorriu encantada, inclinando o rosto em direção ao amante como se fosse a coisa mais fascinante que já presenciou. ━━ Aenys olha quando falam papagaio.
━━ Papagaio? ━━ repetiu, olhando o rosto avermelhado e sonolento da mais jovem, que devolvia com olhos brilhantes em admiração.
━━ Papa...
Aemond se calou; Maegor quebrou o pincel e Rhemma se encontrou em estado de choque. Não sabia se pela primeira palavra ou se enfrentava a peça de sua paranoia, a filha dizia "papagaio" ou chamava Aemond de "papa". A culpa se misturava com tudo ao mesmo instante. Apressou-se em tomar Aenys como uma boneca de pano.
━━ Não, Aenys ━━ passou o dedo sujo de tinta na testa da menina ━━ Este é o titio. Sei que ele e seu pai se parecem, mas ele é o seu tio. ━━ Sua fala causou uma careta em Aemond.
━━ Hum... ━━ murmurou, se remexendo desconfortavelmente e analisando o menino soltar o último pincel no mesmo instante em que a mãe o colocava no berço. Rhemma não parecia se importar. ━━ Não pinta mais? Cadê seus pincéis?
Por um pequeno segundo, Rhemma olhou ao redor, dando-se conta de que realmente pintava em seu passatempo no passado.
━━ Esse foi o último ━━ olhou para baixo, vendo-o quebrado. Uniu os lábios em uma linha fina, notando nesse instante que era o último. ━━ Isso não importa, não mais.
As coisas pareciam diferentes; não ficavam tanto a sós como antes e Rhemma não tinha mais o aposento repleto de tinta, quadros ou pinturas. Foram substituídos por brinquedos e berços.
━━ Bem, você tem outros interesses, eu vejo. Minha mãe já notou isso e veio falar comigo há algumas noites.
━━ Sobre mim? ━━ Confusa, molhou os lábios, virando-se.
━━ Sobre mim.
━━ O que tem você?
Rhemma colocou o cabelo para trás, estreitando os olhos violetas que, sob a luz da lareira, ficavam vermelhos. A mandíbula da mulher se alinhou, seus lábios avermelhados e lisos se contorcendo. Ele tinha algo a esconder.
━━ Responsabilidades ━━ jogou no ar, sabendo que a esposa do irmão não queria discutir com o amante na frente dos filhos.
━━ Está mentindo ━━ arqueou a sobrancelha, agora passando a língua nos lábios e assistindo-o se virar para a saída. ━━ Não poderia se importar menos, ao menos não ainda.
Aemond respirou fundo e abriu a passagem. Seus dedos na porta enquanto a observava segui-lo até lá, observando com os braços cruzados sobre os seios agora fartos. Precisava de uma bebida, mas Rhemma não bebia desde o nascimento das crianças, restando apenas água e chá. Chá não a relaxava, e a água também não, pois notava os pelos arrepiados e, mesmo na ausência do fogo, os olhos avermelhados, ela sentia.
━━ A espero nos meus aposentos ━━ seu tom era sério, a assombrava.
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Com ambos os bebês em seus berços, cobertos e alimentados, Rhemma os balançou até que se entregassem ao sono.
Arrumou-se com rapidez, a mente retornando às suposições e respostas para tudo que o amante havia falado. Havia se banhado, com o cabelo solto para o sono e um roupão para maior conforto. Caminhou até a porta, abrindo-a e encontrando Mathos, como de costume na porta.
━━ Se as crianças chorarem, por favor, bata na porta... ━━ não especificou qual porta; Mathos sabia qual era mencionada.
Concordou com a cabeça, se virando para frente, não era a primeira vez.
Rhemma estava pensativa, não gostava nem um pouco da conversa que Aemond iniciara. Obrigações? E quais seriam as obrigações dele? Não tinha nada para ele a não ser ela. Não respirava a não ser o ar que ela dava, não tinha preocupações ou ocupações realmente importantes.
Passou pela porta da passagem do aposento dele, em silêncio, colocou a luminária em cima da cômoda, abaixo da tapeçaria de Balerion. Parou por um segundo, admirando-a. Um dragão queimou o castelo e outro tentou reconstruí-lo... Sentia o sangue correr rápido pelas veias enquanto dava passos calmos, estava na intenção de deixá-lo falar, colocar para fora as frustrações e então o calar com seus lábios até que esquecesse o assunto que queria.
Caminhou até a mesa com vinho, tudo em seu devido lugar; ela o conhecia como a palma da mão. Serviu dois cálices e caminhou em direção à cama, logo no início a estante de livros, onde Aemond estava parado, a observando.
━━ Veio mais rápido que de costume. ━━ Seu olhar estava baixo, continuava sério.
━━ As crianças estavam cansadas e eu também. ━━ Justificou, mas ainda o provocando ━━ Como você mesmo disse, obrigações. ━━ Levou o próprio cálice aos lábios, umedecendo-os ━━ São obrigações que você não tem.
Queria incitá-lo a dizer o que guardava; quanto mais irritado, mais falava sem pensar ou mascarar.
━━ Ainda não, pelo jeito. ━━ Um bico se formou aos lábios; caminhava para perto, tomando o objeto e bebendo-o. Sentou-se na cama ━━ Minha mãe tem falado sobre isso. Talvez não agora, Rhemma, mas uma hora, você sabe que algumas coisas vão mudar.
━━ Mudar o quê? Nossas funções com o reino? ━━ Desprezou qualquer coisa que passasse por ela ━━ Que eu saiba, príncipes sem a posição de herdeiro não têm tantas obrigações, especialmente os segundos filhos.
Seu olhar estava bravo e frustrado; tomou um gole maior, seu pomo de Adão movendo-se com rapidez. Apertava o cálice com força, observando-a se aproximar até que seu rosto estivesse na altura de seu umbigo; mirou para cima.
━━ Se lhe interessa saber, até mesmo o segundo filho tem um papel a cumprir com a coroa ━━ Tocava o decido claro, liso e rico, questionava-se se a mulher, que alegava ter tantas obrigações, saberia o valor dele ━━ Alianças... Elas dão dinheiro e exércitos.
Rhemma o golpeou na mão. "Alianças"? Sentia uma bola presa na garganta, prendendo todo o ar.
━━ Não precisamos de um exército. ━━ Foi a única coisa que tinha ar para discutir.
━━ Não agora, obviamente. Mas uma hora vou ter que ter uma esposa decente, de preferência e é claro. ━━ Observava os seios da esposa do irmão subindo e descendo em descontentamento; ela reprimia qualquer irritação, parecia prestes a explodir ━━ Meus filhos um dia, Rhemma.
Queria golpeá-lo; "seus filhos"? E os inocentes que descansavam no aposento praticamente ao lado? Odiava aquela conversa.
━━ Você deseja se casar?
━━ Não é questão de desejar.
━━ Não?! ━━ Levantou as sobrancelhas.
━━ É nossa obrigação. ━━ Decretou ━━ Você me disse uma vez, todos temos nosso papel a cumprir. Não podemos ficar presos aos nossos reflexos e paixões, como Narciso, não é?
Rhemma apertou o roupão, os nós dos dedos esbranquiçados de tanta força que aplicava. Desviou os olhos quando sentiu a mão de Aemond abrir a dela, mesmo que lutasse contra isso. Ele a uniu com a dele, mandando que parasse.
A platinada segurou o rosto bruto, sorriu. Colocando um joelho de cada lado das pernas de Aemond, se sentou enquanto prendia o rosto do homem entre as mãos com mais vigor. Forçava-o a olhar para seu rosto; era o que mais tinha como poder.
━━ Uma obrigação com a coroa... ━━ Murmurou, tornando-os mais sedutores que o normal. Agora era a vez dele tentar fugir; não queria perder a linha do raciocínio por um toque ━━ Um dia você disse que eu seria a rainha, a rainha de Aegon ━━ Interrompeu, aproximando os lábios dos dele, deixando apenas a sombra para que o ar entrasse e saísse, respirando o mesmo ar ━━ Sua rainha. Por que então você não jura me proteger até o fim dos seus dias? Eu e seus filhos? Vire um manto branco e não precisa se preocupar com nada além das obrigações que já tem comigo.
Aemond piscou, o frio passando em sua barriga acompanhado pelo arrepio que subia por todos os pelos do corpo. Olhou para baixo, o roupão embaralhando a mente como um quebra-cabeça. Teve que lutar para conseguir afastar as mãos dela.
Mesmo ofendido, Aemond não afastou o corpo de Rhemma quando ela se aproximou mais, apoiando a mão em seu peito e o busto dela, agora mais chamativo, colados nele. Desde que os gêmeos haviam crescido, Rhemma estava maior do que antes. Aemond tinha a visão da curva pronunciada do pescoço de Rhemma, onde no centro descansava uma safira.
Aquela safira o fazia delirar em noites solitárias, como se ela dissesse a todos que era dele.
Lembrou-se, estava ofendido.
━━ Isso só pode ser piada ━━ Murmurou mal-humorado ━━ Está brincando comigo? ━━ Riu incrédulo ━━ É bom ser brincadeira. Acha que sou um porco esfarrapado? Um plebeu morto de fome? Eu jamais consideraria algo assim. Eu sou um príncipe, Rhemma. Não um cachorro. ━━ Cuspiu agressivamente, mesmo que seguisse o cheiro de rosas que ela exalava. ━━ Quer que eu fique...
Tentava terminar de cuspir: "como um mascote?" mas a platinada colocou seu rosto novamente o calando, com testas encostadas, dessa vez tocando os lábios dele com a ponta do dedo. Se amaldiçoou, arrepiou-se novamente; ela estava mais bela do que no ano anterior. Sentia que poderia enlouquecer naquele momento, delirava.
Gritava internamente: Pare de me amaldiçoar!
Aproximou-se, fazendo pensar que a beijaria, mas então se afastou novamente, mordendo o lábio inferior com nervosismo. O frio apertava sua barriga.
━━ Não lhe agrada ficar comigo para sempre? Você sabe, da carne até os ossos, que só você basta para mim. ━━ Foi a vez de Aemond, como de costume, puxá-la para experimentar seus lábios. Arfava ao vê-la suspirar docemente, quase que propositalmente, enquanto ele suspirava perto de seu ouvido, o deixando imaginar o momento em que se separava novamente. ━━ Eu queria dormir aqui hoje, realmente desejava. Mas não esperava que você me deixasse chateado.
━━ O quê? ━━ Questionou, confuso, ao vê-la se levantar.
━━ Você me chateou. ━━ Explicou, virando-se e dando as costas, deixando que ele apenas visse seus cabelos platinados, os fios dourados brilhando mesmo no aposento meio apagado. ━━ Não está pensando em mim ou em nós. Sabe o quanto me arrisco por essa relação; deveria pensar nisso antes de tomar certas decisões.
Levantou-se rapidamente para segui-la, mesmo tropeçando nas próprias pernas. Ansiava por tê-la tão perto por mais alguns segundos, queria ir mais rápido na intenção de segurá-la, mas Rhemma o deixou tonto.
━━ E resumiu isso apenas por eu não querer largar minha posição real por você? ━━ Gostava quando a lady tomava as rédeas, mas não embarcaria nessa loucura por ela. Mesmo que estivesse como um cão no momento, um pobre adorador.
━━ Pense bem em suas escolhas ━━ Aemond reparou na cena, com olhos melancólicos, mas conhecia bem o suficiente para notar um dos cantos dos lábios dela levantados sutilmente. ━━ Amanhã venho te ver e espero que esteja mais consciente de o quanto isso é importante para nós dois.
Observou os cachos platinados pulando enquanto ela se perdia na escuridão que conhecia. As passagens de Maegor não eram mais do antigo rei cruel; para Aemond, pertenciam a ela.
━━ Te espero amanhã, então.
O gosto na boca estava amargo pelas palavras não ditas, o envenenavam como a obra de uma mulher. Molhou os lábios, sentindo o doce ainda lá. Céus, ele a amava.
NOTAS DA AUTORA:
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'Simples:
• Uma "lackwit" em Westeros refere-se a uma pessoa que não tem inteligência, geralmente o que o mundo real chamaria de deficiente intelectual. Eles também são frequentemente chamados de "halfwits", "simplórios", "idiotas", ou às vezes apenas "simples". Os lackwit são depreciados pela sociedade.
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Em cima o que queriam dizer quando chamavam a aenys de simples. Capítulo rápido eu acho né, e um pouco do primeiro ano.
Aemond percebeu que desde que rhemma teve filhos não tocava mais nos pincéis a não ser agora, para pintar as mãos deles.
Um pouco do aegon como pai (ele dando goles para o Maegor) e o aemond notando. Resolvi fazer ele mais fechado quanto a esses assuntos mas o que vocês acham?? Ele é fiel a Rhemma ou ambicioso por não largar o título para virar manto??
Hummm, me deem opniões.
Qualquer sugestão estou aberta!!!
VOTEM E COMENTEM!!!
Beijos, até o próximo.
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