v. my hands been broken, one too many times
CAPÍTULO CINCO
my hands been broken, one too many times
NENHUM SURTO ATÉ O MOMENTO. Já havia se passado uma semana desde que recebera a marca.
O ano de mil novecentos e setenta e oito havia apenas começado. Nos dois primeiros dias após a marca, Nikolai insistia para que Daphne parasse de coçar o braço, mesmo assim ela ainda precisava se acostumar. Mas seu real medo era sentir que Voldemort precisava dos seus servos, e ter de deixar Hogwarts para atender a qualquer pedido do Lorde das Trevas sem perguntas seria difícil.
Naquela manhã de segunda-feira, Nikolai havia falado que Daphne estava mais pálida que o normal, que talvez precisasse ir a Ala Hospitalar por um tempo. Ela negou, dizendo que estava bem e que assistiria pelo menos sua primeira aula.
Na aula de Flitwick, eles precisavam treinar seus feitiços não verbais. Daphne já havia começado há algum tempo, por tanto, com os mais simples, não tivera problemas. Assim como Regulus, que parecia ser talentoso na maioria das coisas que fazia. Seus pensamentos foram interrompidos quando o cálice a frente de sua mesa explodiu em pedacinhos. Daphne deu um pulo da cadeira antes de olhar para Nikolai ao seu lado.
─ Por que fez isso?
─ Eu não queria explodir nada ─ Schenker franziu a testa olhando para a própria varinha. ─ Levitar, não explodir. Levitar.
Flitwick balançou a cabeça e moveu a varinha direcionando os pedacinhos do cálice na mesa antes de fazê-lo ficar inteiro novamente.
๑
─ ... Senhorita Armstrong?
Daphne arregalou os olhos quando Marilyn Bessi, sua dupla, a cutucou e ela percebeu que estava olhando para um ponto sem importância das paredes da sala enquanto Slughorn fazia uma pergunta direcionada a ela.
─ A poção ─ a garota ao lado sussurrou.
Daphne engoliu em seco e olhou para o caldeirão acima da escrivaninha na mesa.
─ Poção do Morto-Vivo, Professor ─ respondeu rapidamente. Em seguida franziu a testa e olhou novamente, mas estava certa.
─ Muito bem ─ Horácio Slughorn assentiu, se voltando na direção de sua escrivaninha enquanto explicava os ingredientes e efeitos da poção.
Nikolai continuava observando a amiga desde a primeira aula. Ela estava mais pálida que nunca e bastante entretida com paredes ou mesas. Ela não era assim, tão voada, algo precisava ser muito interessante para chamar a atenção de Daphne Armstrong. Mas ele não podia culpa-la e dizer que a entendia, ele não foi marcado.
No momento em que os alunos foram liberados, Daphne desapareceu da sala, Regulus havia saído no mesmo instante atrás dela. Não sabia o que falar, mas havia percebido como a garota estava nas últimas horas.
Ao virar um corredor, Daphne deu de cara com Lilian Evans e, sem querer, derrubou os livros da garota.
─ Desculpe-me, eu não te... aconteceu alguma coisa, Daphne?
Armstrong apenas a entregou um dos livros e desistiu de ajudá-la com o restante, a deixando sem respostas. Sabia que havia sido rude, mas não conseguia sequer responder uma pergunta. Ela queria ar livre, Daphne queria respirar. E agradeceu imensamente ao perceber o pátio vazio.
Passando por ele, a garota saiu na direção do jardim e desceu alguns degraus que davam para a vista da casa de Hagrid, o guarda caça de Hogwarts. Daphne imaginou que ele provavelmente não estava em casa naquele horário, além das portas e janelas estarem fechadas.
E ela ficou ali, sentada no quarto degrau da escada, observando a vista da entrada da floresta proibida atrás da minúscula casa de Hagrid enquanto sentia o vento bater em seu rosto e desgrenhar seus cabelos. Ao menos continuava respirando. Só desejava não pensar em nada, mas claramente tinha diversos pensamentos na mente.
─ Sentar aqui não é nada agradável ─ uma voz não tão distante dela disse.
Daphne respirou fundo antes de se virar quase de olhos fechados quando o brilho do sol atingiu seus olhos. Mas ainda assim ela conseguia ver metade do rosto de James Potter, que estava sentado alguns degraus acima observando como seus cabelos eram quase idênticos aos de Lily quando eram banhados pelo sol. A diferença era que os de Daphne parecia mais um vermelho alaranjado do que ruivo.
─ Não começa ─ ela disse baixinho, duvidava que ele houvesse escutado.
Ela tinha aula, James também, e nenhum deles estava preocupado com isso. Daphne se virou para a visão da floresta outra vez.
─ Imagino que Filch raramente desça aqui. Está em vantagem, Armstrong.
─ Você consegue calar a boca? ─ ela perguntou alto o suficiente dessa vez.
─ Entendi ─ James se aproximou, mas não muito. Ele ficou em pé. ─ Sei que me odeia, eu também não gosto muito de você. Mas gosto menos ainda quando vejo alguma garota chorando sentada em um local tão desconfortável quanto esse.
─ Não estou chorando.
Mas podia começar se continuasse falando. Daphne olhou para as próprias mãos.
─ Claro que você não chora ─ disse ele, ─ seus olhos apenas molham.
Ela suspirou e se levantou, passando por Potter sem dizer nada. James franziu a testa a observando subir os degraus na direção da parte mais alta próxima a torre do relógio.
─ Armstrong ─ ele chamou, a seguindo, ─ sou a última pessoa para quem você contaria algo, mas se precisar...
Ele ainda estava subindo, mas parou quando Daphne, já no gramado, se virou subitamente, apontando o dedo para ele depois de descer dois degraus.
─ Não, Potter! Não preciso e não tente bancar o garoto bondoso, isso não combina com você.
Quando ela se virou, ele deu uma risada forçada e continuou subindo, James subiria de qualquer maneira. Agora os dois estavam no mesmo terreno alto.
─ Não combina com nenhum de nós ─ ele gritou quando ela estava prestes a entrar, ─ mas eu também não sou o garoto mal. Só tentei ajudar.
─ Não preciso da sua ajuda!
Daphne gritou de volta. Sirius estava vindo pelo menos caminho e, ao passar por ela, propositalmente ela permitiu que batesse seu ombro contra o dele.
─ Tudo isso para encostar em mim, Armstrong? ─ Black zombou.
Daphne havia colocado a mão por baixo da capa pronta para pegar sua varinha e azarar Sirius naquele momento. Uma simples frase e ela jogaria um feitiço em Sirius. Ela respirou fundo, deixando a varinha, se arrependendo de seu pensamento e deixando Sirius e James para trás.
─ Isso é seu ─ disse Regulus no momento em que Daphne entrou novamente nos muros da escola.
Ele estendia uma mochila meio aberta com os materiais que Daphne havia deixado para trás na aula de Poções. Ela a pegou, assentindo.
─ Obrigada.
๑
Regulus Black gostava de ler de tudo. Jornais, biografias, instruções. Mas o que ninguém sabia era que os romances que chamavam mais sua atenção. Bruxos eram excelentes escritores, e Regulus nunca deixava de comprar uma boa aventura, um suspense, uma boa história de amor. Coisas que ele jamais imaginou ter em sua vida, bem, mas agora ele era um Comensal da Morte, ele devia ter uma pitada de suspense em sua vida. Mas o que viria depois?
Ele nunca se apaixonou de verdade. Mas havia uma garota, Marilyn Bessi era da Sonserina e era uma menina legal, mas ela era diferente, a família dela era diferente, sua mãe era casada com um trouxa. Regulus perdeu o interesse em menos de um ano ── Walburga o fez perder ──, desde então não gostou de ninguém.
Essa era a diferença entre livros e vida real. Nos livros o garoto se apaixona perdidamente no meio de um suspense ou de uma aventura e não importa o que sua família diz, ele ficará com sua garota no fim. Na vida real você não se apaixona de verdade, e, se acontecer, principalmente no caso de Regulus, precisa tomar cuidado com quem vai apresentar para seus pais. Ele jamais podia apresentar a Walburga e Orion uma mestiça(como Marilyn) ou uma trouxa, não que tivesse interesse, mas isso era implorar para machucar sua parceira; ele iria obedece-los.
Agora havia Daphne Armstrong. Ela havia definitivamente saído de um livro onde era a vilã; era arrogante, orgulhosa e ambiciosa. O oposto de Marilyn, que seria a mocinha.
E Regulus devia casar-se com ela.
Ele casaria, mas sabia que não a amaria. Assim como entendia que ela também não o amaria. Era um contrato. Estavam se casando porque ele era o último homem Black e ele salvaria a família quando tivesse seus herdeiros. Afinal, Sirius não era mais importante.
E, no caso dos Armstrong, Daphne estava honrando seus pais casando-se com um bruxo sangue puro, juntando-se a uma família superior e rica. Mostrando tudo o que havia aprendido, sendo o orgulho da família, não permitindo que sangues ruins e sujos se misturassem com sangues nobres como os dos Black e dos Armstrong.
Walburga, Orion, Felicity e Richard sabiam que isso era motivo para comemoração. Seus filhos estariam casados em menos de dois anos e eram devotos a Voldemort e seriam devotos um ao outro. Sinônimo de casal perfeito.
๑
─ Alguém poderia me dizer a diferença entre os encantamentos Aguamenti e Aqua Eructo?
Minerva McGonagall, na frente de uma lousa e virada para os alunos, perguntou. Seu olhar correu em alguns alunos da primeira fila, e, quando Regulus ergueu uma mão, Daphne resolveu se tornar mais ágil:
─ Aguamenti conjura água potável cuja quantidade e potência é controlada pelo bruxo que conjurou ─ a menina respondeu. Regulus se virou para ela, confuso e de testa franzida. ─ Aqua Eructo conjura um intenso jato de água, cuja força pode ser ampliada com o encantamento Aqua Eructo Duo.
Daphne sabia que Regulus a viu fugir no intervalo da aula de Poções. Ela queria mostrar que estava bem agora, estava concentrada na aula de Transfiguração e poderia responder quantas perguntas McGonagall fizesse. Mas talvez também houvesse outro motivo por trás de sua interrupção contra Regulus, mas isso ela não confessaria naquele momento.
Mais tarde, quando Daphne deixou a biblioteca já era tarde da noite. Os corredores estavam ficando cada vez mais vazios, e ela agradecia por isso. Em certo momento de sua caminhada, cruzou com Lilian Evans, mas torceu e conseguiu fazer com que a garota não a visse. Seria embaraçoso se ela perguntasse novamente se algo havia acontecido.
Seu destino não era a comunal. Ela queria andar e andar até que não soubesse mais para onde ir. E, desviando de mais alguns alunos, finalmente chegou ao pátio. Tinha consciência de que em menos de vinte minutos passaria do horário permitido e precisaria voltar. Mas ela queria ficar sozinha por enquanto. Daphne precisava de um tempo sozinha e no salão comunal ela não teria isso.
Estava escuro quando sentou-se em um banco de pedra do jardim vazio, próximo a um dos corredores de janelas livres de vidraças. Estava frio, por tanto abraçou o próprio corpo. Daphne continuou sozinha e observando o nada que acontecia ao seu redor.
Ela apertou o próprio braço, pensando em quando a varinha de Voldemort a fez sangrar antes da marca ser desenhada. Foi quando se permitiu chorar.
Daphne sentia a hipocrisia correr entre seu corpo. Nunca havia se importado com os outros, nem com nascidos trouxas nem com sangue puros. Nikolai era a única exceção. Mas, naquele dia, ela sequer conseguiu responder Lilian Evans por que sabia que provavelmente machucaria ela ou seus amigos no futuro.
Afinal, ela faria o que o Lorde das Trevas obrigasse. E se ele ordenasse que Daphne machucasse Lilian, Dorcas, Peter, Marlene, Remus ou qualquer outro... ela faria. Ela faria ou sua família pagaria o preço.
Daphne se amaldiçoou por pensar em seus pais. Era culpa deles. A marca, sua lealdade prometida a Voldemort, um casamento de faz de conta; tudo isso era culpa de Felicity e Richard.
Ela queria abandona-los, lutar contra isso e fingir que a Marca nunca existiu, pegar tudo o que tinha e ir embora, deixar que Voldemort matasse seus pais. Ela queria. Mas não faria isso porque apesar de achar que estava se tornando um monstro ela ainda não era um.
Daphne era só uma garota.
Uma garota cuja as mãos foram quebradas pela primeira vez.
Ela só percebeu que estava tremendo quando uma mão tocou em seu ombro. Seus olhos vermelhos e manchados de lágrimas encararam James, que ofereceu a outra mão para Daphne, mas, como esperado, ela não aceitou, levantando. Potter estava prestes a dizer algo quando foi surpreendido pelo abraço da Armstrong.
Ela não sabia porque fez isso, mas se sentiu menos envergonhada quando ele a abraçou de volta. Abraçar James era a última coisa que imaginava fazer. Mas esses dias estavam estranhos demais para ficar surpresa com isso.
Nikolai havia procurado Daphne nos últimos dez minutos. Não imaginava que a encontraria nos jardins da escola, muito menos abraçando James Potter enquanto ele acariciava seus cabelos. Ele estava confuso e mesmo assim se aproximou.
─ Daph?
Daphne abriu os olhos quando ouviu Nikolai dizer seu nome. Ela se afastou vagamente de Potter antes de assentir com um pequeno sorriso triste e se aproximou de Schenker.
Quando Nikolai entrelaçou seus braços e começaram a se distanciar, ele olhou para trás, para James, e sussurrou um "obrigado".
finalmente mais um capítulo!
me perdoem a demora para atualizar, é que eu gosto de ter pelo menos um ou dois capítulos extras, dai eu tava escrevendo minhas outras duas fanfics pra deixar tudo pronto kkkkk
espero que tenham gostado do capítulo!
SKYLANTSOV
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