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   Kokonoi está imerso em sua conversa com o seu conselheiro, acenando para ele e reajustando suas abotoaduras conforme ouve.

— Fique aqui [Nome], e espere pelo meu retorno. Nossa conversa está longe de terminar.

   As orbes jabuticabas averiguam o seu corpo, como se ao final da refeição a verdadeira sobremesa fosse você. De qualquer forma, seu coração ainda bate aceleradamente enquanto o platinado segue o loiro para fora do bar. Você verifica o lugar e observa que  o garçom está de volta, limpando o balcão e conversando com o chef que parece estar em sua pausa noturna.

   Mas vai saber? Um deles poderia ser pago por Hajime, não pode arriscar desobedecê-lo. Um suspiro sai de seus lábios sem que possa contê-lo, e está exausta de agir tão hipocritamente que lhe dá ânsia de si mesma, algumas boas semanas já se passaram e você ainda parece longe do seu objetivo. Estaria você dando passos para trás? De qualquer forma, arruma o colar em seu pescoço, conferindo se ele está perfeitamente ajustado para a gravação.

   Você deveria alertar Hanemiya sobre toda a situação... Precisa assegurá-lo pelo menos.

— Certifique-se de emitir notas remissivas a quaisquer relatórios de crime acontecendo nessa hora. Ele pode estar diretamente envolvido. — Você se ajeitou em seu assento, dando mais uma olhada ao redor — No caso de não ter ficado clara a conversa gravada, Kokonoi acabou de apontar uma arma para mim e ameaçou a minha vida, apesar de ter sido jurada a ele.

   Seu coração continua batendo erraticamente com o pensamento. Foi realmente perto. Sua voz falha, precisa se recompor! Não é hora para emoções, mesmo que ainda possa sentir o metal gelado do cano da arma arrepiar os pelos de sua coxa.

— É noite de quinta-feira, são onze e quarenta e cinco. Estou no Jazz's Bar na Sahara Avenue. O restaurante parece quase vazio. Ninguém viu o revólver apontado para mim, mas acredito que seja uma Colt 1911. Está absolutamente clara que a única maneira de sair da Black Dragons é a morte. Minha... ou a dele.

   Contudo, não é simples assim, não é? Você sabe que não é assim que o mafioso trabalha, se for pega como uma infiltrada, não será apenas a sua vida que estará na corda bamba. Repentinamente, recorda-se da ligação de Baji no meio de seu encontro com Hajime e seu corpo tem calafrios com a ideia de tudo ser descoberto. Se o platinado soubesse a verdade, ele iria atrás das pessoas que ama, ele os machucaria apenas para vê-la afogada em dor e fazê-la se arrepender de cada mentira. Fazendo com que você preferisse morrer a estar viva.

— Preciso encontrar alguns métodos para garantir minha própria segurança.. As coisas podem dar errado, sempre. Ele é imprevisível.

   Seus olhos recaem na taça de vinho de Kokonoi, ainda na metade. Quão fácil seria apenas colocar uma gota de veneno nela agora! Você era uma advogada de defesa, então conhece algumas pessoas que poderiam conseguir para você uma dose letal. E se Kokonoi for atrás de Keisuke, Kazutora ou você, estará pronta, todavia chacoalha a cabeça suavemente, descartando a ideia, não, não é uma assassina, ainda que Hajime o seja. Não vai se rebaixar ao nível dele. Optou por se infiltrar na máfia para que então possa reunir evidências e derrubá-lo legalmente. Não irá para a cadeia por conta dele!

   Decisão tomada, recosta-se na sua cadeira prestes a pensar no seu próprio movimento quando uma bagunça explode no bar. Cacos de vidro estraçalham, rachaduras afiadas de lascas de tiro esvoaçantes a noite, enquanto você parece assistir em câmera lenta uma bala atravessar a vidraçaria fina e frágil com o líquido ácido e escuro como sangue que jorra de um corpo sem vida, então os pedaços cortantes voando para todos os lados enquanto a cena parecia um chafariz espontâneo da bebida adocicada e alcoólica.

   Só há tempo para reagir quando a imagem fugaz de um dos bandidos do Cartel Mexicano surge na porta do restaurante e você se joga para debaixo da mesa. Com balas atravessando o estabelecimento, melhor não sair à mercê delas e fazer de si mesma um alvo ao correr por aí de forma imprudente. Mas como diabos você vai escapar de um tiroteio desses?!

   Gritos e sons de disparo ecoam no ar, seguidos de um silêncio mortífero. Os funcionários estão tentando entender o quê está acontecendo... assim como você. O cartel deve ter seguido você e Hajime e, afinal, toda a gangue viu quando você confrontou Karen. Você gela e seu estômago se retorce em um nó quando percebe que não pode se esconder, precisa ficar focada ou irá morrer aí mesmo. Como dito, está infiltrada na máfia, empregada diretamente pelo cabeça, Hajime Kokonoi, e não é um jogo. Enfim, a porta da cozinha é muito aberta, e também ao ar livre, seria facilmente um alvo. No entanto, o palco do bar de jazz não está muito longe. Tem que haver uma saída lá atrás que os músicos usem! Usufrui do caos para sua vantagem, direcionando-se pelas sombras ao que se aproxima do palco.

   E a apenas alguns passos das cortinas bordôs aveludadas, algo inesperado acontece. Karen, a líder do Cartel Mexicano aparece bem diante de você! Ela te encara ameaçadoramente e você não pode evitar se perguntar se vai de fato morrer.

— Você está sempre no lugar errado na hora errada, minion estúpido. Tenho um problema para resolver com você. Tentou me enganar, não é? Me subestimar!

   Talvez devesse ter sido mais civil com a Kurokawa antes, claramente feriu seu ego que é muito maior que as próteses em seu peito. E pelo brilho maléfico no olhar dourado, está em problemas. Ela lhe avança, um cotovelo perfeitamente pronto para machucar seu tronco, porém se esquiva bem a tempo. Karen não desiste, entretanto, ela desfere um soco na sua mandíbula. Você fica tonta e os olhos dela vão para sua bochecha, sangue enche sua boca e cospe no chão de forma nada elegante, o sabor de ferro tomando conta. Acontece que só um cortezinho em sua língua não vai lhe matar!!

   Quando ela levanta a perna para lhe dar um chute, você bloqueia, segurando seu tornozelo, desequilibrando-a e fazendo com que ela pulasse em uma só perna. Você joga a perna dela para baixo enquanto a atinge com uma joelhada em seu nariz e ela cai para trás com um baque, mas você não se preocupa em regozijar. Deixa ela plantada ali, sem fôlego e corre para a saída de emergência. Ao que deixa o bar de jazz para trás, emergindo em um beco na rua, você pisca diversas vezes, lutando para se concentrar na luz fraca do beco dos fundos. Seu cérebro está embaçado pelo caos atrás de si.

   Um guincho de pneus gritante ecoa quando um carro freia na calçada logo a sua frente. As janelas escuras e impenetráveis, ótimo, o quê virá a seguir?! O veículo bloqueia a única saída do beco, se não agir rapidamente será pega em uma armadilha. De jeito nenhum que vai conseguir sua saída para a rua, vai ter que abrir caminho com as próprias mãos e enfrentar este por conta própria. Ajeita a postura, respiração engatada e mantém os pulsos cerrados enquanto a porta se abre.

— Acalme-se, darin! Sou eu. — Sério?! Eu pensei que fosse o Bradd Pitt. Kokonoi surge esplendorosamente de dentro do automóvel, deixando-a desestabilizada por alguns segundos, ele sorri magnificamente — Você não tem mais nada a temer.

   Como se a presença de um cara como ele a fizesse se sentir segura! De qualquer forma, por que ele está tão quieto? Ele continua sorrindo pra você, com uma mão sobre a porta do carro aberta, então sua ficha cai. Essa noite, esse tiroteio... Tudo isso fora outro teste. Não havia perigo. Que porra?! Todas as peças do quebra-cabeça se encaixam, cada revelação enchendo-a de raiva enquanto o platinado fecha a porta e vem até você.

— Inupi nunca teve uma emergência que ele precisasse de você. Isso foi encenado.

— Está certa.

— Você sabia que o Cartel Mexicano iria atacar. Você sabia que eles estavam nos seguindo. Você sabia que nós éramos o alvo deles.

— Sim. Ficou claro para mim quando Karen apareceu e finalmente concordou com os meus termos. Eu conheço a reputação deles, assim como eles conhecem a minha.

— E ainda assim, você me deixou lá, plantada sozinha no restaurante, sabendo que um ataque estava vindo! — O Hajime dá de ombros como se tudo isso fosse óbvio. Não consegue compreender sua atitude, ele vive dizendo que uma vez que seja parte da família, ele os protegerá. Mas então quando a verdadeira batalha está prestes a começar, ele foge e deixa seus homens para trás. Uma prova concreta de egocentrismo! Você inala o ar da noite profundamente, conta até cinco e deixa pra lá, e assim que encontra os olhos jabuticaba de Kokonoi, assegura a si mesma que é como se tivesse encontrado seu centro de calmaria. Não importa quanto queira bater nele, ficará na paz, porque senão estará gritando com ele — Então você disse que sabia que o Jazz's Bar seria atacado...

— Obviamente. Essa é minha cidade, e eu sei de tudo que vai acontecer na minha cidade. — Pelo menos, relacionado à violência, maldade e esquemas sujos ele sabe... — Eu queria ver do quê você é feita. Nada mais efetivo do que situações reais da vida.

— Eficaz, mas mortal. Você estava pronto para me sacrificar.

   Kokonoi realmente se encolhe com sua declaração séria em um tom frio e uniforme. As sobrancelhas se estreitam em irritação.

— Eu tinha certeza que você teria sucesso. Eu nunca ajo até que eu tenha certeza do resultado.

— O que você espera de mim? Eu achei que protegesse a sua família.

— O quê eu espero de você? Que você siga os meus comandos e confie em mim.

— Depois do que aconteceu, eu não posso.

— Você não tem escolha, [Nome]. Não quando você jurou lealdade a mim.

   Choque com a resposta dele te cala. Deveria saber melhor, não tinha ideia sobre esse aspecto irreversível de seu compromisso com a Black Dragons.

— Ok, eu tive o suficiente por essa noite. Você pode ser meu chefe, mas ao meu ver se comportou de forma desprezível!

   O platinado a empurra contra a parede pela cintura em súbito. O veículo preto bloqueia a rua e o homem a enfrenta. Porém, o olhar castanho não é ameaçador, pelo contrário, ele busca os seus olhos, como um problema curiosamente insolente a se resolver. Você encara ele, sem deixar nenhuma emoção transparecer. Você não é fraca, e ele precisa entender esse ponto muito claramente. Hajime estende a mão, mal tocando a sua, e seus dedos alvos e esguios varrendo os seus como um sussurro na noite.

— Meu método pode ser pouco convencional, mas dá resultados. — O platinado sorri, assim como um pai orgulhoso de sua filha na apresentação da escola de dia dos pais, ou quando ela ganha uma medalha nos jogos escolares, passava a mesma sensação familiar de orgulhar àqueles a sua volta, quem a amam e torcem por você, e mais uma vez fúria transbordava de seu ser ao se recordar do sorriso de seu pai ao reagir suas conquistas na adolescência — Hoje a noite, você fez um bom trabalho.

   Ele fita suas feições como se estivesse a conhecendo pela primeira vez, aliviado em ver um rosto familiar em que pudesse confiar, apenas se ele soubesse... Você balança sua cabeça de um lado a outro, recusando-se a cair em seus feitiços, afastando a mão da dele, cerrando-a em punho devido a raiva fluindo por suas veias pulsantes, então espalma a mão no busto alheio para afastá-lo, empurrando ele para mais um passo de distância.

— Eu não esperava que as coisas fossem fáceis, mas isso está transtornado. — Por algum motivo estúpido, não baixou o braço, é tão bom senti-lo, e seguidamente o platinado põe a mão sobre a sua, mantendo-a cativa em seu peito, e teimoso, ele se aproxima de você.

— A vida não é um conto de fadas, [Nome]. Eu gostaria que fosse, acredite, mas essa não é a realidade... De qualquer modo, você passou no seu teste, e coragem e engenhosidade como as suas devem ser recompensadas. Eu quero te oferecer uma promoção, você agora é uma chefe geral.

   Kokonoi não oferece, mas afirma a você um título prestigioso com a família. Um chefe geral tem "soldados" para comandar, chefes gerais não sujam suas mãos com tarefas corriqueiras como soldados, e além de tudo eles também não são pegos.

— Eu não concordo com o seu... estilo.

— Você deixou isso claro. — Um sorriso discreto foi se formando aos poucos nos cantos dos lábios avermelhados do maior — Tenha certeza.

— Qual seria a vantagem de ser uma chefe geral se eu vivo na constante expectativa de ser "testada" assim? Como você pode confiar em mim para comandar seus homens se eu não posso confiar minha própria segurança sob sua proteção?

— Você vai ser essencial para a família e indispensável para mim. — O platinado faz uma pausa, parecendo medir suas palavras, porém por dentro, você está alegre. É exatamente a posição que você precisa para sua investigação! O círculo íntimo de Hajime, absorvendo os segredos da Black Dragons em primeira mão... e passando tempo com ele.

— Nesse caso, eu suponho que eu poderia concordar com a sua proposta.

Um gigante sorriso colgate se desenha nas feições do mafioso, espontâneo e genuíno.

— Você nunca se cansa de me surpreender, [Nome]. Você tem todos os ingredientes de uma mulher poderosa. Será uma chefe geral e está decidido, ponto final. — A mão esguia de Kokonoi vem de encontro à sua bochecha, e você se inclina para ela, buscando receber ainda mais o toque, como um cãozinho que recebe uma carícia de seu dono e se afunda nas írises jabuticabas — Aí está. O fogo dentro de você fará faíscas voarem, tesoro, e eu mal posso esperar para ver.

— Vou provar que sua fé em mim é fundada. Serei sua chefe geral.

— Parabéns. Devo admitir, essa é a primeira vez que qualquer pessoa subiu nos meus ranques tão rapidamente. E também... você tem meu interesse pessoal. Além de provar seu valor através da maneira que combina determinação e inteligência.

   O comportamento dele agora é diferente, a voz mais baixa, pálpebras pesadas. Esse é o comportamento de um homem quando quer atrair uma mulher para sua cama. Eu me recuso a sucumbir a sua assertividade! Suas mãos se transformam em punhos, mas as mantém ao lado do corpo, afincando suas unhas afiadas na derme de sua palma, desejando que a dor a mantenha focada. Com a respiração instável, força seu corpo a relaxar. Apaixonar-se por ele, significaria abaixar mais uma barreira defensiva. E não pode se dar ao luxo de fazer isso.

   O olhar de Kokonoi é penetrante, e você quase pode jurar que ele pode ver diretamente os pensamentos. Ainda... você não pode controlar suas emoções, ou o seu corpo. Ignorando a confusão que você se torna ao estar perto dele, sua respiração fica presa em sua garganta, seu coração acelera e borboletas dançam em seu estômago. Há fúria dentro de você, sim, mas também... curiosidade, e talvez...

   A boca do platinado vem a se curvar em um sorriso conhecedor, ciente do que sua presença causa às pessoas. É impossível esconder que, pelo menos, uma parte de seu corpo o acha atraente.

— Nós vamos nos encontrar novamente em breve, chefe geral. — Ele alcança sua mão e planta um beijo nos nós de seus dedos, assim como você fez na sua cerimônia de entrada na máfia: as orbes escuras dele presas às suas.

— Eu aposto que sim, Don.

   Você assiste o carro dirigir para longe, deixando-a sozinha no beco. Ou então, achou que estivesse, pulando quando o som de passos se aproximando chega ao seu ouvido.

— Ah, você fez tão bem! — O loiro rabugento, conselheiro de Hajime, sorri para você com verdadeiro prazer estampado em seu rosto, e uma risada quase infantil escapa de seus lábios —Tudo ocorreu conforme os planos, e Karen foi capturada.

— Estou tão feliz que "tudo correu de acordo com o plano". Talvez na próxima vez me inclua nesse plano?!

— Nós sinceramente acreditamos que você seria apta a não somente atingir, mas exceder as nossas expectativas. Um pequeno teste não é nada. — Nada! Essas balas não foram "nada"! Porém, você morde o lábio, contendo-se para não se deixar levar por seus instintos raivosos —Não nos desaponte. Kokonoi não colocaria qualquer um em tal situação delicada.

— Situações delicadas raramente requerem balas. Eu não sei se você sabe, mas tipicamente uma promoção vem depois de uma entrevista no RH, não de um tiroteio violento. A menos que você seja um caçador, eu acho. —Sua pequena zombaria consegue arrancar uma risada verdadeira do conselheiro. Ele sorri calorosamente, sinal de que está a aceitando aos poucos.

— Nossa família não é uma empresa típica. — O loiro se vira, prestes a sair sem dizer mais nada e entrar no Jazz Bar. Entretanto, ele pausa e se vira, volteando a atenção a você — Você sabe que, Koko lhe dá uma... atenção especial. — Por que isso envia um arrepio sobre sua coluna? E de novo, seu coração reage sob seu peito, medo ou desejo? — Chamando a atenção de um homem assim pode te trazer o melhor, mas também pode te condenar. Eu raramente vi Koko expressar tanto interesse em alguém.

— Eu sei que tipo de homem Kokonoi é, eu prometo.

— Não, eu não acredito que você o conheça tão bem quanto pensa. Se você o fizesse, não diria em voz alta. Mas, no fim, você vai verdadeiramente conhecer que tipo de homem ele é. Eu tenho certeza disso.

— O quê você quer dizer com isso?

— Deixe-me ser o mais franco possível. Você planeja seduzir Koko? — Seus olhos se esbugalham, não esperava que ele falasse diretamente com tamanha franqueza! — Porque se você escolher um caminho que acabe na cama dele... você estará sozinha para lidar com quaisquer consequências que isso possa levar.

— Eu posso ver que você tenha preocupações sobre isso, mas me permita assegurá-lo que não importa o quê, eu vejo Kokonoi como um chefe, não uma paixão.

   Pelo menos por enquanto... Essa noite a abalou em mais de uma maneira. No entanto, ainda tem seus olhos na missão. Inupi lhe dá um olhar desdenhoso e duvidoso, e calor sobe em suas bochechas.

— Bem, eu suponho que veremos o que acontece no futuro...

   Resiste a urgência de tocar em seu colar, a única e real proteção que tem nesse mundo de violência e artimanhas corruptas.

— Eu sempre sou cuidadosa.

   Direciona-se para fora do beco. Os capangas de Hajime estão limpando o bar de jazz. Não há sinal de ninguém do Cartel. E sem sinal da polícia, inúmeros tiros foram disparados no centro de Las Vegas, a polícia deveria estar presente! Contudo, esse é o território de Kokonoi, aposta que a polícia não visita a região dele frequentemente, não sem sua permissão.

   Qualquer um nascido e criado na cidade conhece e teme o nome de Hajime Kokonoi. Tudo que seria preciso é um sussurro de seu nome para os detetives irem embora. Um dia, ele vai aprender que ele não está acima da lei! E será você que fará isso.

— Então... Eu sou uma chefe geral agora. Crescendo na hierarquia e subindo no ranking.

   Murmura inaudível, mas sabe que o microfone alcançou sua voz na gravação. Deveria estar celebrando, está um passo mais perto do coração do mafioso e de sua máfia, o que é exatamente onde precisa estar para acabar com Hajime. Mas talvez você não queria chegar lá somente por esse motivo, pelo menos não de forma consciente, de qualquer maneira.

[...]

— Eu estive esperando a manhã inteira para chutar sua bunda.

   Domingos são um dia de trégua para a máfia. Sendo perfeito para você, pois se não visitar Keisuke, ele saberá que está acontecendo algo. Seu irmão a guia até a mesinha de centro da sala de estar na casa dele, a qual já está montada para um novo jogo de escopa.

— Não seja tão mesquinho, eu vou te lembrar rapidinho quem é o verdadeiro campeão entre nós. — Você solta risadinhas ao ver as cartas sobrepostas no móvel e o livro de notas antigo passado de seus avós a sua mãe, posicionado no canto dele.

— Ata! Eu deveria te mostrar por quê eu sou o vencedor da nossa família?

   O rapaz dá uma gargalhada ao que começa a embaralhar as cartas, as bordas macias de tantas vezes que são usadas. Você alcança o livro, vocês têm mantido os pontos desse jogo de família vivos desde que são crianças, é a herança da família Baji. Você vira a capa com cuidado, olhando para as primeiras tabelas de pontuação gravadas em papel velho com uma caneta esferográfica, e corre seus dedos sobre a página.

   Seus avós fizeram esse gráfico de pontuação quando eles estavam ensinando você e Keisuke a jogar há muitos anos. Respirando fundo, você empurra o livro de notas de volta ao seu irmão, quem abre em uma página em branco.

— Ok, dê essas cartas logo!!

   O de cabeleira escura como a noite corta o bolo de cartas, porém ainda não começa a distribui-las.

— Nonna ligou. Ela disse que você nunca atende aos seus telefonemas. — Claro que não. Aprendeu a lição e deixa o celular pessoal em casa agora quando está com Hajime. Além disso, anda muito cansada ultimamente pra sequer checá-lo — Se você não ligar de volta logo, ela e o nonno virão atrás de você.

   Você grunhe. Ama seus avós, mas eles demandam muita atenção. Não tem muita certeza se pode mantê-los fora do seu caminho para continuar a sua investigação.

— Vou ligar para eles hoje à noite. E também, você falou com a nonna por mim.

— Sim... eu posso falar por você, mas eu preciso de uma boa razão, irmãzinha. O que está acontecendo? Você anda distante. Não pode ser trabalho ou algo assim, você está com um novo cara? Uma nova mulher..?

— Eu não encontrei um novo parceiro, não, mas... — Morde os lábios, incerta sobre o quanto revelar a ele — No momento, um cara que eu conheço está meio que me intrigando.

— Ohh! Minha irmãzinha está desencalhando!

Você resiste a vontade de jogar o bolo de cartas no seu irmão.

— Eu achei que odiava ele! Mas ele é diferente do que eu achei que ele era. Ele é mais... complexo.

— Bem, você sabe o que as pessoas dizem: a linha tênue entre amor e ódio. Mas sua história soa complicado para mim, quero dizer como você se sente.

— Como você pode dizer isso?

— Minha Katherine me contando sobre sua vida amorosa? Isso é único! Você nunca me diz nada sobre as pessoas quem você está interessada! — Você ri alto e pesca a metade do bolo de cartas, lidando com a primeira rodada de escopa. Esse é um tópico que não quer mais dialogar com seu irmão. Keisuke pega as próprias cartas, examinando sua mão — Mas, falando sério, mana. Você sabe que estou aqui para te apoiar. E vou tentar tirar a nonna e o nonno da sua cola.

   Você joga sua primeira carta, mal sendo capaz de se concentrar no jogo.

— Então, onde você parou com sua investigação contra Kokonoi e a Black Dragons?

   Keisuke resmunga, mas não sabe se é porquê ele tem um conjunto ruim de cartas ou porquê ele não gosta do lembrete.

— Não está indo a lugar algum. Eu manejei para identificar algumas áreas de interesse, mas os locais o protegem. A coisa toda soa muito insana quando para pra pensar sobre. — O de olhos dourados arqueia uma sobrancelha, ainda com o olhar fixo em suas cartas, analisando-as conforme pensa em sua próxima jogada — Eu não entendo por quê tantas pessoas escolhem ajudá-lo.

   Continuam a jogar o jogo, porém ambos parecem perdidos em seus próprios pensamentos sombrios. Sabe que Baji está preocupado... E a melhor distração para o seu irmão é ser derrotado no jogo que ele tanto ama. Isso, ou vai odiar perder. Um deles. Ainda, um jogo não é divertido quando você o manipula. Enquanto isso, você joga suas melhores cartas, observando-o como um tubarão. Contudo, não importa o quê você faça, Keisuke tem uma carta muito elevada para superar todas as suas jogadas. Joga sua última carta abaixo, ciente que perdeu. O de cabeleira escura comemora em triunfo e alcança o livro de pontuação.

— Não há nada mais satisfatório que escrever sua própria vitória! Recordando para as eras seguintes!

   Cada músculo de seu corpo se relaxa ao ver seu irmão tão contente enquanto anota seus pontos com prazer, mas então fica tensa repentinamente. E se... Kokonoi fizer a mesma coisa? E se ele mantiver um registro de suas façanhas, um livro que rastreie todas as suas operações escondidas em um cofre?

— Eu preciso ir verificar o almoço. — Seu irmão se levantou, espreguiçando-se.

Ele ruma para a cozinha, e aproveita os minutos que sabe que tem sozinha enquanto o mais velho trabalha na comida. Você pesca seu celular para enviar uma mensagem a Hanemiya.

"Hey, eu não tive a chance de te contar sobre isso mais cedo, mas eu acredito que Kokonoi tem um anexo secreto em seu escritório."

"Legal! Você tem alguma ideia como entrar lá dentro? Você certamente achará alguma prova concreta nesse lugar."

"Eu também acho. E não ficaria surpresa se achasse um cofre ou um computador com algumas informações interessantes nele."

"Isso será bom se for verdade. Se houver algo escondido dentro, muito provavelmente estará criptografado. Mas eu conheço alguém que talvez pode nos ajudar..."

"Então, você ou algum dos seus clientes sabe alguma coisa sobre arrombamento de cofres e desbloqueio de contas? E se você tivesse um passe magnético, eu estaria nas nuvens! O anexo está atrás de um aquário, então seria de bom uso."

— Com quem você está trocando mensagens, irmã?

— Eu achei que você estava na cozinha! — Colocou a mão no peito, escondendo o celular — Você me assustou!

   Baji contorna o sofá e quando você abaixa seu telefone ele o rouba, felizmente a tela está bloqueada!

— Eu tenho a velocidade e agilidade de um leão. Eu aprendi com a melhor, você sabe! — Revira os seus olhos e pega seu aparelho de volta, escondendo-o em seu bolso — Com quem você estava conversando? Seu novo cara bonitão que você ainda mantém em segredo?

— Pare de imaginar coisas. Eu não perco tempo da minha vida enviando mensagenzinhas para um romance passageiro.

— Você está cutucando a onça com vara curta Katherine... cuidado. Eu posso pegar seu celular e dar um jeito de achar o seu registro de chamad-

— É o Kaz. — Keisuke pisca em surpresa, choque varrendo seu rosto normalmente brincalhão ou neutro. 

— Você está saindo com Kazutora? Espere... o que eu perdi?

— Haha, não! Eu estava apenas mandando uma mensagem como amiga. Você é tão crédulo!

— Hm... Como ele está, de qualquer forma? Ele está bem? Eu estava esperando que você mantivesse contato com ele depois de... você sabe. O episódio com o seu trabalho.

— Sim, Kaz é um bom amigo. Ele está bem. Sempre juntos e confiáveis! Ele tem muito medo dos rumores que eu posso espalhar sobre ele.

— Agora eu te reconheço bem, Katherine... — O seu irmão gargalha, cutucando-a no ombro e arrancando um riso seu também, estava brincando afinal — Sempre aterrorizando o seu mundo das leis! Mas diga a ele que precisamos ir de novo no boliche logo.

   Baji volta para a cozinha, e dessa vez você espera ele entrar na mesma e começar a mexer em panelas para pegar seu celular de volta rapidamente do bolso de seu casaco ao que uma nova mensagem de Hanemiya pisca na tela de bloqueio.

"Eu vou te manter atualizada assim que eu obtiver informações novas."

   Sim! Estão finalmente avançando na investigação! E a cabeleira escura de seu irmão se faz presente, revelando sua cabeça ao virar da esquina.

— Eu te vi sorrir, Kat! Você está me deixando louco. Eu tenho certeza que tenho razão! Você jura que não é o seu novo namorado secreto te mandando mensagens? Esse é o seu maior pico de felicidade em todo o dia!

   Seu irmão surge na sala de estar com uma luva, para evitar queimaduras, e a toalha de louça no ombro, o almoço de vocês em mãos. E você não pode evitar sentir a sensação familiar de aconchego, de lar. Então a seguida sensação de raiva por Hajime ter acabado com sua família. Ela sempre estava lá, enraizada no seu ser, uma cicatriz na alma que não curaria nunca. No entanto, o que sempre te deixava mais curiosa sobre essa sucessão de linha de pensamentos — pensar em família, lembrar dos olhos jabuticabas donos do submundo, os mesmo homem que acabou com a sua — era que ela sempre vinha com um gosto misterioso, muito além da raiva acumulada e desejo de vingança. Um gosto familiar.

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