⠀⠀ 🍷┇𝗲𝗶𝗴𝗵𝘁; 𝘭𝘰𝘷𝘦 𝘢𝘯𝘥 𝘥𝘦𝘢𝘵𝘩
💸
E lá está ele.
Em toda sua glória e elegância, com um holoun vermelho e dourado chique, pomposo e elegante, e um sapato ridículo. Céus...
— Você está tentando conseguir o papel do Homem de Ferro no próximo filme da Marvel? —O platinado parece confuso com a sua observação, e não pode ajudar a não ser gargalhar diante de seus olhos arregalados e constrangimento quando ele olha para baixo para verificar a própria veste. Então, você alterna para uma feição séria quando os sons de seus passos com os scarpins contra o piso ecoa pela sala e você reduz a distância entre ambos os corpos, colocando as mãos em seu peitoral — Estou brincando com você. Você está ótimo.
— Eu queria que hoje fosse apropriado para nós. Está tudo do seu agrado?
— Está perfeito. Com exceção que o meu novo motorista poderia ter me dito mais cedo que ele estaria me trazendo até você.
— Perdoe-o, ele não é muito falante. — Ah, eu discordo. O platinado desvia as orbes escuras, meio envergonhado e evitando o assunto, mostrando isso ao chacoalhar a mão. Vamos esquecer isso e apenas... aproveitar o encontro.
As palavras de Hajime a fazem lembrar de seu primeiro "encontro". O único a acabar com o Cartel Mexicano atacando o restaurante e você testemunhando um tiroteio com direito a balas voando na frente de seu rosto. Vendo agora.. Sob uma outra perspectiva, e mais próxima do todo poderoso do que achou que estaria, que só lhe resta soltar uma rajada de ar, algo entre um suspiro e uma risada, uma situação que não esperou viver tão cedo mas que de certa forma lidou tão bem, e não pode evitar se sentir orgulhosa como se houvesse sido somente uma cena cinematográfica.
— Eu mal posso acreditar. Aqui, a sós com você... — Dramaticamente, você olha para os lados em exagero, como se procurasse por alguém, sentindo-se brincalhona — Estamos sozinhos, certo? Seria uma pena se alguém interrompesse... esse momento.
— Estamos completamente a sós. — Hajime arqueia a sobrancelha, um largo sorriso diante da sua ousadia. E mesmo seu sexto sentido nunca traindo sua intuição, sente que pode confiar nele em relação a isso, pelo simples fato da plena ausência de guardas ou capangas mal-encarados. Ao contrário do seu cassino ou seus escritórios privados onde as pessoas sabem que Koko estará, e aqui... aqui é apenas o seu lar, um lugar no qual somente Inupi tem consciência sobre a localização... e você, de agora em diante. Então sim, realmente acredita que a única companhia a qual dividem é a do outro — Estive esperando algum tempo cara a cara com você.
— Percebi que você é ansioso! Nenhum homem me encaminhou tantos sms's por um encontro como você desde o ensino médio. — Você solta uma risada genuína, relaxando por um instante, disposta a aproveitar. Afinal, sabe que isso tudo faz parte de uma farsa, um teatro, apesar dele não saber, você sabe, está a todo momento tensa e carregando uma enorme responsabilidade, correndo perigo e escondendo as coisas de sua família, soa tudo como uma mentira, e mesmo que não se sinta assim, você ainda está do outro lado da história, ainda é uma advogada que está metida no círculo social pessoal de Hajime com o total intuito de coletar todas e quaisquer evidências, provas, imagens, conversas e operações para prendê-lo de forma histórica e fenomenal que algum dia teria que escrever um livro sobre isso, não para sair como a heroína, mas para contar a todos a sua experiência e inigualável coragem, determinação e um pingo de insanidade. Só que... não contava com o obstáculo da paixão, e enquanto quer muito trazer justiça a sua família e a outras pessoas, quer se render aos braços desse homem e entregar-lhe seu coração.
Um grande impasse para você de fato, estar sobre o muro entre o amor e a morte, sobre o correto e o errado, o bem e o mal, as leis e o crime. Agora, além de sentir culpa por omitir toda a situação para Baji e por estar "traindo" Hanemiya ao ceder aos instintos primitivos com o todo poderoso do submundo de Las Vegas, também sente por gostar verdadeiramente de Kokonoi e estar traindo sua confiança.
— Assim você me fere, [Nome]! Eu pareci mesmo com um colegial flertando com sua crush? — O platinado arregala os olhos e põe a mão sobre o peito.
— Talvez eu esteja exagerando um pouco...
— Permita-me provar que sou melhor do que suas experiências anteriores. — Kokonoi devolve seu sorriso lúdico com um olhar selvagem e então as mãos dele estão sobre seus quadris, puxando-a para mais perto.
— Não tenho direito a um pequeno tour?
— Mais tarde, talvez. Eu tenho algo em mente primeiro...
Subitamente, ele planta os lábios contra os seus com uma ternura desconcertante, é quase como se fossem ímãs e simplesmente irresistível.
Koko é um docinho muito açucarado e eu sou diabética.
Imediatamente responde ao beijo sensual, entreabrindo os lábios e deixando que o platinado experimente o gosto deles ao rezar para que o som deixando ambos os lábios se sobreponha ao seu coração acelerado no peito, tamborilando tão forte que pode jurar que Hajime está ouvindo.
— Devagar, darin. Nós temos a tarde inteira pela frente. — Você sente suas bochechas ruborizarem e dessa vez a colegial aqui é você! Enquanto isso, o cretino está totalmente se entretendo com suas reações. Como é possível o todo poderoso da máfia ser tão diferente em privado? — Eu espero que você aprecie estar aqui... comigo.
— Sobre isso.. Eu queria te agradecer.
— Pelo quê?!
— Sei que você não convida qualquer um para a sua casa. Eu me sinto... especial em ser honrada dessa forma.
O sorriso de Kokonoi é tão encantador que você quase sente seus ossos desmontarem.
— Você me disse uma vez que queria me conhecer melhor. Estou te dando a oportunidade. E em troca, quero te conhecer melhor igualmente. — O Hajime estende a mão, então você descansa seus dedos delicadamente contra a palma da mão gelada dele enquanto ele a leva até a enorme mesa retangular de madeira ornamentada de oito lugares, onde ele levanta um cloche sobre um prato — Para começar, o chefe oferece seu aperitivo de tiras de carne wagyu assada mergulhada em temperos na barquinha de bambu.
Ao invés de erguer sua mão para pegar um dos aperitivos, você abre a boca inocentemente, encarando Hajime sob os cílios pintados, quem agora tem a respiração entrecortada, os cantos de seus lábios repuxados em malícia. Cuidadosamente, no momento seguinte, há uma chama nas íris acastanhadas escuras dele que parecem traduzir algo como intimidade, algo além de provocações baratas com teor sexual, mas como se houvessem sido parceiros em uma outra época, reencontrando-se nessa vida. Então o platinado escolhe uma das barcas antes de descansá-la sobre sua língua, os dedos esguios e gélidos escovando seus lábios tingidos de carmesim, em seguida os erguendo até a própria boca para chupar os dedos e experimentar o sabor.
— Delicioso. Meus cumprimentos ao chefe.
— Obrigado. Serei obrigado a confessar que essa foi a primeira vez que tentei esta receita.
Instantaneamente, você arqueia sua sobrancelha, surpresa, Hajime quem fez isso? Então você volteia o olhar para a mesa com os pratos feitos, já a espera para serem devorados, enquanto no centro está colocado uma grande frigideira com filé de salmão grelhado e parece ser o prato principal, elegante de forma gastronômica, bem colorido e de dar água na boca, a iguaria é temperada com molho teriyaki, fatias de laranja e de cebola roxa, salsa e tomates nos lados. Além disso, vinho tinto é servido e mais uma travessa com alguns onigiris, os famosos bolinhos de arroz japonês. Pode até mesmo sentir o aroma do café, para depois da refeição, e a bebida real, não os diluídos americanos que estão em toda esquina.
Todo o cuidado que Hajime pôs nas coisas para esse encontro, roupa, perfume, comida, lugar, transporte, refletem carinho, perfeição e uma cautela perfeitamente calculada, no entanto, ainda assim é impressionante! E de certa maneira... conhecer esse lado dele é reconfortante, Hajime é um homem que se doa de coração para o quê ou quem lhe interessa, cavalheiro e galanteador.
— Hm-! — Você pôs a mão sobre os lábios, mal engolindo a comida e ansiosa para expressar sua agradável surpresa, enquanto mastiga rapidamente e anda ao redor da mesa — Isso não é um almoço comum. É uma festa da gastronomia japonesa que está me fazendo salivar mesmo que nunca tenha experimentado! — Apoiando-se em uma das cadeiras do lado contrário a Kokonoi, você alterna para uma faceta sedutora — Espero que seja uma boa paixão como você é um bom chefe.
— Você ainda duvida? — Hajime sorri ácido.
— Primeiras impressões estão, na maioria das vezes, certas, mas eu prefiro ter certeza.
Após provar cada um dos antepastos, o platinado contorna a mesa e puxa uma cadeira para você, estendendo a mão em um convite gracioso.
— Podemos nos sentar?
Kokonoi está dando o seu melhor para fazer você se sentir amada e confortável em seu próprio lar e é justamente por isso que resolve engolir a brincadeira de recusar seu convite, sentando sozinha e o provocando, por fim aceitando a mão dele mais uma vez, permitindo-se ser seduzida e sua mente cedendo e se afogando nesse mundo de fantasia, doce e encantador.
— Que cavalheiro! Obrigada. — No momento seguinte, você escorrega seus dedos entre os de Hajime, o contato imediato enviando arrepios elétricos por toda a sua derme, simplesmente como uma reação química, finalmente se sentindo uma verdadeira imperatriz. O platinado pesca sua taça de vinho e a erguendo, subentendendo, você o imita.
— Um brinde.
— A quê? — O Hajime faz uma pausa, pensativo enquanto gradativamente um lindo e brilhoso sorriso se desenha em seu rosto bonito.
— Um brinde a nós, por sermos nós mesmos, abertos e honestos um com o outro.
Por dentro, você quase se engasga, mas por fora, alça a própria taça com um sorriso estampado no rosto antes de bebericar o líquido adocicado, perguntando-se o que esse dia reserva...
[...]
Hajime é generoso em encher suas taças de vinho diversas vezes e com as histórias que lhe presenteia sobre sua vida, então a contando sobre brincar em Kyoto quando criança, nadando em lagoas isoladas, descobrindo cavernas naturais no litoral escarpado, desvendar a floresta de bambus em Arashiyama e explorar diversos templos. Tudo vago o suficiente para ser verdade... porém com muitas aventuras que a deixam com o gosto da dúvida sobre a veracidade e se o platinado não adornou as histórias. Você está mergulhada nas coisas as quais ele lhe diz quando Koko planta a taça sobre a mesa, arregalando os olhos para você.
— Você parece pensativa. Sobre o quê você está pensando? E seja sincera, não é preciso esconder!
— Estava apenas refletindo sobre o seu passado, estou alegre que você esteja se abrindo comigo. — Isso parece tocar o todo poderoso, quem tem os cantos dos lábios alongados em um sorriso.
— Admito que não tenho a ocasião para conversar sobre isso, mas é diferente com você. — De fato, está chocada, o quê é justificável quando não se espera tamanha honestidade por parte de Kokonoi... Então ele cai em risos — Bem, eu te contei sobre a minha infância. Sua vez! Tem que me contar alguma coisa sobre você.
— Não é emocionante como a sua!
— Nadar na costa e comer takoyakis não é tão interessante. — As orbes castanhas se desviaram ao que ele franzia a sobrancelha, recordando-se do seu passado — Tenho certeza que você tem histórias parecidas.
Seu coração afunda sob o peito. Na realidade, você tem descendência japonesas, porém é italiana de sangue, um fato engraçado, parando para pensar que sua mãe é italiana, juntamente de seus avós maternos enquanto seu pai e seu irmão Keisuke são japoneses. Entretanto, apesar de você nascer em Siena na Toscana e ele em Kyoto, ambos viveram em Los Angeles praticamente desde o nascimento até a atualidade, com uma criação completamente influenciada pela globalização e de ideário estadunidense. Além de se chatear por não ter tido a oportunidade de ter conhecido sua cidade e país natais, e criado momentos e histórias lá, distante da natureza italiana, então conseguiu a oportunidade de estudar em Oxford ao ganhar uma bolsa e agora você simplesmente foi parar em Las Vegas, e as raízes de sua essência perdidas no mapa de sua própria história. Portanto, é praticamente entediante comparado ao passado de Hajime. Porém, a única coisa que podem se relacionar é o apreço e afeição pela família.
— Bem.. Eu fui criada para sempre fazer as refeições de domingo com a família.
— Uma tradição que eu te forcei a quebrar?!
— Sim, de fato! Embora as reuniões de família não sejam mais as mesmas sem a mamãe e o papai, essa tradição é importante para mim.
— Ah, suspeitei que estive cruzando um limite ao escolher o dia de hoje.
— Mesmo que a comida estivesse deliciosa, você vai ter que me compensar.
Repentinamente, o platinado vira a cabeça, tão rápido que a corrente em sua orelha balança, e imediatamente entende que ele está evitando o seu olhar e lê nas íris do mafioso uma profunda tristeza.
— Você sabe... Eu, também, costumava ter almoços regulares aos domingos com a minha família em uma época. Há muito tempo isso não acontece, e eu achei que... — Você gela e uma espécime de frio na barriga reverbera o seu estômago. Hajime sente falta de sua família, e então ele pensou em a convidar para passar o dia consigo? Mesmo deixando a atração física de lado, é claro que ele a enxerga como algo a mais... Possivelmente alguém em potencial para que ele crie um vínculo? Novamente, ele volteia a atenção para você e há aquele arrepio delicioso que varre sua pele como se estivesse sendo, de fato, tocada. Além disso, a feição de Koko se suaviza e ele está sorrindo, quando descansa o queixo sobre a palma da mão, e com os olhos vidrados em você, parecendo muito interessado e ansioso para absorver cada parte sua com o quê diz em seguida: — Conte-me sobre os almoços e jantares que você costumava ter com a sua família, antes, quando você tinha seus pais e tudo estava bem com você.
— Bem... — Engole em seco, abatida em súbito por uma onda nostálgica e devolve o sorriso, melancólica — Mamãe me buscava na escola às sextas-feiras, eu estudava período integral. Então, no verão, nós íamos até a casa da vovó passar o final de semana, e mesmo que minha mãe começasse os preparativos no sábado, ela não era tão boa cozinheira como minha vó. — Você desliza o dedo pela borda do prato, antes de tomar um gole em sua taça e rir — Enquanto eu limpava a panela de molho com o dedo, a nonna dava bronca pois minha mãe nunca acertava a quantidade de temperos, então ela me colocava pra cozinhar no lugar dela.
— Não consigo te imaginar em uma cozinha. — Hajime a provoca.
— Só posso te dizer que, infelizmente, sua imaginação não é fértil! Sou uma boa cozinheira, não a fã número um de panelas, mas eu posso fazer este molho com os olhos fechados.
— Sugo Della Domenica?
— Embo- — Você interrompe a si mesma, tombando a cabeça para o lado e franzindo o cenho, esticando os lábios em um sorriso assustado e chocado quando Kokonoi se prova ser muito mais inteligente do que parece, ou apenas um apreciador da culinária internacional como você, já que sabe o nome exato do molho italiano, apesar de não saber ainda que você é italiana, então você suspira e continua — Uau, exatamente. Embora minha mãe chamasse de "molho especial de domingo".
— "Molho especial de domingo"?! — O platinado repete, parecendo quase ofendido — Você não pode chamar um molho tão sagrado por um termo medíocre da América! De onde é a sua família?
— Toscana, na Itália. Para ser exata, Siena. — Apenas metade da família, mas nem todos os fatos precisam ser postos na mesa — Contudo, vivemos lá somente por um tempo depois do meu nascimento, e viemos para o Estados Unidos. Eu tinha apenas seis meses, não me recordo de nada, então eu nunca estive lá!
— Nós podemos ir, você sabe. — As palavras do platinado são tão inesperadas que leva um momento para você assimilar, e ele sorri reconfortante, entregando-lhe um futuro promissor como se estivesse entregando um cheque — Você e eu. Tenho um jatinho particular. Posso providenciar isso. — Kokonoi sorri arrogante, brincalhão.
— Você me levaria a Toscana?!
— Algumas noites em Siena, para conhecer as extensões de sua família. Então Kyoto.
— Eu adoraria, e podemos conhecer a sua também..?
— Ah, não! — Hajime cai em gargalhada, uma que soa melódica, um som quase divino e tão hipnotizante, poderia ouvi-la para sempre — Eu não te sujeitaria a isso. Não, eu te levaria na costa, ou uma lagoa privada sob a lua e um céu estrelado...
Que proposta tentadora! Em seguida, sua investigação invade sua mente como uma facada no coração, então é como se em um segundo sua garganta estivesse torcida e bile ácida sobe por ela em terror. O oásis de uma vida com um parceiro que sente por você o que você sente por ele na mesma intensidade some como assoprar um punhado de areia da mão, não pode se permitir se entregar a essa fantasia, seus mundos não são os mesmos, porque você sabe que o problema agora ultrapassou as barreiras que construiu por tanto tempo, enraizado em seu coração, Hajime faria sua queda ser dolorida. E simplesmente não sabe o quê responder, cuspindo a primeira coisa que vem em mente.
— Eu não trouxe meu passaporte.
— Eu esperava que não. Mas podemos planejar isso também.
— Haji... Vamos dar tempo ao tempo. É um pouco demais de uma só vez.
— Eu entendo. — O platinado pisca lentamente ao sorrir compreensivo — Desculpe, eu me empolgo quando se trata de viajar o mundo, especialmente o Japão. Mas... Além de Siena e Kyoto, há algum outro lugar que você gostaria de conhecer? Florença, Veneza, Sicília, Tóquio, Yokohama? Ou ainda a França, Áustria e Grécia...?
— Seria maravilhoso, mas ainda assim, eu quero conhecer a verdadeira Itália. Longe das armadilhas para turistas e cidades grandes que servem à industrialização. Não quero ser uma turista.
— Entendo. Você quer encontrar um lugar onde você pertença, mas não acho que podemos encontrar isso no mapa. Acredito que encontramos com outras pessoas.
As íris castanhas escuras adornadas pelo delineado tingido de vermelho, um traço único do todo poderoso, sondam-na de forma intensa, porém duvida que ele possa ver a guerra encravada no seu coração. Em uma outra vida, Hajime e você poderiam ser um casal feliz sem preocupações, sem rótulos, mais que luxúria, teria sido amor acima de tudo, e descobrir os quatro cantos do mundo com ele seria como viver a eternidade em um sonho romântico.
No entanto, Koko tem um passado. E nesta vida... não posso amá-lo.
Você molha os lábios mais uma vez com o vinho, o suave sabor da uva e a ardência singela do álcool escorrendo por sua garganta, pensando rapidamente em algumas maneiras para desconversar.
— Então... — Você pigarreia — Na outra noite, você me disse que eu poderia chamá-lo de Haji, certo? Eu gosto deste apelido. Você vai me contar sobre ele?
— As pessoas ainda me chamam assim no Japão, queria encontrar isso com você.
— Realmente, eu prefiro "Haji". Combina com você.
O platinado genuinamente acha graça e explode em risos, enquanto enche ambas as taças mais uma vez. Quantas garrafas já foram?!
— Bem, Haji e Hajime são a mesma pessoa.
— Não entendo o que você quer dizer com isso.
— Se você for curiosa o suficiente — Kokonoi tem um sorriso desafiador — Tenho certeza que você vai tirar a história de mim.
Apenas a maneira como ele olha para mim agora, de repente não quero mais provocá-lo.
— Eu menti antes. Gosto tanto do nome Hajime como gosto de Haji, e gosto do jeito que eles soam.
— E eu gosto do jeito que você diz eles.
Tudo está correndo tão bem, e diferente do "primeiro encontro" de vocês, não houve um acidente com seu celular. Além disso, Koko está tão charmoso e atraente! Você relaxa contra o assento confortável ao mesmo tempo que assiste o platinado ficar tenso, não sabe o quê aconteceu, mas subitamente ele está a encarando como se estivesse lendo todos os pecados de sua alma e sentado estranhamente, um pouco retraído. No segundo seguinte, o homem está recuando sua mão, nada relaxada. Por conseguinte, a verdade cai como um véu em sua cabeça mais uma vez, iluminando sua mente, Hajime está vestindo seu coldre, no qual está guardando sua arma, então ele poderia alcançá-la em menos de um segundo. O quão estúpida você é?! Diferente do encontro no bar de Jazz uma ova! O filho da mãe tem um fetiche em apontar revólveres para mim!
Seus músculos se contraem e todo o seu corpo parece viver a mesma cena no ataque do Cartel Mexicano no restaurante, a arma do platinado apontada para você, o teste distorcido...
[...]
— Você nunca ousaria mentir para mim, darin?
Sem dúvida, até que isso acabe, um de nós irá cair.
[...]
Está por conta própria, sozinha na toca do leão. Ninguém sabe que você está aqui, com exceção de Inupi, e ele está do lado de Koko!! Então, ele sorri de forma maléfica.
— Há algo te incomodando, darin? Você parece preocupada.
— Eu não sou idiota. Sei que você está com a sua arma aí. — Kokonoi encolhe os ombros como se absolutamente não se importasse.
— Devo estar preparado para qualquer reviravolta. — As palavras escapam dos lábios do platinado e se mantém no ambiente como um eco, criando um silêncio ensurdecedor e uma tensão palpável que poderia ser cortada com uma faca — Você não parece compreender. O perigo pode vir de quem você menos espera, a qualquer hora, por qualquer razão oculta... — Então você dá um gole no seu vinho para se acalmar, porém a sua mão treme e Hajime nota, arqueando a sobrancelha — Termine sua bebida, [Nome]. Acho que precisamos conversar.
Porra!! Teria Koko descoberto tudo?! Será que abriu muito a boca ao lhe contar sobre o seu passado? Preciso me acalmar e rápido!
Apreensão vibra entre ambos e o ar instantaneamente parece carregado demais, parecendo quase possível ver as ondulações exatamente iguais de calor em um aeroporto. É quase sufocante e acredita que o platinado esteja ouvindo seu coração bater freneticamente como uma caixa de som no último volume. Então, você se direciona até o bar ao longo da parede e pega uma garrafa de chianti, coincidentemente.
— Posso te servir mais? Talvez ajude a nos acalmar. — Mais do que isso, no entanto, tem planos para a taça de vidro. Pelo menos, há uma boa chance de conseguir sua impressão digital.
— Eu nunca recuso um bom vinho. Especialmente se for meu... — O olhar que Kokonoi lhe dá de cima a baixo com um certo desdém faz os pelos de sua nuca arrepiarem. Pelos céus, será que vai conseguir sair viva desta tarde? De qualquer maneira, abre a garrafa e põe uma taça limpa e vazia ao lado, servindo generosamente — Você está tentando me deixar bêbado?
— Depende. Deixá-lo embriagado faria você relaxar e tirar suas peças de roupa mais rápido?
O platinado ri, divertido, porém há um corte em sua risada, apenas uma dica que indica que ele gostaria que não estivesse brincando. Após servi-lo, você cruza a sala e entrega o copo a Hajime, quem aceita ao se levantar da cadeira e rodopiar a taça.
— Você já compartilhou um beijo com o sabor de um vinho? — Você acena em negação, incerta sobre o quê ele disse — Você dá um gole, assim como eu. Então apenas dividimos a sutileza dele enquanto nos beijamos. — Ele a entrega a taça, deixando que tome o primeiro gole.
— É tipo a brincadeira de girar a garrafa?
— Claro que não. Estamos prolongando o sabor do que está dentro dela.. Você gostaria de tentar?
— Para prolongar o seu sabor nos meus lábios? Com prazer.
Molhando os lábios e segurando o líquido aveludado e adocicado em sua língua enquanto Hajime a imita, devolvendo a taça a você logo em seguida para tomá-la em seus braços. Portanto, seus lábios colando um no outro como um só ao dividir um lânguido beijo, o vinho tinto inebriante se misturando em ambas as línguas e Kokonoi provou estar certo, isso não é apenas um beijo com sabor de vinho, mas também adrenalina. É poderoso e doce ao que o líquido desliza em cada canto de sua boca... Você apoia os braços sobre os ombros do platinado e se enrosca ao redor de seu pescoço, segurando a taça pela haste enquanto ele se embebeda de seus lábios como se estivesse morrendo de sede no deserto há dias e dependesse disso para sobreviver. Tão embriagados um pelo outro quanto pelo vinho.
Além disso, tensão continua a crepitar entre vocês no meio de toda a faísca eletrizante da paixão ao que o beijo aprofunda, o vinho escorrendo por sua garganta e agora experimenta somente o gosto de Kokonoi, e é tão doce quanto, senão mais. Você pressiona o seu corpo contra o dele, desejando que as roupas evaporassem com o poder do pensamento. Entretanto, antes que possa fazer qualquer outra coisa, o platinado se afasta de você e fica desolada sem o toque dele, o coração acelerado e o corpo subitamente eletrocutado.
— Bem, depois de um beijo como esse, pelo menos tenho certeza que você não tentou envenenar o vinho! — Contudo, no segundo seguinte, a feição do homem se torna séria, mortalmente séria — Você já envenenou alguém antes?
Você fica honestamente sem reação, bem, confusa de certa forma com seu tom carregado de suspeitas. Koko seria tão paranoico assim?!
— Eu realmente não aprecio que você me faça esse tipo de pergunta. Suponho que os fins justifiquem os meios, mas não acredito que sou capaz de tamanha atrocidade, matar alguém e muito menos envenenar. — Ele parece satisfeito com sua resposta quando os cantos da boca intercalam para um sorriso como um pai orgulhoso de sua filha na apresentação de balé. Você pigarreia e franze as sobrancelhas — Por que é que toda vez que saio com você, surge o tópico de como iríamos matar um ao outro?! — Há um tom leve e brincalhão em sua voz, porém realmente quer uma resposta.
— Amor e morte são dois lados de uma mesma moeda, darin.
— Hm, e que tal eu fazer uma promessa, Hajime. — Fita-o diretamente nas íris castanhas escuras para que ele saiba que está sendo verdadeira — Caso eu decida assassinar você, eu prometo que não será veneno escondido em sua taça. Você irá me ver chegando para fazer isso, obstinada a acabar com a sua vida, de fato.
As orbes dele cintilam em desejo ao que ele dá um passo para se aproximar de você e calor emana de seu corpo como radiação.
— Você parece do tipo de encarar alguém diretamente nos olhos, no caso de planejar matá-lo. — Ele sorri travesso — O quê isso diz sobre mim se eu falar que isso me excita?
Ambos retornam aos lugares na mesa, sentando-se lado a lado ao que seus joelhos encostam um no outro. Inconscientemente, escova os lábios com a ponta dos dedos e Kokonoi observa o movimento com um olhar sensual estampado no rosto. E.. sem pensar muito, resolve atrair a atenção dele para onde você quer que vá — ou melhor, o seu lado selvagem — deixando que seus dedos trilhem de sua bochecha até seu decote enquanto arqueia o pescoço. Hajime praticamente rosna ao que seu olhar devora todo o seu corpo, não se importando com timidez.
De repente, Koko cerra o maxilar e se ajeita em seu assento, parecendo desconcertado.
— Você sabe, eu te convidei para vir aqui para um encontro de verdade. Na última vez...
— Estávamos no calor do momento — Conclui — Cedemos às tentações e o fizemos bem, muito bem.
— Sim, mas dessa vez, eu quero conhecer mais do que o seu corpo.
— Eu respeito isso. Bem... — Você também se apruma, penteando sua franja para trás da orelha com os dedos e limpa a garganta — Eu também quero te conhecer intimamente, de verdade. — O platinado arqueia a sobrancelha, como se você não houvesse entendido o ponto da questão, mas então entendeu a própria ambiguidade e riu sem graça — Quero dizer, o seu "eu" que você não mostra pra ninguém.
— Conte-me algo que ninguém sabe.
— Eu te disse o porquê eu quis entrar na Black Dragons na minha iniciação. Só que não foi o motivo inteiro, eu também entrei para conseguir... poder. — Umedece os lábios e o encara diretamente nas orbes castanhas — Não me entenda mal, porém antes disso, comecei a faculdade com o sonho de ser capaz de mudar o mundo. Mas... depois de conseguir meu primeiro emprego, eu percebi que há muita burocracia e sujeira debaixo do tapete que impedem qualquer mudança verdadeira para melhor. — O platinado assente, concordando empaticamente com o que você está dizendo — Eu não pude fazer o que eu queria anteriormente, e pensei que a Black Dragons me daria os meios para realizar meus sonhos. — No entanto, ainda oculta uma parte, não pode contar a ele que o quê não pôde fazer antes era derrubá-lo, ou que entrar em sua família a trouxe mais perto de seu objetivo do que poderia imaginar — Enfim, essa é a verdade no meu coração. E quanto a você? Qual é o seu desejo mais profundo?
Kokonoi morde o lábio diante da sua escolha de palavras, porém ele se recompõe, recuperando seu foco enquanto pensa na questão que lhe foi feita.
— Você quer saber o que eu verdadeiramente quero? Algo que eu quis por anos, algo em que trabalhei? — O platinado faz uma pausa dramática — Eu quero conquistar Las Vegas. — O flerte se foi agora. Hajime é cínico, quase amargo — Eu odeio a futilidade da justiça e igualdade. Não existe tal coisa com as limitações de uma lei fraca e ultrapassada destinada a beneficiar somente os poderosos.
— Os poderosos... como você?
— Touché, [Nome]. — Ele sorri — No entanto, eu não comecei poderoso. Na verdade, eu comecei como muitos outros homens, tentando fazer uma pequena e mísera mudança no mundo dentro dos sistemas da democracia. Eu entrei no exército e forças armadas, com a esperança de proteger o meu país graças à justiça.
— Como você sai de um simples militar sonhando em ajudar as pessoas para o homem mais poderoso em Nevada? — Você gesticula para a sala grandiosa e para aquele quem a possui. Seu luxuoso apartamento tende em provar que ele está muito longe de suas antigas preocupações.
— Não foi um único estalo de dedos, mas em vez disso, dois dias específicos.
— Você tem marcado no calendário os dois dias exatos em que a sua vida mudou..?
— 13 de dezembro e 30 de outubro. — Você não faz ideia do significado de treze de dezembro, mas trinta de outubro? Conhece essa data muito bem... Simplesmente a noite em que seus pais foram assassinados! O Hajime desvia o olhar, parecendo enojado — Em dezembro, meu pai faleceu. Outubro é uma data que chamamos de "Noite Diabólica".
Ele encara fixamente a taça vazia, e você não sabe por quanto tempo pode mantê-lo falando sobre assuntos tão tristes e delicados. Deveria você questioná-lo sobre sua perspectiva sobre a Noite Diabólica, quando onze pessoas inocentes morreram nas mãos da máfia? Ou será que deveria focar na morte do pai de Hajime, um evento pessoal dele que você não tinha conhecimento antes?
Suspirando, resolve perguntar sobre A Noite. Ele parece estar na beira de um precipício e que se forçá-lo ele irá cair, então caso pergunte sobre um incidente tão familiar, ele se fechará e você não terá a oportunidade da conversa mais uma vez, mesmo que instantaneamente fique tensa e bile ácida suba em sua garganta.
— O que aconteceu durante a Noite Diabólica? Eu ouvi algo sobre isso, mas por que te marcou dessa forma?
— Eu tinha 19 anos, e não sabia até então, mas meu pai era o chefe da máfia em Las Vegas. Logo surgiu o boato que alguns sub chefes estavam descontentes, e eles atacaram onze pessoas inocentes que conheciam a família Kokonoi. — Há um vinco de furor entre as sobrancelhas do platinado, ele está visivelmente irritado ao que parece se lembrar vividamente deste dia — Fizeram parecer que foi a Tríade. Foi uma briga interna por poder, e tantas pessoas que não tinham nada a ver morreram enquanto não haviam feito nada errado! — Kokonoi soca o punho na mesa, e você dá um pulo, assustada por sua ira e afinidade com o caso. Ele raramente perde o controle... Então apoia o cotovelo sobre a mesa, tombando a cabeça ao que penteia os cabelos jogados de lado para expor a lateral raspada enquanto o brinco balança e ele suspira de forma profunda e audível, de repente sua feição alternando para chateada e angustiada — Foi completamente injusto e insensível! E eu soube nesse momento que seria eu quem garantiria que os Black Dragons não se tornassem bandidinhos, permitindo que inocentes morressem dessa maneira.
Você está congelada, entorpecida pelo choque. Afinal você sempre soube que seus pais foram mortos há dez anos pela máfia, contudo não tinha noção que existia um conflito interno influenciando isso. Luta para esconder seus olhos enevoados, levemente esbugalhados e turvos pelo marejo das lágrimas. Hajime não sabia... Ele não estava envolvido? Sua mente está um turbilhão de pensamentos, as engrenagens trabalhando tão arduamente para processar o que acabou de ouvir, que jura que o platinado pode ouvi-las, além de seu coração agitado.
É loucura imaginar que seria o pai dele o chefe original e fundador da Black Dragons, e que seu próprio filho Hajime não esteja envolvido. E de uma certa forma, alívio percorre suas veias, Koko não teve ligação direta com a morte de seus pais a não ser pelo seu próprio pai, mas ele não sabia. E que ele lutou para mudar a máfia após a morte de seu pai em busca de garantir que tal tragédia nunca mais aconteça. Essa informação... eliminou a necessidade de derrubá-lo, além de deixá-la sem palavras.
Você sorri para ele, de primeira inconsciente, porém um sorriso terno ao que as orbes castanhas se suavizam imediatamente. Não tinha ideia nenhuma do tormento que Hajime esteve passando.
— Eu sinto muito por arruinar o clima. — Então ele sorri divertido, maquiando toda a tristeza em seus olhos.
— Não, não! Não se desculpe. Estou feliz que tenha confiado em mim, só não sei o que dizer sobre, entretanto...
— Não diga nada. Eu apenas precisava conversar sobre isso.
Hajime alcança sua mão gentilmente, beijando o nó de seus dedos em um estalo baixo antes de pressioná-los contra a bochecha. Instintivamente, acaricia-o, e ele fecha os olhos, encostando um pouco mais o rosto contra sua palma, como se acalmado pelo contato. Sua missão tem que mudar de rumo com essa notícia.
E seu coração... Pode ser livre para amar Koko da maneira que sempre ansiou, agora que todo o seu ser tomou consciência que ele não é o monstro que temia? Ou o bandido ganancioso e mercenário, obcecado pela busca irrefreável pelo poder que tanto abominou? Ou aquele que não tinha culpa alguma em relação ao assassinato de seus pais?
De fato, amor e morte andam de mãos dadas.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro