
10° CAPÍTULO
Alissa acordou com a luz fraca da manhã entrando pelas cortinas do quarto. Sentiu o calor de Axel ainda ao seu lado, o braço dele repousando de maneira protetora ao redor de sua cintura. Por um momento, pensou em como aquele simples gesto fazia o caos da noite anterior parecer mais distante.
Ela tentou se mexer devagar para não acordá-lo, mas Axel murmurou algo e abriu os olhos lentamente. Quando os olhares se encontraram, ele sorriu de leve.
── Bom dia. ─ Ele disse, a voz ainda rouca de sono.
── Bom dia. ─ Alissa respondeu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.
Por um instante, eles ficaram em silêncio, apenas aproveitando o momento de calmaria. Mas logo o peso da realidade voltou à mente de ambos. Axel foi o primeiro a quebrar o silêncio.
── Alissa... — Ele começou, sua expressão ficando séria. ── O que acontece agora?
── Como assim? — Ela piscou, confusa.
── Quero dizer... nós. ─ Axel se afastou um pouco, apoiando-se no cotovelo para encará-la melhor. ── A sua equipe não passou para a final, o que significa que vai embora em breve. Mas eu ainda tenho o torneio. E além disso... nós moramos em países diferentes.
As palavras dele pairaram no ar, e Alissa sentiu o estômago se contrair.
── Eu... não sei. ─ Ela admitiu, desviando o olhar. ── Não pensei nisso até agora.
── Nem eu. ─ Axel suspirou, passando a mão pelo cabelo. ── Mas acho que precisamos falar sobre isso. Eu não quero que isso... o que quer que esteja acontecendo entre nós... simplesmente desapareça quando você for embora.
Alissa sentiu o coração apertar. Era difícil colocar em palavras o que sentia. A noite passada, com Axel ao seu lado, havia sido uma das poucas vezes em que se sentira verdadeiramente em paz.
── Eu também não quero que desapareça. ─ Ela disse finalmente, voltando o olhar para ele. ── Mas não sei como fazer isso funcionar. Nossas vidas são tão diferentes...
Axel assentiu lentamente, os olhos fixos nos dela.
── Eu sei que vai ser difícil. Mas talvez a gente possa tentar. ─ Ele sugeriu, a voz firme. ── Não estou dizendo que vai ser fácil ou que eu tenho todas as respostas. Mas quero tentar... se você também quiser.
Alissa mordeu o lábio, pensando nas palavras dele. Era tão raro encontrar alguém em quem confiava, alguém que parecia realmente se importar.
── Eu quero tentar. ─ Ela disse finalmente, sentindo-se um pouco mais determinada. ── Mas precisamos ser realistas. Você vai estar ocupado com o torneio, e eu ainda tenho minha própria vida para resolver... especialmente depois de tudo o que aconteceu com minha mãe e Silver.
── A gente pode encontrar um jeito. ─ Axel disse, segurando a mão dela.── Ligar, mandar mensagens... e, quando for possível, nos visitar.
── Parece um bom começo — Ela sorriu levemente, apertando a mão dele.
Axel sorriu de volta, e por um momento, o peso da distância entre eles parecia menor.
── Prometo que, de algum jeito, a gente vai fazer isso dar certo. ─ Ele disse, com determinação na voz.
Alissa apenas assentiu, sentindo o coração mais leve. Mesmo que o futuro fosse incerto, pelo menos agora ela sabia que não enfrentaria tudo sozinha. Depois que decidiram tentar fazer dar certo, Alissa se levantou, ajeitando o cabelo bagunçado enquanto olhava para a janela. A luz do dia era suave, mas já anunciava que o tempo no torneio estava chegando ao fim para ela.
── Acho melhor eu voltar para o meu quarto. ─ Ela disse, tentando soar casual, mas havia um peso em sua voz. ── Preciso arrumar minhas coisas e decidir o que vou fazer agora.
Axel, que estava sentado na cama, observou-a com atenção. Ele queria dizer algo para convencê-la a ficar, mas sabia que a decisão não era tão simples.
── Tudo bem. ─ Ele respondeu, com um pequeno sorriso. ── Mas, antes disso, deixa eu te acompanhar.
── Não precisa... ─ Alissa começou, mas ele a interrompeu.
── Preciso, sim. ─ Axel disse, levantando-se e vestindo uma camisa. ── A gente não sabe quando vai se ver de novo. Eu quero aproveitar o tempo que temos agora.
Ela abriu um sorriso hesitante, concordando com um leve aceno de cabeça. Enquanto Axel calçava os tênis, Alissa sentiu o peso da despedida iminente, mesmo que eles tivessem prometido manter contato.
Caminharam juntos pelos corredores do hotel em silêncio. Cada passo parecia mais pesado, como se o simples ato de voltar para o quarto dela marcasse o fim de algo especial. Quando finalmente chegaram à porta, Alissa parou e se virou para ele.
── Obrigada por tudo. ─ Ela disse, a voz suave. ── Por me ouvir, por me deixar ficar no seu quarto... por ser você.
Axel sorriu, aquele sorriso caloroso que fazia o coração dela disparar.
── Não precisa me agradecer. ─ Ele respondeu, inclinando-se levemente para ficar mais próximo. ── Eu faria isso mil vezes por você.
Ela sentiu as bochechas corarem e desviou o olhar por um momento antes de encará-lo novamente.
── Acho que vou sentir sua falta mais do que imaginei.
── E eu vou sentir a sua. ─ Axel disse, com sinceridade. ─ Mas, como eu disse, vamos dar um jeito.
Alissa hesitou por um segundo antes de se aproximar e abraçá-lo. O calor do corpo dele era reconfortante, e ela desejou poder prolongar aquele momento. Quando finalmente se afastaram, Axel inclinou-se e depositou um beijo na testa dela.
── Vai ficar tudo bem. ─ Ele disse, tentando parecer confiante, mesmo que também estivesse lutando contra seus próprios sentimentos.
── Eu vou arrumar minhas coisas. Quem sabe ainda nos encontramos antes de eu ir embora. — Alissa sorriu de leve, sentindo-se um pouco mais forte.
── Eu vou arrumar minhas coisas. Quem sabe ainda nos encontramos antes de eu ir embora.
── Vou esperar por isso. ─ Axel respondeu, dando um passo para trás.
Ela acenou, observando-o se afastar pelo corredor. Assim que ele desapareceu de vista, Alissa entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si, ela notou que sua mãe não estava ali e uma parte de si ficou arrependida por ter agido daquela forma com sua mãe, mas ela apenas queria a verdade, mesmo que doesse.
Alissa começou a arrumar sua mala para voltar para seu país, mas parou quando viu a faixa de capitão do Sekai Taikai, uma parte de si queria aceitar a proposta de Silver e ficar ao lado de Axel.
Alissa encarou a faixa de capitão por longos minutos. Seu coração e sua mente travavam uma batalha intensa, e as palavras de Axel ainda ecoavam em sua cabeça. Ele estava disposto a fazer dar certo, e a proposta de Silver dava mais tempo a eles.
Sem pensar muito, ela pegou um casaco, jogou-o sobre os ombros e saiu do quarto. Precisava de respostas. Precisava falar com Silver. Ela decidiu ir para o primeiro andar do hotel, ela encontrou as equipes que estavam na final reunidas, ela avistou Silver, mas antes que pudesse ir até ele, alguém a chamou.
── Alissa — uma voz não tão familiar a chamou, ela olhou para trás vendo uma equipe reunida nas escadas, era Daniel Larusso a chamando.
── Sim? — ela se aproximou confusa.
Daniel LaRusso estava acompanhado de Johnny Lawrence e os membros de sua equipe. Alissa franziu o cenho, sentindo uma leve tensão no ar.
── Precisamos conversar. ── Daniel disse, a voz firme, mas gentil. ── É importante.
── Sobre o que? ── Alissa perguntou, ainda confusa, mas sentindo a seriedade da situação. Johnny cruzou os braços, inclinando-se levemente para frente.
── Sobre Silver. ── Ele respondeu de maneira direta. ── Abigail nos contou que você teve uma conversa com ele. É verdade?
── Sim... é verdade. Ele me fez uma proposta. ── Ela admitiu, tentando manter a calma. ── Mas não aceitei nada ainda.
Daniel deu um passo à frente, a preocupação evidente em seus olhos.
── Alissa, você sabe quem ele realmente é? ── Ele perguntou, tentando ser cuidadoso.
── Sei o suficiente. ── Ela respondeu, cruzando os braços.
── Não, está claro que você não sabe quem ele é — um dos garotos da equipe disse.
── Porque estão tentando me jogar contra ele? — Alissa perguntou diretamente para o garoto. ── Ele só tá tentando me ajudar.
── Ele não ajuda ninguém sem querer algo em troca. Silver é manipulador. Ele vai te fazer acreditar que está do seu lado, mas no final, só está usando você para os próprios interesses. — o garoto disse.
── Eu sei que parece que ele está oferecendo uma oportunidade... mas ele não é confiável. ─ Daniel disse, sua voz era baixa, quase um sussurro. ── Ele tem segundas intenções, sempre tem.
Alissa olhou para cada um deles, sentindo-se pressionada. Era difícil ouvir tudo isso depois de tudo.
── Vocês não entendem... ─ Ela começou, tentando conter a frustração. ── Eu perdi a chance de ir para a final, minha mãe escondeu segredos de mim minha vida inteira, e agora vocês estão me dizendo para recusar a única coisa que me dá um pouco de controle sobre tudo isso?
Daniel colocou uma mão no ombro dela, sua expressão suavizando.
── Alissa, eu entendo que você está passando por muita coisa. Mas confiar em Silver só vai piorar tudo. Ele não é alguém com quem você deve se aliar, mesmo que pareça a melhor opção agora.
── Olha, eu não sou o melhor em discursos, mas vou te dizer isso: se você aceitar essa proposta, estará se colocando diretamente na linha de fogo. E confia em mim, Silver não perde a oportunidade de destruir quem ele não pode controlar. — Johnny disse olhando para a garota, ele parecia realmente preocupado.
Alissa ficou em silêncio, os pensamentos girando na cabeça. As palavras de Axel, Silver, sua mãe, e agora essas pessoas que mal conhecia, mas pareciam genuinamente preocupadas com ela, criavam uma tempestade dentro dela.
── Valeu pelos conselhos, mas eu já tomei a minha decisão — Alissa disse se afastando deles.
Alissa se afastou do grupo de Daniel e Johnny, tentando organizar os próprios pensamentos. Cada palavra dita por eles parecia ecoar em sua mente, mas, ao mesmo tempo, ela não conseguia evitar a frustração de ser tratada como uma peça em um jogo que nem entendia completamente.
Enquanto ela cruzava o saguão do hotel, acelerando o passo para fugir daquela atmosfera sufocante, ouviu passos apressados atrás de si.
── Alissa, espera! ─ uma voz masculina a chamou.
Ela parou, respirando fundo antes de se virar. Era o garoto que estava com Daniel. Ele parecia determinado, mas também um pouco hesitante.
── O que você quer agora? ─ Alissa perguntou, cruzando os braços. ── Já ouvi tudo o que vocês tinham a dizer.
── Eu não vim insistir no que eles disseram. ─ Ele respondeu, os olhos fixos nos dela. ── Só quero falar com você... sozinho.
Alissa franziu a testa, desconfiada, mas deu um leve aceno, indicando que ele podia continuar.
── Meu nome é Robby. ─ Ele começou, quase como se estivesse esperando que o nome significasse algo para ela. Quando não houve reação, ele continuou. ── Não sei por que me importo tanto com isso, mas... eu já vi pessoas como você serem enganadas pelo Silver. E... já vi amigos meus sofrerem por isso.
── Eu nem sei quem você é, e você claramente não me conhece. — Alissa estreitou os olhos, cruzando os braços com mais força
Robby respirou fundo, coçando a nuca enquanto olhava para o chão por um momento.
── Eu não sei por que me importo. ─ Ele admitiu, levantando os olhos de volta para ela. ── Talvez porque você me lembre de alguém. Ou talvez porque eu odeio ver pessoas como você sendo manipuladas por alguém como ele.
── E o que exatamente você acha que sabe sobre mim? — Alissa arqueou uma sobrancelha, um pouco cética.
── Sei que você está confusa. Sei que Silver faz as coisas parecerem fáceis, como se ele fosse a solução para todos os seus problemas. Mas nada que vem dele é tão simples. ─ Robby deu um passo mais perto, sua voz ficando mais firme. ── Um amigo meu confiou nele uma vez. Achou que Silver estava oferecendo um futuro, algo que ele nunca teve antes. Eu não quero ver isso acontecer com você.
Por um momento, o silêncio pairou entre eles. Alissa sentiu a confusão em sua mente crescer, mas, ao mesmo tempo, havia algo na forma como Robby falava que a fazia querer ouvir mais.
── Por que eu deveria confiar em você? ─ Ela perguntou, finalmente, sua voz mais suave do que esperava.
Robby deu de ombros, um pequeno sorriso melancólico surgindo em seu rosto.
── Não estou pedindo para confiar em mim. Estou pedindo para pensar bem antes de confiar nele.
Alissa desviou o olhar para a janela, observando o movimento do lado de fora. As palavras dele pesaram em sua mente, mas ela não tinha certeza do que fazer com elas.
── Eu só queria que você soubesse disso. ─ Robby disse, recuando um passo. ── O resto... é com você.
Sem esperar resposta, ele se virou para sair, mas Alissa o chamou antes que ele se afastasse completamente.
── Robby... ─ Ela disse, hesitante. ── Obrigada por me dizer isso.
Ele apenas acenou com a cabeça, um leve sorriso no rosto, antes de se afastar e deixá-la sozinha com seus pensamentos. Assim que Robby se afastou, Alissa soltou um longo suspiro, tentando reorganizar os pensamentos. No entanto, a sensação de estar sendo observada fez com que ela erguesse os olhos rapidamente.
Do outro lado do saguão, Axel estava encostado em uma das colunas, com os braços cruzados e uma expressão séria no rosto. Seus olhos estavam fixos nela, e havia algo em seu olhar que misturava preocupação e... ciúme?
Antes que ela pudesse pensar em se aproximar dele, Zara se aproximou junto de Wolf. Alissa decidiu voltar para o quarto, de alguma forma as palavras de Robby a atingiram mais que qualquer outra pessoa. Tinha algo especial nele, algo familiar….
Depois de uns minutos no seu quarto, alguém bateu na porta, ela abriu vendo Victor.
── Eai campeã — o garoto sorriu para ela que devolveu um sorriso fraco e cansado.
── Oi — Alissa disse simples.
── Vim avisar que vamos assistir a final do campeonato, quer vir com a gente? — Victor perguntou, ele havia notado o quão sua amiga estava abalada
── Não sei, é estranho ficar de fora — Alissa disse sincera.
── Você deu seu melhor, eu dei meu melhor, mas infelizmente não conseguimos, mas lembra o que você me disse quando perdi aquele torneio? — Victor perguntou.
Alissa deu um leve sorriso ao lembrar-se daquele momento.
── Disse que isso não nos define, e que às vezes a derrota é só um passo para algo maior. ─ Ela respondeu, com a voz um pouco mais suave.
── Exatamente. ─ Victor assentiu. ── Isso aqui também não define você. Você ainda é a melhor que já conheci, e não é um torneio que vai mudar isso.
Ela suspirou, sentindo o peso das últimas horas ainda em seus ombros, mas as palavras de Victor a confortaram.
── Talvez eu vá. ─ Alissa disse, finalmente. ── Pode ser bom me distrair um pouco.
── Esse é o espírito. ── Ele sorriu largamente.
Depois que Victor saiu, Alissa olhou para o espelho e ajustou os cabelos. Ainda havia tantas perguntas sem respostas, tantas decisões a tomar, mas talvez assistir à final ajudasse a clarear sua mente. Ela iria para torcer por Axel.
A noite Alissa se preparou para assistir o torneio com seus amigos, as equipes que estavam fora tinham a permissão para assistir de perto, Alissa odiava se sentir uma perdedora.
A primeira luta foi entre Kwon Jae-sung e Diego Aguilar, como Alissa prévia, Kwon acabou ganhando, ela queria encontrar com Axel, mas ele não olhava a nenhum momento para ela. A segunda luta foi entre Zara Malik e Maria Álvarez, Zara foi a vencedora.
Alissa saiu de perto do tatame, ela estava visivelmente chateada por sua equipe não ter chegado a semifinal. Alissa encarava o vazio do corredor, a cabeça baixa e os braços cruzados sobre o peito. Ela respirou fundo, tentando afastar o nó na garganta, mas o peso da desilusão era difícil de ignorar.
Johnny Lawrence surgiu do outro lado do corredor, o olhar fixo nela. Ele parou a alguns passos de distância e inclinou a cabeça, analisando a expressão abatida da garota.
── Aí está você. ─ Ele disse, com um tom que era ao mesmo tempo firme e compreensivo. ── Sabia que te encontraria aqui.
Ela não respondeu, apenas encolheu os ombros. Johnny se aproximou e encostou na parede ao lado dela.
── Perder nunca é fácil. ─ Ele começou, cruzando os braços. ── E ver sua equipe toda fora do jogo... é um golpe que ninguém quer levar.
Alissa finalmente levantou o olhar para ele, seus olhos brilhando com a sombra de lágrimas que ela se recusava a deixar cair.
── Não adianta fingir que isso não dói. ─ Ela disse, a voz embargada. ── Tudo pelo que treinamos... foi para nada. Johnny balançou a cabeça lentamente.
── Não, não foi para nada. ─ Ele respondeu, firme. ── Sabe, eu já estive no seu lugar. Já perdi coisas que achava que nunca poderia recuperar. E sabe o que descobri? Que a vida não acaba quando você perde. A derrota só define você se você deixar.
Ela desviou o olhar, como se estivesse tentando encontrar algo para contradizê-lo, mas não encontrou nada.
── É diferente. ─ Alissa murmurou. ── Você sempre teve outra chance. Eu... não sei se vou ter.
Johnny soltou um suspiro e virou-se para ela, encarando-a com intensidade.
── Talvez você não tenha outra chance nesse torneio. Mas sabe o que você tem? Tempo. Uma vida inteira pela frente. Esse torneio é só um momento. Ele não é tudo o que você é.
Ela piscou, tentando processar aquelas palavras.
── Mas parece tão injusto... ─ Ela disse, a voz quase falhando. ── Treinamos tanto, lutamos tanto, e agora acabou.
── É, às vezes a vida é uma droga. ─ Johnny respondeu, sem rodeios. ── Mas quer saber? Não é a vitória que faz de você uma lutadora. É o que você faz depois da derrota. É como você levanta quando tudo desmorona.
Alissa o olhou, surpresa pela sinceridade crua de suas palavras. Ele parecia alguém que realmente sabia do que estava falando.
── Você ainda pode lutar. Não aqui, não agora. Mas lá fora. Com você mesma. ─ Johnny continuou, apontando para o próprio peito. ── Cada golpe, cada queda... tudo isso te deixa mais forte. Mais pronta para o que vem a seguir.
Ela ficou em silêncio, mas algo naquelas palavras começou a ressoar dentro dela. Era verdade que o torneio havia acabado, mas sua jornada ainda estava longe disso.
Johnny deu um passo para trás e deu um pequeno sorriso.
── Então é isso. Não vou te dar um discurso motivacional piegas. Só vou dizer isso: a vida continua. E se precisar de alguém pra te lembrar disso, sabe onde me encontrar.
Alissa sentiu um leve sorriso puxar os cantos de seus lábios, mesmo contra sua vontade. Ela assentiu devagar.
── Obrigada, Johnny. ─ Ela disse, sua voz mais firme agora.
── Não precisa agradecer. ─ Ele respondeu, já se afastando pelo corredor. ── Só quero ver você de volta ao tatame. Porque perder aqui não significa que você perdeu na vida.
Ela o observou se afastar, sentindo o peso em seu peito aliviar um pouco. Talvez ele estivesse certo. Haveria outros torneios, outras lutas. Mas, acima de tudo, haveria mais chances de se levantar e seguir em frente. Ela voltou para seu lugar em volta do tatame, a luta entre Robby e Axel iria se iniciar.
Robby avançou para cima de Axel que defendia todos os golpes dele, Robby não tinha nem chance de acerta-lo em seus golpes pois sua defesa era excepcional. Robby tentou acertar um chute nele, mas ele defendeu.
── Axel — Alissa olhou em direção ao sensei Wolf que chamou pelo garoto ── Pra cima!
O garoto não exitou em obedecer a ordem de seu sensei, ele começou a golpear Robby que mal conseguia se defender. Logo ele começou a marcar pontos para cima de Robby, Alissa sentiu uma preocupação dentro de si quando Axel acertou Robby no rosto fazendo ele sangrar.
Robby começou a se defender dos ataques de Axel sem tentar acertá-lo. Axel agarrou Robby.
── Vai continuar defendendo ou vai lutar? — Axel perguntou ao garoto antes de empurrá-lo para fora do tatame.
Alissa havia percebido que Axel estava com uma raiva inexplicável de Robby, ela não podia negar que estava preocupada com o garoto que nem conhecia, mas ela sabia do potencial de Axel.
── Aí — Alissa e outro menino falaram juntos quando Kwon acertou Robby com uma cotovelada
Axel empurrou o garoto que ia defender o amigo. Os dois começaram a se empurrar.
── Todos para fora do tatame, agora… ou o torneio — antes que homem terminasse de falar, um dos senseis do time que estava fora o acertou fazendo ele cair desmaiado no chão.
Os lutadores começaram a brigar, Alissa tentou ir na direção de Axel para separar ele do garoto, mas foi empurrada por um dos lutadores do Cobra Kai.
── Eu disse que ia me divertir — Era Kwon, Alissa se colocou em posição de luta e começou a andar para trás. Logo sentiu seu corpo bater contra o de alguém.
Ela olhou para trás rapidamente e viu ser Robby, eles trocaram um olhar vendo que estavam sendo rodeados por três do Cobra Kai
── Vem começar a sua diversão então — Alissa chamou Kwon que sorriu desafiador para ela.
Kwon avançou rapidamente, com golpes agressivos e impiedosos. Alissa, apesar de um pouco nervosa, manteve a calma, esquivando-se habilmente dos primeiros ataques. Ela sabia que não podia enfrentar Kwon apenas com força; precisava ser estratégica.
Enquanto isso, Robby se preparava para enfrentar os outros dois lutadores. Um deles tentou surpreendê-lo com um chute alto, mas Robby desviou com facilidade e contra-atacou com um soco firme no estômago do adversário.
── Você está bem? — Robby perguntou para Alissa, enquanto bloqueava outro ataque.
── Não se preocupe comigo, cuida deles! — Alissa respondeu, desviando de mais um golpe de Kwon e acertando um chute direto em seu flanco.
Kwon cambaleou levemente, mas recuperou o equilíbrio e sorriu, como se tivesse gostado do desafio. Ele passou a atacar com mais intensidade, forçando Alissa a recuar ainda mais. No entanto, ela estava atenta. Quando ele se descuidou por um instante, Alissa viu a abertura e aplicou um golpe rápido e preciso no joelho de Kwon, desequilibrando-o.
Enquanto isso, Robby finalizava um dos lutadores com uma combinação de golpes que o deixou no chão. O terceiro, vendo a habilidade de Robby, hesitou por um momento antes de avançar.
── Ei, Kwon, acho que sua diversão acabou — Alissa provocou, ofegante, mas com um sorriso de vitória. Kwon tentou se levantar, mas parecia estar com dificuldades.
Robby e Alissa se afastaram dos lutadores do Cobra Kai, eles não queriam brigar, estavam apenas se defendendo.
── Fazemos uma boa dupla — Robby disse a garota que concordou.
O garoto correu na direção de Zara que batia em uma garota loira, ele a segurou e logo a jogou para longe.
── Você tá legal? — Alissa perguntou para a garota loira enquanto a ajudava a se levantar.
── Sim, valeu! — a garota agradeceu. ── Sou Tory
── Alissa
── Você prefere ela do que eu? — Zara perguntou diretamente a Robby.
── Ela te deixa no chinelo — Robby disse fazendo Alissa rir colocando a mão na boca. Zara olhou furiosa para ela.
Zara avançou para cima de Alissa quando uma das companheiras de equipe dela agarrou a outra loira.
── Você já perdeu uma vez, quer mesmo perder outra? — Alissa se defendia dos ataques da garota.
── Aquilo foi sorte. — Zara continuava com os ataques.
── Tão sorte que seu sensei queria que me colocar no seu lugar — Alissa sorriu de lado a provocando, a garota ficou mais furiosa.
Zara avançava com ainda mais fúria, seus golpes tornando-se erráticos devido à raiva. Alissa sabia que essa era sua vantagem. Com a mente clara e os movimentos calculados, ela esquivava e bloqueava com agilidade, esperando o momento certo para contra-atacar.
── É isso que você tem? — Alissa provocou mais uma vez, desviando de um soco e aproveitando a abertura para aplicar um chute lateral no abdômen de Zara, que recuou cambaleando.
Antes que elas pudessem continuar, uma garota apareceu derrubando os lutadores da equipe de Zara que recuou.
── Mas que merda — Tory agradeceu a garota. ── Valeu.
── Tamo junta — a garota disse.
── Tem que me ensinar isso depois — Alissa disse para a garota que sorriu. ── Sou Alissa.
── Samantha, você manda bem — a garota disse simpática.
Os quatro continuaram a enfrentar os lutadores do Iron Dragons, Alissa já estava cansada daquela palhaçada. Ela ouviu Kwon chamar por Robby e logo o derrubou no chão.
── Robby — Alissa disse chamando a atenção de Kwon que sorriu para ela.
── Você de novo? Você não cansa, não? — Kwon sorriu para ela a chamando para lutar novamente.
── Nunca vou cansar de ganhar de babacas como você — Alissa disse entrando em posição de luta.
Antes que ele pudesse chegar perto, Alissa se antecipou com uma combinação rápida de socos e chutes, forçando Kwon a recuar um passo. Ele sorriu, claramente admirado com a rapidez dela, mas não demorou para ele se recompor e atacar novamente. Com um movimento ágil, ele desferiu um soco lateral. Kwon sorriu maliciosamente quando conseguiu derrubar Alissa no chão.
Alissa arfou, sentindo o impacto, mas se levantou rapidamente, ignorando a dor. Ela já estava acostumada a quedas, mas o que ela não esperava era o sorriso arrogante de Kwon.
── Nunca vai aprender, vai? — Kwon zombou, erguendo a mão como se fosse desferir o golpe final.
Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Axel, que estava ocupado com outro inimigo mais à frente, viu o movimento. Seus olhos se estreitaram e, sem pensar duas vezes, ele correu em direção a Kwon, saltando em um impulso de fúria. Ele acertou Kwon com um soco tão forte no rosto que o fez cambalear para trás, sem conseguir reagir.
Antes que Alissa fizesse algo, alguém a chutou pelas costas, era Zara novamente.
── Você não cansa de apanhar, não é? — Alissa perguntou revirando os olhos e se posicionando novamente para lutar.
── Se você acha que isso é apanhar, você ainda não viu nada. — respondeu com um brilho determinado nos olhos.
As duas se encararam por um momento, suas respirações pesadas ecoando no ar tenso. Alissa foi a primeira a avançar, desferindo um chute rápido que Zara conseguiu bloquear com o antebraço, usando o impulso para girar o corpo e contra-atacar com um soco direto no estômago de Alissa.
Alissa recuou um passo, mas rapidamente recuperou o equilíbrio, agarrando o pulso de Zara antes que ela pudesse se afastar. Com um movimento rápido, Alissa puxou Zara em sua direção e a derrubou no chão com um golpe preciso, imobilizando-a momentaneamente.
── Admito, você tem força. Mas força sem estratégia é inútil. — disse Alissa, apertando ainda mais a imobilização.
Zara grunhiu, a dor pulsando em seu corpo, mas não cedeu. Com um grito de esforço, ela usou a perna livre para aplicar um chute giratório que acertou o lado de Alissa, forçando-a a soltar o aperto. Zara se levantou rapidamente, respirando com dificuldade, mas sem perder a determinação.
O grito ecoou pelo tatame, penetrando o caos como uma lâmina cortante. Era alto, agudo, carregado de uma dor que fez os corações de todos apertarem. Zara e Alissa, com os punhos erguidos e respirações ofegantes, pararam no mesmo instante, seus olhares se encontrando brevemente antes de se virarem em direção ao som.
Alissa olhou para trás vendo o corpo de Kwon com uma faca fincada no peito.
Chegamos com sucesso ao fim dessa primeira parte.
Eu espero do fundo do meu coração que tenham gostado.
Eu não sou o tipo de pessoa que expresso muito meus sentimentos, mas eu quero agradecer do fundo do meu coração por vocês terem me apoiado em uma coisa, que para mim, não iria dar certo como as outras não deram. Eu estou extremamente feliz com os comentários, o quanto a fanfic cresceu em poucos dias, obrigada, a cada um de vocês por terem feito a minha semana uma pouco melhor.
Até pensei em continuar com os spoilers, mas eu prefiro esperar, porque não quero estragar essa história.
Tem muitas perguntas sem respostas ainda, mas eu garanto que a maioria delas serão respondidas na segunda parte.
Alissa e Axel se tornaram um "casal" incrível para mim, quero desenvolver eles muito ainda.
Obrigada mais uma vez, eu amo vocês e vocês são incríveis ❤️
Um beijo e até a próxima.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro