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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐅𝐈𝐕𝐄

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐒

INCONFORMADOS, alguns irmãos adentravam o estreito corredor luminoso, que abria passagem direta para o Oblivion. A visão parecia ficar turva durante a caminhada, e alguns deles lutavam fielmente contra isso caso o guardião aparecesse. Quando abriram a porta que os aguardava no final, todos saíram do corredor em uma fila desajeitada, dando de cara com um quarto — quase — igual ao que antes estavam. Se encontraram na suíte do búfalo novamente, e Celeste até achou estar andando em círculos.

— A gente nunca mais vai fazer isso. — Viktor falou incomodado.

— Pode apostar, estaremos mortos em breve — Celeste murmurou. Estava claramente irritada por ter sido arrastada para o Oblivion. A votação havia sido para desistirem, e agora, aqueles que perderam a votação, tinham exatamente seu anseio.

— Escapar por pouco do apocalipse? Que droga — Cinco falou.

— É o que a gente faz, não é? — Diego ironizou.

— Tem alguma coisa muito errada com isso aqui — Allison falou ao avistar o búfalo, anteriormente tinha a cabeça presa à parede. Agora, era como se o traseiro estivesse no lugar.

— Que decoração exótica — Celly debochou. Sentia um calafrio na espinha. Algo a dizia que não era bom estar ali, mesmo ela ter votado para estar.

— É a mesma suíte, ao contrário — Lila apontou, conturbada com o fato enquanto buscava pequenos detalhes.

— E você não tá exagerando — Cinco falou, explorando o local.

— É tipo um Alice no País das Maravilhas da pesada — Ben falou.

— Vai me dizer que você assiste desenho de criança? — Celly riu, cruzando os braços em frente ao corpo. — Com essa cara de marrento? Isso sim é algo.

— Me deixa, garota.

— Isso tá cada vez mais estranho — Diego murmurou temente.

Por fim, Reginald saiu correndo do estreito corredor, fechando a porta rapidamente. Celly esperava que Klaus estivesse logo atrás, mas quando notou que o pai fechou a porta, rapidamente franziu o cenho.

— Finalmente do outro lado — Reggie murmurou ofegante, ainda contra a porta enquanto se recuperava da travessia.

— Espera aí. Cadê o Klaus? — Viktor perguntou. Celly deu um passo à frente.

— Crianças, eu lamento, mas o seu irmão... Eu fiz tudo que pude, mas ele não passou a tempo. O Kugelblitz fez a sua última vítima — ele falou. Se Celly não conhecesse o quanto ele mentia bem, talvez teria acreditado. Ela sentiu o coração palpitar. Não era possível que ele havia feito aquilo.

— Não, ele tava bem atrás de mim quando eu entrei no túnel — Cinco falou, desconfiando tanto quanto sua amada, que já estava sendo ameaçada pelas lágrimas de ódio.

— O que você fez? — Celly perguntou, franzindo o cenho enquanto negava a si mesma que o irmão havia morrido.

— Eu não fiz nada.

— Tem certeza? — Ela perguntou, dando mais um passo à frente enquanto os irmãos olhavam. Ela e Reginald estavam próximos o bastante para ambos olharem nos olhos um do outro. A tensão palpável no ambiente.

— Eu já falei que não fiz nada. — Ele repetiu. Falou tão firmemente que alguns irmãos acreditaram.

Ela sentiu raiva, e pensou em dar um tapa. Ou então, roubar a energia. Quem sabe matá-lo ali mesmo? Se conteve. Sabia que agora não era a melhor hora, e não traria mais mortes a ninguém. Sloane interrompeu qualquer futura discussão com a voz trêmula, ainda embargada pela perda do marido, fazendo ambos desviarem o olhar para a loira.

— Nós temos que voltar — Sloane pediu.

— Não há por que voltar. Haverá tempo para lágrimas mais tarde. Agora temos que continuar em frente — ele rebateu, saindo do quarto em passos largos e evitando que a situação de Klaus e Luther tomasse rumos extremos. Ele não olhou novamente para Celly, e nem parecia querer sequer ficar próximo. A garota suspirou, usando a manga do moletom cinza para enxugar a lágrima solitária que caía do seu rosto. Nem sequer Cinco percebeu que ela havia chorado.

— Espera aí, o Luther e o Klaus? — Viktor perguntou desacreditado, enquanto Reginald já estava longe. Todos irmãos se olharam, alguns cogitando a mesma coisa, outros não compreendendo o motivo dos olhares.

Nenhum irmão da Umbrella estava em condições de relembrar, se não cairiam nas lágrimas. Tentaram ao máximo ser fortes e acompanharam ao pai, enquanto ele pegava o elevador para descer o prédio. No caminho, Cinco segurou a mão da garota, a beijando de leve enquanto eles praticamente esqueciam das brigas anteriores para se unirem. Ela ainda estava irritada, mas preferia encontrar o seu refúgio a ter mais uma discussão. E de uma forma ou outra, conseguiria tentar ter uma vida com ele. Lutaria até o fim, nem que isso significasse dar sua vida para os outros concluírem o plano.

O elevador abriu, e revelou a mesma aparência de sempre que o hotel possuía. Não poderiam esperar um lugar de batalha pior, já que era quase como um jogo de escape. Reggie tomou à frente e desceu as escadarias onde o elevador se posicionava, finalmente encontrando o saguão principal do hotel.

— É magnífico — murmurou.

— Vocês deviam ter ficado aqui. Esse lugar é bem melhor — Ben falou, olhando para Diego que se movimentava de mãos dadas com Lila.

— Eu e a Lila quase morremos da última vez, tá lembrado? — Diego rebateu.

— É, mas só que agora eu tô aqui, e a gente tá em maior número.

— Como se você fosse salvar a humanidade — Celeste debochou do irmão, erguendo as sobrancelhas e recebendo uma careta do outro.

— O que quer que fosse, era forte, rápido e super irritado — Lila falou.

— O que quer que façam, não toquem nisso — Diego apontou para o sininho da recepção, que era justamente o que avisava aos guardiões que haviam pessoas no prédio. — Ao menos que queiram perder um dedo ou um tentáculo.

— Eu vou arriscar — Sloane se meteu, fazendo menção em tocar o sino. Estava tão atordoada com tudo aquilo, que só queria vencer os guardiões e trazer seu amado de volta, se é que as lendas eram verdadeiras.

— Não! — Lila impediu, barrando sua tentativa ao se pôr em sua frente.

— Sai da minha frente — ela pediu.

— Pra encarar aquela coisa, a gente tem que estar com a cabeça no lugar.

— "Estar com a cabeça no lugar"? Tá falando da minha raiva? É, tô brava. Eu quero matar o que quer que tenha machucado o Luther.

— Se fizer as coisas de cabeça quente e sem pensar, não será só o Luther e o Klaus que terão morrido. Todos nós vamos pro buraco, Sloane. — Celly falou de forma sincera. Às vezes era necessário ser realista.

— O Luther não foi o único que morreu — Viktor lembrou. — A gente também perdeu o Klaus. Eu tô bravo, tá? Todo mundo tá. Mas a gente tem que ser esperto, tá bom?

— Quando for a hora, vamos agir — Lila falou.

— Exatamente. Tem um guardião aqui, não podemos agir por impulso se quisermos manter nossas cabeças no pescoço — Celeste falou. — Temos que agir com estratégia. Ficar em silêncio e procurar pelos sinos sem que os guardiões saibam da nossa presença.

Enquanto isso, Cinco se desprendia de Celly para inspecionar as portas, que pareciam abertas. Quando se aproximou, Diego avisou.

— Nem tenta, Cinco. As portas não deixam.

— Então o quê? Estamos presos aqui? — Allison perguntou.

— Esse lugar é um teste, uma armadilha e uma forma de salvação, tudo ao mesmo tempo — Reginald explicou.

— Alguém sabe o que aquela placa significa? — Viktor perguntou, avistando uma plaquinha azul atrás do balcão.

— Sei. Significa "não toque o sino". Significa isso — Diego mentiu.

— Nós entendemos, Diego. Sino mau — Cinco debochou, retornando para o lado da garota enquanto ela segurava sua mão com força. — O que a gente faz? Alguém sabe?

— Reggie — Allison chamou o pai, que lia um livro no meio do salão, sem dar respostas à ela. — Reggie?

O homem folheava o livro rapidamente, procurando respostas sobre o Oblivion já que finalmente todos estavam ali dentro. Alguns segundos se passaram, e Lila achou a forma de esvair sua ansiedade, já que Reginald não respondia e todos estavam tensos.

— Eu tô com fome. Alguém tá afim de um sushi? — Lila perguntou, saindo do lado de Diego em direção à bancada de comidas.

— Como você consegue comer numa hora dessas? — Ben perguntou, barrando o trajeto de Lila.

— Não sei. Como você consegue ser babaca numa hora dessas? — Lila rebateu.

— Aí! — Diego chamou a atenção, se aproximando dos dois enquanto os outros irmãos suspiravam frustrados por mais uma discussão sem sentido.

— Como é que é? — Ben perguntou em tom ameaçador.

— Pra trás, tá bom? — Diego protegeu. — Ela tá comendo pra-

— Ficar forte — ela mentiu. — Nesses tempos difíceis. É... Diego, pode vir comigo rapidinho? — Lila o puxou, deixando Ben de lado.

Lila não queria contar que estava grávida. Todo o drama com Stan havia sido somente para provar se Diego seria um bom pai, enquanto aguardava o filho biológico do mesmo. Somente ele sabia da gravidez, e apesar de desejar contar para o restante da família, ela achava melhor expor mais tarde.

Celly estava ansiosa. Soltou a mão de Cinco e decidiu dar uma volta pelo salão, no aguardo de que algo acontecesse. Minutos se passaram, e todos os irmãos estavam dispersados pelo saguão. Alguns conversavam particularmente entre si, aguardando pelo momento que teriam psicológico para realmente entrar em ação. Eles estavam conversando, desabafando, chorando... todos com as pessoas que achavam poder ajudá-los. Sloane, por exemplo, conversava nas escadas com Allison, que sabia como era a dor de perder o marido.

Quando Celly se desprendeu de uma parte do nervosismo, notou de longe Cinco conversando com Viktor. O irmão parecia estar desconfortável com o assunto, como se não conseguisse acreditar no que Cinco dizia. Teve curiosidade, então se aproximou de ambos para participar da conversa.

— ... É como o velhote disse: uma vez é acaso, duas vezes é coincidência e três vezes não vai acontecer porque não sou um baita de um idiota — Cinco falou.

— A gente não tem certeza se ele matou o Klaus e o Luther — Viktor rebateu.

— Eu tenho — a garota falou, finalmente se juntando a eles.

— Como?

A garota estava com receio de contar sobre os documentos, e de fato a única pessoa que confiava para manter aquilo em segredo era Cinco. Decidiu continuar escondendo, apesar de ser uma boa hora para contar a todos.

— Acha que o papai não mataria? Ele tirou a própria vida na outra linha do tempo só pra que todos se unissem. Ele sempre tem uma finalidade: o apocalipse. E cá estamos nós.

— Esse é o modus operandi dele. Nós já vimos isso — Cinco falou. — Está se esquecendo como nos unimos. Ele já deu esse golpe antes e está dando de novo agora.

— Qual é, Cinco — Viktor falou, relutante com o palpite.

— Não, não. Ele perdeu a votação pra passar pelo túnel, mas a gente tá aqui, não tá? — Cinco perguntou retórico.

— Mesmo que todos tivessem votado contra, ainda assim estaríamos aqui. Ele sempre consegue o que quer — Celly afirmou

— Tem certeza de que ele poderia matar o Luther?

— Eu acho que ele poderia matar o Luther, o Klaus e o resto de nós sem nem ligar. Só que o pior, é que eu acho que a Allison está envolvida nisso.

— Não. Não — Viktor negou, balançando a cabeça como se ouvisse a maior piada da história. Para ele, o palpite contra Reginald até poderia ser verdade, mas Allison?

— Ela não estava na parte externa com a gente — a garota falou para Cinco, o lembrando dos fatos.

— E também não estava no salão quando retornamos para os quartos — ele completou.

— O que vocês estão falando?! — Viktor franziu o cenho, tentando compreender os palpites absurdos. — Ela estava com a Sloane no túnel.

— Não estamos falando do Klaus — Cinco explicou.

— Do Luther? — Viktor perguntou, recebendo um olhar positivo da irmã. — Para. Não, ela nunca faria isso.

— Ela tá pirando desde que chegamos nessa linha do tempo — Cinco argumentou.

— É, porque ela perdeu a filha.

— E ela matou o Harlan — Cinco lembrou.

Viktor pareceu atordoado. Olhou para as escadarias, vendo Allison conversando com Sloane, que tentava limpar as manchas de sangue que restavam do amado durante o encontro com o cadáver.

— Olha, mesmo que vocês estejam certo, não consigo imaginar eles assumindo isso se a gente confrontar eles — Viktor falou.

— Óbvio que não irão assumir — a garota murmurou, desviando o olhar quando, de alguma forma, sentiu que Reginald se aproximava.

— Reúnam-se, crianças — Reginald falou por fim, descendo as escadarias rapidamente e se pondo no meio do salão, enquanto todos voltavam a atenção para ele. — Agora que tivemos uma chance de descansar, o verdadeiro trabalho vai começar.

— Ah, o mito dos sete sinos, né? — Cinco ironizou.

— Exatamente. Alguém estava prestando atenção.

— Tá, a gente acha os sinos. E depois? — Diego perguntou.

— Não, não, não. Os sinos são só uma metáfora pra isso — Reginald falou, abrindo o livro na página certa e deixando exposto os mesmos desenhos presentes na tatuagem do garoto.

— O selo — Celly falou, segurando a mão de Cinco conforme o clima ficava tenso. O garoto olhou para os desenhos com o cenho franzido, e tentou achar alguma ligação com a tatuagem que havia feito.

— Correto, Número Oito. O selo é a chave para os sete sinos. Quando acharmos esse símbolo, estaremos mais próximos de reiniciar o universo.

— O que vamos fazer quando encontrarmos? — Sloane perguntou.

— Eu não sei — falou sincero.

— Ótimo. Nos arrastou para um plano que nem você sabe o que fazer — Celeste ironizou.

— A gente tá aqui porque você disse que tinha um plano — Viktor falou.

— E tenho. Até um certo ponto — ele deu de ombros.

— Ótimo — Lila riu, ironizando a situação. — A gente fica aqui no hotel pra sempre, olhando as paredes e comendo sushi ruim.

— Achar o selo é a nossa única saída daqui e a melhor chance que temos de reiniciar o universo — Allison falou.

— Engraçado como você e o papai concordaram de novo — Cinco apontou com sarcasmo, insinuando seu palpite sobre o acordo dos dois.

— Pois é... Desde quando ficou tão interessada no plano dele? — Celly perguntou.

— Tá bom. Por onde a gente começa? — Viktor perguntou, ansioso para evitar qualquer discussão que envolvia Alisson.

— Dividam-se em grupos. Eu vou com a Alisson e a Sloane — Reginald falou — Ben e Cinco vão com o Viktor-

— Não, a gente quer a Allison — Viktor falou.

— O Ben pela Allison. Nós treinamos juntos e por isso faz mais sentido levarmos a Allison — Cinco argumentou.

— Tá. Não, valeu — Allison riu.

— Não tinha pedido desculpas pro Viktor? O que te impede de fazer parte do grupo deles? — Celly perguntou.

— Grupo deles não, amor. Você vem com a gente também — Cinco falou, juntando Celly a si mesmo enquanto a puxava para perto.

— Vocês terão muitas pessoas no grupo — Ben falou.

— O Cinco tá certo. Eu tenho que proteger o braço dele...

— E eu tenho que impedir que ela morra — Cinco completou.

— Esplêndida ideia. Allison e Celly, vocês vão com os Umbrella. Os Sparrow's ficam juntos — declarou Reggie. — Cada um cuida de um andar diferente. Temos que achar o selo.

— Mas e a gente? — Diego perguntou ao lado de Lila, enquanto todos já se dispersavam.

— Vocês são uma dupla. Ninguém quer ouvir as brigas de vocês — Reginald deu de ombros. — Espalhem-se, chequem cada canto e voltem pra cá em trinta minutos.

Todos os Umbrella seguiram o salão até às escadarias do elevador. Entraram — sem exceção dos Sparrow's — todos juntos.

— Fica perto de mim — Cinco pediu, entrelaçando as mãos nas da garota.

Quando Reginald ia adentrar o elevador, fez menção em voltar e logo se explicou enquanto as portas se fechavam.

— Ah! Esqueci o meu diário. Vão. Encontro vocês em cinco minutos — ele falou por fim, deixando que o elevador separasse cada grupo em um andar diferente, se preparando para a possível luta.

Reginald — sozinho no salão — voltava para o balcão, se preparando para apertar o sino que daria início ao plano. Precisariam ao menos chamar a atenção dos guardiões para que concluíssem o plano, e Reginald estava prestes a se arrepender de ter trazido todos para uma ratoeira.

Enquanto isso, Allison tomava à frente do quarteto para procurar pelos selos dentro de armários, abaixo de móveis e em lugares teoricamente difíceis de esconder algo.

— Alguém se esforçou muito pra esconder essa coisa — ela reclamou enquanto adentrava em mais um quarto, sendo seguida pelos outros.

— Qual é o tamanho desse negócio? — Viktor perguntou.

— Olha, o bom e velho Reg não disse — ela deu de ombros.

— Sério? Que surpresa. Achei que você soubesse mais sobre esse plano — Cinco alfinetou, largando a mão da amada para confrontar Allison.

— Espera aí, o que isso quer dizer?

— Eu vi você e ele na suíte do búfalo branco durante o casamento — Cinco falou por fim, atraindo a atenção de Celly após ele finalmente ter entregado Allison.

— Não sei se agora é a melhor hora-  — Viktor impediu.

— Olha, eu soube que você ficou bem ao lado da Celly a noite inteira. Você viu algo, Celly? — Allison perguntou inocentemente, olhando a irmã nos olhos.

— Na verdade-

— Ela não viu porque ela me puxou pra fora da porta. Eu levei um tempo pra assimilar tudo, mas agora eu lembro, Allison. Você e o papai fizeram algum tipo de acordo — Cinco julgou, se aproximando e ficando frente a frente com a morena. — Com o que você concordou?

— Um acordo? — ela riu, como se ouvisse uma piada.

— Uhum.

— Com o papai? Por favor, diz que tá brincando.

— Ele não tá — Viktor falou.

Allison estava atordoada, debochando da situação silenciosamente enquanto olhava para Celly, achando que a culpada mais uma vez era ela.

— Responde a pergunta — Cinco pediu.

— Cara, você ficou maluco! — Ela falou. Uma ruga surgindo na testa devido a situação estressante.

— Você e o papai fizeram um acordo, e agora o Luther morreu — Cinco acusou.

— Olha só, o Luther foi morto por aquela coisa que eu nem sei o que é. — Ela se defendeu.

De alguma forma, Celly se sentiu culpada por estar pressionando ela. Todas palavras que Allison havia falado para ela durante a briga de uns dias atrás estavam retornando. E se ela estivesse fazendo tudo errado? E se Allison fosse inocente? Era uma péssima irmã para a julgar desta forma.

— E o Klaus? — Cinco perguntou, tentando absorver maiores informações.

— Ele não entrou no túnel — falou o óbvio, tentando de toda maneira defender a si mesma.

— Olha, o seu acordo tá custando a vida das pessoas — Cinco falou.

— Vocês acham mesmo que eu fiz um acordo com o papai pra matar o Luther e o Klaus?

— Não, mas um acordo pra nos trazer aqui. Um acordo pra ter a Claire de volta — Celly explicou. Os olhos baixos, enquanto a ponta dos dedos mexiam nas unhas, tentando expulsar a ansiedade.

— Eu cansei — ela riu, percebendo que todos estavam falando sério. — Vejo vocês no saguão.

— Ei, espera! — Viktor pediu, enquanto a irmã já estava longe. — Espera! Cinco! — ele repreendeu pouco antes de sair do quarto à procura de Allison.

— Acha que fizemos certo? — Celly perguntou pouco antes de Cinco segurar sua mão.

— Sim. É óbvio que o papai fez isso, e pressioná-la pra que ela conte a verdade é justo. Vamos ficar juntos, nosso grupo diminuiu — ele falou, guiando Celly para fora do quarto.

Os dois não viram, mas ao passar pela porta, mudaram de cena, como se por todo o Oblivion houvesse portais espalhados.

Assim que Cinco reparou na parede presente no fim do corredor — muito mais próxima que anteriormente —, franziu o cenho, pressionando mais forte a mão de Celly.

— Estamos no andar certo? Achei que tivéssemos em outro quarto  — Celly murmurou, olhando para a placa número cinco.

O garoto se aproximou da parede, a inspecionando enquanto a tensão surgia dentro de si. O Oblivion estava começando a dar seus sinais.

— Viktor? Allison? — chamou.

— Droga, cadê eles? — a garota perguntou, batendo na parede a sua frente, tentando saber se era oca ou algo do tipo.

Quando ambos voltaram a atenção para o outro lado, mais uma parede havia se feito presente em suas costas. No corredor não existia mais quartos além daquele, e uma mesinha com alguns quadros davam o ar de decoração para aquela parte do hotel.

— Cinco... o restante dos quartos...

— Beleza, agora a diversão começou — ele murmurou sorrindo.

— Pelo visto o hotel se altera. Temos que nos manter juntos — Celly falou, segurando a mão dele em uma tentativa de se manter com ele, apesar dos portais.

Ambos entraram no quarto novamente, dessa vez encontrando um quarto totalmente diferente dos demais. Enquanto isso, todas outras equipes se encontravam no mesmo jogo. Se separavam, se dispersavam e percebiam que o Oblivion não queria ninguém acompanhado.

Viktor e Allison continuaram no mesmo andar, enquanto finalmente percebiam o que o hotel fazia. Lila e Diego pareciam andar em círculos, sempre revendo o mesmo elevador. Já Celeste, Sloane e Ben, tagarelavam quando Cinco e Celly os encontraram.

— É fácil pra você falar quando já arrumou outra família — Ben falou entre dentes.

— A melhor parte dessa família acabou de morrer — Sloane disse emotiva.

— Querem parar, crianças? Isso não é um canal de briga de família. Estamos lutando contra o apocalipse. Foco — Celeste pediu.

— Não acredito que eu tô dizendo isso, mas tô feliz em ver vocês três — Cinco falou, adentrando o corredor e se aproximando dos três.

— Era pra vocês estarem no andar de cima — Celeste falou confusa.

— E estávamos. Mas sinto informar, o hotel é um labirinto — Celly respondeu.

— O quê? — Sloane perguntou.

— O hotel tá mudando — Cinco falou. — Ficamos andando em círculos, mas é como se ele estivesse vivo.

— A gente devia voltar pro salão — Ben respondeu.

— Tentamos, mas, não importa a direção, voltamos pro mesmo lugar — Cinco falou.

— Ou talvez você não tenha senso de direção — Ben ironizou.

— Faça as honras então, idiota — Celly falou, abrindo os braços apontando-o na direção em que vieram.

— É, mostra o caminho, navegador — Cinco falou sorrindo.

Ben suspirou cansado, saindo em passos rápidos para achar o caminho correto enquanto os outros o seguiam. O hotel mudava. Se alterava para que o jogo se tornasse cada vez mais difícil. Mas Reginald aos poucos encontrava a solução para tudo. E, para ele, um novo problema apareceu quando foi interrompido de seus estudos por Klaus.

— Tá com problemas, pai? — Klaus perguntou atrás da coluna, atraindo a atenção de Reginald, que o olhou assustado.

— Você!

— Sentiu saudade? — ironizou.

— Só há um caminho pro Oblivion. Isso não é possível — negou a si mesmo, temendo que seus planos fossem desmascarados caso Klaus contasse o assassino do grupo.

— Bom, mas eu tô aqui — Klaus deu de ombros, se aproximando do pai.

— Fascinante! Eu gostaria de explorar mais isso, mas não é uma boa hora.

— Você me usou pra trazer a minha família pra cá. Eu até entendo, mas você me usou. E aí, quando eu não tinha mais utilidade, me largou pra morrer.

— Larguei pra morrer? Eu te fiz um favor. Eu sabia que iria achar o caminho para o vazio, onde é o seu lugar.

— Pior que eu gosto de lá — deu de ombros.

— Então por que está aqui?

— Porque você assassinou o Luther!

— Foi necessário e eficiente!

— E quem é o próximo, pai? O Cinco? O Viktor? A Celly? Toda a droga da família?

— Ah, a Celly seria difícil de matar. Mas isso não importa! Estão todos em posição. A batalha está começando. Eu estou a apenas um sino do meu prêmio. E você vai arruinar tudo!

— Ah, se eu ganhasse um centavo cada vez que eu ouvisse isso, eu teria um dólar! Não que isso seja muito dinheiro, mas tem aquelas lojinhas de produtos de um dólar-

O filho foi interrompido quando Reginald bateu na sua cabeça com um troféu presente no balcão. Klaus caiu no chão desmaiado, enquanto Reggie terminava de ler seu livro e finalmente apertava o sino.

Um barulho agudo se fez presente no andar em que estava, e as luzes do hotel começaram a cintilar no exato momento. Era como se toda a iluminação se alterasse para um campo de guerra, e automaticamente o salão e todos os quartos e corredores ficaram amarelados. A iluminação adentrava o ambiente de forma mortal, como se indicasse aos guardiões que o sino havia sido tocado.

No mesmo momento, todos irmãos reconheceram que estavam encrencados quando o hotel deu seus sinais. Os primeiros a serem atacados, foram Viktor e Allison, que foram surpreendidos por um dos guardiões. As roupas lembravam estranhamente uma época medieval. Como se cada um deles tivesse saído de uma época diferente, mas todos das atinguidades. A armadura era de ferro maciço, e o capacete era aterrorizante quando combinado com a altura dos guardiões. Todos possuíam uma habilidade e uma arma diferente, mas todos tinham uma coisa em comum: a vontade de matar, que os apossava no Oblivion.

Enquanto Celeste reclamava pedindo para Ben encontrar urgentemente a saída para o salão, um dos guardiões impediu o caminho assim que o quinteto atravessou o corredor.

— É sério? Um samurai? — Ben debochou, assim que o mesmo moveu a espada de forma séria, se preparando para o ataque.

Antes mesmo que o guardião se movesse, Sloane saiu do meio dos outros. O grito rasgado saindo de sua garganta demonstrava claramente o sofrimento pela morte do marido, que em breve seria vingado.

A loira escapou do ataque do guardião assim que pulou sobre o mesmo, ficando fora de sua visão assim que usou a gravidade para mantê-lo no lugar, impedindo que ele atacasse.

— Adorei da versão vingativa dela — Ben falou.

— Dá pra calar a boca e ajudar a matar aquela coisa? — Cinco perguntou, indo até a parede para pegar o machado usado para emergências.

— Sloane! Se abaixa! — Celly gritou, já condensando a energia.

No mesmo instante, a loira obedeceu, e o guardião foi atingido por uma esfera elétrica, que o lançou contra a parede do fim do corredor.

— Uau. Esse ataque foi forte.

— Ainda não sei como fiz isso — ela falou sincera, atordoada com a distância que o guardião havia sido lançado.

Antes de comemorarem, o mesmo se levantou e a sua armadura se moveu levemente, como se o recuperasse do ataque.

— Ótimo — Celeste murmurou.

Cinco não demorou para se teleportar para o lado do guardião, começando um ataque direto com ele enquanto se moviam instintivamente para a lavanderia presente do corredor. Todos os irmãos correram e Celly ficou por último devido ao cansaço do ataque.

Assim que ela passou pela porta, não encontrou ninguém, e não deixou de se assustar quando percebeu estar em outro lugar.

— Merda — murmurou, engolindo em seco. — Cinco! Ben!

Ela gritava, chamando o nome de alguém enquanto esperava não estar sozinha. Decidiu inspecionar o andar, já que se esconder estava fora de cogitação.

Enquanto andava pelo corredor — agora muito maior do que o anterior —, um som agudo se fez presente no ambiente, a fazendo tampar os ouvidos. Seu coração estava acelerado, e Cinco com certeza estava muito mais nervoso por ter percebido a distância que os separava agora.

O garoto já havia atingido o guardião com o machado cinco vezes, e estava ficando com mais temor cada minuto que se passava.

— Celeste! — gritou para a garota. — Procura minha mulher, por favor! Ajuda ela. Ela pode estar em perigo.

A garota não protestou, somente saiu da lavanderia em que estavam e foi descendo as escadarias à procura da outra versão.

Enquanto isso, as paredes que aos poucos se estreitavam assustavam Celly, que caminhava cuidadosamente pelo corredor.

Foi surpreendida quando um guardião impediu seu caminho ao lançá-la novamente para o fim do corredor, como se o vento fosse tão forte que a tivesse levado. Assim que o guardião viu seu rosto, Celly achou estar alucinando, principalmente pela hesitação do mesmo. O rosto estava coberto pela armadura, que de certa forma, era mais frágil que a dos outros.

Ela se levantou do chão, e não demorou para tensionar a energia e bater com as palmas no chão, criando uma corrente elétrica até o mesmo, que pareceu nem sequer sentir o ataque.

— Usar meus poderes contra mim mesma é burrice  — a voz suave falou por trás do capacete, que segundos depois foi tirado pela mesma.

A garota estremeceu diante de Hale. Celly encaixou as peças rapidamente. Ela desapareceu quando estava forte, pois Reginald achou uma boa ideia que ela matasse os guardiões. Assim, faltaria somente ele encontrar o selo. Pelo visto, ela se tornou uma guardiã ao invés de agir como Reginald queria.

— Merda.

— Bom te ver novamente, sua morte vai ser rápida — Hale deu de ombros, pouco antes de pôr o capacete novamente e deixar as chamas intensas fluírem nos seus dedos.

A visão se concluiu. A porta colorida era a entrada para o Oblivion, e os cabelos claros eram escondidos no capacete, assim como a imagem que ela viu naquele momento.

A garota desviou da esfera de fogo que fora lançada, pois de alguma forma conseguia ter um sexto sentido que dizia os movimentos futuros da outra.

A garota avançou com uma sequência de socos e chutes de diferentes alturas, fazendo Hale recuar na defesa e lançar o contra-ataque ao segurar o pé de Celly, que foi girado abruptamente no ar. Evitando que se machucasse, Celly girou o corpo juntamente com o pé preso, mantendo a estabilidade e dando uma cotovelada na outra.

Não demorou para ela usar o poder de fogo para queimar a garota, que soltou um grito rasgado ao sentir a pele desmanchando no local. Ela girou o tronco e deu um chute forte no peito de Hale, combinando com o roubo de energia corpórea que não funcionou.

Não demorou para Hale usar a água dos encanamentos para jogar a outra para longe, que bateu a cabeça na parede do corredor e desmaiou ali mesmo.

— Patética — murmurou pouco antes de comprimir o vento, o alongando como uma espada. Aquilo era afiado o suficiente para matá-la.

Foi impedida quando uma bola de fogo a atingiu nas costas. O fogo era tão poderoso que até mesmo derreteu uma parte de sua armadura, fazendo ranger como quão quente havia ficado ali dentro.

— Longe dela — Celeste pediu, pouco antes de reconhecer a tatuagem do selo marcado nas mãos da garota.

A Hargreeves tinha conhecimento dos fatos devido ao trabalho na comissão quando pesquisou sobre o caso dela. Ela também não demorou para compreender o que aconteceu, apesar de demorar para lembrar o nome dela — que por mais contraditório que seja, era o próprio nome.

A Hargreeves usou o armamento natural para saltar e girar acima da garota, felizmente atingindo Hale na falha da armadura causada pelo fogo, a machucando nas costas. Logo recebeu uma cotovelada, que a deixou atordoada enquanto Celly voltava à realidade. Não demorou para a mesma avançar na sua direção, saltando em cima das costas da guardiã e arrancando seu capacete, jogando-o longe em seguida.

— Derrete ele! — gritou para a outra versão, que rapidamente jogou uma bola de fogo tão intensa quanto antes.

Celeste foi atingida por um chute da Hale, que a jogou contra a estreita parede do corredor enquanto gemia com o impacto.

— Toma conta dela! — pediu, rapidamente saindo em busca do elevador mais próximo e apertando o botão repetidas vezes.

Enquanto isso, Celly se concentrou para tentar algo novo. Apesar de ter receio à respeito do que havia imaginado, usou toda a habilidade escondida dentro de si para controlar cada partícula de poder que Celeste Hale tinha. Ela usou os próprios poderes contra a inimiga, que gritou com o ataque forte repentinamente, sem conseguir inibir o golpe inesperado. Se ambas eram a mesma coisa, não deveriam saber controlar uma a outra?

Naquele momento, ela sentiu o quão poderosa era. Sentiu cada poder que corria em suas veias, apesar de nunca ter dado as devidas importâncias para ele. Sentiu que conseguiria controlar o que desejasse a qualquer hora. Não só eletricidade. Sentia cada elemento natural à sua volta, enquanto usava seus poderes para machucar por dentro a inimiga.

Enquanto Hale ia ao chão se recuperando da dor, Celly ouviu a outra chamando, e não demorou para correr rapidamente para o elevador, escapando dali antes que ela voltasse à realidade novamente.

— Que merda foi essa!? — Celeste perguntou. — Você tá bem?

— Tô, tô sim. E você?

— Na medida do possível — falou apoiando as mãos no joelho, enquanto suspirava profundamente.

— Sabe quem era ela, né?

— Somos cópias dela. É, eu tô sabendo. Pelo jeito estamos bem longe de atingir a perfeição nos poderes — Celeste falou sincera.

— Tenho a impressão que ela estava só brincando com a gente — Celly falou frustrada, apoiando a cabeça na parede do elevador enquanto estava prestes a chegar no andar correto.

Assim que a porta do elevador se abriu novamente, as duas saíram correndo para ao saguão, enquanto encontravam Klaus jogado no meio do ambiente, com alguns irmãos à sua volta.

— Klaus?! — as duas falaram em uníssono, correndo para ajudá-lo.

— O que aconteceu? Achamos que tinha morrido — Allison falou preocupada, erguendo o irmão.

— Quem dera. Oi — ele falou desconfortável com a dor da ressurreição.

— Oi. Você tá bem? — Allison perguntou.

— Eu tô.

— Como você está aqui?! Quero dizer, o papai disse que você ficou do outro lado — Celly perguntou.

— Em breve eu explico, irmãzinha. Deixa eu me recuperar, por favor — ele falou.

— Celly! — Cinco a chamou, assim que saiu do elevador, se teletransportando para o seu lado enquanto a abraçava fortemente.

O cheiro dele era reconfortante para ela, e saber que seu braço estava intacto era ótimo. Ela havia passado o sufoco de saber que ele estava lutando contra um guardião e ela nem sequer conseguia ajudar.

— Pelo visto estamos bem — Celly murmurou, recebendo um beijo carinhoso do mesmo.

— Nossa, você tá péssimo — Viktor falou para Klaus, chegando ao térreo junto com Lila.

— Tenta matar um guardião pra ver — Klaus debochou.

— Nós matamos — Viktor falou sincero.

— Nós também — Cinco respondeu, envolvendo o braço na cintura da garota.

— Falta mais dois — Celly respondeu.

— Dois? Não eram três guardiões?

— Um deles é a Hale — falou sincera, recebendo olhares assustados de alguns.

— Aquela da década de 60? — Klaus perguntou confuso.

— Olha. Pode parecer loucura, mas o papai jogou ela aqui dentro para matar os guardiões. Os documentos da Hale... — a garota olhou para Viktor — só comprovam a teoria. Ela desapareceu. Eu sou uma cópia, a Celeste também é. O papai nos criou para que fôssemos como ela após o desaparecimento, mas pelo visto somos um fracasso total. O feitiço virou contra o feiticeiro. Era pra Hale ter matado eles, mas se tornou uma guardiã — explicou.

— Ah, isso não é bom — Allison falou.

— Droga — Diego murmurou. — Temos que achar o selo. Rápido.

— Eu achei que estivesse morto!

— É, é. Eu tô vivo, maravilhoso! Apesar das tentativas do papai de esmagar minha cabeça — falou, colocando a mão no machucado. — Mas vamos deixar as reuniões pra depois. O que vocês precisam saber agora é que... o papai matou o Luther. E ele me trancou fora do túnel e tocou a droga do sino!

— Filho da puta — Celeste murmurou, saindo dentre os outros enquanto todos caminhavam em direção a ele.

— Qual é o seu plano, velhote? — Cinco perguntou.

— Não temos tempo pra isso.

— Você matou o Luther! — Sloane gritou,

— Não tive escolha. Vocês se recusaram a vir em equipe — ele argumentou, lendo o próprio livro com uma paciência impressionante.

— Isso era uma votação! — Celeste reclamou.

— Todos esses mitos e histórias idiotas. Nunca existiram sete sinos sem noruegueses — Ben se revoltou. — Trouxe a gente aqui pra morrer!

— Não é isso. Em algum lugar neste hotel está a chave para reiniciar o universo. Temos que achar o selo! — ele falou.

Enquanto isso, Cinco se perdia em alguns pensamentos enquanto olhava atentamente o piso xadrez sobre seus pés. As estrelas postas de forma aleatória antes não se faziam presentes no Hotel Obsidian anteriormente.

— Eu não ligo pro seu selo! Nenhum de nós liga — Sloane falou.

— Aquele guardião com aquela droga de elmo e foice quase matou a gente! — Diego reclamou.

— O guardião que matamos tinha um machado — Viktor falou.

— O nosso tinha uma espada — Sloane falou, enquanto Cinco subia para o mezanino, tentando olhar o salão de forma ampla.

Cinco estava começando a compreender sobre o selo, e Celly não demorou para segui-lo até o mezanino, compreendendo o que ele pensava. O garoto começou a encaixar as peças. A tatuagem, o livro de Reginald, a posição das estrelas eram as mesmas dos selos desenhados por Pogo.

— Eu tenho que ir atrás do último — Sloane falou.

— Porque isso deu super certo da última vez, né? — Ben debochou.

— Vocês têm analgésico ou podem calar a boca? — Klaus perguntou.

— Temos que continuar. Temos que matar todos — Allison lembrou.

— O velho tá maluco! — Ben reclamou.

— Eu achei o selo! — Cinco gritou sua descoberta, chamando a atenção de todos os irmãos para si. A garota ao seu lado, de repente teve a necessidade de tirá-lo dali. Aquele poder de visões, que durante a batalha estava se evoluindo para um sexto sentido, a avisou que se ele não saísse dali, seria tarde. — Ele tá no-  — Cinco foi interrompido quando o vidro sobre sua cabeça quebrou com o peso do guardião, que não demorou para lançar a foice na direção dele.

Celly o empurrou sem pestanejar, fazendo o garoto teleportar ambos quando entendeu no mesmo instante o que estava acontecendo. Eles surgiram somente a alguns metros de onde estavam, ainda no mezanino. A foice atingiu o rosto dela. Não fora nada grave, somente um pequeno corte no supercílio. Assim que o guardião se fez presente dentre os outros, todos os irmãos o olharam aterrorizados. O peso dele ao cair contra o piso fez um estrondo.

— Puta merda. — Cinco murmurou, a abraçando contra seu peito enquanto tentava limpar a nova ferida.

A garota estava com o peito acelerado, tentando recuperar o fôlego. Não estava acostumada a prever movimentos do inimigo, e seu corpo não estava aguentando essa evolução repentina. Sua cabeça começou a doer, e ela caiu de joelhos, gemendo com a dor que crescia cada vez mais. Cinco se preocupou, e se agachou com ela, perguntando se ela estava bem enquanto acariciava seus cabelos ondulados. Ela estava sentindo tudo girar. As mãos estavam trêmulas. Parecia sentir que tudo isso não acabaria bem.

Logo abaixo do casal, a foice do guardião foi lançada em direção a Klaus, que não desviou devido aos reflexos lentos e gemeu com a dor do corte justamente no abdômen. Antes que Celeste se preparasse para o ataque, o guardião jogou uma granada de pequeno grau explosivo, desnorteando todos com o impacto causado. Ben fez menção a agarrá-lo com os tentáculos, mas a foice o jogou contra o chão, o ferindo nas costas.

Antes que a luta continuasse, o elevador apitou, avisando que uma nova pessoa estava chegando. Cinco e Celly olharam rapidamente para o lugar onde o barulho surgiu. Os outros irmãos estavam ocupados demais para pensar naquilo. Celeste Hale finalmente saiu do elevador, caminhando lentamente enquanto os irmãos tentavam não perder o foco contra o outro guardião. Celly gemeu quando se levantou, fazendo careta com a dor intensa e tossindo algumas vezes.

— Amor, você não está bem para lutar. — Cinco a repreendeu, tentando ajudá-la a não cair.

— Eu queria vir pra cá. Tenho que fazer minha parte. — Ela murmurou olhando nos olhos dele, pondo sua força nas pernas para que não caísse. Ela respirou fundo, e o garoto não tentou contrariar sua ideia, pois sabia o quão teimosa ela era.

Poucos metros do elevador, a Hale pareceu buscar a garota com os olhos. As duas fixaram seu olhar uma na outra instantaneamente. Reginald, que antes tentava procurar qualquer sinal do que fazer, agora estava completamente atônito e absorto no seu medo, enquanto via a filha tão próxima a ele.

— Filha? — Reginald sibilou aflito. — Meu Deus, Celeste…

Ele passou a vida toda acreditando que ela estava morta. Acreditando que havia cometido um erro enorme. Primeiro, achou que ela estava ali para ajudá-los, já que sempre concordara com o projeto do Oblivion. Realmente sempre quis conhecer Abigail, que seria sua mãe adotiva, e sempre se doou para o plano, para que seu pai ficasse feliz. Mas quando insistiu que não estava pronta, e que seria errado, ele a forçou a entrar lá dentro. A magia do Oblivion fez seu maior ódio fluir. Ódio de não ter sido ouvida, de ter sido enviada para a morte quando sabia dos seus limites. Nunca mais voltou. Sabia que lá dentro, naquele lugar mágico, não envelheceria, não passaria fome, e teria seu único anseio. Vingança.

O olhar dela passou de Celly para o próprio pai. Os olhos escuros, como se falassem muito mais do que ela poderia. O mais velho sentiu um arrepio na coluna, compreendendo que havia cometido o maior erro quando a enviou para lá.
A garota o olhava como se nem o reconhecesse, completamente alterada pela magia do Oblivion.

Enquanto isso, Diego forçava uma luta física com o guardião, que não desistia do uso da foice para manter grande parte dos irmãos afastados. Sloane usou seus poderes para impedir seu ataque, assim como anteriormente, no corredor.

Celly e Celeste se entreolharam por somente alguns instantes. Sabiam que deveriam ser elas a lutar contra a Hale. Celeste correu do meio do salão, enquanto Cinco se teletransportou com a garota ao seu lado. A dupla chegou antes. Celly foi recebida com um chute forte, que a jogou para longe, já que não tinha muitas condições para lutar. Cinco tentou não se desconcentrar. Precisava matar ela, para então conseguir tudo o que queria: viver uma vida ao lado de Celly.

Ele se teleportou para as costas da outra, puxando os cabelos soltos com força, fazendo ela gritar com o golpe repentino. Sua cabeça foi para trás devido ao golpe, e ela não demorou para bater com força no braço dele, fazendo ele largar seus cabelos e logo ser queimado, quando a mão dela se transformou em uma concentração tão quente de energia, que fora o suficiente para fazer o garoto recuar com seu poder.

Celeste finalmente chegou. Lançou uma bola de fogo, que virou fumaça quando Hale lançou água do encanamento diretamente no ataque. A mesma usou o vento para lançar Celeste longe, enquanto quase era atingida pela foice do outro guardião.

— Se prepare! — Sloane gritou, erguendo Celeste novamente e a trazendo para perto de Hale com mais facilidade ao usar os poderes.

— Não vêem que isso é inútil?! Estão realmente confiando em uma pessoa horrível. Estão doando suas vidas para ele realizar o sonho que deseja! — Hale gritou, chamando a atenção até mesmo dos outros irmãos. Reginald pareceu engolir em seco, enquanto ela voltava sua atenção aos três inimigos que a atacavam. Ela comprimiu energia em uma esfera elétrica, atacando diretamente Celeste, que conseguiu desviar quando Reginald se jogou sobre ela, desviando a garota do ataque de Hale.

Ele não demorou para ser lançado novamente para o seu lugar através do vento, deixando o espaço livre para a luta das duas novamente, enquanto Celeste permanecia a poucos metros da Hale. Enquanto isso, Sloane usava seus poderes contra o guardião, e Luther até mesmo havia sido conjurado por Klaus para ajudar na luta.

Celeste levantou-se, tentando imitar a espada de vento que Hale havia usado há poucos minutos atrás quando lutara contra as duas. Ela tentou comprimir ao máximo o vento cortante em uma só forma, mas sentiu que suas direções estavam erradas.

Mesmo assim, correu para atacar no exato momento que Celly criou uma esfera elétrica, torcendo para que ela não resistisse aos dois ataques juntos.

A Hale foi atingida na armadura pela espada mal feita, enquanto via uma parte do escudo se partindo. A esfera elétrica foi mirada em direção ao seu peito, mas não chegou a tempo, pois Hale tomou a energia da mão da garota, evitando que o ataque encostasse nela.
Hale pôs um pé para trás, e deu uma forte cotovelada no peito de Celeste, enquanto dava um chute na outra. Cinco novamente se aproximou, quase sendo atingido por uma sequência admirável de golpes, se não fosse pelo seu poder e reflexos rápidos. A Hale bateu com a parte lateral do antebraço no pescoço de Cinco, que não conseguiu controlar a respiração devido ao ataque, se desestabilizando com a falta de ar.

— Celeste Hale! — Reginald gritou. Seu corpo arranhado quando havia sido lançado pelo vento anteriormente. — Pare com isso, filha!

Estavam em vantagem, teoricamente. Então por que diabos não conseguiam vencê-la?!

Celly voltou a atacá-la, tentando resistir a qualquer dor que possuía. Ela ergueu seu pé em um chute alto, mas o mesmo foi segurado por Hale, que o girou com força na intenção de quebrar seus ossos. Celly percebeu, então girou seu corpo juntamente no ar, fazendo com que o outro pé a atingisse no rosto. Celly acabou se desequilibrando e caindo, mas Hale cambaleou, dando tempo para Celeste que logo a atingiu ao pular e usar as duas mãos para bater com o impacto do pulo em sua cabeça. Hale gemeu, colocando sua mão na cabeça a fim de massagear o local do impacto.

Em um instante ela se recuperou. Cinco surgiu em sua frente, desferindo um soco forte em direção a ela, que empurrou o braço do ataque e segurou o esquerdo com a mão, logo o cortando com seu golpe de vento comprimido.

O garoto foi jogado para longe, enquanto as duas garotas assimilavam o ataque. Celly não havia o protegido direito. Tudo estava se cumprindo. Tudo estava sendo inútil, pois o que era para acontecer, estava acontecendo.

O garoto gritou com a dor, batendo com as costas na parede próxima, enquanto Celeste agora focava na luta, lançando bolas de fogo misturadas com vento na intenção de fortificá-las cada vez mais.

Cinco não demorou para se apoiar na parede e retirar a própria gravata, a utilizando como torniquete para evitar a perda de sangue do braço esquerdo.

Assim que Celeste olhou para Cinco — que se concentrava no braço cortado — perdeu o foco por somente alguns segundos, antes de ser eletrocutada, tendo uma parada cardíaca no mesmo instante. Reginald estava assustado. Aquela não era sua filha. Ele havia criado um monstro.

Celly, que estava se sentindo tonta, com dor e ansiosa, logo foi tomada pelo sentimento de medo. Seu coração começou a palpitar, sentiu que tudo estava se esvaindo ao seu redor. Suas mãos começaram a ficar quentes demais. Sentiu uma gota de suor escorrer da sua testa. O ar pareceu faltar enquanto olhava o amado com dor no canto do salão, e a garota morta perto de si. Os olhos sem vida. Os mesmos olhos que sempre a aterrorizaram por anos durante seu trabalho.

Klaus até mesmo havia perdido as forças, morrendo no chão do salão — devido ao ataque em seu abdômen anteriormente — após Luther, de forma conjurada, ter jogado o guardião para longe, que ficou desacordado por longos segundos.

— Celly! — O grito do garoto a despertou do seu transe. Seus olhos encontraram os dele, enquanto ele segurava o braço partido. Ela tinha que matar Hale. Por ele. Tinha que ser por ele.

O medo não havia se esvaído por completo, mas não faria a morte de Celeste, de Klaus, de Luther e de todas outras perdas terem sido à toa.

Se sentiu mais forte do que nunca, correndo na direção da garota e evitando qualquer ataque com poder, já que sabia ser inútil contra ela.
Ela desferiu um soco, que foi desviado pela inimiga, logo prevendo que em breve viria um chute baixo. Ela pulou, desviando do chute e erguendo as pernas para frente a fim de usar os dois pés para chutar o peitoral da outra, que foi lançada para longe. Ela correu novamente, enquanto a outra se levantava. Puxou o braço de Hale enquanto levantava o joelho direito, batendo com a articulação justamente em sua perna. Os estalos foram ouvidos, enquanto Hale gritou com a dor dos ossos fraturados. Ela foi atingida com um chute, caindo no chão do salão. Quando Hale tentou pisar em seu rosto, ela rolou para o lado, desviando de cada ataque mesmo estando em desvantagem.

O próximo chute, que viria em seu rosto, foi segurado firmemente pelas mãos de Celly, que puxou o pé da garota para longe a deixando desequilibrada. Deu tempo para Celly se levantar, partindo em direção da outra enquanto continuava com sua sequência de golpes, não dando tempo para Hale reagir com seus poderes.

Cinco estava aflito, olhando Celly lutar sozinha contra Hale. Queria ajudar. Precisava ajudar de alguma forma, nem que fosse mínima.

— Cinco! — Sloane gritou, usando sua gravidade para jogar a foice do guardião desacordado em sua direção.

O garoto pegou a foice com a mão direita, pensando na melhor forma que teria de matar a inimiga. Celly foi jogada para não tão longe com o vento que Hale controlava, fazendo ela ranger os dentes ao bater com as costas na parede. Ela caiu, se recuperando rapidamente.

— Aqui! — Cinco bramiu, chamando atenção da Hale enquanto atirava a grande e afiada foice em sua direção.

O tempo de Hale virar de costas para Celly, somente para se desviar do ataque de Cinco, fora suficiente para a garota correr em sua direção e posicionar as mãos nas laterais da sua cabeça, quebrando seu pescoço. Hale foi atingida pela foice na barriga, instantes após perder a consciência por ter o pescoço quebrado. Ela caiu no chão, enquanto Celly ofegava atrás dela. Todos os irmãos soltaram um pequeno sorriso vitorioso.

Ela havia conseguido. Estava com suas mãos dormentes, o corpo dolorido e a dor de cabeça aumentava a cada instante. Ela estava recuperando o fôlego quando olhou nos olhos de Cinco, dando um leve sorriso cansado. Porém, os efeitos que os novos poderes estavam causando no seu corpo estavam sendo demais. Ela ainda não sabia lidar com tudo isso, então de repente, seu corpo forçou a voltar para como tudo era antes. Ela teve um espasmo, tombando a cabeça para trás enquanto ficava em um transe complicado por causa da visão.

Tudo concluído. Allison reencontrando quem amava, todos ficando felizes, exceto Cinco. Lágrimas caindo em cima de um papel fotográfico cuja imagem estava borrada.

Ela rapidamente retornou a realidade, se deparando com Cinco ao seu lado, enquanto todos os irmãos se assustavam com sua visão repentina. Ela sentiu seu estômago embrulhar. Uma pontada de dor enorme em seu abdômen enquanto ela gemeu de dor, caindo de joelhos.

— Cinco… eu não estou me sentindo bem. — Ela murmurou. Uma lágrima solitária escorrendo do seu olho enquanto colocava as mãos na barriga.

— Celly, o que houve? Me diz o que você está sentindo, por favor. — Ele pediu rapidamente, acariciando suas costas enquanto uma gota de suor escorria da sua testa. Tinha medo de tudo dar errado agora. Haviam conseguido, por que tudo tinha que dar errado?!

Ela tossiu. Primeiro, uma tosse normal. Da segunda vez, tossiu sangue. O gosto de ferro em sua boca enquanto o sangue pingava no chão do salão. Uma hemorragia interna. Todos os órgãos estourados por dentro. Poder demais nem sempre é bom.

A garota caiu no chão, enquanto o ar faltava e todos tinham a respiração descompassada com o que havia acabado de acontecer, mas o guardião finalmente estava acordando, e em breve ele puxaria a corrente da foice e se prepararia para o ataque novamente. Alguns irmãos de Celly gritaram do outro lado do saguão, perguntando o que raios estava acontecendo e porque ela havia caído.

Cinco não conseguiu responder. Estava atônito com isso.

— Celly… Celly… não. Por favor, por favor, não. — Ele murmurava. O coração acelerado e as lágrimas ameaçando cair enquanto virava a garota, deixando ela de frente para ele. Os olhos ficando sem vida, a boca suja de sangue. — Meu Deus… não…

— Eu estou tranquila. — Ela sibilou. Seu sorriso em uma linha fina enquanto sentia ele fazer carinho em seu rosto. Nos últimos instantes, viu o rosto dele formando lágrimas. Sentia suas memórias se apagando, a vida se desprendendo do seu corpo. Sentiu aflição enquanto seu coração palpitava com a dor excruciante. — Prometa que vamos ter uma vida... eu... preciso ter uma vida. — Ela murmurou. As lágrimas inundando seu rosto enquanto falar era doloroso. — Matamos ela, amor. Vamos nos ver do outro lado. Isso... vai acabar. — Ela sorriu. Mais uma tosse, dessa vez sujando o paletó do garoto com o sangue que saiu de sua boca. Ele estava em desespero. Vê-la morrendo assim na sua frente era doloroso demais. Sabia que ela estava sofrendo.

— Vou fazer isso por nós. Vamos viver, eu prometo. — Ele falou. Não queria transparecer seu colapso interno para não deixá-la triste, então foi o mais forte que pôde, mesmo deixando as lágrimas caírem enquanto ele alisava seu cabelo e usava a manga da camiseta branca para limpar o sangue que escorria da boca dela.

Os irmãos, preocupados com que acontecia, pediam explicações, mesmo não tendo respostas. Quando notaram a situação com cautela, perceberam do que se tratava. Ficaram em silêncio por segundos, que pareceram décadas para Cinco, e logo Diego, enquanto deixava uma lágrima escorrer do seu rosto, perguntou aquilo que era necessário para trazer sua irmã de volta.

— Cinco! Onde estão os selos?! — Diego perguntou. Já havia compreendido que Celly estava morta, e agora tinha mais um motivo para concluírem isso e viverem em paz.

A pergunta de Diego o tirou do transe. Ele estava completamente certo. Se pudesse concluir o Oblivion, teria ela de volta. Tentou afastar todas lembranças com seu eu do futuro e tentou excluir os pensamentos negativos, crente que daria certo.

Ele escondeu seu rosto no peito dela. Seu cadáver ficando gelado enquanto ele chorava sobre seu corpo. Pensou em voltar alguns segundos, mas não daria certo. Não havia sido a gestora ou outro inimigo que havia feito isso com ela. Como impediria? Como traria Celly novamente? A única resposta que ele tinha era o Oblivion. Deveria concluir isso por ela. Deveria ser forte por ela.

— O selo está no piso do saguão. São as estrelas! — Cinco gritou ainda entre as lágrimas. A voz embargada enquanto fechava os olhos dela com os dedos.

— Crianças, achem uma ponta do selo e fiquem em cima! — Reginald ordenou, se aproximando dos filhos.

Klaus rapidamente ressuscitou — com sua nova habilidade — tremendo com o desconforto.

— Ben, agora é a sua vez! Depressa! — pediu Reggie.

— Sete estrelas, sete de nós. Nós somos os sinos — Viktor concluiu, indo para a estrela mais próxima.

Enquanto somente alguns se posicionavam acima do selo, outros se sentiam receosos com a ideia. Não sabiam o que os aguardava, e não estavam confiantes no plano de Reginald. Assim que Allison fez menção em se aproximar da última estrela, Reginald a impediu.

— Você não! — ele gritou.

Cinco levantou rapidamente do lado da sua amada, limpando as lágrimas do seu rosto enquanto o guardião se levantava, retornando à realidade e pondo novamente o seu capacete — que havia caído quando fora arremessado por Luther.

— Depressa! É o único jeito de acabar com isso! — Reginald gritou para Cinco, que olhava o corpo sem vida de Celly ao seu lado.

Todos os outros se aproximaram, ficando acima das estrelas enquanto o guardião fazia menção em correr em suas direções. Todos estavam aflitos, sabiam que se o último não tocasse na estrela, tudo seria em vão.

— Número Cinco, depressa!

O garoto engoliu em seco, olhando para o corpo sem vida de Celly e não pensou por muito tempo antes de teletransportar para cima da estrela. Alguns raios de eletricidade conectaram todos eles, matando o guardião, que era a última coisa que restava do Oblivion. Baratas saíram de dentro dele, correndo pelo piso do salão enquanto o guardião se desmanchava e algumas luzes saíam de dentro de todos irmãos. Eram as mesmas de Hale. A mesma essência mágica que alimentava as máquinas. A diferença, era que Hale sempre havia possuído essas particulas em maior quantidade, por isso era mais forte que o restante.

Todo o hotel começou a desaparecer. Não passava de uma fachada. As luzes douradas tomaram conta de todo o ambiente, deixando exposta a tecnologia que reiniciava o universo. Todos presentes acima das estrelas gemiam com a dor causada por aquilo. Estavam definhando com a dor enquanto a carne enfraquecia diante daquilo tudo.

Reginald rapidamente correu para o painel de controle, configurando o universo para que seu plano se concluísse. Era como se todos os irmãos tivessem a força sugada para alimentar o painel.

— Isso não fazia parte do acordo. Você está machucando eles! — Allison falou, olhando os irmãos.

— Não posso parar agora! Desligue a máquina.

— Que máquina? Não tô entendendo!

— O hotel era só uma fachada. Estamos presos dentro de uma máquina em outra dimensão. Quem quer que tenha criado o universo construiu esse lugar.

— Tá, mas o que isso tem a ver com eles? — Allison perguntou preocupada, se culpando por tudo aquilo.

Assim que Reginald configurou mais algumas opções, a máquina pareceu precisar de mais energia, e os machucou com ainda mais intensidade enquanto eles gritavam com a dor causada.

— As partículas do corpo deles são as coisas que alimentam a máquina — Reginald respondeu, enquanto Allison olhava os irmãos sendo praticamente despedaçados para alimentar aquilo.

— Ele matou o Luther. Tentou matar o Klaus. E não vai parar até matar todos nós — Cinco falou com dificuldade, principalmente quando Reginald aumentou a potência da máquina, fazendo todos gritarem ainda mais alto.

— Já chega! Você tem que parar! — Allison pediu.

— Estou quase acabando. E quando terminar, você e eu vamos ter o que viemos buscar.

— Não, você está matando eles!

— Tudo na vida tem um preço!

Agora Allison os olhava com a maior culpa que havia sentido. Só queria ter Ray e Claire novamente, e para isso, estava machucando todos eles. Os irmãos estavam praticamente desaparecendo conforme as particulas mágicas saíam completamente de seus corpos, e Allison finalmente decidiu o que queria.

— Para! — gritou, usando seus poderes, que nem sequer fizeram efeito no mais velho.

Quando ela viu que ele não iria desistir, pegou a foice do guardião, e não pensou duas vezes antes de atingi-lo na cabeça, enquanto a máquina se desligava e todos os irmãos caíam sem força no chão. Todos estavam tossindo, haviam perdido o contraste e estavam praticamente mortos sem a mágica que os concebia poderes.

Allison se assustou ainda mais, quando viu que Reginald não saiu sangue comum. Ele de fato não era humano, e não demorou para cair morto.

A morena se aproximou da máquina, enquanto o botão vermelho apitava, disparando para que alguém o encostasse.

— Allison! Allison, não toca nesse botão! A gente não sabe o que ele faz — Cinco falou, tentando se levantar do chão.

— Allison, para! — Viktor pediu, encontrando o último resquício dos poderes para impedi-la. — Não me obriga a fazer isso!

— Confia em mim? — a morena perguntou.

Viktor tentava impedir que ela tocasse, mas seus poderes não duravam mais de dez segundos.

— Viktor, o que tá fazendo? — Ben perguntou. — Para ela!

— Allison! Não! — Cinco gritou, pouco antes da irmã tocar no botão que concluía as configurações de Reginald.

Tudo ficou escuro. Todos perderam a consciência, como se tudo de fato se reiniciasse. Celeste, apesar de amar Reginald de fato como seu pai, se decepcionou quando ele a enviou para morrer.

Apesar disso, essa não era a intenção dele. Se seu plano desse certo, mesmo com Hale morta, ele poderia reiniciar o universo e tê-la para com ele novamente, juntamente com sua amada esposa.

Mas de fato tudo isso valia a pena? Muitos julgavam a falta de humanidade do Hargreeves, mas nenhum ser humano seria capaz de fazer o que ele fez pela esposa. De fato a amou, mesmo após a sua morte. E fez de tudo para reencontrá-la.

ACABOU! MEU DEUS DO CÉU ESSE CAPÍTULO TA IMENSO 😶‍🌫️ Enfim, obrigada a todos que acompanharam a fic até o momento! O próximo capítulo será o ato e o prólogo, e logo entraremos em hiatus até a postagem da 4° temporada.
Quando lançar, não esperem que eu já comece a publicar capítulos! Vou querer aproveitar minha série favorita antes de focar na escrita novamente! Enfim, amo vocês, votem e comentem! 💖

revisão concluída ☑️💚