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𝐒𝐓𝐎𝐋𝐄𝐍 𝐕𝐄𝐇𝐈𝐂𝐋𝐄

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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐅𝐈𝐕𝐄

𝐒𝐓𝐎𝐋𝐄𝐍 𝐕𝐄𝐇𝐈𝐂𝐋𝐄

NA NOITE ANTERIOR, Cinco deixara Celly na Academia para que ela pudesse descansar e saiu discretamente durante a madrugada, preparando detalhes como o roubo da van que usaria no dia seguinte para espionagem.

Logo pela manhã, Celly foi despertada pelo aroma de café invadindo seu quarto, atravessando a porta como uma brisa suave.

— Bom dia, Sunshine — disse Cinco, entrando com um copo de café comprado, sentando-se ao lado de sua melhor amiga.

Ela gemeu baixinho, ainda tomada pelo cansaço, mas forçou-se a abrir os olhos para olhá-lo.

— Você está com uma cara péssima. Continua linda, mas precisa lavar o rosto — brincou ele. Celly se sentou na cama, pegando o café de sua mão. Seu corpo estava completamente relaxado, apesar de não ter dormido o suficiente.

— Obrigada pelo elogio, vou ignorar o resto da frase — murmurou, levando o copo aos lábios. Gemeu novamente quando o calor do líquido queimou sua boca, decidindo esperar que esfriasse um pouco antes de beber.

— Olha, nem são seis horas ainda — avisou ele. Celly franziu o cenho, olhando para a janela e percebendo que, de fato, era cedo demais. — Se quiser dormir mais um pouco, tudo bem. Só vim te acordar porque talvez ficasse brava se eu continuasse nossa "missão" — fez aspas no ar com os dedos — sozinho.

— É, eu ficaria ofendida — respondeu ela, balançando a cabeça em concordância. Virou-se para ele, olhando diretamente em seus olhos com uma mistura de calma e sonolência adorável. — Vou levantar daqui a pouco. Obrigada pelo café.

— "Obrigada"? Isso não foi nada, Celly — ele deu de ombros, afastando-se com um leve sorriso nos lábios. Parou antes de sair, voltando a olhá-la. — Já sei nosso próximo passo. Quando estiver pronta, vamos dar uma voltinha. Te explico no caminho. — E então saiu, batendo levemente no marco da porta ao passar.

Celly não demorou muito para terminar o café, e logo estava de pé. Tomou um banho, lavou o rosto e vestiu seu uniforme limpo. Ao olhar pela janela, viu o sol começando a nascer.

Uma onda de nostalgia a atingiu. Ela se lembrou das inúmeras vezes em que assistira ao nascer do sol ao lado de Cinco. Sem pensar muito, subiu as escadas, cruzando os corredores da Academia até encontrar o garoto sentado em um banco de madeira, o mesmo onde costumavam passar o tempo juntos no terraço.

Ele a olhou, sorrindo, os olhos brilhando. Sabia que ela se lembrava daqueles momentos com a mesma intensidade que ele.

— Pelo visto, cheguei a tempo — disse ela, sorrindo ao passar pela porta e sentando-se ao seu lado. — Acho que mais um pouco e eu perderia isso.

— Tem razão — respondeu ele, seus olhos sendo inevitavelmente atraídos para o rosto dela. De repente, o nascer do sol parecia menos fascinante do que tê-la por perto.

— Está aqui há muito tempo? — perguntou Celly.

— Desde que saí do seu quarto — ele respondeu, suas bochechas corando levemente. Desviou o olhar para o céu, que se tingia de rosa e roxo.

Um silêncio confortável pairou entre eles enquanto contemplavam o nascer do sol. Cinco, em alguns momentos, desviava os olhos para Celly, com uma admiração que parecia superar até mesmo a paisagem à sua frente. O som dos carros ao longe, o canto dos pássaros, o calor suave que começava a se espalhar... tudo parecia perfeito.

— Senti falta disso — murmurou ela, quase inaudível, como se fosse um pensamento que escapou de seus lábios. Cinco a olhou, seus olhares se cruzando. Ela não tinha muitas lembranças detalhadas, mas o sentimento de estar ali, com ele, era familiar e acolhedor.

— Eu também. Muito.

Mais alguns segundos se passaram, e Celly, já confortável ao lado dele, apoiou a cabeça em seu ombro. Cinco gemeu de dor com o gesto, e ela rapidamente se afastou.

— Te machuquei?

— Não... — ele negou de imediato, mas logo corrigiu, corando ainda mais. — Na verdade, sim. Estive fora durante a madrugada. Alguns agentes me cercaram enquanto eu estava em uma das lojas da cidade.

— Eles te machucaram? Os mesmos da loja de donuts? — Celly franziu o cenho, imediatamente em alerta. O conforto de instantes atrás evaporou. Cinco, percebendo que talvez tivesse exagerado, tentou aliviar a tensão com um sorriso.

— Bem... depende do quão literal você quer ser. Se você não está sendo metafórica, não são os mesmos, já que nós os matamos — brincou. Celly fez uma careta, sua preocupação dando lugar à irritação por ele ter feito piada com algo tão sério. — Estou brincando! — defendeu-se rapidamente. — Entendi o que quis dizer, bobinha. E não, não são os mesmos. Mas trabalham para a mesma pessoa... Hazel e Cha-Cha, uma dupla um tanto... dinâmica.

— Para quem eles trabalham, Cinco?

— Para a Comissão — respondeu ele, desviando o olhar para o céu.

— Comissão?

— Trabalhei para eles uma vez. Rompi o contrato quando descobri a equação que me traria de volta, e agora eles estão me caçando — disse, abaixando o olhar. — Celly, você tem que prometer que, se qualquer um tentar te machucar ou mexer com você, vai me contar. Ou vai dar um jeito neles sozinha. Não posso permitir que toquem em você.

— Por que iriam atrás de mim? Eu nem sei quem são essas pessoas.

— Vão atrás de você porque você é importante. Importante para mim. A essa altura, eles já devem ter listado seus alvos secundários, e você com certeza está na lista — falou, desconfortável, tombando a cabeça para trás. 

O nascer do sol era espetacular. As nuvens, delicadamente espalhadas, filtravam a luz, tingindo o céu em tons avermelhados e dourados, enquanto o calor suave aquecia suas peles.

Eles permaneceram em silêncio, imersos na beleza do momento, relutantes em quebrar a magia que os envolvia.

Quando o sol finalmente brilhou em toda sua intensidade, Cinco estendeu a mão para Celly, ajudando-a a se levantar.

Ela desceu os degraus na frente dele até chegarem ao quarto de Cinco, onde começou a examinar os diversos machucados que ele havia acumulado durante a noite.

Agora, era Celly quem costurava seu braço novamente, assim como já fizera antes. O corte anterior ainda não cicatrizara completamente — ferimentos como aquele normalmente levavam mais de sete dias para sarar, e eles não tinham esse tempo, não com o mundo em risco —, mas já estava com uma aparência um pouco melhor.

Enquanto terminava de costurar o braço dele, Celly sentiu o peso do olhar de Cinco sobre si, o que fez suas bochechas arderem. Tentando se concentrar, ela finalizou o curativo com um band-aid para estancar o pequeno sangramento. Cinco, em resposta, agradeceu com um beijo suave em sua bochecha.

Enquanto ele terminava de vestir o uniforme, Celly o observava discretamente. O corpo dele agora parecia distante, como se os pequenos detalhes, como a marca de nascença no braço esquerdo, tivessem se tornado novidades.

Provavelmente, Cinco notou seus olhares, mas não pareceu se importar.

— Vamos sair pela janela. Não quero dar de cara com ninguém chato lá embaixo — disse ele, casualmente, abrindo a janela e estendendo a mão para que ela se apoiasse.

— Você sabe que as únicas pessoas aqui são nossa família, certo?

— Exatamente. Eles são chatos. Você é uma exceção — ele respondeu indiferente, enquanto a ajudava a passar pela janela.

— E quando foi que você decidiu que sou uma exceção? — ela perguntou, segurando-se no braço dele enquanto se equilibrava.

Preciso mesmo explicar o quanto aquele beijo foi importante? — Cinco disse, com ironia. As bochechas de Celly esquentaram instantaneamente. Ele se lembra!

Eles passaram pela janela e desceram as escadas externas até um beco ao lado da mansão. Lá, encontraram Klaus, que estava resmungando, provavelmente falando com Ben.

— Droga, onde é que tá aquele troço?! — Klaus soltou a fumaça do cigarro, frustrado. — Ah, cala a boca! Tô tentando achar aquela coisa super preciosa daquela caixa super preciosa, senão o Pogo vai continuar no meu pé!

— Eu até ia perguntar o que você está fazendo, Klaus, mas percebi que não ligo — Cinco provocou, já no chão, se afastando um pouco para que Celly pudesse descer com mais cuidado, respeitando o fato de ela estar de vestido.

— Ei! — Klaus falou com um tom divertido. — Sabia que existem maneiras mais fáceis de sair de casa, amigão?

— Este é o caminho com menos conversa. Ou pelo menos eu achava.

— Ou talvez seja o caminho que vocês dois escolheram para saírem escondidos e fazerem sabe-se lá o quê. E, sinceramente, espero nunca saber o que vocês fazem juntos — Klaus comentou, colocando a mão no peito e fazendo uma cena dramática. — Mas não vai precisar de companhia hoje? — perguntou, sorrindo enquanto levava um frasco de bebida à boca. — Posso cancelar meus compromissos.

— Parece que você já está ocupado. E, além disso, já tenho a Celly para ir comigo.

— Ocupado com isso? Não, não... posso fazer isso outra hora — Klaus disse, caindo dentro da lixeira em que estava desde o início da conversa. — Ah! Achei! — exclamou, levantando-se triunfante com metade de um donut na mão. — Graças a Deus! — murmurou, levando o pedaço à boca. — Delícia.

— Eca — Celly fez uma careta de nojo. — Nem quero imaginar onde esse donut passou antes de parar na boca dele.
— Cansei de bancar seu vício — Cinco comentou, com desdém.

— Ah, qual é?! Talvez eu só quisesse sair com meus irmãos — retrucou Klaus, apoiando-se na lixeira. — Não você — disse, lançando um olhar irritado para o vazio, provavelmente para Ben. — Mi hermanos! Eu amo vocês! — gritou dramaticamente. — Mesmo quando não consigo amar a mim mesmo! — disse, cheio de teatralidade, antes de finalmente cuspir o pedaço de donut.

Cinco abriu a porta de uma van aleatória — de onde ele a tirou, Celly nem fazia ideia — e a convidou a entrar. Ligou o veículo e partiu, com um destino que apenas ele conhecia.

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Cinco estava determinado a lidar com o homem de jaleco que o atendera no dia anterior. Ele suspeitava que o sujeito escondia informações cruciais, ou talvez soubesse de algo que não queria revelar.

No veículo, eles aguardavam a aparição do homem, na esperança de conseguir mais pistas. Celly estava sentada ao lado de Cinco, tomando vodka direto da garrafa que ele havia comprado de madrugada.

Ela sabia que beber àquela hora da manhã não era a melhor ideia. Estava ciente de que isso era um problema que devia evitar, mas, considerando tudo o que estava acontecendo, resolveu que, por ora, era aceitável. Seus pensamentos se misturavam, indo e vindo rápido demais, quase sem tempo para ela processar o turbilhão de informações. Muita coisa havia mudado em pouco mais de vinte e quatro horas.

— Tem certeza que não quer parar de beber? — perguntou Cinco, observando-a enquanto ela levava mais um gole à boca. — Tomar vodka às nove da manhã não é a sua melhor escolha. Se estiver com sede, posso correr até uma loja e comprar água.

— Não estou com sede — respondeu, com indiferença. — Mas obrigada por dizer que faria isso por mim — disse, inclinando levemente a cabeça e esboçando um sorriso fechado.

— Desculpa. Acho que vai demorar para eu assimilar que agora você tem trinta e poucos anos.

— Trinta. E você, quarenta e seis. Quem diria que acabaríamos com idades tão diferentes, mesmo nascendo no mesmo dia? — comentou, deixando-se afundar nos próprios pensamentos.

— Da última vez que te vi, você gostava de pão com pasta de amendoim e marshmallow. E não aguentava nada de bebida. Agora está aí... tomando vodka de manhã. Isso me assusta — ele disse, com as sobrancelhas erguidas e o coração acelerado. — Perdi tanto tempo nosso…

— Não foi sua culpa — respondeu Celly, com sinceridade. Nunca culpou Cinco. Ela sempre achou que a culpa era sua. — E ainda gosto de pão com pasta de amendoim e marshmallow. — Ela sorriu, e Cinco desviou o olhar.

O silêncio entre eles foi breve, mas denso. Celly sabia de algumas coisas sobre o que acontecera com ele no futuro, mas Cinco não tinha quase nenhuma informação sobre o que ela havia passado, exceto o que leu em "Extra-Ordinária: Minha Vida Como Número Sete", no apocalipse.

Embora Vanya tivesse exposto muito de seus sentimentos no livro, ela havia poupado muitos detalhes pessoais sobre os irmãos, respeitando o quanto alguns assuntos eram sensíveis para a família.

— Como foi sua vida, Celly? — Cinco perguntou, subitamente, desviando os olhos da rua para encará-la. Celly se surpreendeu com a pergunta repentina. Nunca esperava ter que falar sobre tudo o que viveu de forma tão abrupta.

— Ah... — Ela murmurou, ajeitando-se no banco e franzindo a testa, os olhos perdidos em pensamentos. — Foi uma merda.

Cinco riu da resposta inesperada. Ela tinha o dom de entretê-lo, mesmo nos momentos mais tensos.

— Por quê? — perguntou, genuinamente curioso sobre os anos que se passaram.

— Eu... não lembro de muita coisa — respondeu com uma careta, dando de ombros. — Mas depois que você foi embora, eu me recusava a participar das missões.

— Te acostumei mal, não é? — Cinco comentou, lembrando-se de como costumava resolver as coisas por ela nas missões, já que sabia o quanto ela odiava matar. Ele não conseguia entender como ela havia esquecido tanto, mas deixou pra lá.

— Um pouco, confesso — disse ela, relaxando no banco e tomando mais um gole da vodka. — Achei que a melhor forma de lidar com a sua ausência era fazer coisas que me lembrassem do que você fazia por mim. — Ela confessou, olhando fixamente para o para-brisa. Cinco a observou, tentando entender a profundidade do que ela queria dizer. Sabia, pela forma como ela agia, que não era o momento certo para aprofundar esse assunto. Ela claramente não estava pronta.

Por alguns instantes, o único som no carro foi o da respiração deles, enquanto Cinco voltava a focar no plano. Ele se ajeitou no banco, com o olhar atento à rua, observando cada movimento.

— Ei, aquele ali é ele, não? — Cinco perguntou de repente.

Celly estreitou os olhos para enxergar melhor e assentiu.

— É, acho que sim. Mas não podemos sair agora e ameaçá-lo. Precisamos esperar o momento certo, até que ele revele algo que não tínhamos visto antes.

Cinco bufou, finalmente convencido pelo único argumento que Celly tinha. Ela sabia o quanto ele odiava esperar, especialmente quando o destino do mundo parecia pesar em suas costas.

Agora, com a garrafa de vodka abandonada ao lado, Cinco girava o olho artificial que havia pego no apocalipse entre os dedos, como se brincasse distraidamente com o objeto. Suas memórias invadiram sua mente com a força de um vendaval. Não importava quanto tempo se passasse; aquilo o marcaria para sempre, em qualquer lugar.

Celly notou a mudança nele. Cinco começou a respirar mais pesado, seus olhos inquietos varriam o ambiente, mas pareciam ver coisas que ela não conseguia enxergar. As sobrancelhas dele se juntaram numa linha fina, e a tensão em seu rosto era evidente. Celly estendeu a mão, tocando seu ombro numa tentativa de acalmá-lo, mas não surtiu efeito.

O ar parecia faltar para Cinco. Ele exalava de forma brusca, as mãos tremendo, como se o oxigênio estivesse rarefeito.

— Cinco? Está tudo bem? — Celly perguntou, virando-o pelos ombros para que ele ficasse de frente para ela. — Ei! Cinco, olha pra mim! — insistiu, depositando um beijo suave em sua bochecha. O toque a trouxe de volta, e seus olhos assustados se fixaram nela. — Você está bem? — repetiu, agora confusa, colocando a mão em seu rosto.

Os olhares deles se cruzaram, e, pela primeira vez, Cinco conseguiu sair das alucinações sem se perder.

— Sim... eu... só pensei demais — ele gaguejou, os olhos ardendo. Ele queria que a mão dela continuasse ali, como uma âncora que o mantivesse longe daquelas lembranças. Não queria voltar para aquele lugar.

— Cinco? — a voz de Luther soou do outro lado da van, interrompendo o que Celly poderia dizer. Ela retirou a mão rapidamente, pigarreou e se ajeitou no assento.

— Quer que eu saia para vocês conversarem? — perguntou ela, fazendo menção de abrir a porta.

— Não — Cinco respondeu, colocando a mão em sua coxa, causando nela um arrepio inesperado, embora soubesse que o gesto era inocente. — Entra pela porta de trás, Luther. Celly não vai sair pra você entrar — disse, abaixando o vidro.

Luther bufou, desaparecendo da visão dos dois e contornando a van. Quando as portas traseiras se abriram, ele entrou, fazendo o veículo balançar levemente com seu peso. Celly soltou um riso abafado.

— Como nos encontrou? — perguntou Cinco, logo depois vendo Klaus acenar do lado de fora, que também entrou e ficou espremido na parte traseira do veículo.

— Já encontrou o seu homem de um olho só?

— Do que ele está falando? — Luther perguntou, confuso.

— E por que isso importa? É o Klaus — retrucou Cinco.

— O que você quer? — Celly perguntou a Luther, com os olhos semicerrados.

— É sobre a Grace... acho que ela pode estar envolvida na morte do papai.

O sangue de Celly ferveu. A ideia era absurda demais.

— O quê?! Você está brincando, Luther? Primeiro acusa seus próprios irmãos, e agora a Grace? Que mal ela faria ao papai? Ela foi programada para amar e servir, não para matar quem a criou!

— Precisamos que vocês voltem para a academia. É importante.

— "Importante" — Cinco repetiu, o sarcasmo pingando de sua voz. — Você nem sabe o que é importante!

— Ei, já contei pra vocês sobre a vez que depilei a bunda com pudim de chocolate? — Klaus perguntou, arrancando uma risada involuntária de Celly e um sorriso rápido de Cinco, que tentou disfarçar olhando para o outro lado.

— Por que você ainda está aqui? — perguntou Luther, claramente frustrado. Celly, ainda rindo, tentava conter o riso.

— O quê? Eu preciso de uma desculpa pra ficar com a minha família?

— Não, mas estamos tentando falar de algo sério.

— Ah, então eu sou incapaz de falar sério agora, é isso?

— Luther tem razão. É melhor você sair.

— Cinco! — Celly o repreendeu, dando um tapa leve no braço dele.

— Obrigado! Alguém que ainda gosta de mim nesta família! — Klaus disse, magoado, enquanto saía do carro. — Não importa, não vou esquecer disso! — murmurou, batendo a porta da van com força e resmungando algo sobre "idiotas".

— O que você está fazendo, Cinco? — Luther perguntou, cruzando os braços.

— Vai por mim, você não entenderia.

— Tenta. Eu ainda sou o líder dessa família, afinal.

— Líder? Só porque o Reginald te deu o Número Um? Isso não significa nada. — Celeste respondeu. A voz carregada de arrogância, farta com todas as acusações e a síndrome de superioridade dele.

— Óbvio, vindo da Número Oito. Vou prezar muito pelo seu conselho — debochou Luther.

— Deveria.

— Do que você está falando? Você nem tem coragem de chamar quem nos criou de pai. Só o chama pelo nome. Sinceramente, você é quem mais me faz suspeitar da morte dele.

— Cala a porra da boca, Luther! O que eu ganharia matando ele? — Celly explodiu, cuspindo as palavras com uma raiva feroz. Como, mesmo depois de tanto tempo, ele ainda conseguia estragar tudo com essas acusações sem fundamento?

— Você trabalhava com isso — Luther deu de ombros.

Cinco a olhou, sentindo o desconforto dela. Ele entendia agora. Mesmo sem que ela dissesse, ele compreendia o que Celly havia feito enquanto ele estava longe. E, de alguma forma, ele se culpava por isso.

Você não sabe de nada... — ela murmurou, os olhos ardendo. Ela lutava para segurar as lágrimas, tentando não desmoronar diante do irmão.

— Será que não? Você saiu da academia, e a única forma de ganhar dinheiro era...

— Ah, pelo amor de Deus, Luther. Cala a boca! Eu sou o mais velho aqui, beleza? — Cinco interrompeu, sua voz carregada de autoridade. — Não importa o número ou o trabalho de ninguém. Se estou dizendo que você não entenderia, é porque tenho meus motivos. — Cinco se ajeitou no banco, o olhar firme sobre Luther, que finalmente expirou e cedeu.

— Sabe qual é o problema de vocês dois? — Luther quebrou o silêncio após alguns segundos. — Vocês sempre se acharam melhores que a gente. Até quando éramos crianças. Mas são tão problemáticos quanto nós.

— Eu não acho que somos melhores — Cinco disse calmamente. — Eu sei que somos.

— Certo.

— Eu fiz coisas inimagináveis, coisas que você nunca entenderia...

— Certo.

— ...só pra voltar pra casa e salvar vocês.

Ele pensou em Celly. Voltou por ela.

Naquele exato momento, Klaus saiu de uma loja, carregando pacotes de comida e sendo perseguido por um segurança, quase sendo atropelado por um táxi.

— Tem certeza de que foi sua melhor escolha? — Celly perguntou, ironizando a cena e agradecendo a interrupção de Klaus.

— Ainda não me arrependi porque você está aqui — Cinco bufou, exasperado.

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Luther não demorou a sair do veículo. Ele havia dito que os deixaria fora da "reunião de família", já que ambos não estavam dispostos a interromper seus planos para acompanhá-lo.

Resumiu o que havia descoberto: algumas fitas de segurança, revisadas por Allison, mostravam a suposta morte de Reginald. Celly e Cinco não pediram mais detalhes. Para eles, não fazia diferença naquele momento.

Enquanto o céu noturno cobria a cidade, Celly reclinou o banco, tentando dormir. As palavras de Luther, no entanto, a rondavam. O que ela havia feito de tão errado para ele a odiar tanto? Como ele podia acreditar que ela mataria Reginald?

— Celly, olha! — Cinco a chamou, quebrando o ciclo de pensamentos.

Ela se levantou rapidamente e viu, na estrada à frente, o homem do dia anterior. Um carro estranho havia parado, entregando-lhe um pacote laranja, que ele logo escondeu sob as roupas.

Os dois se entreolharam, intrigados.

— O que você acha que é? — Cinco perguntou, a voz baixa, mas carregada de curiosidade.

— Tem certeza que importa? — ela respondeu, casualmente. — Provavelmente é tráfico.

— Acha que ele venderia drogas? — Cinco ergueu uma sobrancelha.

— Tráfico de narcóticos? Não. — Celly negou com a cabeça. — Tráfico não é só isso. Talvez seja... tráfico das próprias criações dele — sugeriu.

— Está falando de próteses? — Cinco perguntou, confuso.

— Exatamente. No mundo do crime, os maus precisam mais disso do que você imagina — ela respondeu, apontando para o edifício.

Ela sabia muito bem como funcionava. Já havia trabalhado para o governo, matando homens maus, embora não se orgulhasse disso. Mas, às vezes, seus poderes eram úteis em outras operações — coisas que fazia apenas por causa de Reginald.

Agora ele estava morto, e ela não precisava mais da aprovação dele.

Lance entrou no edifício novamente, deixando Celly e Cinco ainda mais confusos sobre o que estava acontecendo.

A noite seguiu seu curso. Celly, sem sono, já havia desistido de dormir, enquanto Cinco, apesar de tentar se manter acordado, coçava os olhos e cochilava de vez em quando, sem perceber.

— Cinco — ela o chamou baixinho.

— Hm? — ele murmurou, meio acordado.

— Não quer dormir? Eu posso ficar de vigia. Não estou com sono.

— Pode ser que algo aconteça e eu não veja.

— Prometo que, se o Lance sair de novo, eu te acordo. Vai, Cinco, pode dormir.

Ele hesitou por um segundo, mas depois concordou com um sorriso cansado. Pegou uma almofada na parte de trás da van e a colocou contra a janela, encostando a cabeça no tecido macio.

— Boa noite, Celly — disse, beijando suavemente a mão dela antes de fechar os olhos.

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Na manhã seguinte, Celly estava exausta. Seus olhos pesavam e seu corpo parecia ter sido drenado de energia. Se Cinco a visse assim, com certeza se culparia por ter dormido tanto.

Ela tentava se manter alerta, mas o sono tornava difícil prestar atenção. Ainda assim, não queria acordá-lo — ele não tinha uma boa noite de sono há muito tempo.

Ela observou Cinco dormindo, com um sorriso leve nos lábios. Ele parecia adorável assim, tão vulnerável. "Ele baba quando dorme... que fofo", pensou, sem poder evitar um sorriso.

Foi quando algo chamou sua atenção. De repente, Lance saiu da clínica de próteses. Ele passara a noite toda lá dentro.

Não parecia tão suspeito, mas ela sabia que Cinco ia querer questioná-lo sobre o pacote laranja entregue na noite anterior. Celly se apressou a acordar o amigo.

— Cinco! Acorda! O Lance tá saindo da clínica agora! — ela puxou o rosto dele, trazendo-o de volta à realidade.

— Hã? Ah! Sim, claro — Cinco murmurou, espreguiçando-se e estalando os dedos antes de esfregar o rosto, tentando despertar mais rápido.

— Olha lá! — Celly apontou, e quando viu o que Lance segurava, não conseguiu conter um sorriso largo. — Olha o cachorrinho, Cinco! Que fofura! — exclamou, quase esquecendo do cansaço enquanto o sono finalmente se dissipava.

— Muito lindo, mesmo, minha querida — disse Cinco, os lábios levemente curvados em um sorriso provocador, claramente se divertindo ao chamá-la assim. Ele rapidamente abriu o porta-luvas da van e, com agilidade, começou a vasculhar o espaço à procura do que queria. — Primeiro, vamos impedir o apocalipse, e depois, prometo que te dou o animalzinho que você quiser.

Celly franziu o cenho, surpresa. O “minha querida” ressoou em seus pensamentos, e ainda mais, a promessa de ganhar um bichinho fez seu coração acelerar de leve. Um sorriso bobo escapou de seus lábios enquanto ela olhava nos olhos de Cinco, mas sua atenção foi desviada quando ele lhe entregou um remédio para enjoo, que tinha comprado durante a madrugada enquanto esteve fora. O gesto a pegou desprevenida, mais ainda por estar presa no impacto da forma carinhosa como ele a havia chamado. Quando finalmente percebeu que já segurava os comprimidos, murmurou um rápido agradecimento.

— Oh! Você pensou em mim! — exclamou Celly, o sorriso crescendo ao perceber o que era. Sem pensar duas vezes, pegou a garrafa de vodka — o único líquido disponível na van —, tomou um comprimido rapidamente e fechou a garrafa, fazendo uma careta ao sentir o gosto amargo.

— É o mínimo que posso fazer, não é? Se segura, meu bem — respondeu Cinco, com um sorriso no rosto.

No instante em que Cinco tocou a mão de Celly, ambos se teleportaram para o carro de Lance. Cinco apareceu no banco da frente, e Celly no banco de trás. Nenhum dos dois foi notado até o momento em que Lance fechou a porta do carro e se assustou com a presença inesperada.

— Ai, meu Deus! — exclamou Lance, o pânico evidente em sua voz. Ele inspirou profundamente, a mão indo direto ao peito, tentando acalmar o coração acelerado.

Cinco, sem hesitar, aproximou-se e encostou uma faca no pescoço de Lance, sua voz baixa e ameaçadora.

— Uma chance. Só te dou uma chance para me dizer o que está acontecendo naquele laboratório — exigiu Cinco, enquanto Celly, completamente alheia à tensão, acariciava o cachorro em seu colo, distraída e despreocupada. A cena contrastava intensamente com o que acontecia no banco da frente.

— Eu fabrico próteses para pacientes falsos. Mando as faturas para as seguradoras e depois as vendo no mercado negro — Lance gaguejou, as palavras saindo rápido e entrecortadas pelo medo.

— Bingo! — Celly sorriu, inclinando-se para mais perto de Lance, os olhos fixos nele. — Até globos oculares? — perguntou, a curiosidade tingida de algo quase sádico.

— S-são os que mais vendem. Eles... eles saem como água. Tenho uma lista de espera com uns vinte compradores — Lance admitiu, a voz trêmula, concordando freneticamente.

— Então o número de série que eu te dei... — perguntou Cinco, os olhos apertados.

— Po-podem já ter sido vendidos por debaixo dos panos — Lance respondeu nervoso.

— Eu preciso dessa lista, Lance. Nomes e telefones. E preciso agora! — Cinco exigiu, sua voz fria e firme.

— Não tá comigo. Quer dizer... não tá aqui. A única cópia tá no meu cofre, no laboratório.

— Tá. Vai ligando o carro. Nós três vamos dar um passeio — Cinco sorriu de forma quase casual, afastando a faca do pescoço de Lance e desviando o olhar para Celly, antes de se concentrar novamente na estrada à frente.

— Tá... — Lance concordou, ainda visivelmente apavorado.

— Agora.

— T-tá bom, tá bom.

Tremendo, Lance colocou o cinto de segurança e ligou o carro, preparando-se para levá-los ao laboratório.

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O caminho seguia tranquilo até que o cachorro ao lado começou a latir repetidamente, como se pressentisse alguma tensão no ar. À medida que se aproximavam do laboratório, uma sensação inquietante se espalhou entre eles. O som distante de sirenes, abafado pela distância, ressoava como um aviso de incêndio ou algum problema grave no interior do prédio.

— Cinco, algo está errado — alertou Celeste enquanto Lance descia do carro.

— O quê? O que está acontecendo? — questionou Cinco, seu olhar se fixando no horizonte, buscando respostas.

Os três caminharam pela calçada, e quando notaram a fumaça se erguendo, o instinto de Cinco falou mais alto. Ele disparou em direção ao prédio.

Celeste o acompanhou, seu coração acelerando enquanto se aproximavam do único lugar que poderia fornecer informações. As janelas de vidro estouravam ao seu redor, e o fogo se espalhava vorazmente, devorando o edifício.

Quando pararam em frente ao laboratório, a explosão foi súbita e devastadora. Cinco, instintivamente, segurou Celeste contra seu corpo, protegendo-a com todas as suas forças. A onda de impacto os lançou para longe, e Cinco absorveu toda a dor da explosão, enquanto Celeste permaneceu ilesa, sem nem um arranhão.

Tossindo devido à fumaça, Celeste se desvencilhou dele, posicionando-se acima do amigo.

— Droga! Cinco, você está bem? — perguntou, cobrindo a boca com a mão para evitar tossir.

A expressão de Cinco refletia a decepção de uma missão falhada, mas, mesmo assim, sua preocupação era evidente enquanto perguntava se ela estava machucada.

Agora, ambos estavam sentados na calçada, em frente ao edifício em chamas que exalava fumaça tóxica — uma visão horrenda que certamente não fazia bem aos seus pulmões. Eles se entreolharam, a mente cheia de perguntas, imaginando o que poderia ter acontecido se tivessem chegado a tempo. O sentimento de impotência pairava no ar, enquanto a realidade do fracasso se instalava entre eles, pesando como uma sombra opressiva.

Deu dó deles terem se esforçado atoa mas faz parte.
Gosto mesmo é do sofrimento dos personagens e isso não é nem a ponta do iceberg que vai acontecer
Votem e comentem! A partir desse capítulo eu vou postar no máximo 3 por semana.
No caso, Domingo, Terça e Sexta serão os dias das postagens 💗

revisão concluída ☑️ 💚

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