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𝐁𝐀𝐂𝐇𝐄𝐋𝐎𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐘

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𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐓𝐖𝐎

𝐁𝐀𝐂𝐇𝐄𝐋𝐎𝐑 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐘

⚠️ Atenção: Esse capítulo faz menção a sexo, se não se sentir confortável com o tema, pule o capítulo.


⛈︎彡1918

COM A MESMÍSSIMA APARÊNCIA que sempre fora sua marca registrada, Reginald Hargreeves caminhava pela vasta plantação de trigo, carregando seus equipamentos com a precisão de um cirurgião. O vento suave acariciava sua barba, como se conspirasse a seu favor naquele momento crucial.

Quando julgou estar no lugar certo, ele se ajoelhou no solo e começou a armar seu telescópio. O olhar sério e focado denunciava a urgência de sua busca. Instrumentos de medição em mãos, ele verificava a direção do vento e, em seguida, passava a examinar o solo com a meticulosidade de quem não aceitava erros. Cada pequeno detalhe era analisado com a intensidade de um cientista em um experimento decisivo.

Finalmente, ajustou o telescópio e colocou o olho direito na lente. Ali estava! A entrada para o Oblivion, escondida no horizonte. Seus lábios se curvaram em um sorriso satisfeito. Como um maestro que acaba de compor sua grande obra, Reginald ergueu um sinalizador e disparou em direção ao ponto exato. Uma barreira invisível, mas palpável, surgiu diante dele. O brilho em seus olhos mostrava o orgulho de alguém que sabia que havia vencido mais uma batalha intelectual.

Semanas depois, ele investiu uma pequena fortuna para adquirir aquele pedaço de terra. Logo, começaram as obras de um prédio monumental. A planta, excêntrica e nada convencional, parecia saída de um jogo de lógica: quartos enigmáticos, andares com peculiaridades desconcertantes, e o coração do projeto — uma suíte gigante, a Suíte do Búfalo Branco. No centro, uma porta colorida, tão intrigante quanto mágica.

Reginald acompanhava cada detalhe da construção. Com seus trajes impecáveis e sua postura sempre altiva, fazia visitas diárias ao local, garantindo que cada milímetro de sua visão fosse executado com perfeição. Meses depois, o Hotel Obsidian ergueu-se em todo o seu esplendor.

A inauguração foi um espetáculo. Nobres e influentes da alta sociedade lotaram o local, atraídos pelo luxo e pela exclusividade. Mas Reginald não estava interessado em impressionar a elite. Enquanto garçons serviam champanhe e risadas ecoavam pelos salões, ele movia suas peças no tabuleiro.

Com a mesma calma meticulosa de sempre, ele adentrou o hotel, seguido por um grupo de homens de olhar sombrio e postura rígida. Eram especialistas, contratados a peso de ouro. Sem perder tempo, subiram as escadas grandiosas, entraram no elevador e seguiram até o último andar.

A Suíte do Búfalo Branco, com sua extravagância peculiar, impressionou os atiradores. Porém, o clima logo mudou quando começaram a se preparar. Os homens trocaram suas roupas por uniformes, ajustando equipamentos e armas de última geração. Reginald abriu uma maleta recheada de dinheiro sobre o balcão, deixando claro que a recompensa estava garantida.

— Quando terminarem o serviço — disse Reginald, com a voz firme, enquanto o líder dos atiradores, de olhar frio e calculista, se aproximava.

— Quer todos eles mortos? — perguntou o homem, sem pestanejar.

— Todos mortos. — A resposta veio rápida, cortante como uma lâmina.

Os homens se posicionaram em formação letal diante da porta colorida, prontos para atravessá-la. Reginald assistia, o coração pulsando forte, mas o rosto impenetrável. Quando a porta foi aberta, um corredor azulado e brilhante surgiu à frente, parecendo pulsar com energia própria.

Os atiradores hesitaram por um instante. Algo no ar os alertava sobre o perigo à frente. O líder quebrou o silêncio:

— Seremos rápidos.

E então avançaram, armas levantadas, passos calculados. Assim que o último homem cruzou a porta, Reginald a fechou com um movimento firme. Ficou parado por alguns instantes, os olhos fixos no vazio, antes de se dirigir à sua mesa e servir uma xícara de chá inglês.

Enquanto soprava o vapor quente da bebida, seus pensamentos vagavam para o próximo passo. Eles fariam o trabalho sujo. E quando terminassem — ou não voltassem —, ele teria a oportunidade de finalmente encontrá-la. A garota. A peça final para trazer sua esposa de volta.

Reginald foi bruscamente arrancado de sua tranquilidade e dos devaneios que o envolviam quando um som vindo da porta ecoou pelo ambiente. Ele sobressaltou-se, o coração disparando como se quisesse sair do peito. O monóculo refletia a luz da sala, parecendo amplificar seu temor. Com dedos ligeiramente trêmulos, largou a xícara de chá, a mente já criando mil cenários do que poderia estar à sua espera.

Cauteloso, começou a se aproximar da porta. Seus passos, apesar de lentos, denunciavam a hesitação. O ar ao seu redor parecia mais pesado a cada movimento. O que, afinal, estaria batendo? Respirou fundo e, com um gesto que misturava coragem e medo, girou a maçaneta.

Do outro lado, havia apenas uma pessoa. Mas a visão do chefe da equipe era suficiente para congelar o sangue de qualquer um. Ensanguentado, trêmulo, e com um olhar vazio e distante — o clássico "mil jardas" que só quem presenciou um horror indescritível carregava.

O homem mal conseguia se manter de pé. Ele cambaleou, apoiando-se na parede antes de deslizar para o chão, enquanto suas palavras saíam fragmentadas, repetitivas, como se ecoassem um trauma profundo:

Todos mortos. Todos mortos. Todos mortos.

A cena, mesmo para alguém como Reginald, era desconcertante. O terror nos olhos do homem era quase palpável, como se algo monstruoso o tivesse seguido até ali.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o chefe começou a tossir violentamente, e uma linha vermelha de sangue escorreu por sua boca. Em seguida, algo ainda mais bizarro aconteceu: um inseto grotesco, grande e semelhante a uma barata, emergiu de seus lábios, movendo-se rápido como se fugisse de algo.

Reginald, apesar da estranheza, agiu com a frieza que lhe era característica. Sem hesitar, ergueu o pé e esmagou a criatura com força, o som seco ecoando pelo quarto. Por um breve instante, tudo ficou em silêncio, como se até o ambiente precisasse digerir o que acabara de acontecer.

Reginald ajeitou o monóculo com calma forçada, encarando o corpo inerte do homem e o espaço vazio além da porta. Algo terrível estava à espreita, e ele sabia que a partida estava apenas começando.

「· · • • • ⛈︎ • • • · ·」

⛈︎彡𝐃𝐢𝐚𝐬 𝐚𝐭𝐮𝐚𝐢𝐬.

Celly, da Umbrella, estava uma pilha de nervos. A madrugada tinha sido longa, e ela não pregara os olhos desde que haviam saído da academia. Nunca na vida tinha bebido tanta água, tentando desesperadamente recuperar a sobriedade. Tudo parecia um caos, e ela odiava aquilo — odiava a incerteza sobre qual seria o próximo apocalipse a enfrentar, se é que conseguiriam escapar desse.

Desde a conversa com sua versão alternativa, a da Sparrow, Celly andava pensativa demais. Não tinha contado nada a Cinco sobre a conversa, em parte por compaixão pela outra versão de si mesma, mas também por medo. Medo de que, desta vez, não houvesse saída.

Ela sonhava com uma vida normal ao lado de Cinco, algo que parecia mais distante a cada dia. Mas, ainda assim, se permitia imaginar: décadas juntos, um cachorro e um gato correndo por uma casa grande, um casamento caótico ao nascer do sol — bem clichê, do jeito que ela gostava. Mas a realidade parecia cada vez mais esmagadora. Tanto que, se Cinco sugerisse algo como "vamos apenas aproveitar nossas últimas horas", ela aceitaria sem pensar duas vezes. Isso a fazia se sentir egoísta? Talvez. Mas era o que seu coração queria.

Agora, todos estavam novamente no Hotel Obsidiana. O Kugelblitz, aquela bola gigantesca de energia que ameaçava devorar o universo, ainda estava distante, mas cada segundo que passava era um lembrete de que o tempo estava acabando. Por alguma razão mágica ou sortuda, o hotel parecia ser o último a resistir à força gravitacional do Kugelblitz, que sugava tudo ao redor.

A paisagem lá fora era surreal: prédios já extintos, pedras e poeira flutuando em direção ao Kugel como se obedecessem a um chamado irresistível. O hotel permanecia firme, mas até quando?

— Aí! Como é que a gente ainda tá aqui, se o resto do universo tá descendo pelo vaso cósmico? — Allison perguntou, a voz uma mistura de confusão melodramática e desespero. Ela estava escorada na parede, visivelmente exausta.

Celly, sentada no sofá, mordiscava muffins de mirtilo enquanto observava Cinco, que estava tenso e inquieto, encarando o prédio do mezanino. Todos os irmãos estavam reunidos ali. Uns sentados, como Luther e Sloane, que pareciam mais aconchegados do que nunca; outros escorados ou andando de um lado para o outro. Klaus, no entanto, não estava ali, o que fazia Celly se perguntar, aflita: "Pelo amor de Deus, e se ele morreu?!".

Pelo menos, sua sobriedade já estava bem melhor do que há algumas horas.

— Vai ver que somos os últimos a descer — Viktor respondeu com a voz calma, mas carregada de cansaço.

— Não tô falando com você — Allison retrucou, seca e afiada como uma lâmina. Viktor suspirou pesadamente, enquanto outros irmãos reviravam os olhos, exasperados.

— Aí! — Luther tentou intervir, mudando o foco. — Alguém viu o Klaus?

Eu tava pensando nele agora mesmo — Celly disse, a boca cheia de muffin. As palavras saíram abafadas, e o som de "F" escapava com dificuldade. Ela franziu o cenho, claramente preocupada.

— Ou o papai? — Sloane perguntou.

Desde que Celly vira os dois — Sloane e Luther — tão próximos, uma teoria começara a se formar em sua cabeça. "Será que estavam tramando alguma coisa?" Do jeito que Luther era exagerado, Celly já apostava que ele pediria Sloane em casamento nas próximas oito horas.

Tudo bem, talvez ela e Cinco não fossem tão diferentes. Mas pelo menos ela conhecia Cinco desde sempre — literalmente.

— Vão aparecer — Diego falou com aquele desinteresse habitual, dando de ombros como se tudo fosse só mais um dia normal no fim do universo.

— Sério? Eles estão no engarrafamento? — Ben zombou, erguendo as sobrancelhas com a maior cara de desdém. A voz carregada de ironia estava a um passo de virar um revirar de olhos teatral. — Olha só, pessoal. Estamos vivos porque somos especiais, tá bom?

— Tecnicamente, você está vivo porque o Cinco te salvou — Celly, da Umbrella, rebateu com um tom afiado como uma lâmina. Ben lançou um olhar de puro desgosto, enquanto a outra Celly, a da Sparrow, tentou disfarçar o riso, mas não conseguiu esconder a diversão estampada no rosto.

— Somos os únicos que podem salvar o universo — insistiu Ben, tentando soar sério. Ele parecia realmente acreditar naquilo, o que só fez Celly, da Umbrella, pensar: "Bem, é o primeiro apocalipse dele, né? Eu também acreditava nessas coisas duas linhas do tempo atrás".

— Perguntinha — Allison levantou a mão, com os olhos semicerrados. O tom sugeria que vinha mais uma de suas observações cortantes.

— Fala — Ben respondeu, cruzando os braços como quem já se preparava para um ataque.

— A gente não acabou de tentar e falhou miseravelmente?

— É, mas porque o plano dele foi idiota — Diego interveio com a usual falta de tato, dando de ombros como se fosse óbvio. Allison soltou um suspiro longo, carregado de cansaço e descrença. Ben, por outro lado, revirou os olhos, visivelmente irritado.

"Na teoria o plano até era bom", gesticulou Celly, da Sparrow, em Libras, acompanhando com um dar de ombros.

— Mas na prática foi direto para o lixo, e agora o Kugelblitz está muito, muito maior — acrescentou Celly, da Umbrella, com um tom seco, claramente nervosa.

— Eu tenho um plano melhor! — Diego anunciou com entusiasmo, cheio daquele seu otimismo obstinado que nunca parecia dar muito certo.

— Claro que tem — Allison murmurou com ironia, cruzando os braços e lançando um sorriso cínico, como quem diz: "Lá vem mais uma ideia genial".

— Nós vamos até o grande colisor de… "radião"… — começou Diego, lançando a ideia com confiança.

— Radião? — Luther franziu o cenho, confuso, ecoando o pensamento geral.

A palavra "radião" foi o suficiente para gerar uma troca de olhares confusos entre todos, enquanto Diego parecia alheio à reação.

— Vocês cuidam da ciência e… — Diego continuou, fazendo um estalo com a língua e imitando um taco de baseball, como se estivesse jogando o Kugelblitz para o espaço. — A gente manda o Kugelblitz pro espaço. Aposto que vocês nem sabiam disso, né? Fica na Suíça.

— É hádron, não radião — Ben corrigiu, com a expressão de quem acabara de ouvir a maior idiotice do universo. Celly, da Umbrella, abriu a boca em surpresa. Ela ainda estava tentando processar como alguém tinha conseguido decifrar o que Diego quis dizer. — Seu idiota! — Ben completou, quase cuspindo as palavras.

— Ô! Pelo menos ele tá tentando, seu polvinho de merda — Lila disparou, se ajeitando na poltrona e encarando Ben com irritação. Ele olhou para ela, indignado. — E você? Contribuiu como? — ela provocou, com um sorriso malicioso.

— Na verdade, ele explodiu metade da família dele — Diego retrucou, levantando as sobrancelhas e cruzando os braços com um ar de falsa inocência.

A troca de farpas entre Diego e Ben começou a esquentar, com os outros irmãos soltando suspiros — uns achando graça, outros achando desnecessário, mas todos claramente exaustos daquele caos familiar que nunca parecia mudar.

— Tá a fim de falar sobre problemas de família? — Benjamin retrucou, com as sobrancelhas erguidas e a voz pingando desdém, algo que já parecia natural vindo dele. — Porque, honestamente, você devia ter explodido junto com eles, tá bom?

Ele deu alguns passos à frente, e Diego não ficou atrás. A tensão aumentava enquanto os dois falavam cada vez mais alto, como se estivessem competindo para ver quem tinha mais pulmão.

— …eu queria ter um bolo pra tacar bem no meio da sua cara! — Diego respondeu, abrindo as mãos como se segurasse um prato imaginário e fazendo uma encenação exagerada de arremesso.

A discussão parecia escalar em níveis inesperados. E então, como que puxados por algum instinto ou memória antiga, palavras em outros idiomas começaram a voar. Afinal, tanto os Umbrellas quanto os Sparrows haviam sido educados com um repertório linguístico invejável, mas isso não tornava menos absurdo.

무슨 얘기를 하는 건가요? — Ben lançou em coreano, como se estivesse testando os limites da paciência de todos.

— ¡Cállate! — Diego rebateu em espanhol, com ainda mais intensidade, ligado às raízes cubanas.

Pouvez-vous arrêter ces enfantillages? — Celly, a da Umbrella, interveio em francês, claramente irritada. A fluência inesperada vinha de suas raízes canadenses, e ela quase se surpreendeu consigo mesma. "Vou me mudar pra França", pensou por um segundo, antes de lembrar que nem tinham mais tempo para fantasias. O mundo estava acabando, e dessa vez era realmente preocupante.

— Aí! — Cinco cortou o caos, sua voz ecoando pelo salão e puxando a atenção geral. Até os mais teimosos pararam e olharam para ele, enquanto ele se afastava do parapeito do mezanino com passos firmes. — Já terminaram? O universo está desaparecendo lá fora. Então, continuem brincando de dança das cadeiras no Titanic se isso fizer vocês se sentirem melhor, mas a verdade cruel é que… já era.

Aquela fala caiu como uma bomba. Celly, a da Umbrella, sentiu o coração falhar uma batida. Franziu o cenho, perplexa, enquanto enfiava o resto de um muffin de mirtilo na boca, mais por reflexo do que por fome. "Desde quando ele é tão direto assim?" pensou, tentando processar.

Os irmãos reagiram de formas diferentes: suspiros exasperados, engolidas secas e até um ou outro olhar de incredulidade.

— Cinco, qual é! — Luther tentou argumentar, buscando um lado positivo que simplesmente não existia.

— Acabou, Luther. Nós falhamos. — Cinco respondeu, irritado, a frustração evidente em cada palavra. Ele virou-se para Celly, que ainda estava sentada. Seus olhos encontraram os dela, e ela viu o peso de tudo ali: ele não estava apenas bravo; estava devastado. — Eu falhei.

— Qual é! Não pode ter acabado de verdade — Viktor insistiu, a esperança fraquejando na voz. Celly engoliu em seco, agora menos preocupada com o apocalipse e mais com a dor nos olhos de Cinco.

— É, Cinco! A gente tem que resolver isso, cara — Diego afirmou, tentando soar sério, mas a impaciência no grupo começava a borbulhar.

— Tá bom. Que tal refletirmos um pouquinho? — Cinco sugeriu, avançando até o centro da sala. Todos pararam, atentos, enquanto ele assumia a postura de alguém prestes a entregar verdades indigestas. Seus olhos se estreitaram, a voz carregada de impaciência. — Vamos analisar esse cenário. A maioria de nós passou os últimos vinte e oito dias tentando impedir o fim do mundo. E o que exatamente conseguimos?

— Só enchemos nossos corações de esperança e fracassamos em cada uma delas — Celly, a da Umbrella, respondeu com um sorriso cínico que mais parecia um golpe de sarcasmo.

Cinco apontou para ela imediatamente, como se dissesse: "Exatamente".

— Bom, a gente fez alguns amigos ao longo do caminho — Luther tentou animar o clima, lançando um sorriso apaixonado para Sloane. Celly quase revirou os olhos, mas se segurou. "Que casal meloso", pensou, mas sem verbalizar.

— Incorreto! — Cinco cortou, a voz elevada e cheia de impaciência. Ele parecia à beira de um colapso. — Sabe o que a gente fez? Nada! Só pioramos tudo, todas as vezes!

— Eu concordo — Allison murmurou, com os braços cruzados e o tom seco de sempre.

Cinco abaixou o olhar para os próprios pés, como se buscasse coragem para dizer o que vinha remoendo há algum tempo. Quando começou a falar, sua voz soava cansada, quase derrotada.

— Olha, quando eu tava naquele bunker da Comissão, eu conversei com o meu eu de cem anos. — Ele fez uma pausa, engolindo em seco. A lembrança parecia pesar como uma pedra no peito. — E as minhas últimas palavras foram "não salve o mundo".

Celly congelou. "Mentiroso", pensou, lembrando-se claramente de que o velho tinha tentado dizer algo mais, algo importante, antes que Cinco fosse embora. Mas ela guardou o comentário para si. Nem ele parecia entender direito o que tudo aquilo significava.

— "Não salve o mundo"? — Viktor repetiu, com uma expressão confusa.

— "Não salve o mundo" — Cinco confirmou, como se aquilo resolvesse tudo. O silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor. Ninguém ali queria ouvir algo assim, especialmente agora.

— Essa é a coisa mais idiota que eu já ouvi — Diego rebateu, sério, mas com aquele tom característico de sarcasmo que só ele conseguia sustentar.

— Será? Porque nada do que a gente fez tá funcionando — Luther retrucou, com um suspiro resignado. Ele deu de ombros. — Tudo que a gente faz é salvar o mundo por um dia, relaxar um pouco e aí tudo começa a desmoronar de novo.

— Talvez a gente seja o problema — Viktor sugeriu, a voz carregada de ingenuidade, como se estivesse falando algo profundo.

— Tá. "A gente" — Allison zombou, o tom de deboche deixando claro que, na cabeça dela, o problema era muito mais específico: Viktor, não todos.

— Espera aí! — Lila interrompeu, gesticulando como se tentasse organizar seus pensamentos. — O seu grande plano é… plano nenhum?

— Exatamente — Cinco respondeu com um dar de ombros, como se fosse a coisa mais lógica do mundo. Celly, que estava sentada no sofá, sem muffins para mastigar dessa vez, estreitou os olhos. "Isso é só uma forma elegante de desistir", pensou, incomodada. — Objeção consciente. Por que não? — Cinco continuou. — Já tentamos de tudo. — Ele suspirou. — Talvez seja disso que o universo precise. Vamos abraçar o apocalipse. Vamos ver o que tem do outro lado.

— E se for… nada? — Sloane perguntou, a voz trêmula e hesitante. Celly sentiu a pergunta ressoar dentro dela. Era o que ela também queria saber, mesmo já tendo a resposta perfeita.

— Daí falhamos miseravelmente — ela respondeu, tentando parecer indiferente. Mas sua voz saiu tensa, traindo o que sentia. — E aproveitamos nossos últimos… dois dias? — Deixou escapar um riso seco, quase cínico. — Que merda.

Cinco percebeu. Ele sempre percebia. O desconforto dela, o tom enviesado, a tensão na voz. Mesmo assim, apertou os lábios, como quem já tinha tomado uma decisão inabalável.

— Foi um prazer conhecer vocês. — Ele deu de ombros e, por um segundo, encarou Celly. O olhar dele parecia dizer algo mais, algo íntimo, como um pedido silencioso. Algo como: "case-se comigo."

Ele se afastou do grupo e foi se sentar ao lado dela, com um ar deliberado.

Egoísta? Não. Poderia parecer, mas essa decisão não vinha de cansaço ou desistência por si mesmo. Cinco estava desistindo por ela. Ele não queria mais vê-la se desgastando, criando planos que nunca se realizariam, sonhando com um futuro que ele sabia que não poderia dar a ela. Isso o destruía mais do que o apocalipse.

A verdade era que Cinco havia decidido que, se o tempo deles era limitado, ele passaria cada segundo fazendo dela a pessoa mais feliz que já viveu. Mesmo que fossem os últimos dias da vida deles.

Para Celeste, a confusão mental era insuportável. Ela precisava se deitar, encarar o teto do hotel e processar tudo aquilo. Precisava de um momento para pensar, para tomar uma decisão, mas, sinceramente, tempo era um luxo que eles não tinham.

A garota estava dividida entre duas possibilidades igualmente frustrantes: virar para Cinco e dizer: "Vamos tentar de novo, seu eu de cem anos é só um velho rabugento que não entende nada" ou simplesmente aceitar o inevitável: "Okay, vamos desistir e aproveitar nossos últimos dois dias".

Mas, no fundo, a escolha não parecia tão difícil assim. A primeira opção sempre soava melhor, principalmente porque envolvia continuar ao lado dele por mais décadas, mesmo que fosse contra todas as probabilidades.

O silêncio na sala era espesso, mas durou apenas alguns segundos antes de Luther e Sloane trocarem olhares cúmplices, meio hesitantes e claramente escondendo algo.

— Bom… já que você tocou no assunto, a gente… — Luther começou, tropeçando nas palavras. Ele parecia nervoso, quase infantil, como se estivesse prestes a pedir desculpas por algo que nem havia feito ainda. Ele deu um suspiro e murmurou para si mesmo: — Ah, que se dane.

Ele se levantou, puxando Sloane pela mão.

— Tá bom, vai — Sloane o encorajou com aquele sorriso radiante, como se estivesse prestes a anunciar o prêmio mais esperado da noite. Celeste, a da Sparrow, arqueou uma sobrancelha, desconfiada. Os outros irmãos estreitaram os olhos, alguns trocando olhares curiosos. Já Celly, da Umbrella, e Cinco, mantiveram a mesma expressão: sobrancelhas franzidas e olhares fixos, cheios de desconfiança.

— A gente tem um pequeno anúncio a fazer — Luther disse, sorridente, a alegria estampada no rosto.

E então, como se tivessem ensaiado, mas ainda assim de forma desajeitada, Sloane soltou, quase atropelando as palavras de Luther:

— Estamos noivos! — Ela sorriu, iluminada, enquanto Luther balbuciava algo simultaneamente, tentando acompanhá-la. O ar ficou constrangedor por um momento. Celly quase engasgou com o próprio silêncio, os olhos arregalados de pura incredulidade.

— Tá de sacanagem — Ben murmurou, revirando os olhos com um desgosto evidente.

"Não é meio… cedo pra isso?" perguntou a versão da Sparrow em Libras, lançando um olhar desconfiado.

— Agora? — Allison indagou, sua voz transbordando desdém. Ela claramente achava aquilo a pior ideia possível no pior momento possível.

— É, olha… a gente sabe que essa não é a melhor hora — Luther admitiu, tentando justificar sua empolgação. — Mas, sei lá, é agora ou nunca, certo? — Ele procurou aprovação, fixando o olhar em Cinco. — Eu não tô certo, Cinco?

— Luther, me deixa fora dessa, por favor. — Cinco suspirou, exausto.

Celly levantou as sobrancelhas, incomodada. Claro, ela queria ver Luther feliz, mas… casamento? Agora? Justo quando todos haviam acabado de jogar a toalha? Era uma situação surreal, mesmo que… meio fofo.

— Independente do tempo que nos resta, queremos passá-lo com todos vocês — Sloane acrescentou com um sorriso sereno, como se aquilo fosse resolver tudo. Pelo menos ela parecia mais confiante em suas palavras do que Luther. — Então, vamos ficar muito felizes se puderem comparecer à sala de banquetes às dezoito horas pra comemorar o nosso amor e a união oficial do que sobrou das nossas duas grandes famílias.

— O traje vai ser black-tie criativo — Luther completou, balançando a cabeça como se aquilo fosse a cereja do bolo.

Os dois estavam radiantes, animados de um jeito que fazia todos os outros se sentirem ainda mais cansados. Celly suspirou. "Tudo bem, festa de casamento no fim do mundo, então. Que seja."

Luther começou a distribuir as lembrancinhas com uma delicadeza que fazia contraste hilário com seu porte enorme. No mezanino, um burburinho apressado de vozes familiares fazia ecoar risadas e passos desajeitados.

Lila sorriu ao abrir o presente, visivelmente encantada com o capricho.

— E você preparou tudo isso sozinha? — perguntou, genuinamente surpresa, enquanto erguia as sobrancelhas.

Para as duas Celestes, o momento tinha camadas diferentes de emoção. A Celeste da Sparrow, vendo Sloane tão radiante, lutava contra o instinto de desaprovar o casamento. "É cedo demais", pensava — e claro, todos acham aquilo. Já a Celeste da Umbrella achava tudo aquilo tão fofo — especialmente o jeito desajeitado de Luther, parecendo completamente apaixonado — que a ideia de estragar o clima mal passava pela cabeça.

— O Luther também ajudou — explicou Sloane, orgulhosa. — Ficamos acordados a noite toda.

— Incrível — murmurou a Celeste da Umbrella, ainda distraída. Já a Celeste da Sparrow girava a lembrancinha nos dedos, analisando-a com um sorrisinho de descrença.

O presente era simples, mas charmoso: um potinho personalizado, com um cartão escrito à mão e algumas balinhas coloridas dentro.

Então, o caos habitual se instalou: Reginald e Klaus entraram de repente, ofegantes e desalinhados. A energia na sala mudou instantaneamente. Quem antes estava absorto nas lembrancinhas e no casamento improvisado virou a cabeça quase ao mesmo tempo, numa coreografia de surpresa coletiva.

— Pai? — Ben perguntou, seu cenho franzido quase teatral, refletindo o da irmã.

— Klaus?! — Celly exclamou, incrédula. Ela havia começado a se preocupar com o sumiço dele e, sinceramente, já cogitava o pior. Agora, ali estava ele, em carne, osso e, para variar, sem nenhuma pressa ou preocupação. Resmungando um "não tô acreditando", bufou, com os ombros ainda tensos.

— Oi — Klaus cumprimentou casualmente, dando de ombros. Parecia que tinha acabado de sair de um passeio no parque, não de uma situação apocalíptica.

— Reúnam-se, crianças! Rápido! — ordenou Reggie, visivelmente irritado e ansioso. Sua postura contrastava com a calma quase ofensiva de Klaus.

— Onde vocês estavam? — Diego perguntou, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha. A cena inteira parecia um desafio para decidir o que era mais estranho: Klaus e Reggie aparecerem juntos, ambos vivos, ou o fato de um estar apressado e o outro agir como se nada tivesse acontecido.

— Ah, sabe como é... O Reg e eu nos enrolamos numa viagem de pai e filho no fim do mundo — respondeu Klaus, despreocupado, com um tom que deixava claro: "Finalmente sou o favorito". — Tipo isso, sabe?

Celly perdeu a paciência. A tranquilidade de Klaus era tão absurda que parecia provocação. Enquanto eles lidavam com crises e preocupações, ele surgia com uma história de "viagem em família"? Sem aviso? Sem explicação? Em um impulso, ela pegou a primeira coisa ao alcance e jogou nele. A arma improvisada: uma jujuba do Cinco. Acertou bem no peito de Klaus.

— Ai! — berrou Klaus, de maneira, claro, absolutamente exagerada. Era óbvio que não doeu. Cinco, por sua vez, hesitou entre rir da cena ou ficar indignado por terem usado suas preciosas jujubas como munição. No fim, acabou franzindo o cenho enquanto tentava conter um sorriso.

— Por que não nos avisou?! Estávamos preocupados! — Celly disparou, a voz cheia de frustração.

— Esqueci, tá bom? Mas olha pra mim, estou ótimo! — rebateu Klaus, dramático como sempre, a mão no peito como se fosse vítima de uma tragédia.

— Vocês são amiguinhos agora? — Ben perguntou, arqueando uma sobrancelha, o tom ácido com um leve toque de inveja.

— Aham — respondeu Klaus, indiferente. — Rimos, choramos, brincamos com o trânsito... e, resumindo a história, pra tranquilizar a Celly: agora eu sou imortal!

Para enfatizar ainda mais sua recém-declarada imortalidade, Klaus começou a urrar e fazer poses de fisiculturista, exibindo seus "músculos" praticamente inexistentes. Ele parecia estar se divertindo como uma criança em um palco imaginário.

— Ah, isso me deixa muito mais tranquila — Celly ironizou, estreitando os olhos. Era óbvio que ela não estava levando a performance de Klaus a sério.

— Espera aí. Você é o quê? — Luther perguntou, confuso, com uma sobrancelha erguida.

Klaus, você tá cheirando sal de banho de novo? — Allison lançou, com seu tom habitual de sarcasmo cortante, os olhos semicerrados em suspeita.

Antes que Klaus pudesse responder, Reginald, como sempre tentando mudar o foco para algo que o interessava, ergueu as sobrancelhas e perguntou:

— A pergunta mais pertinente é: por que estão brincando com potinhos?

Diego, como se quisesse evitar qualquer associação com aquilo, disfarçadamente jogou o potinho que segurava para o lado. Já Celly, em contraste, jogava o dela para o ar e o pegava de volta, como se estivesse brincando casualmente.

— São os nossos convites — explicou Sloane, com sua voz doce, mesmo sob a tensão evidente causada pela presença de Reginald. Ela estendeu um dos potinhos para ele. — O Luther e eu vamos nos casar.

O rosto de Reginald se contorceu em uma expressão de horror enquanto segurava o convite. Ele girou o potinho nos dedos, examinando-o com a incredulidade de quem descobre que o mundo realmente está de cabeça para baixo.

— O espaço-tempo está acabando, e estão planejando um casamento? — questionou, cada palavra impregnada de desprezo.

— Sim, e a questão é que… o espaço é limitado — respondeu Luther, tirando o potinho das mãos de Reginald com firmeza. Ele claramente não gostou nem da crítica nem da ideia de convidar o pai. — Então não temos lugar pra você, tá bom?

Reginald bufou, escandalizado.

— Foi assim que eu criei vocês? — vociferou, sua voz cheia de nojo e incredulidade. — Para relaxarem enquanto Roma queima?!

Klaus, sempre oportuno, inclinou-se para sussurrar no ouvido de Reginald, tentando acalmar o pai:

— Esqueceu do que a gente conversou, Reg? Respira fundo. Tá bom.

— Quieto! — Reginald retrucou em um tom seco, fazendo Klaus dar um salto de susto. A rigidez do pai estava de volta, mais afiada do que nunca. — Estou certo!

— Pai, tomou os seus remédios? — perguntou Sloane, arqueando uma sobrancelha. Sua pergunta, aparentemente inocente, foi o equivalente a acender um fósforo em um barril de pólvora.

— Na verdade, eu não tomei! — rugiu Reginald, o cenho franzido de maneira quase cômica. — E posso confirmar que nunca me senti tão bem na vida! — A tensão na sala aumentou enquanto ele continuava. — Acham que podem me dopar, me deixar lento, tomar o controle da minha vida e roubar minha fortuna? Pois muito bem! O Klaus, pelo menos, teve a bondade de me livrar do veneno de vocês! — Ele enfatizou "bondade" com uma raiva quase teatral. — E agora que a névoa sumiu, posso enxergar tudo o que fizeram com uma clareza impressionante!

Todos estavam boquiabertos, mas Sloane foi a primeira a reagir.

— Você tirou os remédios dele? — perguntou, incrédula, encarando Klaus com um misto de choque e indignação. — No que você estava pensando?!

— Obviamente, ele é o único aqui que pensa — defendeu Reggie, com rapidez e um tom de lealdade surpreendente. Celeste, a da Sparrow, trocou um olhar com Ben, como se dissesse, silenciosamente: "Ele? Sério?". — Todos vocês deviam aprender uma ou duas coisas com esse jovem impressionante.

Diego soltou uma gargalhada alta e genuína, sem nem se preocupar em parecer discreto. Não era para humilhar Klaus, mas o comentário de Reggie era simplesmente... inacreditável. Outros Umbrellas suspiraram em descrença, alguns contendo risadas. Cinco cutucou Celly com um sorriso travesso, chamando-a para o momento. Ela respondeu com um aceno sutil, já segurando a própria risada, que ameaçava explodir como a de Diego.

— Acho que o papai realmente precisa dos remédios de novo — murmurou Celly para Cinco, com aquele tom de zoação cúmplice que só eles compartilhavam. Klaus, claro, nem ouviu.

— O mundo tá acabando mesmo! — riu Diego, sacudindo a cabeça como se não acreditasse.

— Quanto ao resto de vocês — cortou Reginald, em um tom rígido que silenciou as risadas —, o treinamento recomeçará imediatamente. Estamos ficando sem tempo. — O ar na sala mudou. Os Umbrellas trocaram olhares incertos, enquanto Cinco, em contraste, fechava o sorriso instantaneamente. Parecia já saber onde aquilo iria parar. — Ainda temos uma missão para terminar.

— Eu tô pronto. — Ben deu um passo à frente, o peito estufado e a voz carregada de autoconfiança. — Vamos começar.

Celeste, da Sparrow, lançou-lhe um olhar incrédulo. Era loucura. Sem pensar muito, puxou a mão dele, num gesto claro de "nem pensar!", mas sem dizer uma palavra.

— Deixa eu adivinhar. — Cinco esboçou um sorriso de puro escárnio, estreitando os olhos. — O projeto Oblivion?

As palavras pareciam um gatilho. Reginald imediatamente ficou mais tenso. Seus ombros endureceram, os olhos adquiriram um brilho sombrio, e sua expressão ganhou um ar misterioso.

— Como você sabe sobre isso? — perguntou, a voz grave e carregada de cautela.

— Falamos com o Pogo — respondeu Celeste, da Umbrella, rápida. Cinco apenas confirmou com um leve aceno, deixando de lado o potinho-convite de Luther. De repente, toda sua atenção estava no pai.

— Esse é um nome que eu não ouço faz muito tempo — murmurou Reginald, os olhos estreitados como se estivesse revirando memórias amargas.

— E ele confirmou o que eu sempre suspeitei sobre você — continuou Cinco, o tom afiado, como se cada palavra fosse uma arma. Celeste, ao lado dele, ajeitou-se na cadeira, preparada para assistir o show.

— O quê?

— Que você é um sádico lunático que está planejando apostar nossas vidas em outra missão sem sentido — disparou Cinco, sem hesitar. Sua voz era cortante, carregada de uma fúria contida, mas letal.

— Você acreditaria em um chimpanzé magoado em vez do seu pai? — retrucou Reginald, o peito inflado de superioridade, enquanto dava um passo à frente, mas mantendo distância.

A insinuação sobre Pogo foi a gota d’água. Cinco não suportava a maneira como Reginald menosprezava qualquer coisa que não fosse parte de seus planos insanos. Num salto, ele se levantou da poltrona. Celeste, da Umbrella, quase se assustou, mas logo ergueu as sobrancelhas com um suspiro de "A-ha, eu sabia!". Antes que qualquer um pudesse reagir, Cinco teleportou-se para frente de Reginald, seu rosto a poucos centímetros do dele.

— Pode apostar que sim — rosnou entre dentes, a raiva queimando em sua voz.

O clima pesou na sala, mas Luther quebrou o silêncio, sua voz grave e séria.

— Ninguém quer você aqui, pai. É melhor ir embora. — Reginald olhou para o lado, incrédulo com a ousadia.

— Aí! Você não fala por nós, grandalhão — retrucou Ben, erguendo a mão como quem tentava protestar. Celeste, da Sparrow, se levantou e chamou a atenção para si.

"Ele não fala por nós, mas estão certos sobre o Oblivion, Benjamin", sinalizou ela em Libras, séria. Ben crispou os lábios, claramente desconfortável com a situação.

— Se quiser, pode ir com ele — disse Luther, dando de ombros com desdém.

Ben travou o maxilar, visivelmente tentando não perder a calma, enquanto Celeste, da Sparrow, colocou uma mão em seu ombro, um gesto sutil, mas confortante. A tensão pairava no ar, como uma tempestade prestes a desabar.

— Entendo. Então foi isso que chegamos. — Reginald declarou, incrédulo. E então, como se estivesse liderando uma revolução, berrou: — Insurreição!

— Não, não, não — Klaus interveio rapidamente, o tom apavorado, as mãos agitadas no ar como se tentasse acalmar uma fera. Cinco, ao fundo, cerrou o punho, claramente irritado. — Não tem papo nenhum de ereção aqui, tá bom? — Ele forçou um sorriso exagerado, tentando aliviar a tensão. — Vamos todos respirar fundo, alinhar os chacras, sabe? Todo mundo em paz.

Ele parou por um momento, como se uma lâmpada tivesse acendido em sua cabeça, e ergueu as sobrancelhas, fingindo uma ideia brilhante. 

— Olha só! — Klaus exclamou, com entusiasmo forçado, puxando Reginald pelo ombro. — Pai, que tal a gente tomar uma belíssima xícara de chá na suíte? Hein? Maravilhoso, né?

Sem esperar resposta, Klaus começou a empurrá-lo para fora, murmurando algo em tom de bronca maternal. Era uma cena quase cômica, com Reginald parecendo um tanto desnorteado pelo rumo abrupto das coisas.

— Tô muito feliz por vocês, tá? Vocês merecem! — Klaus disse enquanto guiava o pai escada acima. Antes de sumir completamente, ainda virou-se para gritar: — Depois mandem a lista de presentes!

Diego e Lila foram os próximos a sair. Estavam visivelmente irritados, cada um por seus próprios motivos. A sala parecia sufocante com tanta discordância, as ideias se chocando sem encontrar um rumo.

Cinco, agora sozinho no centro do ambiente, soltou um longo suspiro. Seus ombros relaxaram levemente, como se o simples fato de Reginald ter saído já fosse um alívio. Ele deu meia volta, os passos firmes. Quando seus olhos encontraram Celly, ela sabia o que viria a seguir.

E em um piscar de olhos, estavam no corredor da suíte.

Cinco soltou o antebraço dela com cuidado, enfiando as mãos nos bolsos da calça. Seu olhar estava distante, mas ao mesmo tempo concentrado. Ambos sabiam que estavam pensando na mesma coisa: desistir.

— Pode falar. — Ele quebrou o silêncio, direto. Sua voz era calma, mas carregava um peso.

Celly ergueu uma sobrancelha, meio desconfiada. 

— Falar o quê?

— Você sabe. — Ele deu de ombros, como se não fosse óbvio.

Claro que ela sabia. Queria despejar todas as perguntas que estavam presas em sua garganta. Por que ele havia desistido? Como podia simplesmente abandonar as promessas que fizera? Queria confrontá-lo, gritar, entender como ele, de todos os homens, podia ouvir aquele eu cansado de cem anos e aceitar aquilo como verdade.

E ele... Ele queria responder. Mas sabia que não tinha as respostas que ela procurava.

Ela olhou para os lados, buscando qualquer saída, qualquer desculpa para evitar o confronto direto. Ao mesmo tempo que queria gritar com ele, também queria abraçá-lo e dizer que entendia. Entendia que ele estava exausto, assim como ela.

Mas o que conseguiu foi apenas suspirar. Seus olhos encontraram os dele, azuis como o oceano, carregados de cansaço e algo mais. Apertou os lábios, hesitante. Não queria piorar as coisas.

— Tá tudo bem. — A mentira escapou antes que pudesse segurá-la. Ela balançou a cabeça, negando para si mesma. Cinco estreitou os olhos, desconfiado. — Você está cansado. Eu estou cansada. Todos nós estamos. — Ela murmurou, quase para si mesma.

— Sim. — Ele concordou prontamente, sem hesitação. Era como se ele tivesse lido seus pensamentos naquele momento.

Então, ele deu um passo à frente, cortando a distância entre eles. Antes que ela pudesse reagir, Cinco segurou delicadamente o rosto dela com as mãos, seus dedos quentes aquecendo as bochechas geladas dela.

O momento era cheio de palavras não ditas, mas que, de alguma forma, ambos entendiam.

Eles se encararam, o silêncio carregado de emoções que nenhum deles parecia disposto a verbalizar. Os olhos de Celly estavam fixos nos de Cinco, e ela podia ver a mesma insatisfação refletida ali. Nenhum dos dois estava realmente em paz com a decisão.

— Vamos desistir, então? — ela perguntou, tentando esconder a mágoa por trás de uma voz controlada.

Cinco respirou fundo, engolindo em seco antes de responder:

— Vamos.

Celly sentiu o coração apertar. "Por quê?!" — gritou em seus pensamentos, sentindo a raiva fervilhar por dentro. "Eu não quero desistir!"

"Não quero continuar prometendo e falhando", ele pensou em silêncio, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando. Ambos estavam presos em suas próprias lutas internas, cercados pelos demônios que os atormentavam.

Ela manteve o olhar fixo nele, tentando entendê-lo, e, pela primeira vez, conseguiu perfeitamente. Cinco não estava desistindo porque estava cansado. Ele estava fazendo isso para proteger ela. Para não alimentá-la com esperanças que poderiam ser destruídas mais tarde. Seus olhos começaram a marejar, mas ela se segurou. Não queria decepcioná-lo com sua fraqueza. Ele estava fazendo o que achava ser o melhor para ela. Como poderia reclamar?

Cinco, por outro lado, a interpretava completamente errado. Achava que ela estava aliviada, talvez até feliz. Que, finalmente, ele havia tomado uma decisão que não a deixaria magoada.

Ambos tiraram suas próprias conclusões naquele momento, e nenhuma delas era verdadeira. Celly apenas deu de ombros, sentindo o peso do fim. "Se é assim, que seja. Morrerei desse jeito", pensou. "Ao lado dele, mas ainda assim mortos".

Ele a segurou pelo rosto, os polegares pressionando suavemente suas bochechas. Cinco fechou os olhos com força antes de inclinar a cabeça e beijar sua testa. Era um gesto de carinho, mas também de despedida. Ele queria acreditar que estava fazendo o melhor para os dois.

Quando os lábios dele se afastaram, Celly desviou o olhar para o chão. Não podia encará-lo. Se o fizesse, provavelmente desabaria em lágrimas. E não queria ser vista como fraca, ou pior, como uma mulher histérica que chora porque não consegue o que quer — mesmo que ela nunca tivesse dito explicitamente o que queria: que ele lutasse mais.

As mãos dele deslizaram suavemente pelas laterais do rosto dela, descendo pelos braços até encontrarem as mãos gélidas dela. Ele as segurou firmemente, o toque aquecendo a pele fria. Finalmente, ela ergueu os olhos para ele, e naquele momento, era como se nada daquela batalha interna tivesse acontecido.

— Alguma ideia do que podemos fazer agora que temos... umas 38 horas juntos? — Cinco perguntou, arqueando uma sobrancelha com um toque de humor. Tentando desesperadamente trocar de assunto.

Celly desviou o olhar, e um sorriso malicioso escapou antes que ela pudesse evitar.

Cinco estreitou os olhos, surpreso, mas divertido. 

— O que foi?

— Nada — ela mentiu. Olhou para ele. Só conseguia pensar em uma coisa, agora que ele havia trocado de assunto. — Eu só... estava pensando em quando estávamos no momento das vacas, sabe? — Ela respondeu, a voz carregada de falsa inocência, enquanto o sorriso dela se alargava.

Ele balançou a cabeça, soltando um riso baixo e incrédulo. 

— Claro que você pensaria nisso.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ele apertou a mão dela com força, e, num piscar de olhos, ambos estavam na suíte. Sozinhos, no pé da cama.

O silêncio que se seguiu era confortável, cheio de possibilidades.

Cinco não hesitou. Suas mãos encontraram o rosto dela com a precisão de quem sabia exatamente o que estava fazendo, e então seus lábios se encontraram. Era o tipo de beijo que parecia desenhado para ser inesquecível — uma mistura precisa de delicadeza e luxúria que fazia cada segundo parecer eterno.

Enquanto o beijo se aprofundava, ela sentiu os dedos dele deslizando com precisão pelo zíper do casaco. O som do tecido se abrindo foi quase um aviso. Em poucos segundos, o casaco verde escorregou pelos ombros dela e caiu no chão, esquecido. Ele avançou de forma ágil, encurralando-a contra a cama de casal.

O movimento foi tão certeiro que ela perdeu o equilíbrio e tombou sobre o colchão. Cinco a seguiu, o peso dele pressionando-a suavemente contra a cama. Quente. Intenso. Avassalador. Ele era irresistível, e cada beijo parecia queimar como uma faísca que se espalhava pelo corpo dela.

Com o antebraço apoiado, Cinco sustentava o próprio peso enquanto deixava os lábios deslizarem pelo pescoço dela. Cada beijo era lento, calculado, mas cheio de um desejo palpável.

— Não. — A palavra escapou dos lábios dela, quase inaudível, entrecortada pelo prazer.

Cinco parou imediatamente, os olhos franzidos em confusão, como se perguntasse silenciosamente: "Fiz algo errado?"

Mas antes que ele pudesse falar, ela mordeu o próprio lábio inferior, um sorriso travesso dançando em seu rosto. Os olhos dela estavam carregados de desejo e provocação, brilhando como se houvesse acabado de vencer uma pequena guerra.

— Eu estava por cima.

O sorriso que ele deu em resposta foi lento, preguiçoso, e completamente encantador.

Cinco mal teve tempo de reagir. Com um movimento ágil, ela passou a coxa pela lateral do corpo dele, invertendo as posições. Num instante, ele estava deitado sob ela, os olhos arregalados de surpresa e excitação, enquanto ela se acomodava sobre ele, sentindo a pressão quente da ereção dele ainda encoberta pelos tecidos. Cinco arfou baixo, as mãos instintivamente encontrando a cintura dela, apertando-a como se precisasse se ancorar na realidade.

Sem hesitar, ele se ergueu, ficando sentado, apoiando-se com uma das mãos no colchão. Isso o aproximou ainda mais dela, trazendo seus rostos perigosamente perto. Ela não perdeu tempo; seus lábios encontraram os dele com uma intensidade feroz, um beijo que parecia querer ceder a ele. Cinco arfou contra a boca dela, os sons que escapavam eram uma mistura de gemidos roucos e respirações entrecortadas.

Os dedos dela deslizaram até a nuca dele, mergulhando nos fios pretos e macios. Sentir o cabelo dele entre os dedos era viciante, e ela adorava isso. Enquanto isso, as mãos de Cinco subiam com hesitação calculada, explorando o corpo dela por baixo da blusa branca. Ele a apertava com uma mistura de curiosidade e respeito, seus toques transmitindo tanto desejo quanto cuidado.

Ela estava começando a sentir calor, e não apenas pelo toque dele. Foi então que percebeu um detalhe quase cômico: não estava usando sutiã. A lembrança veio como um flash — ao voltar da Sparrow Academy na madrugada anterior, exausta e um pouco bêbada, ela só queria conforto. E conforto significava uma blusa branca simples, calça de moletom e um casaco folgado.

Agora, naquela situação, aquilo parecia ao mesmo tempo uma escolha prática e provocadora. Ela sorriu contra os lábios dele, gostando do contraste entre a simplicidade da roupa e a intensidade do momento.

As mãos de Cinco apertavam a lateral do corpo dela, exatamente na divisa entre os seios e a cintura. Aquilo foi o suficiente para incendiá-la. Ela sentia-se absurdamente molhada, enquanto o membro rígido dele pressionando contra si parecia incapaz de deixá-la pensar em qualquer outra coisa.

Sem perceber, começou a mover os quadris, um movimento involuntário que a consumiu. Quando deu por si, estava rebolando sobre ele, um ritmo lento e deliberado, enquanto o atrito fazia ambos perderem o fôlego.

Cinco respirava fundo, tentando manter algum autocontrole, mas era impossível. Ele tombou a cabeça para trás, as mãos apertando o quadril dela com força, enquanto a sentia cavalgando por cima de suas calças. O desejo de arrancar cada camada de roupa entre eles tornou-se insuportável.

— Porra... — Ele murmurou baixinho, a voz rouca e tensa. O rosto dele estava ligeiramente vermelho, e isso só a instigava mais.

Ela mordeu os lábios, um sorriso malicioso escapando. Aquela reação dele era um convite, uma tentação irresistível.

— Cinco... — ela o chamou, a voz carregada de perversidade e promessas. Ele imediatamente olhou para ela, os olhos azuis ainda mais intensos, como se lutasse contra si mesmo para não se render completamente. As mãos dele seguraram o quadril dela com firmeza, tentando pará-la antes que perdesse completamente o controle. 

Mas ela não cedeu. Levou a mão delicadamente até o rosto dele, segurando-o enquanto o encarava. Seus olhos encontraram os dele, a conexão entre eles tão elétrica quanto a tensão no ar. 

— Quero que tire minha blusa. — Cinco ergueu as sobrancelhas, claramente surpreso. "Tirar...?", pensou, o cérebro tentando acompanhar o pedido enquanto o corpo reagia. — Eu tô com calor — ela argumentou, a voz carregada de uma falsa inocência que Cinco imediatamente reconheceu. Mas ele sabia que o calor dela não era só pelo ambiente. Antes que ele pudesse responder, ela inclinou-se ainda mais sobre ele, aproximando os lábios do ouvido dele de forma provocadora.

O sussurro veio como uma faísca:

Toque meus seios como um bom garoto.

Cinco deixou escapar um sorriso lento e largo, o tipo que só aparece quando a mente já está a mil. "Puta que pariu", ele pensou, enquanto o significado das palavras dela se fixava em sua mente. Celeste estava ali, completamente sóbria, e o havia desafiado daquele jeito? 

Era impressionante como vê-la no comando o afetava. Ele sentiu o corpo reagir de imediato, cada músculo se tensionando, o desejo pulsando por suas veias. Normalmente, ele era quem controlava o ritmo, quem adorava estar no comando. Ele gostava de provocá-la, só com o roçar de seus dedos nas coxas ou o leve toque em seus seios — sempre encobertos por tecidos.

Mas agora? Agora ela havia invertido os papéis. E aquela frase, "bom garoto", ecoava em sua mente como um estímulo perfeito, deixando-o mais duro do que já achava possível. Ela sabia exatamente o que estava fazendo — e ele, bem, estava mais do que pronto para obedecer.

Ele levou a mão até a barra da blusa branca, e então a puxou rapidamente, sem pensar duas vezes. Os seios dela se revelaram. Mamilos duros de excitação, apontados para ele. Cinco levou as mãos hesitantes até os seios dela, ainda incerto. Eram lindos, isso era inegável, mas ele não tinha certeza absoluta do que fazer para agradá-la. Apalpou-os com cuidado, experimentando o toque, enquanto seus beijos desciam lentamente para o colo dela, explorando cada pedaço da pele exposta.

Celeste arfou, a respiração dela irregular sob a atenção dele. Era quase como uma pintura divina, o tipo de visão que faria qualquer homem agradecer à sorte. Mas, é claro, o universo não podia deixar aquele momento durar. Uma batida na porta ecoou pelo quarto, tão inoportuna que arrancou ambos da bolha de desejo em que estavam.

Ei, Cinco! — A voz animada de Klaus preencheu o corredor. — Luther tá chamando pra despedida de solteiro! Tá todo mundo reunido na sala de jogos!

Cinco bufou, os lábios crispando de frustração, enquanto Celeste escondia um sorriso, achando graça da situação.

— Vou matar o Klaus. — Ele resmungou, os olhos estreitados em pura irritação. Por mais que desejasse abrir a porta e mandá-lo sumir, sabia que Klaus perceberia o que estava rolando e faria questão de espalhar pela eternidade.

Soltando um suspiro resignado, ele olhou para Celeste, que ria baixinho, se divertindo com o dilema dele.

— Ele já vai! — Celeste gritou de volta, e do outro lado da porta veio o típico "tudo bem!" animado de Klaus.

Cinco fechou os olhos, como se tentasse bloquear o mundo por um momento. O gesto foi tão repentino que Celeste arqueou uma sobrancelha, confusa.

— O que você está-

— Shh. — Ele a interrompeu, sério, com uma concentração teatral. Celeste piscou, ainda confusa, enquanto fazia um pequeno bico de curiosidade. — Estou gravando a imagem dos seus seios na minha mente.

Ela não conseguiu segurar a risada. Gargalhou com vontade, o riso dela preenchendo o quarto e dissolvendo qualquer tensão que ainda restava. O clima havia sido completamente quebrado, mas o brilho malicioso nos olhos de ambos deixava claro que aquilo não estava terminado.

Mesmo ainda duro, e ela claramente ainda molhada, ambos decidiram ignorar por ora. Quando Cinco finalmente julgou ter memorizado cada detalhe da imagem dela, levantou-se, ajeitando as roupas com uma expressão que misturava resignação e determinação.

— Isso não fica assim. — Ele murmurou para ela antes de sair, jogando um último olhar cúmplice enquanto se dirigia à despedida de solteiro de Luther.

Mais um capítulo! Não sei se repararam, mas eu decorei a fic todinha. Vai dizer, tá lindo né?!?!
Votem e comentem! Próximo capítulo promete 🤭

revisão concluída ☑️💚

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