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029 - Eumoirous

"Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado."

- George Orwell, 1984

Eumoirous (Adj.) - Felicidade por ser saudável e honesto

❕Este capítulo se passa antes do dia do capítulo anterior❕

   Ele se endireitou, seus dedos cavando minha carne.

   — Eu não sei do que você está falando.

   — Você realmente quer que eu acredite que você não perdeu de propósito? — eu ri sem fôlego, sacudindo seu nariz enrugado. Suas feições suavizaram quando ele tocou o lugar que eu apertei. — Ares, seu pequeno marshmallow sorrateiro.

   Com as sobrancelhas franzidas, ele parecia perplexo.

   — Marshmallow, sério?

   — Por que você perdeu? — cutuquei seu peito, sentindo pequenas bolhas de alegria estourando em mim. — Porque você não queria que eu me sentisse mal? Ou foi porque você estava curioso?

   Ele permaneceu em silêncio, com as sobrancelhas levantadas em desafio.

   — Você estava jogando como um profissional e de repente colocou o rei na frente da minha torre.

   — Eu estava curioso — seus dedos enroscaram-se em meu cabelo enquanto ele os penteava suavemente para trás. Um grunhido de aprovação me escapou enquanto arrepios percorriam minha pele. Escondi meu rosto na curva de seu pescoço enquanto sentia seus lábios sombreando minha testa. — Eu estava curioso para ver o que você pediria.

   — E se eu pedisse para você me beijar? — curiosidade borbulhava dentro de mim enquanto eu acariciava sua mandíbula, me acalmando com o fato de que ele era real, ele estava em meus braços e... eu teria que deixá-lo em breve.

   — Especialmente isso — ele respondeu, sua mão áspera agarrando minha bunda. — Eu sempre me senti atraído por você, Blair. Só demorei um pouco para aceitar meus sentimentos por você.

   Eu congelei e ele congelou contra mim também.
   Sentimentos?

   Sentimentos e emoções ainda estavam fora de questão. Eu comecei a gostar dele, um gosto mais do que apenas mera atração. Um gosto que poderia passar pela paixão. Meu coração batia forte sempre que eu pensava nele, ou perto dele.

   Mesmo agora, minha frequência cardíaca estava irregular. Tudo que eu sentia era ele, tudo o que eu via, eu queria consumi-lo com cada parte de mim.

   Mas sentimentos?
   Fiquei com medo, apavorada. Eu temia o momento em que nós dois colocaríamos em jogo nossas cartas de sentimentos.

   Eu nunca seria capaz de expressar isso em voz alta. Ares merecia coisa melhor. Alguém que fosse tão inteligente quanto ele, tão paciente e tão bom quanto ele. Alguém que definitivamente não era eu.

   Agarrei-me a ele, como se me agarrasse desesperadamente a um raio de esperança, sem querer me lembrar que um dia Ares poderia encontrar alguém que fosse melhor que eu em todos os critérios.

   Até então, eu apenas saborearia isso. E quem sabe depois de partir eu guarde essas lembranças também. Para me saciar.

   — Eu gostaria que não tivesse demorado mais — ele murmurou, seus dedos roçando meu lóbulo da orelha, me fazendo tremer.

   Lágrimas brotaram dos meus olhos novamente, eu tentei ao máximo me conter para não chorar em seu peito.
   Acabará em breve.

   — Eu gostaria que nada disso tivesse acontecido… — murmurei em seu peito, esperando que ele não tivesse me ouvido

   Ele enrijeceu, seus braços se retraíram. De repente, fui cercada por frio, uma nevasca de frio.

   — Você se arrepende, Loren? — sua voz era tão pequena e calma. Ele tremeu enquanto falava. Ele estava ferido?

   — Não! — respondi rapidamente. — Não me arrependo e nunca me arrependerei. Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo.

   Seus músculos relaxaram quando ele deu um beijo rápido em meus lábios.

   — Você está assim? Arrependido, quero dizer — eu estava com medo de ouvir sua resposta. Meu coração disparou enquanto minha respiração soprava em sua pele.

   — Não — ele murmurou, me fazendo soltar o ar que eu não percebi que estava segurando. — Com você, nunca.

   Aquelas borboletas estúpidas voltaram, o bater de suas asas convocaram um tornado.

   Isso me fez querer regurgitar todos os segredos que eu tinha, todas as cicatrizes que escondi dele. Isso me fez querer confessar. Eu queria dizer a ele que o que eu sentia por ele era mais do que apenas luxúria. Era algo mais, algo tão assustador que eu não queria saber.

   Meu coração batia dolorosamente no peito. Fechei os olhos, desejando me acalmar e respirar.

   E se eu voltasse no futuro?

   Um suspiro me escapou

   E se eu aceitasse a oferta de Archer e voltasse para cá? Não como uma garota que enfrentava problemas, mas como uma mulher que teve sucesso e poderia ser considerada igual a Ares?

   — Vamos jogar aquele jogo de xadrez — minha voz tremeu, minha turbulência interna só aumentava.

   — Claro — saí da cama e fui até o banheiro, ainda seminua, mas não tinha intenção de usar nada a partir de agora. Eu estava esgotada.

   Pegando um lenço de papel, me limpei, joguei um pouco de água no rosto e sentei no sofá.

   Ele me seguiu logo depois, sentando-se em minha frente. Arrumei todas as peças em seus lugares, minha mente girava em torno de hipóteses e possibilidades.

   Eu sei que Archer provavelmente me ofereceu aquela sessão como uma pena, mas na verdade foi útil para mim.

   Talvez eu pudesse aceitar a oferta dele e me tornar uma versão melhor de mim mesma para Ares?

   Talvez eu pudesse me recuperar e conhecer Ares como uma mulher normal.

   — Feito? — a voz de Ares ficou repentinamente entusiasmada, diabólica. Um sorriso conspirador surgiu no canto de seus lábios enquanto ele maliciosamente descansava o rosto nas mãos.

   Ele estava pronto para um jogo, tudo bem.

   Afastei meus pensamentos, tentando me concentrar no jogo da cerveja aqui.

   — Não vá com calma como da última vez — falei de maneira arrogante enquanto ele se concentrava no tabuleiro, calculando os movimentos possíveis.

  — Confie em mim, amor, eu não vou — ele sorriu. — Primeiro a senhora.

   — Eu não sou nenhuma senhora — um bufo me escapou quando empurrei a primeira peça, ela fez um som específico no tabuleiro.

   — Interessante, mas discordo — ele moveu sua peça, colocando-a antes do meu.

   Jogamos peças de um lado para outro, eu fazendo um ou dois comentários sarcásticos de vez em quando e ele, devolvendo-os.

   — Vejo que você está se sentindo zeloso hoje, Ares — suspirei, sorrindo vitoriosamente, eliminando uma torre. — Não é difícil para a sua velha coluna enferrujada?

   Até agora, conseguimos eliminar 5 peças um do outro. Ele eliminando um dos meus e eu fazendo o mesmo depois de um tempo, indo e voltando um ao outro pela garganta, era uma antecipação emocionante, no entanto

   Uma sombra de sorriso apareceu em seus lábios, fazendo meu coração apertar um pouco.

   — Talvez você finalmente aprenda a não se apaixonar por um peão — engasguei quando perdi duas de minhas peças. Ele estava me provocando! — E zeloso como eu.

   — Isto não é justo! — eu reclamei, fazendo beicinho. — Você é um jogador muito melhor do que eu esperava.

   Um sorriso presunçoso foi sua única resposta.

   — Ensine-me sua técnica — bufei enquanto cruzei os braços. — Quero ser tão boa quanto você.

   — Você pode ser melhor que eu — ele sorriu. Na verdade, ele sorriu genuinamente. Minha respiração ficou presa na garganta enquanto eu o observava.

    Ele era a pessoa mais linda de todos os tempos, meu coração pulou uma batida enquanto eu olhava para o homem de tirar o fôlego.

   — Você é tão lindo — eu deixei escapar.

   Seu sorriso desapareceu um pouco, mas ainda permaneceu lá. Eu imediatamente me senti uma merda, cravando as unhas nas palmas das mãos.

   — Obrigado — sua voz era um pequeno sussurro, foi proferida com descrença, mas foi pronunciada mesmo assim.

   Meu coração borbulhava de alegria quando estendi a mão e agarrei as suas, apertando sua mão firmemente na minha. Foi uma emoção estranha, a felicidade se misturando com a tristeza avassaladora. Sobrepondo-se como as cores do céu ao entardecer.

   — Não, obrigada — eu respirei. — Obrigada por acreditar.

   Eu sabia que ele não acreditava, mas sabia que eventualmente começaria a acreditar. Foi apenas o primeiro passo. Acontece que eu não seria capaz de testemunhar como ele se sairia.

   — Loren.

   — Você é perfeito, Ares — eu sussurrei, trazendo nossas mãos unidas aos meus lábios e dando um pequeno beijo nas costas de sua mão.

   Ele soltou minha mão e capturou meus lábios com os dele em um beijo caloroso, o calor penetrou em minhas veias enquanto seus dedos agarravam minha mandíbula, com ternura, como se ele estivesse com medo de me quebrar em dois. Nossas línguas se entrelaçaram enquanto ele aprofundava o beijo. Meus dedos dos pés se curvaram, minha cabeça girou, o jogo há muito foi esquecido.

   Meu abdômen pressionou contra a pequena mesa enquanto ele me aproximava. Meus olhos se fecharam em êxtase enquanto as estrelas brilhavam atrás das minhas pálpebras, minhas unhas agarraram sua nuca enquanto eu chupava seus lábios inferiores em minha boca, o choque percorreu meu corpo enquanto seus dedos puxavam meu cabelo.

   Um som distante do tabuleiro de xadrez de madeira batendo no chão de mármore ecoou quando ele me ergueu e me sentou na mesa de uma maneira que eu tinha ambas as pernas em volta de seu torso. Uma respiração me escapou quando ele finalmente quebrou o beijo, meus pulmões queimando. Seu aroma de pimenta me envolveu, como um abraço caloroso.

   Meus olhos estavam vidrados quando eu o observei, seu polegar acariciando meu queixo enquanto seu nariz roçava meu rosto. Uma gota de lágrima solitária me escapou, meu coração se partiu em dois. Ele pegou a gota com os lábios, beijando-a e dando um beijo prolongado na minha bochecha.

   Seus olhos estavam fechados enquanto ele me devorava lentamente, beijando meu queixo, meus lábios, minha bochecha e depois meu pescoço. Um hálito quente me escapou enquanto eu tremia com a intensidade disso. Uma peça de xadrez cravou na minha coxa, seus lábios soletrando meu nome na minha pele.

   — Loren — ele murmurou, sua voz como chocolate derretido. — Como é que quanto mais eu tenho você, mais eu desejo você?

   Estremeci com suas palavras, a eletricidade atingindo meu interior.

   — Como é que você é tão viciante? — ele franziu a testa, lambendo minha garganta. — Como uma droga.

   Segurei seu rosto em minhas mãos, meus olhos observando-o. Seus hematomas, o pequeno corte em sua testa, seu rosto queimado, seus olhos incompatíveis que olhavam para o nada, seus lábios que estavam vermelhos de tanto beijar. O queixo pontiagudo, as maçãs do rosto salientes. Suas sobrancelhas estavam puxadas em uma carranca confusa. Seu cabelo preto com tons de cinza. A pequena ruga que sombreava o canto do olho direito.

   Ele parecia um menino perdido, tentando desesperadamente encontrar seu lugar.

   Uma risada chorosa me escapou enquanto eu traçava meu polegar em suas sobrancelhas, suavizando o vinco. Sirenes soaram em meus ouvidos enquanto eu dava um pequeno beijo em seus lábios, fazendo-o sorrir novamente.

   Aquele sorriso maldito. Seria minha ruína.

   Meu coração acelerou quando descansei minha cabeça contra ele, engolindo a secura que começou a penetrar na minha garganta

   — Eu não acho que deveríamos — vi o tom mais claro de rosa espalhado pela ponta de seu nariz enquanto ele pigarreava. — Você não poderá andar amanhã.

   Uma gota de lágrima me escapou.

   — Podemos ficar aqui? Assim?

   Ele riu, era um som tão quente. Minhas entranhas se reviraram quando o ouvi rir.

   — Podemos, mas eu preciso te dar uma coisa.

   Meus olhos se arregalaram quando ele se afastou do meu abraço e pegou seu casaco. Eu esperei, dando-lhe uma mão. Ele procurou no bolso do casaco.

   Meus olhos se fixaram em sua mão enquanto ele desenterrava uma pequena caixa

   Um suspiro me escapou enquanto eu ficava paralisada, olhando para a caixa preta.

   — Não surte — ele soltou um sorriso. — Isso não é o que você pensa. Sabe, outro dia você usou um colar no clube.

   Meus olhos se arregalaram quando me lembrei da única joia que possuía.

   — Bem, eu meio que senti o metal enferrujado quando estávamos dançando. Ele estava prestes a quebrar ao meio.

   Meu corpo corou de vergonha. Era verdade, o colar era velho e enferrujado, mas era o único enfeite que eu tinha.

   — Então, pensei que deveria presentear você com algo — ele deu um passo perto de mim, abrindo a caixa.

   Outro suspiro me deixou quando meus olhos pousaram na delicada joia aninhada com segurança no veludo. Estendi a mão, tirando a peça com meus dedos trêmulos. Um soluço ameaçou me romper quando olhei para o pingente.

   — Eu pedi uma borboleta azul — ele disse asperamente. — Não tenho ideia se eles me deram a cor certa, mas o formato parecia bom.

   — P-Por que azul? — minha voz tremeu quando passei meus dedos na pequena borboleta azul.

   — Você disse que seus olhos são azuis — ele me entregou a caixa, achei que seria um bom contraste com seus olhos. Embora mal se lembre de como é o azul.

   — É como o céu — uma gota de lágrima caiu na pedra brilhante, brilhando sob a luz suave. — Você... não precisava.

   Sua carranca se aprofundou quando ele deu mais um passo à frente, roçando o polegar em minha bochecha molhada.

   — Por que você está chorando, Blair? Você não gostou? Eles me deram o colar errado? Deixe-me ligar—

   — Não — eu solucei, era como se alguém tivesse arrancado meu coração e o rasgado ao meio. — Não, eu adorei, seu homem estúpido! Como posso não fazer isso?

   — Homem estúpido? Há um tempo atrás você estava cantando uma música totalmente diferente.

   — Cale-se! — eu chorei. — E-eu não sei o que fazer, não tenho ideia do que deveria ser feito.

   — Loren — ele colocou o polegar sob meu queixo e deu um selinho em meus lábios. — Calma.

   Respirei fundo, o pingente pesou na palma da minha mão.

   — Dê-me isso, vou colocá-lo para você.

   Eu fiz uma careta.

   — Mas você não pode—

   — Você ficaria surpresa com as coisas que posso fazer — ele disse asperamente, sorrindo presunçosomente estendendo a palma da mão. — O colar.

   Eu dei a ele, sem saber o que ele faria. Ele sentiu isso com os dedos algumas vezes, entendendo a fechadura.

   — Vire-se.

   Eu me virei, escovando meu cabelo, expondo meu pescoço para ele. As pontas dos dedos dele roçaram meu pescoço, fazendo meu coração disparar. O metal frio estava pendurado em meu pescoço e ele o prendeu no lugar.

   — Como você fez isso? — exclamei em estado de choque. — Levo pelo menos 1 minuto. Você até colocou no lugar mais perfeito.

   — Eu tenho uma boa memória — ele respirou em meu ouvido, aquecendo a ponta da minha orelha. — E eu memorizei você.

   Respirei fundo enquanto seus dedos desciam pelo meu pescoço nu, até meu ombro exposto. Seu hálito quente espalhava a pele nua das minhas costas, fazendo arrepios surgirem em minha pele.

   — Seu cheiro, a sensação da sua pele, seu gosto, sua voz, sua aura — ele sussurrou, como se me contasse o mais obscuro de seus segredos. — Eu conheço cada pedacinho de você, Loren.

   Sua mão acariciou minha nuca, inconscientemente, me acalmando.

   Sua palma explora a curva das minhas costas, roçando a tatuagem no meu torso. Seus toques eram ágeis, como se buscassem segurança.

   — Devíamos dormir, Blair — ele sussurrou, dando um beijo em meu queixo, me pegando em seus braços e me embalando. — Tenho algo importante para fazer amanhã. Se continuarmos assim, vamos acabar trepando por horas. Não vou conseguir parar.

   Eu sorri contra seus lábios, lágrimas silenciosas escorrendo pelos meus olhos

   Eu precisava fazer o que seria certo. O certo seria ligar para Archer e avisar que faria terapia.

   Trabalhar com meus demônios seria o mínimo que eu poderia fazer por mim mesma. Para me tornar essa pessoa que Ares me fez acreditar que eu era.

   Agarrei o pingente em meus dedos, o metal frio pesou contra minha pele.

   — Tem certeza de que temos vantagem hoje? — perguntei ao meu advogado enquanto o zumbido do ar condicionado ecoava em meus ouvidos. — Você encontrou as evidências daquele caminhão?

   — Sim, senhor — disse meu advogado, Sr. Smith. — Aqui está o jornal, senhor, afirma que quando o caminhão saiu da garagem, eram 18h46 e o acidente ocorreu às 19h05. O proprietário do caminhão, John Miller, também não foi encontrado em lugar nenhum.

   — Eu já sei disso — gritei quando meus dedos tocaram as linhas pontilhadas. — Diga-me algo que seja útil. John Miller é notícia velha.

   — E se eu lhe dissesse que John Miller teve uma ajuda? — meus dedos congelaram.

   — Há duas pessoas?

   — Não podemos definir isso, senhor, ainda. Pode haver mais de dois. Ou John Miller foi simplesmente um peão de algum grande esquema. Algo definitivamente não está certo aqui.

   — Quem é a segunda pessoa?

   — Não temos ideia, senhor, por enquanto tudo o que temos é—

   — Outro acidente do mesmo tipo ocorreu há três dias.

   — Sim, senhor.

   Minha mandíbula cerrou, meus dedos apertaram o pedaço de papel.

   — Senhor, tudo o que encontramos sobre o paciente sobre o qual você perguntou, no hospital St. Nicolas.

   — Ele se chamava Thomas? Tommy?

   Caramba.
   Por que não fiz a conexão antes?

   — Thomas Campbell, senhor, você perguntou a ele — meu advogado murmurou. — Sua morte foi um acidente com alguma falha no motor. Um caminhão do mesmo estilo causou o acidente de Thomas Campbell, mas parece que John Miller não teve nenhuma ligação com isso.

   Minha mandíbula se apertou quando respirei fundo, lembranças inundando minha cabeça.

   — Terceira pessoa? Estamos perdidos aqui, Sr. Smith, não tenho ideia do que está acontecendo.

   — Deixe-me resumir isso para você, senhor — meu advogado murmurou. — Um acidente ocorreu três dias atrás antes de sua vítima, Thomas Campbell, ser internado no hospital St. Nicolas. Nossa investigação revela que o caminhão que causou o acidente de Thomas Campbell era a mesma marca de caminhão que causou o acidente seu e de sua família. Acontece que quem dirigia o caminhão não era John Miller. Era um piloto normal e parecia que perdeu o equilíbrio. O motorista morreu, mas seu cadáver desapareceu cinco dias depois do necrotério. O caso foi encerrado depois de um ano. Ambos os acidentes foram assustadoramente iguais, problemas de freio e perda de equilíbrio. O mesmo lugar. Tempos diferentes. Três dias depois, ocorre o acidente, tirando a vida de seu irmão mais velho, Sergio Liam Estevan, de seu pai, Emmanuel Estevan e de você, vivendo na menor das hipóteses.

   O papel amassou sob meu punho enquanto eu tentava não pensar naquela noite.

   Meu irmão, meu pai. Tive que enterrá-los com minhas próprias mãos. O fogo que eu pensei que tinha morrido, queima com vingança enquanto sinto a raiva escorrendo em meu sangue

   — Como estamos? — eu gritei, a pergunta dirigida ao motorista.

   — Estamos quase lá, senhor.

   — Há um quebra-cabeça faltando aqui, Smith — eu suspirei, frustrado, irritado. — Sinto que conheço esta peça, mas não tenho ideia de onde colocá-la.

   — Chegamos, senhor — veio do motorista.

   — Você quer continuar pensando sobre esta peça, senhor? — meu advogado questionou, com voz melancólica. — E se esta peça não existir em primeiro lugar?

   — Acho que quero continuar pensando sobre isso — minha mente voltou-se para Loren, um sorriso apareceu em meus lábios. — Uma pessoa inteligente uma vez me disse que sou um jogador melhor do que eles pensavam.

   Entramos na sala do tribunal, nosso caso é contra a empresa de John Miller. A alegação deles até agora era unilateral, pois John Miller estava desaparecido após o acidente com o caminhão. Coletamos evidências suficientes para provar que o motorista do caminhão era ele.

   — Por favor, sente-se — anunciou o juiz enquanto eu me sentava, minha mão apertando minha bengala.

   — Milorde, o caso do Sr. Estevan até agora mostra que o caminhão era da nossa empresa. Nossa empresa lida com transportes, se alguém foi ferido por um de nossos automóveis, a culpa foi do motorista!

   — Exatamente — a voz do meu advogado zumbiu pela sala. — Meritíssimo, por favor, dê uma olhada nesses documentos. Essas evidências apontam para um homem que estava dirigindo o caminhão, com aproximadamente 1,70 metro de altura. O que, ah, por coincidência, acontece com ser a altura de John Miller.

   — John Miller nunca mais foi encontrado depois daquele dia! Ele está desaparecido desde então — o advogado da oposição rebateu. — Já apresentamos documentos suficientes para provar que o Sr. Miller sempre esteve desaparecido. Era um caso para o governo e acredito foi fechado perfeitamente!

   — Nossas evidências sugerem o contrário.

   — Pode ser qualquer um! O relatório sugere que o motorista que deveria estar dirigindo o carro disse que estava doente e por isso o caminhão não deveria sair da garagem. Ele saiu mesmo assim.

   — John Miller também. Ele tinha um histórico de lavagem de dinheiro com a corporação Estevan quando o Sr. Emmanuel Estevan estava vivo. Ele também tem um histórico de tentativas de enganar o CEO — a voz de meu advogado aumentou.

   — Isso simplesmente não é motivo suficiente para planejar a morte de alguém! Ele é inocente, a menos que se prove o contrário

   — Ele também é culpado, a menos que se prove o contrário, e se ele for culpado, a Miller Transportation deverá pagar por isso.

   — Ordem! Ordem! — a voz calma do juiz ecoou pela sala do tribunal. — Não podemos presumir isso com base em algumas poucas evidências que encontramos, no entanto, também não podemos negar a possibilidade do envolvimento de John Miller nas mortes de Emmanuel e Liam Estevan, levando em conta de seu histórico de lavagem de dinheiro, portanto, este tribunal será adiado até que evidências suficientes sejam encontradas. Enquanto isso, a corporação Miller será mantida sob forte escrutínio para evitar a ocorrência de qualquer acidente ou atividades suspeitas.

   Levantei-me junto com todos os outros, apoiando as mãos na cabeça da minha bengala.

   Ouvi passos ao meu redor, pessoas saindo da quadra

   — Eu tentei o meu melhor, senhor—

   — Você se saiu bem — minha mandíbula se apertou quando ouvi passos familiares se aproximando de mim. Eu levantei meu queixo em reconhecimento. — Meritíssimo.

   — Pare com isso, Estevan — murmurou o juiz, meu amigo de longa data. — Acho que você realmente deveria investigar esse outro caso que é bem parecido com o seu.

   Levantei uma sobrancelha, permanecendo em silêncio por um momento.

   — Por acaso você está falando sobre o caso de Thomas Campbell?

   — Como você sabia?

   Um músculo em meu rosto se contraiu.

   — Vamos manter isso em segredo entre nós, Kardashev, mas tenho a sensação de que esses dois casos estão conectados. Só não tenho ideia de como.

   Um suspiro escapou dele.

   — Uma garota está lutando neste caso sozinha.

   Meus punhos se apertaram. Era Loren contra o mundo e eu não queria nada mais do que apenas escondê-la disso. O próprio mundo que a destruiu a ponto de sofrer traumas físicos e mentais. Eu queria rasgar aqueles bastardos ao meio e dar aos lobos.

   — E quem é a oposição dela?

   — Alexander.

   Meus olhos se arregalaram, meus ouvidos começaram a zumbir enquanto eu sentia minha sanidade lentamente se esvaindo.

   — O quê? — eu cuspi. — Sr. Smith, por que você omitiu essa informação ao narrar o caso Thomas Campbell?

   — Eu pensei que era irrelevante—

   — Como você pode pensar isso, droga! Eu pago para você me contar todas as informações e isso inclui essa informação. Loren Campbell é minha enfermeira. Loren Campbell trabalha comigo.

   — Oh, uau — o juiz murmurou. — Isso é muito estranho. Você já sabia sobre ela antes?

   Soltei um suspiro.

   — Sim. Só levei algum tempo para lembrar.

   — Senhor?

   — Vamos — murmurei, sentindo uma dor de cabeça incômoda rastejando em minha têmpora. — Temos informações suficientes para nos levar às evidências.

   Entrei no carro, minha mente girando em torno de tudo. Alexander, foi o cara com quem Britney ficou e até onde eu sei, eles também se casaram. Alexander era a oposição de Loren.

   — Senhor, você nunca me disse que conhecia Loren Campbell?

   — Eu nunca a conheci exatamente — eu disse. — Ouvi falar dela antes de conhecê-la.

   — Senhor?

   — Deixe-me pensar, Sr. Smith — descansei minha cabeça no encosto de cabeça macio enquanto as memórias me inundavam como uma onda do mar.

   Lembro-me de acordar exausto, dolorido, com medo e sem visão. Metade do meu rosto estava envolta em uma bandagem pesada. Eu ainda podia ver, como um borrão de cor.

   — Irmão, você vai ficar aqui? — Archer era jovem, bem mais baixo que eu. Sua voz estava apenas começando a falhar, uma indicação de sua puberdade iminente. — Terei que avisar aos médicos que você acordou.

   Respirei pesadamente, estava conectado a uma solução salina. Eu não gostava de ficar confinado à cama.

   — Blair — a voz rouca de alguém murmurou ao meu lado. — Minha Blair.

   Inclinei minha cabeça. Certo, eu estava no hospital, prestes a perder a visão. O paciente ao meu lado havia falado. Suas palavras eram uma bagunça confusa.

   — Olá? Você está... consciente, senhor?

   — Estou bem — ele parecia tudo menos bem. Sua voz estava rouca de dor. — Diga a eles para me libertarem, sim? Eu tenho uma filha, ela está sozinha. Ela provavelmente está me procurando.

   — Há quanto tempo você está aqui, senhor?

   — Eu… não sei. Blair me leve até Blair…

   Então o nome da filha dele era Blair?

  — Vou pedir a eles, senhor, por favor, acalme-se — eu mesmo estava com dor. Archer só havia dado a notícia do falecimento de Liam. Ambos haviam sido transferidos para o necrotério e eu teria que assinar alguns papéis para concluir o procedimento. Uma agonia entorpecida pesava sobre mim, eu apenas sentia o vazio em meu peito ficando cada vez maior. Eu estava meio que esperando acordar do pesadelo e descobrir que estava tudo bem.

   Eu permaneci em silêncio

   — E-eu acho que não tenho muito tempo. Você pode, por favor, dizer a Blair que eu a amo? Lamento não poder estar com ela. Eu também não pude comprar aqueles sapatos que ela queria. Tenho um pequeno seguro, ela pode chegar ao ensino médio com isso.

   Suas palavras ficaram mais roucas quando ouvi bipes ficando cada vez mais altos. O cheiro de desinfetante tornou-se mais violento à medida que invadia meus sentidos. - Blair é uma garota forte, por favor, diga a ela que acredito nela.

   Fechei os ouvidos, parecia que meus tímpanos iriam estourar com o bipe da máquina. Tudo era apenas uma entropia confusa e borrada. Meu coração batia forte enquanto o suor se formava na minha testa

   — Minha garotinha esperta — ele murmurou enquanto ofegava em seus últimos suspiros. — A-ajude-a, p-por favor.

   Voltei a mim de repente quando uma única gota de lágrima me escapou.

   O pai de Loren deu seu último suspiro ao meu lado. Ele havia pronunciado suas últimas palavras para mim.

   Loren era aquela Blair e ele me pediu para ajudá-la.

   Meus punhos cerraram a ponta da minha bengala, a madeira se partindo em duas com a pressão.

   Se ao menos eu tivesse me lembrado dela.
   Se eu não tivesse esquecido de Blair.
   Se ao menos eu a tivesse encontrado há 13 anos.

   A culpa e o arrependimento corroeram dentro de mim quando me inclinei contra a janela, a máscara nunca pareceu tão pesada.

   Eu teria que transmitir as palavras do pai dela, a questão era: como?

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