
𝐀𝐥𝐞𝐣𝐚𝐧𝐝𝐫𝐨 𝐁𝐚𝐥𝐝𝐞 🇪🇸
Estava sentada no chão da sala, no meio das peças de madeira e parafusos, com um manual de instruções aberto à minha frente. Balde estava ao meu lado, segurando uma tábua com um ar de quem tinha tudo sob controlo — mesmo depois de já ter montado e desmontado a peça pelo menos três vezes.
— Confia, amor. — Disse ele, ajustando uma peça. — Isto encaixa aqui e... pronto, feito!
No segundo seguinte, um estrondo. A peça caiu.
Olhei para ele, impassível.
— Feito, sim. És mesmo um génio.
Alejandro riu, passando a mão pela nuca.
— Pequeno erro de cálculo.
Revirei os olhos. Já estávamos naquilo há mais de duas horas.
— Preciso de uma pausa. — Anunciei, caminhando até à cozinha, conhecida também como a minha melhor amiga durante este período de gravidez. — Vê se montas isso antes da nossa bebé nascer. — Brinquei.
Fui até à cozinha para pegar algo para comer. As minhas calças de pijama de Natal, o top preto e o coque desalinhado que tinha no cabelo davam todo um toque de relaxamento àquele dia. Tentei alcançar o pacote de bolachas que estava na prateleira de cima, sem sucesso. Desde que estava grávida, tudo se tornava mais complicado, até o simples ato de pegar num pacote.
Mas não demorou até ouvir leves risos soarem atrás de mim.
— Precisas de ajuda, mi amor? — Perguntou ele, encostado ao batente que separava a cozinha da sala, um sorriso no rosto a denunciar que já sabia qual seria a minha resposta.
Revirei os olhos, sem paciência para as brincadeirinhas dele.
— Não, consigo sozinha.
Mas, não satisfeito, e ainda com um sorriso, aproximou-se, pegando facilmente no pacote e mantendo-o no alto, completamente fora do meu alcance.
— Tudo bem, se consegues sozinha, vou só ficar com isto...
— Alejandro! — Exclamei, cruzando os braços e lançando-lhe um olhar nada satisfeito.
— Diz, mi amor?
Suspirei, revirando os olhos mais uma vez. Só queria comer em paz.
— Dá-me as bolachas, a nossa filha está com fome.
— Hm... não sei... o que ganho em troca?
— O prazer de continuar vivo e de não teres uma namorada mal-humorada?
Ele gargalhou, mas, em vez de me entregar o pacote, abaixou-se subitamente, ficando sobre um joelho.
— Proponho um acordo: casas comigo e as bolachas são todas tuas.
Pisquei algumas vezes, sem acreditar no que ele tinha acabado de dizer. Depois, soltei uma gargalhada.
— Que piada, Ale. Agora dá-me as bolachas.
— Não é uma piada, Alana. — Sorriu. — Casa comigo.
Gargalhei novamente, achando que ele estava apenas a brincar.
— Oh, claro, Alejandro! Deixa-me só ir ali rapidinho colocar o meu vestido de noiva e bora para o altar!
Mas o meu riso morreu na garganta quando o vi pousar o pacote de bolachas e retirar uma pequena caixinha de veludo do bolso da camisola. Assim que a abriu, o anel de noivado foi revelado.
— Não estou a brincar, Alana. Casa comigo.
Os meus olhos arregalaram-se ainda mais ao perceber que aquilo estava mesmo a acontecer.
— Espera... o quê?
Pisquei algumas vezes, esperando que ele começasse a rir e dissesse que era tudo uma brincadeira. Mas ele não disse nada. Não fez nada. Só me olhava com aqueles olhos castanhos brilhantes e cheios de amor, como sempre olhava.
— Estás... estás mesmo a falar a sério? — Perguntei, sentindo o coração disparar.
— Claro que estou! Quero casar contigo, quero mesmo. — Disse, com um sorriso terno. — Quero passar o resto da minha vida contigo, contigo e com a nossa pequena princesa. — Levantou-se, pegando numa das minhas mãos. — Não estava a planear fazer isto agora, mas, vendo bem... este é o momento mais *nós* que poderia existir.
Eu continuava ali, parada, sem reação, as lágrimas a começarem a formar-se na linha d'água dos meus olhos.
— Tu... tu estás mesmo a pedir-me em casamento ao mesmo tempo que me chantageias com comida?
— Claro. — Disse ele, rindo. — Conheço a mulher com quem quero casar. Sei onde atacar.
— Alejandro...
— Só tens de dizer sim, Alana. Só isso.
Ri baixinho, sentindo as lágrimas caírem dos meus olhos.
— Sim, Alejandro! Claro que sim! Mil vezes, sim!
Balde sorriu largamente, deslizando o anel delicado pelo meu dedo trémulo antes de me puxar para um beijo apaixonado.
— Agora é oficial. — Murmurou contra os meus lábios.
— Fui pedida em casamento na cozinha, de pijama, ao mesmo tempo que estou a ser chantageada com comida. — Brinquei, a voz um pouco trémula com toda a emoção.
— Tens de admitir que foi perfeito, e todos saímos a ganhar. — Pegou no pacote das bolachas, finalmente entregando-mo.
— És impossível, Alejandro.
— Mas, pelo menos, sou o amor da tua vida. — Sorriu, puxando-me para um abraço.
FIM ♡
1. Proponho eu também um acordo: 40 votos e eu trago o casamento 🤗
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