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·˚ ༘₊·꒰ 𝟎𝟎 𝐏rologue ─── 𝐓he 𝐑ed 𝐑oom's 𝐃ark 𝐏rodigy

𝐈carus 𝐅alls ─── 𝐏rológo
↳ ❝ [ O Prodígio sombrio da Sala Vermelha ] ¡! ❞

2.363 palavras ↳ vote e comente ¡! ❞

O ECO DAS SAPATILHAS contra o assoalho polido do piso ecoava como uma batida marcada pelo som ritmado de um metrônomo. O salão do balé da Sala Vermelha era um palco de disciplina e rigor, onde a elegância e a brutalidade sutil do controle andavam de mãos dadas.

As paredes eram ornadas por espelhos altos e frios, e refletiam um exército de pequenas silhuetas de bailarinas que se moviam em perfeita sincronia, moldadas pela graciosidade e pela necessidade de perfeição.

À frente delas estava a instrutora de balé, Madame Volkova, uma mulher que a presença exalava tanto autoridade quanto uma sombra perpétua. E ela caminhava entre as filas de meninas com uma vara fina de madeira em mãos.

Seu olhar cortante percorria cada gesto, cada deslize, pronta para corrigir com severidade se fosse necessário. Ela estava vestida em preto e com um coque tão apertado que parecia esticar sua pele pálida. Madame Volkova era a personificação de uma era que não admitia falhas. Assim como a Sala Vermelha.

Entre as pequenas bailarinas, destacava-se Athena, que com sete anos de idade era a mais jovem da companhia e paradoxalmente, a mais imperturbável.

Seus cabelos negros como a obsidiana estavam perfeitamente presos e seus olhos azul-acinzentados emanavam uma intensidade que não condizia com seus poucos anos de vida.

Cada pirueta, cada grand jeté, era executado com uma precisão quase etérea e leveza, como se ela fosse feita de vento.

Madame Volkova parou ao lado de Athena, observando-a com um cenho franzido que indicava uma busca por defeitos inexistentes.

Plié, relevé, e sauté... — ela comandou, a voz cortante mas ao mesmo tempo ritmada.

Athena obedeceu sem hesitação, cada movimento fluindo como um rio sob o manto da meia-luz. Havia uma precisão inquietante em seus gestos, uma dança que mais parecia uma coreografia de guerra disfarçada em arte.

O balé na Sala Vermelha não era apenas um treino para a estética; era uma ferramenta cruel de disciplina, projetada para a flexibilidade e resiliência em cada uma das meninas.

No teatro de Moscou, onde ocasionalmente se apresentavam sob o disfarce de uma companhia renomeada, as Viúvas Negras dançavam para um público ignorante, alheio à verdade obscura que pairava nos bastidores da companhia.

Cada ato e cada arabesque perfeito, ocultava um treinamento subjacente de brutalidade e premeditação. A leveza com que dançavam não era um dom natural, mas sim uma exigência da Sala Vermelha, uma pré-condição para sobreviver naquele ambiente.

A menor delas, Athena Petrova, como sempre, executava cada comando com uma eficiência que desarmava. Cada passada e rotação eram uma reafirmação que ela era apta não apenas de sobreviver, mas também de se sobressair.

O ar denso oscilava levemente quando a porta de madeira pesada rangeu e a figura esculpida de Irina Antonov adentrou o recinto. Seus passos ressoavam em um compasso, cada batida ecoando como um prelúdio da tempestade que a mulher sempre trazia consigo.

As bailarinas congelaram por um momento, suas espinhas enrijecendo como se tivessem sentido uma corrente elétrica passar por elas. Madame Volkova, no entanto, prosseguiu naturalmente.

Arabesque, relevé, plié... — As ordens eram pronunciadas com precisão, cada palavra uma nota na sinfonia disciplinada das jovens figuras que dançavam.

O olhar de Irina pousou sobre Athena com uma intensidade voraz. Esperava, ansiava e implorava mentalmente para que aquela menina cometesse um deslize, por menor que fosse. Um desequilíbrio na pirueta, uma falha na postura, qualquer coisa que justificasse seu desejo ardente de retaliação.

Mas Athena não errava.

Irina sentiu a chama corrosiva da inveja e do ódio se inflamar em seu peito, devorando-a por dentro. Ela sabia que não poderia agir diretamente, mas sua mente era uma teia de intrigas.

Aproximou-se da madame Volkova, inclinando-se o suficiente para que suas palavras fossem ouvidas apenas pela instrutora. Com um sorriso traiçoeiro, sussurrou algo que fez os olhos da professora se estreitarem em algo que pareceu desconforto.

Madame Volkova, presa à hierarquia da Sala Vermelha e consciente de que Irina Antonov era uma superior a ela, assentiu relutante. 

— Athena, glissade. Mais uma vez.

A menina obedeceu, o corpo movendo-se com a docilidade de uma boneca e a graça de um cisne. Mas antes que pudesse completar o movimento, a voz de Madame soou como um açoite.

— Inaceitável, menina! A linha do braço está baixa. Trinta minutos na posição de castigo.

Athena não protestou e mesmo sendo injusto, sem hesitação ela posicionou-se de joelhos com os braços estendidos na postura punitiva que queimava os músculos intensamente.

Irina assistiu com um brilho sinistro no olhar, uma satisfação fugaz em meio ao ressentimento profundo que nutria por Athena.

Houve um tempo em que Irina Antonov não passava de uma sombra esquecida entre as Viúvas Negras, uma figura sem nome e sem rosto nas entranhas da Sala Vermelha. Seu valor era medido apenas pela sua destreza nos combates e pela eficiência impiedosa com que cumpria missões.

Mas Irina sabia que o anonimato não a protegeria, na verdade só a condenaria ao esquecimento e a mais dor. Então, a arte da sedução tornou-se sua arma mais afiada.

Com gestos calculados e palavras sussurradas como veneno doce, ela enredou Dreykov em seus encantos. Gradualmente, ela conquistou a confiança do arquiteto cruel da Sala Vermelha, que a elevou de uma peça descartável a sua amante, uma posição tão frágil quanto poderosa.

Foi nesse limiar de poder e submissão que Irina descobriu estar grávida, um golpe do destino que a alcançou poucas semanas antes do frio da esterilização lhe roubar qualquer vestígio de maternidade.

Naquele pouco tempo, o segredo de seu ventre tornou-se uma dádiva amaldiçoada, protegida apenas pelo orgulho e pela vaidade de Dreykov que em sua ilusão despótica, acreditou erroneamente que a criança era dele, um eco de sua linhagem.

Assim, pela primeira e única vez, as rígidas regras da Sala Vermelha se curvaram à caprichosa exceção e Irina carregou até o fim a semente de um futuro que nunca desejou.

Agora, a mulher de cabelos castanhos e uma presença que resplandecia autoridade, estava na casa dos vinte e cinco anos e suas ordens eram cruéis e sem espaço para hesitação, e suas correções eram uma aemaça cruel de disciplina.

Ela forjava as meninas com a mesma mão que um dia a moldou e entre elas estava a filha pela qual não nutria afeto, mas cuja existência era o lembrete vivo de sua ascensão e de sua queda.

O nome da criança que a Sala Vermelha escolhera foi Athena Petrova, um tributo à divindade e à guerra, refletindo a dualidade que ela carregava.

Desde seus primeiros dias, a menina não espelhava a mãe. Athena tinha cabelos negros como a vastidão da noite e olhos de um azul límpido e inquietante, onde residia uma percepção que desafiava a infância.

Aos sete anos, Athena já revelava uma inteligência que beirava o sobrenatural. Ela observava cada movimento no salão de treinamento com uma acuidade incomum, seus olhos captando nuances despercebidas até pelos instrutores.

Certa vez, quando uma veterana executava uma sequência de combate, Athena apontava com uma precisão cirúrgica uma falha de dois graus no movimento, algo que teria escapado até aos olhos dos instrutores mais atentos.

Suas palavras, proferidas com uma voz sem inflexão, desarmavam até os mais rigorosos instrutores: "Se girasse o punho mais dois graus, a adversária cairia sob seu próprio peso."

Quando dançava, Athena era uma visão etérea, seus movimentos de balé tão eram precisos e elegantes que as outras meninas, por comparação, pareciam sombras desordenadas. E sua força física era quase mitológica para uma criança tão pequena, era motivo de sussurros e espanto.

Irina a via com uma mistura de desprezo e temor que oscilava como uma chama vacilante. Se a perfeição de Athena era admirada por outros, para Irina, ela era um espelho que refletia sua própria incapacidade de controlar a cria que desafiava sua compreensão.

A mãe se apegava às imperfeições como náufrago se agarra a destroços, buscando no erro a justificativa para a punição que, em sua mente, era tanto uma correção quanto um exercício de poder e assim Irina nutria uma obsessão perturbadora por aquela filha que era considerada o maior trunfo de Dreykov.

Athena Petrova, o prodígio sombrio da Sala Vermelha, sabia de maneira íntima e silenciosa, que Irina Antonov era sua mãe biológica. Porém, essa informação não carregava o peso de uma revelação significativa, tampouco ressoava qualquer tipo de afeto ou reconhecimento.

Irina não era nada além de outra figura distante e impessoal - madame Antonov, como para todas as outras meninas.

O fato de ter sido ela quem a gerara parecia irrelevante, como um capricho do destino que não havia moldado a relação entre as duas. A palavra "mãe" não se aplicava àquela mulher fria e calculista que corria a Sala Vermelha com uma frieza mecanizada. A maternidade de Irina era um fardo inútil que Athena carregava sem ao menos se dar ao trabalho de atribuir-lhe qualquer valor.

Dreykov, por sua parte, não via as coisas sob a mesma ótica. No fundo, ele agradecia em silêncio por ter mantido a gravidez de Irina, um capricho que ele acreditava ser um sinal de sorte. Ele acreditava que a criança que surgiria daquele ventre seria um reflexo direto de sua própria linhagem, um legado seu, mais perfeito, mais potente que qualquer outra Viúva Negra antes dela.

Athena, com sua inteligência e uma força física além da compreensão de qualquer um, se mostrava uma verdadeira obra-prima em formação. Dreykov observava com um prazer distorcido, como se Athena fosse sua mais recente aquisição valiosa.

Os rumores sobre Athena ser filha de Dreykov, sua "herdeira", começaram a se espalhar pela Sala Vermelha. Os sussurros tornaram-se quase um zunido constante nas paredes escuras e silenciosas. Mas Dreykov nunca desmentiu, tampouco confirmou.

Seu silêncio se tornava mais pesado a cada dia, uma névoa de incertezas que alimentava ainda mais as especulações.

Dreykov deixava que todos conjecturassem, pois sabia que, enquanto houvesse uma sombra de mistério, as meninas se tornariam mais diligentes, mais obsequiosas, e a reverência por Athena se transformaria numa força incontrolável que ele sabia manipular com maestria.

Após os longos trinta minutos na posição de castigo, a Madame Volkova finalmente permitiu que Athena se levantasse. A garota se colocou de pé, focada em não deixar seu rosto trai-la e mostrar alguma expressão de dor ou desconforto, embora os músculos de seus braços e pernas ardessem intensamente.

Madame Volkova cruzou os braços e lançou um olhar cortante para todas as garotas no salão.

— Aula encerrada. Todas, saiam em fila para o vestiário.

As bailarinas, ainda com o coração acelerado pela disciplina imposta, alinharam-se rapidamente, todas elas respeitando seus lugares na fila. Elas seguira sem olhar para os lados pois eram cientes e constantemente lembradas de que a menor distração poderia render-lhes castigos ou punições adicionais.

Assim que chegaram ao vestiário, as meninas seguiram diretamente para os lavatórios. Não havia muita liberdade ou tempo, então todas cumpriam suas rotinas de higiene com uma precisão militar. Athena foi a última a entrar no chuveiro frio. As outras já se dispersavam, ocupadas com a troca de roupas em meio ao som de pequenas conversas abafadas.

Quando a água fria caiu sobre ela, Athena finalmente sentiu o alívio que o corpo inteiro ansiava. O coque que prendia seus cabelos era tão apertado que parecia parte de sua própria pele, foi desfeito em um gesto rápido. Os cabelos escuros desceram até os ombros, e ela passou os dedos entre as mechas, sentindo-se momentaneamente livre da rigidez que a confinava durante os treinos. O frescor da água gelada era quase um choque, mas um choque bem-vindo.

Depois de alguns minutos, terminou o banho. Envolveu-se na toalha e secou o rosto, os movimentos ainda disciplinados e controlados. Como de costume, ninguém veio falar com ela, as outras sabiam que de algum modo, ela era diferente, mas não entendiam o porquê e era esse desconhecimento que as inquietava

Depois do banho, Athena e as outras meninas seguiram em silêncio pelos corredores frios e mal-iluminados até o dormitório. O espaço era organizado de forma impessoal, com camas de metal dispostas lado a lado.

Athena dividia o quarto com outras três garotas, todas pelo menos quatro anos mais velhas que ela. Antes de se deitarem, cada uma delas era algemada aos lados da cama por agentes, em um ritual sombrio de segurança.

As algemas eram frias e apertadas, o clique metálico ressoava no dormitório enquanto os agentes travavam cada uma das meninas em seu lugar. Evitar fugas. Evitar brigas. Evitar qualquer tipo de insubordinação que poderia florescer nas horas de escuridão.

Quando o último clique ecoou e a luz foi apagada, a sala mergulhou em uma penumbra pesada e sufocante. Naquele silêncio, Athena finalmente permitiu que sua respiração desacelerasse, mas ainda mantinha a aparência firme, sem fraquejar diante das outras.

Foi só quando percebeu que todas pareciam já ter adormecido que ela se permitiu relaxar de verdade. No escuro, com os braços presos à cama e o corpo exausto, ela suspirou profundamente, como se estivesse liberando todo o peso que carregara durante o dia.

Finalmente sozinha com seus pensamentos, Athena sentiu algo que escondia a cada segundo de sua existência - uma sensação que jamais admitiria em plena luz do dia. Algo como... Medo?

Por mais que treinasse para ser perfeita, para ignorar a dor e para não sentir nada, havia um medo que vibrava em seu peito. Medo do que poderia acontecer se cometesse um deslize. Medo da frieza das pessoas ao seu redor, medo de que um dia pudesse falhar.

Sozinha, vulnerável, com as mãos presas e incapaz de fugir de si mesma, Athena sentiu as lágrimas ameaçarem brotar, mas forçou-se a segurá-las. Não era permitido chorar, nem mesmo ali, onde ninguém veria.

Ela respirou fundo, concentrando-se no ritmo da própria respiração, tentando afastar o medo, o cansaço, o desejo por um alívio que sabia que jamais viria. Athena fechou os olhos, encolhendo um pouco do corpo, antes de adormecer, sabendo que amanhã seria outro dia como esse na Sala Vermelha, e o dia depois de amanhã também, e o próximo e o próximo também.

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