🕷07 | o galpão dos segredos e revelações
- Jessamine! - Peter a chamou no meio do corredor vazio da escola, correndo, seus colegas, outros estudantes, estavam em aula enquanto os dois não conseguiam prestar atenção nas matérias, pois suas cabeças ainda estavam na briga de mais cedo.
- Sim? - se virou para ele, percebendo que ambos estavam bem próximos um do outro. A garota arregalou os olhos ligeiramente, logo disfarçando. Quando Peter ia responder uma voz de trás dele foi se ouvida, fazendo ambos encararem a dona da voz que havia atraído a atenção deles. Era Mary Jane Watson. Jessamine respirou fundo, a encarando. - O que você quer?
- Pedir perdão para você, Jess. - diz a ruiva se aproximando da mesma com um sorriso fraco exposto em seu rosto.
A Lewis riu sem humor. - Não, eu não vou te perdoar e nem vou mais ser sua amiga Mary Jane. - diz a garota trocando um olhar rápido com Peter. - Você fez a pior coisa que uma pessoa poderia fazer com uma amiga, trocar uma amizade de anos por um garoto, um o qual só se importa com ele e com mais ninguém. - respirou fundo, tentando não chorar na frente dos dois.
-Eu... Eu o amo, Jessamine, e acho que você não me entenderia. - diz a Watson.
Peter negou com a cabeça, soltando um barulho pela boca e se aproximando da Lewis. - Deus! Você é mais falsa que as bolsas "de luxo" que se vendem nas ruas, Mary Jane. - disse ele, irônico.
- E eu era sua amiga, mas acho que você não entenderia ou se importaria, certo? - disse com ironia, saindo dali rapidamente. Ela queria chorar e que aquele dia acabasse logo. - Peter Benjamin Parker não ouse chegar perto de mim, não hoje e não agora. - pede a jovem, percebendo que o Parker a seguia.
- Bem, eu não vou fazer isso, garota perfeição. - deu uma corrida rápida para frente da garota, a parando de imediato e colocando as mãos na frente de Jessamine. - Hey! Eu sei que dói, mas não é para sempre.
A garota riu sem humor. - Isso era para me ajudar ou animar? - perguntou irônica. - Porque não me ajudou em nada, Peter. Então saia da minha frente.
Quando a Lewis ia passar pelo garoto, que suspirou e sem saber mais o que dizer, ele a puxou para seu peito e a abraçou apertado tentando deixá-la o mais confortável possível e a deixando chorar o quanto quisesse. Peter então suspirou, começando a fazer carinho nos cabelos lisos e castanho escuro da garota e aproximou a sua face no topo, tocando seu nariz na raiz e sentindo o perfume de Jessamine.
Eles podiam ser "inimigos", podiam brigar entre si, se xingam e se estranhar, mas no final do dia eles se completavam e não viviam um sem o outro.
Jessamine e Peter eram opostos que se completavam, todos sabiam disso, exceto eles ou fingiam não saber da grande conexão que tinham.
- Vai ficar tudo bem, a dor vai passar, Jessamine. Eu te prometo. - sussurrou ele, sentindo que o choro da garota parava aos poucos e ela se acalmava.
- Eu espero. - disse ela não tirando o aperto de seus braços no corpo de Peter. - Realmente eu espero, Peter.
Estava tão confortável e quente ali que ela não queria sair tão cedo nem que isso fosse motivo de gozações, ela simplesmente não ligava e nem se importava.
Algumas semanas haviam se passado desde o episódio do colégio, a garota já estava melhor e falava daquela situação sem chorar ou sentir uma dor em seu peito. Em todo momento, em aulas, Flash ou Mary Jane tentavam conversar com a mesma, mas James e Peter não deixavam e sempre a afastava deles. O Parker e a Lewis até tinham parado de se provocar, ficando cada vez mais unidos, mas logo as provocações voltaram e as irritações irônicas entre si também.
Os dois não podiam viver sem a ironia e serem iguais crianças.
- Jesselina tem certeza que é esse o endereço do depósito que as coisas de nossos pais biológicos foram deixados? - perguntou a garota, com o seu telefone na mão perto de sua orelha. Ela estava em frente a uma loja, com a rua pouco movimentada e pouquíssimas pessoas. Olhou para os dois lados, não tendo muita certeza se sua irmã estava certa.
- Sim, Jessamine, eu tenho certeza. - responde a irmã, revirando os olhos. - E novamente porque você quer mexer nas coisas dos nossos pais biológicos?
- Um trabalho para escola e uma pequena homenagem para nosso pai e nossa mãe. - diz, dando de ombros e entrando no local, logo sendo atendida por uma mulher sorridente. - Tenho que ir, qualquer coisa te ligo. Te amo!
- Certo, te amo também, Jessamine.
A Lewis desligou, logo guardando seu celular e sorrindo em direção a mulher.
- Olá, bom dia, em que posso ajudá-la? - perguntou a atendente, simpática.
- Bom dia, eu queria entrar no depósito de meus falecidos pais. - responde, logo pegando uma chave de seu bolso que Jeremy havia lhe dado a alguns anos e ela nunca havia usado. - Eu tenho a chave e minha identidade, se quiser.
A atendente pegou os objetos, logo mexendo em seu computador e a encarando. - Você é Jessamine Lewis, filha de Samantha e Daniel Brock?
- Sim, eu sou. - respondeu sorridente e nostálgica, pois fazia um grande tempo que não ouvia aquele sobrenome.
- Certo, está tudo certo. Aqui estão seus documentos. - a entregou, logo saindo de seu lugar e a guiando entre o grande local, que na opinião da Lewis não se era tão grande assim, mas também não tão pequeno. - Este é o depósito, galpão, onde as coisas de seus pais estão desde o acidente de carro. Qualquer coisa eu estarei lá na recepção e um grito é o bastante para eu aparecer, tudo bem?
Jessamine assentiu. - Tudo bem, obrigado, Felicity. - leu no crachá.
A mulher sorriu, saindo dali e deixando a garota sozinha. A Lewis suspirou, logo abrindo o galpão e acendendo a luz, entrando no local onde várias e várias caixas estavam espalhadas por ali e com muito pó.
- Isso está muito sujo! Meu Deus!
Deixou sua pequena mochila no chão, tomando coragem para começar a mexer nas coisas ali. Teria muito trabalho naquela tarde de quarta-feira.
Jessamine quando soube daquele trabalho queria fazer uma pequena homenagem para seus pais, tanto adotivos quanto biológicos, queria fazer algo que simboliza o amor que ela sentia por eles e a saudades que sentia.
Não esquecendo, é claro, de seus pais adotivos que criaram tanto ela quanto sua irmã com todo amor e carinho que tinham.
A adolescente começou a abrir as caixas, não antes de fazer um coque em seu cabelo para não atrapalhá-la e se surpreendendo ao achar coisas dela quando era criança e de sua irmã.
Sorriu de imediato ao ver alguns brinquedos dela e algumas bonecas, todas elas com roupas que ela havia feito quando criança. Se lembrava de sempre contar para sua mãe sobre o dia que ia abrir uma grande loja de roupas e que ia ser muito famosa, pelo mundo todo. Suspirou se lembrando de sua mãe e como ela a dava suporte.
- Eu sinto saudades mamãe. - disse a garota arrumando o vestido de uma boneca, que ela se lembrava de ser sua favorita, e a colocando no chão.
Continuou a vasculhar a caixa, não achando mais nada de interessante ou que fosse de grande importância naquele momento, indo para outra caixa ao seu lado, não sem antes colocar o que tinha tirado de volta ao lugar. Abriu a caixa de papelão e começou a olhar as coisas que tinham ali dentro, abrindo a boca com os olhos ligeiramente arregalados ao perceber que ali estavam os álbuns de sua família e fotos dela e de sua irmã.
Sorriu pegando os álbuns de fotos e colocando em cima de suas pernas, que estavam juntas, logo as abrindo e vendo as fotos dela. Jessamine sentiu seus olhos se encherem de água, mas não de tristeza e sim de alegria, nostalgia e de saudades. Saudades de seus pais biológicos, saudades daquele tempo onde suas únicas ações do dia era brincar e ver desenho, geralmente Barbie e Scooby-Doo, e dormir.
A Lewis não era uma criança, uma garota, que gostava de brincar por muito tempo, ela enjoava e fazia várias coisas ao mesmo tempo, mas seu preferido, com toda certeza, era desenhar garotas com roupas que ela mesma criava ou personagens de suas histórias, que também, ela criava.
Jessamine era uma garota que desde sempre gostou de moda e criar histórias, escrever sempre fora um refúgio para ela e uma das coisas que sempre a ajudam em maus momentos.
E por causa desse hobby e de sua escrita que todos gostavam, ela foi convidada pela diretora da escola a ser a chefe do jornal da escola, o que ela aceitou com muita felicidade e gratidão.
- Sabe quando James me falou que você estaria aqui, sozinha, mexendo nas coisas de seus pais eu imaginei vários outros cenários, mas você, Jessamine, chorando com um sorriso no rosto não é um deles. - disse o Parker entrando no galpão, com seu skate em mãos atraindo a atenção para si.
A garota o olhou, estranhando ele estar ali. - O que faz aqui, Peter? - perguntou, deixando as coisas que olhava em sua perna para olhá-lo, com um olhar sério.
- James me fez garantir que você não esteja sozinha, ao procurar as coisas, e que eu tinha que estar aqui já que somos amigos. - sorriu irônico, se sentando ao lado dela no chão. - E ele está num encontro com sua irmã, que sinceramente o que ela tinha na cabeça ao aceitar sair como ele? - perguntou.
Jessamine riu. - Ele a chantageou, Peter, falando que se não fosse num encontro com ela, ele choraria as águas que Titanic afundou e muito mais.
- Ele é muito chato, como aguenta ele?
- Só não é mais chato que você. - o provocou, voltando a olhar os álbuns.
Peter arregalou os olhos, abrindo a boca e colocando a mão em seu coração, dramaticamente. - Eu? Chato? Impossível! Eu sou muito legal, Jess!
- Dramático também, mas não pior que James, isso eu tenho certeza. - comentou.
- Então eu não sou chato. - sorri.
Jessamine o encara de canto de olho, com as sobrancelhas arqueadas. - Não seria chato se mantivesse a boca calada. - O Parker revirou os olhos. - Aliás, como chegou aqui tão rápido? - o questionou.
- Eu... Eu já estava no caminho. - disse uma meia verdade, ele realmente estava vindo para encontrá-la, mas teve um contratempo e teve que vestir sua roupa de super herói e parar um roubo.
A garota soltou um som com a boca, arregalando seus olhos ao pegar uma foto que havia caído do álbum e a olhar, atentamente. - Peter! É ele!
- Ele quem? - perguntou curioso, aproximando sua cabeça da dela para olhar a foto. - Espera, este é meu pai?
- Sim, seu pai com meus pais biológicos.
Peter já sabia que ela e Jesselina eram adotadas quando a alguns anos um garoto começou a fazer bullying com ela na escola, e tanto o Parker quando o Harlow defenderam as duas dando vários socos e chutes no mesmo, o fazendo nunca mais comentar sobre o ocorrido e sobre as garotas.
- Eu não sabia que eles se conheciam ou sequer eram amigos. - comentou Parker.
- Eu também não sabia. - disse a garota o olhando, assim como ele, trocando olhares confusos e estranhos entre si.
Seus pais biológicos eram amigos, já se conheciam? Porque ninguém nunca os contou sobre isso? Várias e várias perguntas rondavam os adolescentes.
Jessamine após alguns minutos desfez a troca de olhares e continuou a procurar ainda mais coisas naquela caixa, que parecia não ter mais nada de Interessante, útil ou que respondessem às questões de ambos. Peter ajudava, abrindo a outra caixa ao seu lado, em busca de respostas ou .
Foi então que o garoto tocou a mão da garota, a fazendo ela a olhá-lo e perceber que estava com uma pasta de couro em mãos. - Meu pai.... Ele tinha uma dessas, muito semelhante. - disse ele, a encarando também. - Meu tio me falou uma vez que ele e minha mãe se conheceram assim. Ela era vendedora e foi paixão à primeira vista. - sorriu.
Jessamine também sorriu.
- É fofo isso, Peter. - comentou, tocando na mão do rapaz e tocando a bolsa também. - Tinha algo dentro dessa bolsa, de seu pai? Algo importante?
O Parker olhou para a troca de contato da pele da Lewis com a de sua mão, sentindo algo dentro de seu corpo se ascender e estar gostando daquilo, como a aproximação dos dois nas últimas semanas.
Balançou a cabeça negando e mentindo, não queria que Jessamine soubesse de seu segredo, que ele se culpava por ter sido o que "ajudou" a criar o vilão lagarto que atacou a cidade a alguma meses atrás e matou várias pessoas, mas principalmente não queria que ela corresse risco de vida.
Ele não queria Jessamine ferida.
Ou pior, morta, por sua culpa.
- Bem, eu vou levar isso para minha casa e ver o que tem aqui dentro. - diz, pegando a pasta das mãos do jovem.
- O que vai fazer com isso? - perguntou.
- Quero descobrir em que meus pais trabalhavam e se eles e seus pais trabalhavam juntos ou não. - respondeu dando de ombros. - Você acha que Tia May sabe de algo? - questionou a garota, de repente.
Peter suspirou. - Eu não sei, mas é melhor perguntar para ela. - responde se levantando e ajudando a mesma logo em seguida.
- Está me convidando para almoçar na sua casa, Peter Benjamin Parker? - a Lewis perguntou, com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso exposto nos lábios.
- Sim, eu estou, mas não fique se vangloriando muito, por favor.
Jessamine riu. - Eu sempre soube que você ama estar em minha presença.
O Parker revirou os olhos. - Nem todo mundo está apaixonado por você, sabe disso não?
- Só porque você está em negação, não significa que você deva mentir. - Jessamine sorriu, pegando suas coisas e o que ia levar para casa, logo saindo do galpão. - Porque não confessa logo que você me adora, Peter?
- Porque eu não te adoro e sim te suporto apenas. - respondeu, abrindo a porta de vidro e deixando que ela passasse. - Bem, primeiro as damas.
- Vá se ferrar, idiota! - passou por ele, revirando os olhos. Peter riu alto, logo a seguindo e caminhando ao seu lado. - Para de me encarar, eu sei que sou linda e maravilhosa. - desceu as escadas em direção ao metrô, logo passando os dois pela catraca e entrando no veículo, que estava vazio.
- Quem te contou essa mentira, garota perfeição?
- Eu não preciso de ninguém para me contar isso. - piscou um dos olhos em direção a ele, sorrindo e pegando seu celular, para ler suas mensagens. - Meu Deus! Meu Deus! James e Jesselina se beijaram, Peter! - exclama, dando pulinhos de alegria ao ler a mensagem do Harlow.
- Já estava na hora, finalmente. - diz o Parker. - Eu ia perguntar quando seria a nossa vez, mas você já me beijou. - a provocou com um sorriso de canto. Jessamine revirou os olhos. - Talvez a coisa de ser seu amigo não seja tão ruim, afinal. - comentou logo levando um tapa em seu braço da mesma. Ele riu. - Porque fez isso? Eu não fiz nada para você, garota! Maluca! Você é maluca!
- Você me irrita, Peter Parker. Apenas isso.
- Eu o quê?
- Você me irrita, simplesmente assim.
- Você tem que ter um motivo melhor do que isso. O que eu faço para te incomodar? Eu sou irritante? Eu faço muitas perguntas? O que eu faço?
Jessamine bufou com a provocação do Parker, pegando seu fone de ouvido e plugando no seu celular, ignorando a presença do jovem ao seu lado - Você tem um gosto péssimo de música, sabe? - disse Peter pegando um lado do fone e colocando em seu ouvido. A Lewis suspirou.
- Eu tenho um ótimo gosto para música, agora cala a boca e fica em silêncio, senão vou te dar outro tapa e te morder. - respondeu, o ameaçando.
- Você não se atreveria, garota perfeição.
- Eu vou se você continuar falando. - sorriu, aumentando o volume.
- Taylor Swift, sério? - perguntou Peter a encarando de lado, incrédulo.
- Só ouça ou fique em silêncio até chegarmos.
Peter bufou, preferindo estar ouvindo a música I Knew You Were Trouble do que ficar em silêncio, durante o percurso. Ele continuou a olhar a Lewis ao seu lado, rindo ao vê-la cantar a música distraída e sorrindo de imediato ao observá-la tão feliz e leve ali ao seu lado, se sentindo também alegre e feliz por ela estar daquele jeito com ele.
O adolescente não sabia ainda, mas ele estava a cada dia e a cada contato, cada palavra trocada ou farpa com Jessamine, ele estava se apaixonando e reacendendo um sentimento antigo, que nem ele sabia que existia dentro de si ou que já teve, tudo dentro dele estava confuso, mas não queria desfazer daquilo tão cedo assim.
Peter estava gostando da sensação e dos sentimentos apesar de ainda não saber o que significavam, mas já duvidava e desconfiava do que sentia ou estava começando a sentir pela garota que não gostava de bagunça e que ele provocava desde seus seis anos de idade.
E que sempre esteve ali, com ele.
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