𓄹 𓈒 cap. 002
📍Seul.
Noite do mesmo dia.
Ando pelas ruas de Seul depois de jantar com o meu amigo Woo-Jin. Nós nos conhecemos durante um campeonato de boxe em que eu o derrotei.
Estou prestes a chegar à cafeteria da minha mãe — pois de lá, eu e ela vamos para casa — até receber uma ligação sua enquanto espero o sinal abrir. Atendo:
━━ Filho, aonde você está? ━━ sua voz está trêmula, ela aparenta medo.
Após dizer que estou perto, ouço um barulho de vidro quebrando e o grito da minha mãe. Eu me desespero. A ligação cai. Corro para a cafeteria. No caminho, tiro a máscara pois ela estava me sufocadando.
Assim que chego, vejo a cena da minha mãe, sentada em uma mesa, com um homem na frente. Ele puxa sua cabeça e ela começa a chorar.
━━ Ou, quem pensa que é, moleque? Saia daqui. ━━ diz um homem, vindo em minha direção.
Há vários homens. Todos vestindo preto e usando máscaras. Eles vem em minha direção. Olho para dentro da cafeteria novamente e minha mãe ainda está com a cabeça sendo puxada.
━━ Ei, seu filho da puta! ━━ grita um.
━━ Quem ele pensa que é?
Dou um soco no homem que falou comigo. Os outros se aproximam e passam a reagir. São muitos, mas tento dar conta. Um deles arremessa uma cadeira contra mim, mas me abaixo e esta atinge o vidro de um dos carros. Outro acerta um soco em minha barriga, entretanto não desestabilizo, afinal, luto boxe justamente para isso.
Uma pessoa aparece, é uma mulher. Seu rosto está coberto pela máscara e o cabelo semi-preso. Ela começa a lutar contra eles, dando-lhe golpes de gravata, socos. Parece lutar boxe também; seus reflexos são impecáveis.
A mulher luta comigo. Ela não está contra mim. Nossos olhares se encontram e ela pisca o olho. Continuo lutando, até que nossas costas de encontram.
━━ Fica frio, tô te ajudando! ━━ ela diz, enquanto pega um canivete e atinge um dos homens no pescoço. Engulo forte. ━━ Cuida daqueles ali, que eu fico com esses.
Assinto. Ela bate com facilidade em todos eles. Ela é forte. No meio da luta, tira o casaco que estava usando e consigo ver seus braços musculosos. Seu punho é forte. Punhos de uma verdadeira boxeadora.
━━ Mieong-Gil, filho da puta, aparece, porra! Lembra de mim, né? ━━ ela grita. Esse homem parece ser familiar para ela. ━━ Ou vai dizer que esqueceu?
Assim que todos estão no chão, corro para dentro do estabelecimento e vejo tudo quebrado. Cadeiras, mesas, vidros, tudo. Vou até minha mãe e ela me segura, apertando meus braços; ela também aninha sua cabeça em meu colo e minha mão alisa seu cabelo. O homem quem a puxou está nos olhando e rindo. Solto um urro e parto para cima dele, jogando-o contra a parede e o recepcionando com socos.
A mulher que havia me ajudado está olhando de fora, do outro lado da rua. Um dos homens que me atacou chega por trás e pega seus braços, ele a segura e a leva até o estabelicimento. Nossos olhares se reencontram e eu finalmente a reconheço. É a Hye-jin, a moça de mais cedo.
Hye-jin é colocada de joelhos sobre o vidro. Minha distração logo acaba quando um homem, não muito velho, entra e se senta em uma das cadeiras.
━━ Puta merda. Hye-jin, é você? ━━ ele ri com sarcasmo. ━━ Mas que cidadezinha pequena. Esses dias você estava fugindo de mim e agora está...
Ela lhe dá um soco com o cotovelo. Ele reage e bate com sua cabeça na porta de vidro quebrada. O homem deixa a Hye-jin de lado e passa a falar comigo.
━━ Sua mãe fez uma dívida conosco... e ela tem que pagar. ━━ olho para ela e ela nega. ━━ Beom, venha mostrar como se faz.
Entra outro. Dessa vez, mais alto e forte do que os anteriores. Ele rosna e eu passo minha mãe para trás de mim, dizendo que vai ficar tudo bem.
Respiro fundo, caminho até ele e lhe dou três socos no rosto. Aparentemente ele não sentiu, mas logo reage, jogando-me encontra o balcão de vidro. Ouço minha mãe chorar e ao mesmo tempo sua boca ser tampada.
O ódio percorre meu sangue e eu me jogo contra Beom. Ele me enforca e eu bato fortemente em sua perna. Sou praticamente arremessado contra a parede e recebo inúmeros socos no rosto, ao ponto de eu cair no chão de fraqueza.
━━ Chega, In-Beom. ━━ ele se levante e vai em minha direção, sentando sobre minha barriga. ━━ Sabe, quando eu tinha sua idade, também queria salvar as pessoas a quem eu amava. Até que em um belo dia, tomei um puta golpe.
━━ Deixa a minha mãe em paz! ━━ ele força o corpo ainda mais contra o meu.
━━ Se prometer que vão me pagar, eu deixo.
Cuspo em seu rosto. Ele me olha e põe o pé próximo ao meu rosto; tira do sapato uma faca borboleta e diz:
Ele pega a faca e passa a lâmina pela lateral do meu rosto. Dou grunhidos de dor, seguidos pela forte vontade de gritar. Ele ri. Sua risada é horrível, maléfica. Após terminar, ele diz que se eu chamar a polícia, minha mãe morre. Por fim, levanta-se, sai, e ficam apenas eu, minha mãe e a Hye-jin na cafeteria. Ela corre até mim, caindo no chão e perguntando se estou bem. Tento levantar, mas não consigo.
━━ Droga, ele sempre faz isso... ━━ ela diz como se já conhecesse esse homem. Hye-jin levanta e uma menininha espera na porta, assustada. ━━ Vamos para a emergência, rápido.
━━ E... e a sua cabeça?
Ela sangrava por conta da pancada com a porta quebrada.
━━ Relaxa, eu cuido disso depois.
Ela me senta e apoia meus braços em seu pescoço, levantando-me com facilidade, mesmo com seus joelhos sangrando.
━━ Senhora, por favor, me ajude. Segure o outro braço dele e vamos levá-lo até o ponto de taxi da esquina. Jin-Ah, filha, fica conosco, não se separa da mamãe, tá bom? Coloque a máscara. Vamos, no três!
Sou levantado, levado e passo horas na emergência até ser finalmente atendido. O hospital está cheio de pessoas infectadas pela COVID-19. Minha mãe espera na recepção.
A enfermeira termina o curativo e saio da ala aonde estava. Recebo um abraço caloroso da minha mãe e lágrimas começam a escorrer de seus olhos.
━━ Desculpa, filho. Isso não teria acontecido se eu não tivesse assinado aquele maldito contrato.
Eu a abraço novamente e digo que não foi sua culpa. Hye-jin.
━━ Mamãe, aonde está a moça que me ajudou?
━━ Ela ficou na parte de segurança, antes da recepção, por conta da filha.
Procuro, olho para os lados, mas não a encontro. Talvez tenha ido para casa, afinal. Mesmo assim, vou a uma das enfermeiras e pergunto se viram uma moça com uma criancinha. Recebo um sim. Dizem que ela saiu há pouco tempo, talvez uns cinco minutos. Ela não deve estar muito longe.
Vou com minha mãe até o ponto de ônibus que fica ao lado da emergência, e enquanto esperamos o transporte, eu a avisto. Peço para minha mãe esperar um pouco e corro até ela.
━━ Ei, você!
Ela para e está segurando a filha no colo. A menina está dormindo.
━━ Obrigada... por ter me ajudado. Como estão seus joelhos? E sua cabeça? Tem certeza que...
━━ Disponha! Fica tranquilo, eu sei o que fazer com eles.
━━ O que eu posso fazer para retribuir? ━━ Hye-jin sorri por baixo da máscara.
━━ Você também está atrás do Mieong-Gil?
━━ O homem quem cortou meu rosto? ━━ ela assente.
━━ Ele é um fantasma que assombra a minha vida. Eu achava que tinha me livrado dele depois da última vez, mas ele voltou.
━━ O que você tá querendo dizer?
━━ O Mieong-Gil é um monstro. Se for tentar algo contra ele, tome cuidado.
Ela se vira e dessa vez vai.
📍Hospital.
Manhã do dia seguinte.
━━ Olha, como você é jovem, o processo de cicatrização não vai demorar. Sua pele é boa, vai ficar bom logo logo. Mas, aqui no hospital, temos um tratamento para que realmente as cicatrizes não fiquem. Olhe. ━━ a enfermeira liga a tela do computador e mostra os resultados do procedimento.
━━ Nossa, é muito bom. E... quanto custa isso tudo? Deve ser bem caro, né?
━━ Acaba sendo bem caro, sim, mas os resultados não deixam a desejar.
Assinto em agradecimento e saio da sala. Woo-Jin está lendo o contrato que minha mãe assinou enquanto eu estava no atendimento.
━━ E aí, cara? Como foi?
━━ O tratamento é bem caro, não temos dinheiro para isso. ━━ ele faz uma cara triste. ━━ E o que diz o contrato? Minha mãe realmente recebeu um golpe?
━━ Os bandidos colocaram em letras miúdas, quase não consegui enxergar. Sua mãe não tem culpa, cara. Ela só foi mais uma vítima deles.
Eu me entristeço.
━━ Deixa eu ver seu rosto.
━━ Não?!
━━ É rapidinho, vai.
Abaixo e ele vê o ferimento. Confesso que ficou bem feio e está doendo bastante, afinal, meu rosto todo está machucado.
━━ Quantos pontos?
━━ Trinta. ━━ ele engole a saliva.
━━ Tá com fome? ━━ assinto. ━━ Vou te levar para comer em um lugar dos deuses, e dessa vez, eu pago.
Pisco o olho e vamos. Quando chegamos ao lugar, é um restaurantezinho pequeno, mas aconchegante.
━━ Tia!
━━ Woo-Jin! ━━ exclama a senhorinha abraçando meu amigo.
━━ Esse é o Geon-Woo.
━━ Muito prazer, senhora!
Dou um sorriso.
Woo-Jin pergunta se eu gosto de refogado de porco e digo que sim; ele pede para a gente e nos sentamos para conversar. No meio de tudo, comento sobre a moça que me ajudou durante a luta de ontem.
━━ E você sabe o nome dela? Será que não era um dos agiotas disfarçados?
━━ Não, não. Eu tenho certeza que não. Ela estava me ajudando mesmo; até a filhinha dela estava.
━━ Tá, e você descobriu o nome dela?
━━ Hye-jin.
━━ Vamos pesquisar o Instagram, oh, besta.
Assinto. Não aparece nenhuma Hye-jin nas redes; pesquisamos de todas as maneiras, todos os possíveis usuários, mas simplesmente, nada.
|● Segundo capítulo lançadooooo. Esse foi mais para a introdução e o primeiro contato entre a Hye-jin e o Geon-Woo.
|● Não esqueçam de votar e comentar, isso me ajuda e tanto. Beijoss
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