Any Gabrielly

He knows

Dirty secrets that I keep

Does he know it's killing me?

He knows, he knows

D-d-does he know

Another's hand have touched my skin

I won't tell him where I've been

O toque de chamada do meu celular soou por todo o quarto o que me fez abrir os olhos imediatamente. Me sentei na cama, peguei no celular e esfreguei os olhos tentando me habituar com a luz. O nome 'Noah' apareceu no visor e eu sorri logo atendendo a chamada.
-Noah? - a minha voz ensonada soou.

- Any finalmente! Pensei que tinha se esquecido,te liguei seis vezes! - olho para o ecrã do celular e vejo seis chamadas não atendidas, cheguei à conclusão de que quando estava dormindo não ouvi.

- Desculpa acabei dormindo. - respondi e me encostei na cabeçeira da cama.

- Não faz mal. Então, ansiosa pra amanhã? - pergunta animado.

- Claro que estou. Afinal, vou ter um 'encontro' com o Noah Urrea.

- E eu vou ter um encontro com a mulher mais linda do mundo.

- Essa mulher não sou eu com certeza.

- Com certeza é vc. - ele fala e aposto que está sorrindo mesmo não vendo.

- Eu estou tão ansiosa que não conseguia dormir, e quando finalmente adormeci, você me acorda.

- Desculpa, mas na verdade é que também não conseguia dormi.

- Pois...

- É se eu cantar para você dormir. Quer?

- Pode ser. Se eu não conseguir dormir, amanhã você vai jantar com uma mulher cheia de olheiras.

- Ok, agora calada.

Eu imediatamente me calei e fui pra debaixo das cobertas.

- Ended up on a crossroad, try to figure out which way to go, it's like you're stuck on a treadmill, running in the same place...

E então eu pude adormecer, com um sorriso bobo na cara.

[...]

- Aí Sabina! - me queixo assim que a minha amiga retira brutamente a cera que colocou para tirar os pêlos das pernas.

Já eram seis horas da tarde e a Sabina veio de manhã para me ajudar. Ela está mais entusiasmada do que eu.

Eu já estava praticamente pronta, ela fez minhas unhas da mãos dos pés e depilação... Faltava apenas tomar banho, o cabelo e a maquiagem.

- Ai nada! Isso tem que ser bem tirado, nunca se sabe. - ela fala segura.

- Mas nunca se sabe o quê? - pergunto cruzando os braços me levantando da cama onde anteriormente Sabina me ajudava com a depilação.

- Nunca se sabe o que vocês podem fazer na casa dele, num hotel, ou mesmo no banheiro do restaurante. - ela move as sobrançelhas para cima e para baixo com um sorriso malicioso.

Imediatamente jogo um creme qualquer que estava em cima da cama nela mas ela desvia.

- Não fale isso! Não vai acontecer nada, nós só vamos jantar. - asseguro enquanto pego uma toalha para tomar banho.

- Claro que sim Any! Ele só te convidou para comerem um estúpido prato chique francês e falarem sobre futebol."- fala ironica. - Ele quer comer, mas não é a comida. E sim vc!"

- Não é francês, é portuguesa! E é apenas para comemorar. Não vai acontecer nada. - digo a última frase lentamente para que minha amiga 'iludida' entenda.

- Olha tu que sabe. Mas quando chegar lá e ele... -interrompo-a.

- Não vai acontecer nada Sabina. Já olhou bem para ele e para mim? Acha mesmo que ele iria querer alguma coisa comigo? Pelo amor de Deus, ele é super famoso e rico e eu sou apenas uma jovem normal. O Noah está me convidando para comemorar e não porque quer algo comigo. Para isso ele tem a Joalin. - respondo um pouco alto fazendo ela se assustar.

Mas na verdade é o que eu acho.

- Ele já te falou que foi ela que beijo ele e que não gosta dela. - a morena diz baixo enquanto olha para as suas unhas.

- Mesmo assim. Existem outras mulheres muito mais interessantes e ricas do que eu. - começo.- Olha eu não quero discutir contigo num momento desse. Nada vai acontecer ok?
Ela apenas supira.

- Eu vou tomar banho. - fecho a porta e tiro o short e a blusa que vestia, seguidos pela langerie.

A Sabina acredita que eu e o Noah podemos ter algo mais sério, o que eu acho totalmente impossível. Até pode parecer pelas mensagens mais "íntimas" que ele me envia mas não quero me iludir ainda mais, pois o mais provavel é sair dessa situação sofrendo. Afinal, o que o Noah Urrea veria numa mulher como eu?

Acordei dos meus pensamentos quando vejo uma fumaça passar nos meus olhos chegando à conclusão de que a água já estava quente. Entrei no box e começei por lavar o cabelo que mais tarde a minha amiga iria secar.

[...]

- E... Já está bom! - Sabina finalmente finaliza a sua tão demorada "sessão de beleza" e eu suspiro de alívio.- Agora vai se olhar no espelho.

Ela praticamente me empurrou até o grande espelho preso no meu armário e pude ver o resultado.

A maquiagem estava simples onde um batom vermelho se destacava, a minha pele tinha uma cor e um brilho especial, o meu cabelo totalmente definido também brilhava devido ao produtos caros que usei, e por fim o vestido preto. O vestido era o que mais me incomodava por ser tão decotado. Mas Sabina me obrigou a usar e disse que era 'perfeito' para essa situação com uns sapatos altos igualmente pretos. Na verdade eu não fiquei tão mal com ele, mas como já disse, para mim uns jeans e uns tênis são o ideal para mim.

- Então? O que acha? - a minha amiga interrompe a minha linha de pensamento.

- O cabelo e a maquiagem estão muito bons obrigada. - começei agradecendo com um sorriso.- Mas não achas que esse vestido é um pouco 'ousado'?

- Claro que não! Ousadia é o que você precisa para conquistar o Noah. - ela fala entusiasmada e eu logo reviro os olhos.

- Já falamos sobre isso. Mas porra, quantas vezes eu tenho que te dizer que nada vai acontecer! - pego na minha bolsa e no meu casaco um pouco irritada.

- Pronto, pronto. Já não está mais aqui quem falou. - Sabina leva as mãos ao ar como defesa e me ajudou a vestir o casaco de pelo que cobria melhor o meu corpo.

Após a minha amiga dar mais alguns retoques na maquiagem, no cabelo e eu me zangar com ela por não me deixar em paz, olho para as horas e vejo que já era a hora de Noah vim.

- Já são oito! - Sabina parece ler os meus pensamentos e me puxa pelas escadas.

- Merda quer que eu caia e que quebre um pé?! - resmungo quando quase caio no final das escadas.

- Ele já devia ter chegado! - ela ignora a minha questão e vai até à porta abrindo e olhando.

- Fecha a porta está frio. - resmungo assim que sinto uma corrente de ar frio entrar em casa.
Ela assim faz e se senta ao meu lado no sofá.

- É verdade, é o Bailey? - pergunta e vejo ela corar. Eu já sabia que ela tinha uma queda pelo meu irmão.

- Saiu com os amigos como sempre. -respondo dando de ombros.

- E nessa 'saída' há alguma mulher? - ela fala incomodada.

- Olha sinceramente não sei. Não gosto dos amigos do meu irmão, são todos uns idiotas. - respondo e ficamos em silêncio.

Está na cara que ela gosta dele. Muitas vezes quando Sabina vem pra cá , eu vejo a maneira como ela olha para Bailey e a maneira como ri das piadas sem graça dele. Mas sinceramente não sei se apoio essa relação. O Bailey não é homem para uma relação séria, todas as mulheres com quem ele se envolveu sofreram ou porque ele as traiu, ou porque só queria 'uma noite'. Por isso, tenho receio, não quero que a Sabina seja magoada pelo idiota do meu irmão.

- Você gosta dele. - finalmente falo.

- Hã? O quê? Não... - a sua voz soa confusa e incomodada.

- Não consegue me enganar Sabina. Está na cara que você gosta dele. - gargalho e ela bate no meu braço.

Para!

- A Sabina gosta do Bailey! A Sabina gosta do Bailey ! - começo a cantarolar como uma criança e reparo que a cara da minha amiga parecia um verdadeiro tomate.

- Está muito na cara? - pergunta envergonhada assim que paro de cantar.

- Muito. - prolongo a palavra muito enquanto assinto e arregalo os olhos.

- Eu acho que começei a gostar dele desde daquele dia que você nos apresentou na escola. - ela suspira.

Muitas vezes Bailey pergunta pela minha amiga e tenta passar despercebido. Talvez ele até tenha interesse nela, mas pode não passar de mais uma mulher que ele quer 'comer' e deitar fora.

- É eu acho que ele também gostou de você. Apesar de que... - parei. Penso que é melhor contar a Sabina como o meu irmão é, pois como já disse, não quero que ela seja magoada.

- Apesar de que... - me incentiva a continuar. Ok, eu vou contar.

- O Bailey é um homem que não... - sou interrompida pelo som alto da campainha. Arregalo os olhos e a morena na minha frente solta um pequeno grito.

Corremos até à porta mas não abrimos. Antes disso Sabina rapidamente retocou o meu cabelo e o meu vestido, o que me fez bufar. Pude ouvir ela contar até três e em seguida abriu a porta me fazendo sentir um forte cheiro de perfume de homem adentrar o meu nariz.

Olhei para a figura na minha frente e sorri envergonhada quando os seus olhos percorreram a minha imagem. Eu podia abraçá-lo, dizer um 'olá' mas travei. Noah estava com um paletó simples preto mais elegante, o seu cabelo se encontrava muito bem penteado e o seu pequeno bigode fazia com que ele parecesse ainda mais sexy.

- Boa noite. - a sua voz um pouco rouca soou o que me fez recompor e finalmente cumprimentá-lo.

- Boa noite.- respondi ainda 'hipnotizada'.

- Olá Noah. - pude ouvir o entusiasmo na voz de Sabina.

- Está tão linda Any. - Noah me elogia com um sorriso malicioso. Eu sabia que se Sabina não estivesse aqui, ele já teria dito algo mais safado.

- Obrigada, você também está ótimo. - engulo seco e ele agarra na minha mão.

- Bom, vamos? - questiona gentil e me ajuda a descer os três degraus da minha casa.

- Claro. Sabina você vai ficar aqui ou vai para casa? - pergunto e só reparo que ela também sorria de forma tarada para nós.

Eu não quero imaginar o que passa naquela cabeça.

- Eu peço à minha mãe para dormir aqui. Assim fico na sua espera. - informa e eu assinto.

- Ok até logo! - aceno com a minha mão disponível visto que Noah está agarrando a outra.

- Até logo Sabina. - ele faz o mesmo que eu sorrindo.

- Bom jantar! - a minha amiga diz e pisca o olho.

Eu e Noah começamos a caminhar até o seu caro e luxuoso carro, eu voltei a olhar para trás. O meu olhar se cruzou com o de Sabina que ainda nos observava e pude ler nos seus lábios as seguintes palavras ' se comam'.

Revirei os olhos corada e entrei no carro.

[...]

- Então o que achou da comida? - Noah pergunta quando pouso os talheres ao acabar de comer.

A comida portuguesa era fantástica. Aliás, o restaurante é fantástico. Confesso que nunca comi num lugar tão bom e chique como esse. Tudo está indo muito bem, a única coisa que me incomoda é o olhar das pessoas sobre nós. E eu compreendo pois afinal o que faz Noah Urrea com uma mulher desconhecida num restaurante chique?

- É maravilhosa. Gostei bastante, obrigada. - sorrio amável e ele retribui com o seus dentes perfeitamente brancos.

- De nada amor. - o nome carinhoso que ele utilizou me fez estremecer.23

Porra. Qual é a ideia dele? Me iludir com mensagens carinhosas, nomes carinhosos e depois me dar um pé na bunda?4

- Você está tão sexy com esse vestido. - Urrea sussurra enquanto molha os lábios e olha para o decote no meu vestido descaradamente.40

- Noah! Olha as pessoas. - sussurro tentado ao máximo tapar o decote. Ele parece entender e olha para os meus olhos.

- Como é que você pode dizer que as minhas amigas super modelos são melhores do que você quando nunca vi nada assim? - a sua mão vai de encontro à minha que pousava em cima da mesa coberta por um tecido fino vermelho.

- Olha, por falar em modelos, p-podemos falar sobre isso. Foi para isso que viemos aqui. - gaguejo retirando a minha mão.

- Aí que você se engana. - ele fala mais para ele do que para mim.- Mas então, quando é que você vai lá fazer o teste?

- Um dia depois do meu aniversário. - conto e suspiro nervosamente. Sempre que pensava nisso sentia a minha barriga revirar.

- Vai correr tudo bem. Tenho certeza que você vai conseguir, se a própria Yonta te chamou, é porque você é uma forte candidata. - Noah finalmente fica mais sério o que me deixa mais tranquila.

- Eu sei mas mesmo assim não deixo de estar nervosa. - afirmo olhando para as minhas mãos.

- Eu tenho a certeza que você vai conseguir. - ele serve mais um pouco de vinho a ambos.
Me senti bem com o que ele disse,me senti confiante.

- Obrigada, se não fosse você acredito que nunca teria aceitado a proposta. - agradeço e sorrio ao me lembrar de todas as mensagens em que ele praticamente me obrigava a aceitar.