𝚏𝚒𝚏𝚝𝚎𝚎𝚗
Com o último zíper fechado, você finalmente tinha acabado de arrumar todas as suas malas. Conferiu o quarto mais uma vez, se certificando de que não tinha esquecido absolutamente nada naquele quarto de hotel.
Estava cansada, mas o fato de estarem voltando para casa lhe deixava animada. Queria ver como as coisas estavam pessoalmente, por mais que tivesse feito várias chamadas de vídeos com os seus homens durante os últimos dias. Tinha ficado realmente impressionada com a rapidez com que eles conseguiram ajeitar tudo. Sabia que, quando chegasse, iria parecer que não teve nenhuma invasão no tempo que passou fora.
Já faziam três dias que Madara acordou e isso foi o suficiente para que ele começasse a ajudar na reconstrução de Konoha, mesmo com os seus protestos e de Izuna. Seu irmão mais velho deveria descansar e se recuperar, mas você sabia que Madara era incapaz de relaxar. Você nem o culpava. Muito provavelmente teria feito o mesmo.
Durante esses últimos dias, você não conseguiu falar com Tobirama. Aquilo era muito estranho. Toda a situação era estranha, na verdade.
Primeiro vocês se odiavam; depois as coisas começaram a ficar melhores e ele inventou toda aquela farsa do noivado; depois vocês transaram e ele falou que era um erro; depois passaram dois dias de um sexo incrível, como se não conseguissem ficar longe um do outro; e, agora, ele tinha passado três dias lhe evitando.
Você sabia que ele estava lhe evitando. Qualquer pessoa conseguia ver isso. Só não sabia dizer o porquê. Vocês dois não tinham brigado nem nada. Mas também não ia ser você quem perguntaria a ele o motivo.
Decidiu só aceitar que ele era bipolar. Tobirama mudava da água para o vinho muito rápido, desde que vocês chegaram na Inglaterra. Tudo bem que toda a situação era esquisita e você também estava muito confusa. Mas, porra, ele parecia mudar de ideia sobre o que queria o tempo todo.
Paciência nunca foi uma das suas maiores virtudes e continuava não sendo. Se ele queria se afastar de você ou o que quer que seja aquilo que ele estava fazendo, tudo bem. Só esperava que ele não estragasse o plano do casamento.
Foi uma batida na porta que fez com que seus pensamentos se interrompessem. Vocês já tinham se despedido dos Brasart na noite anterior, em um jantar simples. Naquela hora, Tobirama quase não olhou na sua direção, o que lhe deixou muito nervosa, mas aparentemente os Brasart só encararam como uma pequena briga de casal. Que briga? Você não fazia ideia.
— Oi, Senhorita Uchiha.
Seus olhos se reviraram quando você abriu a porta e se deparou com Jacob, vestindo um terno justo que acentuava o corpo malhado dele e com os cabelos perfeitamente penteados para trás.
— O que você quer?
— Me despedir — Com um sorriso divertido, ele entrou no seu quarto, sem ser convidado — Ontem não foi o suficiente.
— Pelo amor de Deus, alguém me dá um tiro — Você resmungou, baixo, e virou as costas para ele, entrando de novo no interior do quarto e juntando suas bagagens.
— Vai dizer que não tá feliz em me ver? — Como se nada, ele se jogou no sofá, totalmente confortável.
— Vou — Um sorrisinho maligno tomou conta dos seus lábios — Não tô em um pouco feliz com você aqui, Senhor Brasart. Será que pode ir embora?
— Essa doeu. E logo quando eu vim aqui te dizer que eu ainda estou disposto a casar com você.
— Eu já tenho um noivo.
— Um de mentirinha — A expressão no seu rosto não se alterou com a fala dele, mas, por dentro, você estava nervosa. Muito nervosa — Você pode até ter enganado aqueles velhos, mas eu não acreditei nem por um segundo nessa historinha de casamento de vocês.
— Não sei do que você tá falando — Deu de costas para ele e empurrou suas duas malas, já completamente fechadas, em direção à porta.
— Tudo bem continuar se pagando de doida — Ele se levantou do sofá e andou em direção à saída, passando por você lentamente — Mas, quando essa brincadeira de vocês acabar, você sabe onde me encontrar.
Com um sorriso pervertido, ele abriu a porta do seu quarto e foi embora. Assim que você ficou sozinha de novo, deixou que um suspiro cansado escapasse dos seus lábios.
Era um problema Jacob desconfiar. Mas, mesmo assim, não importava tanto. Você já estaria em casa daqui a algumas (muitas) horas e não precisaria mais se preocupar com a existência dele. A guerra foi evitada com sucesso e o seu noivado com Tobirama poderia ser cancelado em alguns dias.
Tudo deu certo. Mas, o seu coração se apertava um pouco toda vez que você pensava nessa última parte. O noivado seria cancelado eventualmente e você não tinha mais motivos para se dar bem com o Senju, muito menos para transar com ele.
Com outro suspiro, dessa vez frustado, você saiu do próprio quarto, encontrando o platinado já pareado no corredor, lhe esperando. Tobirama nem levantou o rosto do celular para lhe cumprimentar. Apenas começou a puxar a própria mala em direção ao elevador.
— Eu realmente preciso de um tiro agora — Você resmungou, baixo o suficiente para que ele não escutasse, e o seguiu em silêncio.
Os homens dos Brasart lhe levariam até o aeroporto, como tinham feito quando vocês chegaram. O caminho de algumas horas foi marcado por um silêncio constrangedor. O Senju não falava e nem olhava na sua direção. Para que os homens não suspeitassem de nada, você passou todo o percurso fingindo estar resolvendo assuntos importantes e atendendo ligações urgentes, quando, no final das contas, só tinha pedido para Izuna lhe ligar a cada vinte minutos e fingir que precisava resolver algumas coisas com você.
O fato de Tobirama estar estranho era um mistério. Vocês não tinham brigado feio nem nada. Tudo bem se ele só tivesse voltado ao normal e cansado de fingir que era bonzinho, mas isso estava começando a atrapalhar todo o plano de fingirem ser noivos. Foi ele mesmo quem começou com essa palhaçada para começo de conversa. E agora não conseguia nem manter a mentira?
Isso já estava lhe irritando, mas era um assunto para outra hora.
Quando chegaram no aeroporto, não demorou muito para você se despedir dos homens dos Brasart e agradecer pela carona. Já despacharam suas malas e entraram no jatinho logo em seguida. Somente quando se sentaram nas cadeiras, um de frente para o outro, você falou:
— Qual é a porra do seu problema?
— Não se preocupe, eu sei que vamos ter que continuar com a farsa do noivado lá em Konoha também — Os olhos dele ainda não tinham se virado na sua direção e já fazia tanto tempo desde a última vez que você começou a se esquecer lentamente da cor deles — Pelo menos, por um tempo.
— Você fala isso, mas tá fodendo com tudo — Você tentou manter o tom de voz baixo, mas estava ficando cada vez mais difícil não gritar — Sério que você não tá conseguindo nem olhar na porra dos meus olhos enquanto fala comigo?
Ele olhou, mas você preferia que não tivesse. Os olhos dele exalavam aquela mesma energia indiferente que ele usava toda vez que olhava para você antes de terem ido para a Inglaterra, quando eram inimigos declarados. Durante a viagem, ele não tinha lhe olhado daquela maneira, mas, aparentemente, as coisas voltaram a ser como eram.
— Tudo bem — Você levantou as mãos, em sinal de rendição — Faça como você preferir.
Aproveitou que o avião ainda não tinha decolado e saiu da cadeira, indo para a área mais no fundo do jatinho e tentando ficar o mais longe possível dele. A viagem durou uma eternidade.
Você repensou em tudo o que tinha acontecido entre vocês, tentando se lembrar de algo que pudesse ter feito para deixar ele tão puto assim. Não conseguiu pensar em nada. Estava tudo bem entre vocês até três dias atrás.
Desistiu de pensar e foi trabalhar. Mas, enquanto tentava fazer um relatório sobre uma carga que iriam receber na próxima semana, percebeu que estava a quarenta minutos no mesmo parágrafo.
Desistiu de trabalhar e foi dormir. Depois de uma hora e meia de olhos fechados e sem um pingo de sono, se tocou de que não conseguiria pegar no sono nem tão cedo.
Desistiu de dormir.
Nem sabia mais o que poderia fazer. Ainda faltaram umas dez horas para chegarem em Tokyo. Conversar com o Senju não era uma opção e você queria descansar para começar a trabalhar assim que chegassem, mas não estava conseguindo dormir de jeito nenhum.
Você começou a mexer nas revistas que ficavam ao lado dos assentos, tentando achar alguma coisa que pudesse lhe distrair. Quando encontrou um mangá, suas sobrancelhas se arquearam.
Naruto.
Você tinha começado a ler o primeiro volume no voo de ida para a Inglaterra, mas não chegou a acabar. Não tinha nada melhor para fazer mesmo. Por isso, abriu o livro e começou a ler.
Nem sabia dizer quantas horas tinham se passado desde que você começou a leitura, mas já estava no décimo segundo volume quando a aeromoça passou entregando o seu jantar. Não faltavam muitas horas para vocês chegarem.
Decidiu jantar rápido e tentar dormir um pouco. Sabia que o dia seguinte seria longo e, no mínimo, uma loucura. Precisava descansar nem que fosse por apenas algumas horas. Demorou muito tempo e foi preciso alguns remedinhos, mas você conseguiu.
Tobirama não conseguiu fazer absolutamente nada durante o voo até aquele momento. Ainda estava puto com o que tinha ouvido você falar para Madara. Ele sabia que não era justo ficar com raiva de você, já que ele mesmo lhe tratou de forma horrível durante vários anos. Além de ter sido ele quem disse para você que foi um erro terem transado da primeira vez.
Algo nele queria acreditar que ainda tinha uma chance em lhe conquistar de verdade, e ouvir aquelas palavras fizeram ele perceber que já tinha pedido a oportunidade a muito tempo.
Isso estava começando a afetar o desempenho dele como membro de Konoha. Ele não só arriscou colocar todo o plano do noivado em risco ao nem olhar na sua direção no jantar dos Brasart como você teve que se virar para não fazer os homens deles desconfiarem de alguma coisa na ida para o aeroporto.
Ele estava estragando tudo. E não conseguia mais se controlar.
Deveria conversar com você. Dizer que ouviu o que você falou para o seu irmão. Na verdade, muito mais do que isso. Ele deveria admitir que estava perdidamente apaixonado por você. Que não conseguia aturar a ideia de outro homem sequer tocar em você.
Deveria pedir você em casamento de verdade.
Depois de um suspiro fundo, o Senju se levantou da poltrona, percebendo que faltavam ainda algumas horas para vocês chegarem em Tokyo, e foi na sua direção.
Não era justo o que ele estava fazendo com você. Mesmo que você não o amasse e não correspondesse com os sentimentos dele, o único culpado disso era ele mesmo. Por ter lhe tratado tão mal durante todos aqueles anos e por não ter sido sincero com você e consigo mesmo desde o início.
Já tinha um discurso pronto sendo feito na cabeça dele, mas, assim que se aproximou do seu novo assento, ele parou.
Você estava imersa em um sono profundo. Alguns dos fios do seu cabelo caiam pelo seu rosto e suas bochechas estavam mais rosadas do que nunca. Ele percebeu a cartela de remédios para dormir na poltrona ao seu lado e se amaldiçoou por ter tirado o seu sono.
Você estava tão vulnerável que ele tinha medo de sair e alguma coisa acontecer com você. Por isso, ele se sentou na cadeira à sua frente e, durante vários minutos, ficou apenas lhe encarando.
— Talvez eu te ame — Tobirama falou, baixinho, mesmo sabendo que você não ouviria — Eu não sei, na verdade, mas acho que sim — Ele passou uma mão pelos cabelos e suspirou mais uma vez naquele dia — É tudo muito estranho. No início, eu tinha certeza que te odiava com todas as minhas forças. Mas já faz um tempo que eu comecei a usar isso só como uma desculpa para ficar obcecado por você — Mais uma vez, olhou na sua direção, com medo de que você pudesse acordar a qualquer momento — A verdade é que eu já gosto de você faz um tempo, Uchiha. Mas sou imbecil demais para admitir. Eu já te machuquei tanto por muito tempo, que tenho medo que você não me corresponda — Uma risada triste escapou dos lábios dele — Claro que eu entenderia se você ainda me odiasse. Falei mal de você e da sua família por anos. Seria pedir demais que algum tempo juntos em um país distante fosse mudar isso da noite pro dia.
Você continuava imersa em um sono profundo, alheia a declaração que ele tinha acabado de falar. Mesmo assim, Tobirama sorriu. Estava feliz por ter conseguido verbalizar isso, mesmo que você talvez nunca fosse ouvir essas palavras.
Ele se levantou. Deixaria você dormir para chegarem em Konoha com você renovada. Seria um longo dia e você parecia cansada demais quando chegaram. Ele não te culpava. O platinado sabia que você tinha ficado acordada várias madrugadas, falando com os seus homens e distribuindo ordens. Mesmo longe, você não parava de querer ajudar.
Por isso, o Senju depositou um selinho casto nos seus lábios, como se fosse algum tipo de pedido de perdão. Depois, se afastou de você e voltou ao próprio lugar. Também devia tentar dormir um pouco. Não sabiam o que lhes aguardaria quando chegassem ao Japão.
Você não tinha ideia de quanto tempo passou dormindo, mas só acordou quando o avião pousou no solo. Teve que dedicar alguns longos segundos para se espreguiçar e se lembrar onde estavam. Os remédios tinham batido forte e você apagou como uma princesa. Estava renovada e pronta para mais um dia.
Assim que o aviso de atacar os cintos apagou, você se levantou do assento e começou a andar pelo corredor. Tobirama já estava acordado e, diferente de antes, ele agora olhava nos seus olhos de novo.
— Bom dia — Ele disse, a voz suave, ainda que a expressão no rosto fosse séria.
— Acho que já é boa tarde.
Ele se virou na direção da janela. Já estava no final da tarde e o sol ameaçava se pôr a qualquer momento.
— É verdade — Ele também se levantou do assento e ficou de frente para você — Vamos?
Sua cabeça assentiu levemente, sem que você tivesse tempo para raciocinar o que estava acontecendo. De novo: bipolaridade, com certeza.
Ao descerem as escadas do jatinho, você mal tinha encostado o pé no chão quando ouviu uma voz muito familiar:
— E aí, mana?
Seus olhos se arregalaram ao ver Izuna e lacrimejaram ao ver Madara. Sem pensar em absolutamente nada, você correu na direção dos dois e os abraçou, ignorando os resmungos leves de dor que o mais velho deixou escapar.
Queria chorar. Queria gritar. Queria comemorar que estavam todos vivos e bem. Precisava se sentar no sofá do apartamento de vocês e simplesmente conversar. Talvez pedir uma pizza e fazer brigadeiro de madrugada, enquanto assistiam a algum filme aleatório.
— Eu sei que você acabou de chegar, mas... — Seu irmão gêmeo disse, acabando com toda a sua diversão.
— Eu mal cheguei e já vou ter que trabalhar?
— Mais ou menos isso — Foi Hashirama quem perguntou, se juntando a você e recebendo um abraço apertado seu — Também senti sua falta, [Nome].
— Então, o que querem que eu faça? — Você perguntou, colocando as mãos na cintura e tentando esboçar a melhor expressão empolgada que conseguiu (o que não era muita coisa, já que você não estava empolgada porra nenhuma).
— Daqui a duas horas vai ser a festa de noivado de vocês — Madara respondeu, fazendo as suas sobrancelhas se arquearem — Sei que ficou em cima, mas como o casamento foi anunciado enquanto vocês não estavam aqui, tudo ficou um caos.
— Não tem problema — Atrás de você, Tobirama respondeu, dando um passo para a frente e ficando ao seu lado — Vamos acabar logo com isso.
Ele estendeu uma mão na sua direção. Você estava cansada e a última coisa que queria era ir para uma festa, mas sabia que tinha responsabilidades que não podia ignorar. O Senju mais novo parecia não estar mais de mal humor e você poderia aproveitar essa oportunidade para convencerem a todos de que vocês estavam apaixonados. Não podia ser tão difícil assim.
Com um suspiro, mais cansado do que frustado, você segurou a mão dele e entrelaçou os seus dedos. O contato fez com que Hashirama assentisse com a cabeça, Madara arqueasse apenas uma sobrancelha e Izuna risse levemente.
— Não me olhem assim — Você disse, para os três.
— Só acho melhor você ficar desarmada enquanto vocês dois estiverem juntos — O comentário do seu irmão arrancou um olhar irritado seu.
— Nem precisa disso — Foi Izuna que falou e o tom dele deixou claro que alguma piadinha de mal gosto viria a seguir — Do jeito que ela tava se agarrando nele, duvido que um aperto de mãos vai fazer ela atirar.
— Primeiro, vai se foder — Disse, especificamente na direção do seu gêmeo, antes de se virar para os outros dois mais velhos, que nitidamente tentavam segurar a risada — E, segundo, não faltam duas horas pra a festa? Eu meio que preciso me arrumar.
— Claro, vamos — Hashirama disse, já se virando, para que você não conseguisse enxergar o sorriso divertido nos lábios dele. Mas você não precisava olhar para saber que ele estava achando graça naquilo tudo.
Diferente do usual, vocês cinco voltaram para Konoha no mesmo carro. Sim, geralmente você e Tobirama precisavam estar em veículos separados para evitar que balas fossem atiradas. Mas, já que estavam "noivos", nada mais natural do que se locomoverem juntos agora.
Izuna catucava sua perna o tempo todo, em uma brincadeira provocativa. Você conseguia muito bem visualizar as duzentas piadas que ele tinha prontas para você. Pelo menos, ele manteve a decência de ficar calado na frente dos Senju.
Madara e Hashirama, ambos nos bancos da frente, passavam para você e Tobirama sobre como seria a noite. Era mais um jantar do que uma festa, com todos os membros das famílias reunidos. Todos foram pegos de surpresa, então vocês só precisavam ficar lá sentados em seus respectivos lugares, agradecer aos presentes e aos parabéns, não se matarem no processo e poderiam ir embora depois disso.
— Aika vai fazer sua maquiagem e já compramos um vestido — Izuna falou, ao seu lado, enquanto desciam do carro.
— Quem escolheu o vestido? — Se fosse o seu irmão gêmeo, você estaria acabada. Era a cara dele escolher algo horroroso só para lhe irritar.
— Fui eu — Mas, graças ao universo, foi o seu irmão mais velho quem respondeu.
Um suspiro aliviado escapou de seus lábios e você se virou para ir em direção ao prédio dos Uchihas, quando uma mão lhe impediu de ir muito adiante.
— Vai embora sem se despedir do seu noivo? — Tobirama estava sério e segurava o seu braço com firmeza, mas não com força suficiente para lhe machucar.
Você já estava preparada para protestar, quando percebeu que tinham alguns olhares curiosos não muito longe dali. Reconheceu alguns Senju e outros Uchiha. Imediatamente, colocou o sorriso mais convincente que conseguiu.
— É claro que não.
Então você o beijou. Era só um selinho, mas você queria morrer por dentro. Nunca tinha pensado no fato de que, eventualmente, seus irmãos lhe veriam em uma situação como essa. Isso porque eles não faziam ideia que você e o Senju mais novo transaram algumas vezes nesses últimos dias.
Quando se afastaram, ele ainda segurou o seu braço por mais um tempo e depositou um beijo casto no topo da sua cabeça.
— Madara me mandou algumas opções de vestidos e eu escolhi um — Ele disse, bem perto do seu ouvido, em um sussurro para que só você escutasse — Espero que goste.
Tobirama lhe largou e deu as costas, seguindo o caminho até a própria casa. Hashirama foi atrás dele depois de se despedir de vocês.
Seus irmãos estavam silenciosos demais para o seu gosto enquanto entraram pelo hall do prédio e subiam o elevador principal até a cobertura. Mas, assim que colocaram os pés dentro do apartamento, Izuna soltou:
— Caralho, se vocês não tivessem me contado que o noivado era mentira, eu teria acreditado.
— Cala a boca, porra.
— Não sabia que você tava até beijando ele.
— E eu devia fazer o que com o meu noivo? Dar as mãos?
— Ele beija bem pelo menos?
Você não respondeu. Apenas apontou o dedo do meio na direção dele e se trancou no próprio quarto. Era claro que Tobirama beijava bem. Todos os beijos dele eram os melhores que você já tinha provado em toda a sua vida. Mas você nunca admitiria isso em voz alta para absolutamente ninguém, muito menos para os seus irmãos.
Não demorou mais de cinco minutos para Aika entrar e começar o trabalho dela. O tempo de vocês era curto demais e o seu banho não demorou nem dez minutos.
As mãos dela trabalhavam agilmente, mas com certeza não daria tempo. Depois de uma hora e meia, Madara e Izuna avisaram que iriam na frente e que Tobirama passaria aqui para lhe pegar e vocês iriam juntos para o jantar.
Você nem raciocinou direito ao confirmar, enquanto se enfiava dentro do vestido de tecido branco. Foi somente quando se lembrou que o Senju mais novo foi a pessoa que o escolheu que você parou para se olhar no espelho.
Um "puta merda" muito sincero escapou de seus lábios. O vestido era branco e relativamente simples, com alças caídas em seus braços, um decote que deixava os seus seios incríveis e uma fenda que fez com que você se sentisse a mulher mais sexy do mundo. Ele caia como uma luva no seu corpo, acentuando todas as suas curvas.
Nem teve muito tempo para se admirar. Assim que Aika saiu do apartamento, a campainha tocou de novo. Quando você abriu, até perdeu a voz.
Tobirama usava um terno branco com uma gravata azul clara. Ele obviamente tinha tomado banho e penteado os cabelos platinados para trás. Estava tão lindo que deveria ser um pecado.
— Gostou do vestido?
Você tentou reaprender a falar.
— S..sim... — Seus olhos ainda estavam arregalados e percorrendo toda a extensão do corpo dele — Caralho, Senju. Você tá lindo que só a porra.
Essa sua mania de falar tudo o que você pensava sempre o pegou desprevenido. Enquanto ele fazia um esforço enorme para se segurar e não passar quatro horas seguidas lhe elogiando, você simplesmente falava o que achava. Ele odiava e adorava isso ao mesmo tempo.
— Você também está linda — Não deu tempo de suas bochechas corarem com o comentário, já que, logo depois, ele lhe ofereceu o braço — Vamos?
Então, vocês foram.
Não demorou quase nada para que vocês chegassem à casa de recepção em que seria a festa. Assim que passaram pelos portões, todos os olhos se voltaram na direção de vocês. Alguns tinham sorrisos nos rostos; alguns riam; outros olhava mim desconfiados; e tinham algumas pessoas não tão contentes com a notícia.
Você evitou prestar atenção nas conversas, mas era quase impossível.
— Não acredito que eles estão juntos.
— Eu sempre soube que rolava algo entre eles.
— Eles não estavam tentando se matar até a semana passada?
— Tão lindos!
— Isso deve ser algum plano deles para mostrar que as duas famílias podem se unir de verdade.
— Que desperdício.
— Achei que ela não gostasse de homens.
— Não vai durar uma semana.
Você suspirou fundo e o sorriso já tinha morrido do seu rosto. Estava com aquele mesmo jogar afiado que usava quando iria matar alguém. Não estava com vontade de ter que aturar a opinião alheia.
— Não escute eles — O homem ao seu lado falou e por um momento você percebeu que quase tinha se esquecido de que estava ali com ele.
Você resolveu apenas levantar o queixo e seguir em frente. Se sentaram na mesa principal, bem no meio do salão. Madara e Izuna se sentavam a sua esquerda e Hashirama sentava a esquerda de Tobirama.
O Hokage deu um discurso sobre como estava feliz com o relacionamento de vocês, mas você não prestou muita atenção nele. Estava focada em observar a reação do povo de Konoha. Era importante que eles também aceitassem esse casamento, por mais falso que ele fosse.
— E agora eu passo a palavra para os noivos.
O que?
Você não sabia que teria que dar um discurso também e não tinha ideia do que falar. Estava tão nervosa que ficou difícil manter a expressão serena no rosto. Mas, quando Tobirama se levantou primeiro, você sentiu o seu corpo relaxar um pouco. Isso lhe daria tempo para pensar no que falar.
— Não é segredo para nenhum de vocês que eu e [Nome] passamos por vários momentos difíceis ao longo dos anos. Eu não me orgulho de falar que o maior motivo para isso foi por eu simplesmente não aceitar que ela era uma Uchiha — Você olhou rapidamente na direção dele. O Senju só poderia estar louco para assumir abertamente que não gostava da sua família — Mas eu não passava de um imbecil. Eu usava isso como desculpa para implicar com ela e, com sorte, receber um mínimo de atenção. Não sei dizer quando eu me toquei que, na verdade, eu estava apenas apaixonado por ela — Ele olhou na sua direção e, por mais que você realmente acreditasse que aquilo era mentira, não conseguiu impedir que algo dentro de você desejasse ser verdade — Tomei coragem para me declarar e não posso nem expressar o quanto eu fiquei feliz em saber que o sentimento era recíproco. Eu devo uma desculpa a ela e a todos os Uchiha por ter me cegado por tanto tempo em relação a vocês — Agora, ele olhava para frente de novo, os olhos queimando em determinação — Eu amo essa mulher mais do que tudo e não poderia me importar menos com o fato de ela ser uma Uchiha.
Aplausos estouraram pelo salão. A comoção foi tanta que você nem precisou fazer o seu próprio discurso. Era como se ele já tivesse falado o suficiente. Mas, muito embora a maior parte das pessoas fosse esquecer o que ele disse no dia seguinte, aquelas palavras ficariam gravadas na sua alma para sempre.
— Você está bem? — Ele perguntou, depois de algum tempo, quando as pessoas já pararam de vir cumprimentar vocês e dar os parabéns pelo noivado.
— Não sabia que você conseguia mentir tão bem — Escapou de seus lábios. Não sabia dizer o porquê, mas você estava desesperada para receber um "eu não estava mentindo".
No lugar disso, Tobirama apenas se virou para Hashirama e conversou algo rápido com ele. Depois, se voltou para você novamente.
— Já podemos ir embora — Ele disse, se levantando da cadeira.
— Mas, e os convidados?
— Acabamos de voltar de uma viagem extremamente cansativa. Eles vão entender — Ele estendeu a mão na sua direção, que aceitou e também se levantou — Além disso, daqui a pouco todos vão estar muito bêbados para se lembrar de que saímos mais cedo.
Você assentiu. Estava mesmo querendo sair dali o mais rápido possível. Por isso, se despediu rápido de seus irmãos e de Hashirama e seguiu o platinado para fora do salão.
O carro dele estava estacionado no mesmo local de quando chegaram e, sem pressa, entraram no veículo. Um silêncio intenso pairou entre vocês, antes de ele dar partida no carro. O Senju parecia pensativo por um tempo e você já tinha se virado na direção dele para perguntar o que estava errado, quando ele xingou e se virou na sua direção.
Você não soube dizer quem beijou quem primeiro. Mas, quando se deu conta, os seus lábios já estavam colados, se abrindo para que suas línguas invadissem a boca um do outro. Você gemeu alto, aliviada por finalmente poder clamar os lábios dele de novo. Eram viciantes como uma droga pesada.
As mãos dele percorriam suas curvas com uma urgência clara e você sabia que não aguentaria mais muito tempo. Precisava sentir ele por completo de novo.
— Por favor, me diz que você vai me levar pra sua casa — Você disse, enquanto seus lábios se separavam levemente.
Ele não respondeu. Apenas se afastou de você e ligou o carro, arrancando ele dali em uma velocidade, no mínimo, perigosa. Deveria ter demorado apenas alguns minutos até que vocês estivessem na mansão dos Senju, mas para você pareceram horas.
O lugar estava deserto e vocês nem conseguiram esperar chegarem ao quarto dele. Você o atacou ali mesmo na sala, com beijos tão necessitados que parecia até que sua vida dependia daquilo. Como se dependesse dele.
Outro gemido alto escapou de seus lábios quando ele agarrou a sua bunda e lhe puxou para que entrelaçasse as penas ao redor da cintura dele. O membro já completamente duro pressionava sua intimidade e já estava lhe levando a loucura.
Tobirama andou com você até o quarto dele, sem quebrar o contato de seus lábios, enquanto você roçava no corpo dele, desesperada por mais contato. Quando se deu conta, ele tinha lhe jogado em cima da cama e ficou por cima do seu corpo, com as mãos no colchão, uma de cada lado do seu rosto.
— Acho que nunca te vi tão desesperado, Senju — O sorriso malicioso no seu rosto entregava que você estava adorando toda a situação.
— Faz muito tempo que eu não te fodo, Uchiha — Ele desceu o rosto e começou a atacar o seu pescoço com beijos e mordidas — E, para o seu azar, eu gosto muito da sua boceta.
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