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──── 𝗙𝗨𝗡𝗘𝗥𝗔𝗟

̇⁺ CAPÍTULO ◌⃘ ̇ funeral
﹙+ informações﹚. . . 🕥

𝐀𝐋𝐀𝐒𝐊𝐀, 𝐇𝐎𝐔𝐕𝐄𝐑𝐀 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐀𝐃𝐎 𝐌𝐀𝐈𝐒
𝐂𝐄𝐃𝐎, despertando em meio ao silêncio denso que dominava a mansão Hargreeves. O lugar estava imerso em uma quietude quase mórbida, que parecia sussurrar lembranças antigas e dores que ela mal queria recordar. Dezessete anos haviam se passado desde o desaparecimento de Cinco, e catorze desde que seus outros irmãos tinham ido embora, fugindo dos mesmos fantasmas que ainda a mantinham presa ali.

Luther foi o único a ficar um pouco mais, o que acabou aproximando-os com o tempo. Naqueles anos, ambos desenvolveram uma espécie de amizade silenciosa, trocando conversas despretensiosas sobre o dia a dia. Alaska lembrava-se claramente da noite em que ele retornou de uma missão quase morto, consequência de uma das ordens cruéis de Reginald. Ele sobreviveu, mas não sem cicatrizes — físicas e emocionais. O peso daquela escolha ficou para sempre, visível em seus olhos e em cada passo cauteloso que ele dava pela mansão.

Naquela manhã, no entanto, o silêncio era insuportável, e Alaska decidiu sair para arejar a cabeça. Dirigiu-se a uma floricultura próxima, um dos poucos lugares que lhe traziam conforto. Gostava de comprar flores para Grace, a robô que, aos poucos, tornou-se uma figura materna em sua vida. Grace cuidava dela com uma ternura quase humana, contando histórias para acalmá-la e oferecendo conselhos sempre que ela precisava.

Ao entrar na loja, Alaska passou algum tempo indecisa, analisando cada flor com cuidado. Valorizava o significado de cada uma e queria algo que simbolizasse o que sentia por Grace: gratidão, respeito e amizade. Após uma longa reflexão, escolheu uma rosa de tom rosa, que representava respeito e admiração, e uma astromélia, que transmitia gratidão e amizade. Com as flores nas mãos, sentiu uma leveza que raramente encontrava naquele cotidiano solitário.

Quando Alaska saiu da loja, foi como se tivesse pisado em um campo minado. Do lado de fora, uma onda de jornalistas e fotógrafos a aguardava, câmeras e microfones em riste, olhos atentos, cada um focado nela com uma intensidade que a fez recuar. A multidão parecia saber algo que ela não sabia, e aquela constatação fez o estômago dela se contorcer.

Antes que tivesse tempo de processar a cena, o celular vibrou em sua mão, e ela atendeu no segundo toque.

— Alô? — a voz de Diego soou do outro lado, abafada e tensa, quase um sussurro urgente. — Onde você tá? Preciso te contar uma coisa, mas... é importante que você mantenha a calma.

Alaska apertou o telefone contra o ouvido, tentando se concentrar, enquanto seu olhar deslizava pela multidão do lado de fora. A agitação entre eles era inconfundível; cochichos, olhares trocados, flashes prontos para disparar no momento em que ela cruzasse a porta.

— Estou na floricultura, Diego — ela respondeu, tentando controlar a voz, mas o nervosismo a traía. — Mas o que tá acontecendo? Tem uma multidão de jornalistas aqui fora... Eles parecem prontos para me atacar com perguntas.

Do outro lado da linha, Diego ficou em silêncio por um segundo, mas ela ouviu o som de sua respiração hesitante. Ele pigarreou, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

— Certo, me passa o endereço. — Ele suspirou, e ela pôde sentir a gravidade em cada palavra que ele escolhia. — Vou te buscar e te explico tudo no caminho pra casa.

Rapidamente enviou a localização, sentindo o coração bater forte. Desligou o telefone, mas seu olhar continuava preso na multidão, que agora parecia se agitar ainda mais. Alguns repórteres cochichavam e a olhavam, preparando câmeras e microfones para o momento em que ela saísse. Era impossível ignorar o leve tremor nas mãos dela, as flores balançando como testemunhas silenciosas de sua inquietação.

O que quer que estivesse acontecendo, era algo grande — grande o suficiente para colocar uma multidão em alerta, grande o suficiente para fazer Diego soar tão... preocupado. Uma pergunta persistente e incômoda começou a ecoar em sua mente, ainda que ela tentasse afastá-la: será que alguém havia morrido?

O corpo de Reginald Hargreeves, o enigmático e excêntrico bilionário, fora encontrado no quarto da vasta mansão. A notícia se espalhara como fogo, e não demorou para as suspeitas recaírem sobre Alaska, a única filha que ainda se aventurava a morar naquela casa fria e solitária. A pressão das acusações pairava no ar como uma nuvem pesada, e cada segundo que passava alimentava a fúria silenciosa que se acumulava dentro dela.

Diego dirigia com atenção, os olhos fixos na estrada, mas não podia ignorar a tensão que emanava da irmã ao seu lado. As mãos dela estavam fechadas em punhos, os dedos cravados na própria pele, e o maxilar tenso demonstrava um autocontrole que estava prestes a ruir.

— Você 'tá bem com tudo isso? — Diego perguntou, sua voz mais suave do que o habitual. Ele sabia que estava pisando em terreno minado, mas precisava saber.

Alaska soltou uma respiração pesada antes de responder, tentando controlar o tom de desprezo que não conseguia esconder.

— Olha, Diego, eu realmente não me importo com o que aconteceu com aquele velho — ela disse, quase cuspindo as palavras. — Mas é um absurdo pensarem que eu teria feito alguma coisa. Só porque fui a última a ficar naquela casa não significa que sou uma assassina.

Diego permaneceu em silêncio por um momento, escolhendo as palavras com cautela. Ele já lidara com muitas situações complicadas, mas ver a irmã envolvida nesse tipo de suspeita o deixava desconfortável. Ele conhecia bem a ira de Alaska, assim como sua lealdade à família, por mais complicada que fosse.

— Esquece a mídia — ele respondeu, tentando manter a voz calma e equilibrada. — Já vi isso muitas vezes. Eles só querem um alvo fácil pra alimentar o circo. Como diz a lei, "inocente até que se prove o contrário."

Alaska soltou uma risada amarga, e Diego pôde sentir a frustração e o cansaço por trás daquele som. Por mais que tentasse parecer imune ao que acontecia, ele sabia que a situação estava mexendo com ela de um jeito que não admitiria.

— É fácil pra você falar — ela murmurou, a voz finalmente perdendo um pouco da aspereza. — Você saiu, Diego. Você não sabe o que é ficar naquela casa sozinha, enquanto o mundo inteiro te olha como se você fosse uma bomba-relógio prestes a explodir.

Diego lançou um rápido olhar para ela, um sorriso triste se formando em seu rosto. Ele entendia mais do que ela imaginava. Sabia o peso daquela mansão, das expectativas de Reginald e da dor de ser parte de uma família que nunca havia sido, de fato, uma família. Eles eram irmãos, mas também eram estranhos, peças soltas que se juntavam apenas para formar um quebra-cabeça desconexo.

— Talvez não saiba como é ficar lá agora — ele admitiu, voltando a atenção para a estrada —, mas conheço você melhor do que qualquer um. E se tem uma coisa que sei é que você não é culpada. A verdade sempre aparece, Alaska. Nós só precisamos resistir até lá.

Alaska desviou o olhar para a janela, observando as luzes da cidade que passavam rápido, borradas, como memórias. A raiva que sentia estava se dissipando, transformando-se em algo mais profundo, algo que não conseguia definir. Sentia falta dos irmãos, dos momentos em que eram, de alguma forma, uma família. Uma parte dela sabia que, apesar de tudo, eles eram os únicos que realmente a compreendiam.

Ela fechou os olhos por um segundo, permitindo-se sentir aquela nostalgia, aquele conforto amargo de saber que, no fim, ainda restavam uns aos outros.



                                     ☂︎




Ao cruzar a entrada da mansão, Alaska foi recebida por um silêncio incômodo, interrompido apenas pelo sussurro de passos apressados no assoalho. Em poucos instantes, os irmãos começaram a se aproximar. Allison a puxou para um abraço apertado, um gesto caloroso que carregava um afeto sincero em meio à tensão. Luther, ao lado, observava com uma mistura de preocupação e reserva, o olhar dele traduzindo tanto o alívio quanto as dúvidas que, claramente, rondavam sua mente. Diego, porém, mantinha uma expressão distante, os olhos sombreados pela raiva que ele nem tentava esconder.

— Klaus já chegou e, como esperado, provavelmente se afundou em algum canto pra encher a cara, — Diego comentou, seu tom carregado de desprezo.

Nesse exato momento, o som da porta ecoou pela entrada principal, fazendo todos se virarem. Vanya entrou devagar, os ombros tensos, o olhar hesitante, como se já esperasse a hostilidade que inevitavelmente surgiria. Allison foi a primeira a se mover, indo até o irmão e o envolvendo em um abraço. Vanya parecia desconfortável, os olhos evitavam encontrar os dos irmãos, e ele mordia o lábio, ansioso, quase esperando uma tempestade.

Diego o fitou com um olhar penetrante, e a linha entre os lábios se apertou em um traço fino.

— O que ela tá fazendo aqui? — ele esbravejou, o tom de voz afiado como uma faca. A mão dele se ergueu em um gesto de desgosto, e sua expressão deixava claro o quão inconformado estava. — Esse não é o seu lugar, não depois do que fez.

A tensão aumentava a cada palavra de Diego, cada segundo mais perto de romper a frágil linha entre o desconforto e a explosão. Alaska, sentindo o peso daquela hostilidade iminente, deu um passo à frente, tentando mediar o confronto.

— Diego, agora não, — ela pediu, a voz baixa mas firme, numa tentativa de aplacar a fúria do irmão antes que tomasse proporções ainda maiores. Allison, no entanto, não conseguiu deixar passar.

— Sério que você quer falar disso hoje? — ela questionou, o tom de voz mais calmo, mas não menos cortante. Vanya desviou o olhar, as mãos cruzadas, claramente desconfortável, enquanto Diego se afastava e subia as escadas, o som dos passos pesados ecoando pela casa. — Não dava pra escolher uma roupa melhor pra ocasião?

Ao virar no último degrau, ele lançou um último olhar irônico para o grupo, parando momentaneamente para olhar para o próprio traje.

— Pelo menos tô usando preto, — ele comentou, o sarcasmo pingando em cada sílaba, antes de desaparecer no andar superior.

O silêncio que seguiu era denso, quase sufocante. Allison respirou fundo, o olhar dela alternando entre os irmãos, como se tentasse, de alguma forma, unir aqueles pedaços quebrados. Vanya abaixou a cabeça, e em voz baixa, finalmente murmurou:

— Tudo bem... acho que ele tem razão. Eu realmente não deveria ter vindo.

— Não liga pra ele, — Allison interveio de imediato, segurando a mão de Vanya, com um olhar de compreensão. — Você sabe como Diego é. Ele ainda está chateado com "aquilo", mas tenho certeza que ficou feliz em te ver, mesmo que não admita, — Alaska acrescentou, tentando dar um sorriso, por mais que a situação não inspirasse muito ânimo.

Diego, do alto da escada, observava em silêncio. O desgosto no rosto dele era mais que evidente; havia uma mágoa profunda. Para ele, o livro que Vanya escrevera sobre a vida e os segredos dos Hargreeves era mais do que uma traição; era uma invasão brutal à privacidade deles, um desrespeito às dores e cicatrizes que cada um carregava. Ver aquilo exposto ao mundo, cada trauma esmiuçado sem que ninguém tivesse sido consultado, era algo que ele simplesmente não conseguia aceitar. Ele sabia que, para Vanya, escrever aquele livro talvez tivesse sido uma forma de descarregar sua própria dor, de processar tudo que vivera naquela família, mas Diego não conseguia enxergar aquilo como justificativa. Ele não sabia se poderia perdoá-lo por abrir as feridas de todos, especialmente as dele.

— Que bom que veio, — Allison murmurou, quebrando o silêncio, tentando puxar um sorriso que, embora forçado, era uma tentativa de apaziguar o clima.

A mansão parecia ainda mais sombria naquele dia, as paredes antigas refletindo os ecos de palavras não ditas, e o ar pesado carregando os rancores não resolvidos. A família Hargreeves, mesmo reunida, parecia um quebra-cabeça com peças soltas, cada um carregando cicatrizes e segredos que impediam qualquer tentativa de completa união. Mas, apesar de tudo, ali estavam, juntos, por um fio de compreensão que resistia — ainda que frágil.

Alaska subiu as escadas com passos firmes, sentindo uma mistura de tensão e expectativa. Precisava encontrar Klaus, o único irmão que ainda não havia aparecido. Ao virar o corredor, parou ao vê-lo — uma visão ao mesmo tempo cômica e patética. Ele estava tentando enfiar algo nos bolsos de maneira tão desajeitada que Alaska quase soltou uma risada, mas conteve-se, apenas observando. Klaus tinha um jeito de transformar até os momentos mais sombrios em algo que fazia você querer rir e revirar os olhos ao mesmo tempo.

Klaus e Alaska sempre foram unidos por um laço único, uma cumplicidade silenciosa e inexplicável. Não era só por serem irmãos; era por serem eles, duas almas tentando respirar na sombra de um homem que exigia perfeição acima de tudo. Desde cedo, Klaus percebia o peso que Alaska carregava e, por isso, tentava encontrar maneiras de fazê-la esquecer o que era ser uma Hargreeves, mesmo que por algumas horas. Quando Reginald estava fora, ele a levava para o quintal, onde inventavam "treinamentos secretos." Mas, no fundo, o único objetivo desses momentos era a liberdade — sem as regras, sem a pressão, sem as máscaras. Uma vez, Klaus propôs um "treino" em que jogaria objetos para ela desviar usando os poderes. Claro que a ideia terminou com os dois cobertos de lama e rindo tanto que quase esqueceram onde estavam.

Era disso que ela sentia falta: daquele Klaus, aquele laço que pareciam ter perdido com o passar dos anos.

Ela deu um passo à frente, decidida a provocá-lo.

— Pelo visto, os velhos hábitos nunca somem, — disse ela, com um sorriso de lado.

Klaus deu um pulo de susto, mas em segundos seu rosto se abriu num sorriso largo e exagerado.

— Alaskaaaaa! — Ele abriu os braços para um abraço dramático, o cheiro de álcool já saturando o ar. — Sempre tão linda, mas olha, preciso ser sincero, esse visual seu precisa de um toque meu.

— E o que você tá tentando esconder aí? — Alaska perguntou, arqueando uma sobrancelha, mais divertida do que realmente curiosa.

— Ah, isso? — Klaus deu de ombros, tentando fazer parecer algo sem importância. — Um mimo que eu encontrei por aí, sabe? Digamos que o velho... não vai mais precisar disso. — Ele fez um gesto de "corte no pescoço", o sorriso irônico escondendo uma sombra de tristeza. — E como sou um bom irmão, pensei em resgatar esse tesouro do esquecimento.

Ela riu, revirando os olhos.

— O mesmo Klaus de sempre... — murmurou, a voz quase um sussurro. — Senti sua falta, sabia?

— Ah, eu também senti a sua, — ele disse, sem perder a chance de acrescentar: — embora eu realmente tenha sentido mais falta do meu toque no seu guarda-roupa. A propósito, gostou da minha saia? — Ele deu uma volta, exagerado como sempre. — Achei uma relíquia no fundo do armário da Allison. Não é bem meu estilo usual, mas me senti um pouco... Jane Austen, se ela fosse um fugitivo.

— Bem "específico". — Alaska respondeu, rindo enquanto balançava a cabeça.

O breve momento de alegria pairou no ar, uma bolha que os protegia, mas que estourou rápido demais. Uma voz ecoou do andar de baixo, chamando-os para a sala. Allison os esperava, e o tom dela não deixava espaço para brincadeiras.

Alaska e Klaus desceram juntos, e conforme se aproximavam da sala, o peso da situação voltou a apertar o peito de Alaska. Era como se cada passo aumentasse a pressão. Ela lançou um último olhar para Klaus, buscando nele algum tipo de força, uma lembrança do que eles eram. Ele apenas sorriu, um sorriso travesso que não conseguia esconder a preocupação.

A tensão no ar era quase palpável, como se cada palavra fosse uma faísca prestes a acender algo muito maior. Alaska observou os irmãos, as expressões de cada um variando entre frustração, raiva e um cansaço latente que não precisavam esconder entre eles. Mesmo o silêncio carregava peso naquela sala.

— Acho que já dá pra começar... A gente podia fazer uma cerimônia em homenagem, no pátio ao pôr do sol. — sugeriu Luther, a voz mais tensa que gostaria de admitir.

— Ele tinha um lugar preferido? — Allison perguntou, os olhos vasculhando os rostos dos irmãos, tentando buscar alguma memória compartilhada.

Luther assentiu, os lábios pressionados em uma linha séria. — Tinha. Embaixo do carvalho. A gente se sentava ali sempre. Não faziam isso?

A lembrança de Luther tentando se conectar com o pai arrancou um misto de nostalgia e ressentimento de Alaska. Era sincera ao dizer que nunca ligara para aquelas tentativas. Quando era mais jovem, talvez até buscasse algum tipo de aprovação que nunca viria. Hoje, ao lembrar, sentia-se como um peso que não fora capaz de carregar sozinho.

Antes que o clima ficasse mais sombrio, Klaus interrompeu, seu tom levemente debochado: — Vai ter comes e bebes? Chá, bolinho? Sanduíche de pepino que sempre faz sucesso.

Luther se virou para ele, endurecendo o tom. — Que? Não. Apaga isso. Nosso pai não gostava que fumassem aqui.

Antes que pudessem continuar, Allison olhou para Klaus com uma mistura de choque e incredulidade. — Peraí, essa saia é minha?

— Quê? Ah, é. Isso aqui? — Klaus olhou para a saia, desajeitado, como se tivesse esquecido que estava usando. — Achei no seu quarto. Achei um pouquinho ultrapassada, mas... é bom que bate um vento nas partes.

— Escuta aqui, ainda temos coisas importantes que precisamos discutir, tá? — Luther interrompeu, tentando retomar o controle da conversa, mas sua frustração era clara.

— Tipo o quê? — Diego desafiou, cruzando os braços e encarando o irmão, esperando alguma justificativa.

Luther respirou fundo. — A causa da morte.

Diego soltou uma risada curta, cheia de sarcasmo. — Vai começar.

Vanya, que até então se mantivera em silêncio, franziu o cenho. — Não tô entendendo. Disseram que morreu do coração.

— Sim, de acordo com os médicos, — Luther respondeu, mas havia um franzir de dúvida em sua expressão.

— Eles entendem disso, — Insistiu, a dúvida clara em seu rosto.

— Teoricamente, — O loiro disse, sua hesitação evidente.

— "Teoricamente"? — Allison repetiu, arqueando uma sobrancelha, claramente cética.

— Só acho que, no mínimo, aconteceu alguma coisa. — Luther olhou para cada um deles, sua seriedade inabalável. — Na última vez que falei com o pai, ele tava esquisito.

Klaus brincou, seu tom escorrendo ironia. — Ah, quelle surprise!

— Esquisito como? — A cacheada questionou, a curiosidade crescendo.

— Ele estava nervoso. — Respondeu frustrado.

— E dizia que não devia confiar em qualquer um. — Continuou, olhando para os irmãos.

— Luther, ele era um velho ranzinza e paranoico que já não estava bem da cabeça. — Diego cruzou os braços, tentando manter a paciência.

Luther negou com a cabeça, teimoso. — Não, ele sabia que alguma coisa ia acontecer. — Ele lançou um olhar significativo para Klaus. — Olha, eu sei que não gosta de fazer isso, mas você precisa falar com nosso pai.

Klaus revirou os olhos dramaticamente, a impaciência evidente. — Gente, não dá pra chamar ele no outro plano e falar assim: "Pai, você pode parar de jogar tênis com Hitler? Tenho que falar com você."

— Desde quando? É sua especialidade. — Luther insistiu, o tom quase implorando.

Sua expressão escondendo um toque de nervosismo. — Não tô pronto mentalmente,

Allison estreitou os olhos, desconfiada. — Tá chapado?

Klaus sorriu, sarcástico. — É! Vocês também tinham que estar pra aguentar essas baboseiras.

— Fica sóbrio, isso é importante! — Luther o repreendeu, a voz firme, antes de voltar-se para Alaska, com uma expressão insinuante. — E também tem o problema do monóculo que sumiu.

Alaska arqueou as sobrancelhas, exasperada. — Tá querendo insinuar alguma coisa, Luther?

Diego soltou uma risada cínica. — Quem liga pra essa porcaria?

— Tem razão, não vale nada. — Luther manteve o olhar fixo. — Quem pegou deve ter um motivo pessoal, alguém próximo, com algum ressentimento.

— Do que você tá falando? — Klaus questionou, confuso.

— Ainda não entendeu, Klaus? — Diego debochou, cruzando os braços.

Alaska sentiu a raiva crescendo, mas manteve a voz controlada. — Tá achando que foi um de nós, é isso?

Um silêncio pesado caiu sobre a sala, o peso da acusação quase tangível.

Ela respirou fundo, reunindo o máximo de calma que conseguia. — Sabe o que é pior, Luther? Você achar que culpar alguém aqui vai resolver alguma coisa. Talvez seja hora de aceitar que nosso pai nunca ligou pra nenhum de nós. — Ela balançou a cabeça, a frustração transbordando em cada palavra. — E se você acha que alguém aqui seria capaz disso, parabéns. Você é mais paranoico que o próprio velho.

Sem esperar resposta, ela se levantou e saiu da sala, sentindo o peso do olhar dos irmãos em suas costas.

— Isso é sério? — Klaus perguntou, ainda em choque, olhando para os outros.

— Como pode achar isso? — Vanya olhou para Luther, incrédulo.

Diego balançou a cabeça, sua voz amarga. — Parabéns, Luther. Que líder!

Luther tentou se defender, a voz fraca. — Não disse isso...

— Você enloqueceu, cara! — Klaus exclamou, sua voz misturando exasperação e incredulidade.

Um por um, os irmãos saíram da sala, deixando Luther sozinho com as palavras que nunca teve a chance de dizer. Ele suspirou, sabendo que algo se quebrara ali.

— Eu ainda não terminei, — ele murmurou, mas sua voz se perdeu no silêncio.

Klaus, do fundo do corredor, ainda soltou uma última piada ácida: — Ta bom! Só vou matar a mamãe rapidinho e já volto!

Alaska subiu as escadas com o coração pesado, cada passo um lembrete do peso que pairava sobre todos eles. Ela precisava processar o que havia acabado de acontecer, precisava sair do alcance das vozes e olhares dos irmãos. No fundo, sabia que a desconfiança entre eles era inevitável, mas ouvir Luther acusá-los assim a fez sentir algo ainda mais amargo.

A mansão, com seus longos corredores e quartos vazios, parecia sufocar, um labirinto onde cada canto guardava uma memória ou uma tensão não resolvida. Ela continuou andando até chegar ao quarto dela que costumava ser o refúgio da Alaska e de Klaus nas noites em que Reginald tornava-se insuportável. Parou na porta, respirou fundo e entrou.

A sensação de vazio era esmagadora, e por um momento, deixou-se afundar na nostalgia, recordando o irmão risonho e despreocupado que, de alguma forma, sempre conseguia arrancar um sorriso dela. Mas hoje, tudo parecia diferente. Mesmo Klaus, com todo o seu sarcasmo e humor ácido, não conseguia aliviar o clima denso que pairava entre os irmãos.

Por fim, ouviu passos leves se aproximando. Era Klaus, claro. Ele parou na porta, encostando-se no batente com um sorriso torto e cansado, como se soubesse exatamente o que se passava na mente dela.

— Olha só quem veio se esconder no nosso santuário — ele murmurou, os olhos brilhando com aquele humor típico, mas Alaska notou algo mais profundo ali.

— Precisava de um lugar onde não ficasse sendo acusada de... sei lá, roubar monóculos ou assassinar velhos paranóicos — ela respondeu, sua voz carregada de sarcasmo, mas também de cansaço.

Klaus deu uma risada curta, mas logo o riso morreu, e ele suspirou, sentando-se no chão ao lado dela. Eles ficaram em silêncio, ambos encarando o vazio.

— É um inferno, não é? — ele perguntou, finalmente, a voz mais suave. — Todos esses anos tentando... sabe, entender quem a gente é, entender o que o velho queria de nós. E, no fim, tudo parece ser só mais um teatro onde ele é o diretor, mesmo estando morto.

Ela assentiu lentamente, sentindo o peso das palavras de Klaus. Era como se, mesmo na ausência, Reginald ainda manipulasse as peças, deixando-os naquele jogo insano de desconfiança e acusações.

— Eu só... — ela começou, a voz tremendo levemente. — Eu só queria que tudo isso acabasse. Que a gente pudesse ser uma família de verdade. Mas talvez isso seja pedir demais.

Klaus a olhou com algo que parecia um lampejo de empatia. Ele esticou a mão e segurou a dela, um gesto simples, mas que dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar.

— Ei, se serve de consolo... eu sou péssimo em cerimônias, — ele brincou, piscando. — Mas, se precisar, eu posso organizar um chá com biscoitos da próxima vez que alguém resolver fazer um discurso dramático sobre família.

Ela sorriu, um sorriso fraco, mas real, e deu um leve soco no ombro dele.

— Biscoitos não são nada sem sanduíches de pepino, Klaus. Já te ensinei isso.

— Claro, como eu poderia esquecer? — ele respondeu, exagerando o tom.

Por um momento, naquele espaço escondido da mansão, Alaska e Klaus voltaram a ser eles mesmos, longe das acusações, dos olhares e da sombra de Reginald.

A tensão era tão densa que parecia vibrar no ar ao redor dos Hargreeves. O trovão inesperado os pegou de surpresa, cada um reagindo com o coração disparado, quase como se o próprio som estivesse tentando arrancar algo deles. A casa mergulhou na escuridão total, e, como uma força invisível, os empurrou a correr em direção ao jardim, onde o estrondo parecia ter sua origem.

— O que é isso? — Vanya perguntou, a voz trêmula, os olhos vasculhando a escuridão.

— Não chega perto! — exclamou Allison, o olhar fixo na fenda que agora pulsava e faiscava, como um vórtice do próprio tempo.

Diego bufou, tentando manter a calma, mas o nervosismo era palpável. — É, tá brincando?

Luther, atento à anomalia, murmurou para si mesmo: — Parece uma daquelas anomalias temporais... ou um mini buraco negro. Das duas, uma.

— Tem uma diferença enorme, seu troglodita. — Diego rebateu, mas sua tentativa de humor falhava em mascarar a inquietação.

— Sai da frente! — Klaus surgiu correndo de dentro da casa, segurando um extintor com determinação cômica. Sem pensar, o jogou contra a anomalia, apenas para vê-lo ser tragado pelo nada.

— Isso vai adiantar de quê? — Allison perguntou, a paciência desgastada.

Klaus deu de ombros, as mãos erguidas em exasperação. — Ah, sei lá! Alguém tem uma ideia melhor?

A fenda parecia responder, crepitando mais intensamente, uma espécie de zumbido que vibrava nos ossos de cada um deles.

— Todos pra trás de mim! — Luther ordenou, usando sua postura imponente para reunir os irmãos em torno de si.

Mas Diego, impulsivo como sempre, empurrou o irmão de lado. — Fiquem atrás de nós! — ordenou com firmeza, a postura desafiadora.

Klaus, sempre com um comentário na ponta da língua, ergueu as mãos em sinal de rendição. — Eu voto por correr! "Vambora"!

Alaska recuou instintivamente, o olhar fixo no portal. — Eu não sei vocês, mas eu não tenho a menor vontade de me aproximar dessa coisa.

Os irmãos observavam a fenda com os olhos arregalados quando, de repente, a silhueta de um homem surgiu. Ele parecia ter uns 50 anos, mas enquanto lutava para atravessar a barreira que o separava deles, sua forma começou a se alterar.

O vulto finalmente emergiu, caindo no chão com um baque surdo. Ao se erguer, olhou ao redor, a expressão confusa e cansada, mas foi quando viu os próprios braços — agora curtos e jovens — que o horror tomou conta de seu rosto.

Klaus piscou, atordoado. — Tem mais alguém vendo o Número Cinco criança ou isso é só coisa da minha cabeça?

— Que merda! — exclamou Número Cinco, a mistura de frustração e incredulidade transbordando em suas palavras.

Cinco, com uma expressão concentrada, colocou uma tábua de madeira em cima da bancada, seu olhar fixo nos ingredientes como se estivesse prestes a iniciar uma obra-prima culinária. Ele se movia de forma prática e quase mecânica, como se o que estava prestes a fazer fosse mais importante do que o que tinha acontecido há instantes.

— Que dia é hoje? — ele perguntou, um suspiro escapando de seus lábios. — Qual é a data exata?

— Dia 24 — Vanya respondeu, hesitante, enquanto tentava processar a confusão que ainda pairava no ar.

— De quê? — Cinco indagou, mergulhado em suas tarefas, ignorando completamente a tensão no ambiente.

— Março.

— Legal. — Ele não parecia impressionado.

Luther, com a paciência já estourando, decidiu que era hora de encarar o elefante na sala. — Podemos falar sobre o que acabou de acontecer? — ele disse, a frustração evidente em sua voz.

Cinco ignorou a pergunta e colocou duas fatias de pão sobre a tábua, como se conversas sérias fossem algo totalmente dispensável.

— Já se passaram 17 anos! — Luther exclamou, a bravura em sua voz subindo como uma bolha prestes a estourar.

— Faz muito mais tempo do que isso. — Cinco respondeu, teleportando-se rapidamente para pegar algo na prateleira.

Alaska o observa, ele realmente voltou. Uma onda de descontentamento a invade. Por que demorou 17 anos para reaparecer? Por que não voltou antes?

Os irmãos tentam entender a situação, mas Alaska se sente cada vez mais irritada. Como sempre, ele não se importa. O que mudou para ele voltar agora?

— Tava com saudade disso. — O loiro disse, referindo-se aos seus poderes, como se tentasse desviar a atenção da tempestade emocional que pairava sobre eles.

— Pra onde você foi? — Diego interveio, misturando curiosidade e irritação. Era um verdadeiro duelo verbal que se desenrolava ali.

— Pro futuro. — Que aliás, tá uma merda. — Cinco comentou, um desdém claro em suas palavras.

— Eu falei! — Klaus levantou o dedo, como se tivesse descoberto um grande mistério digno de um épico.

— Ai, eu devia ter escutado o velho. — Cinco continuou, pegando um pouco de pasta de amendoim com uma despreocupação que irritava.

— Sabe, uma coisa é atravessar o espaço — ele disse, olhando para eles com seriedade. — Atravessar o tempo é como dar um tiro no escuro.

— Gostei da saia. — Acrescentou casualmente, como se nada da conversa fosse realmente importante, desviando mais uma vez o foco da discussão.

— Ah, danke. — Klaus respondeu, tentando manter a leveza, mesmo enquanto o mundo desmoronava ao seu redor.

— E como você voltou? — Vanya ainda tentava entender a complexidade da situação, a confusão estampada em seu rosto.

— Eu tive que projetar minha consciência rumo a uma versão suspensa em estado quântico de mim mesmo, que existe paralelamente em toda instância possível através do tempo.

— Não tô entendendo. — O latino confessou, a expressão de confusão estampada em seu rosto.

— Se fosse inteligente, entenderia, — Cinco zombou, provocando com um sorriso que poderia derreter um cubo de gelo.

Diego não se conteve e partiu pra cima de Cinco, mas Luther o segurou firmemente, como se estivesse tentando impedir uma erupção vulcânica.

— E quanto tempo ficou lá? — O homem forte perguntou, determinado a obter mais respostas.

— 35 anos. Mais ou menos. — Cinco disse, enquanto todos se sentavam, chocados com a revelação que flutuava no ar.

— Tá dizendo que... tem 48 anos? — Repetiu, incredulidade transparecendo em sua voz, como se estivesse esperando que tudo fosse uma piada.

— Não. Minha consciência tem 48 anos. — Ele deu uma mordida no sanduíche. — Pelo visto, meu corpo tem 13 anos de novo.

— Espera aí, como isso é possível? — Vanya questionou, a confusão aumentando.

— A Dolores sempre dizia que os cálculos estavam errados. — Cinco respondeu casualmente, desprezando as consequências.

Alaska, encostada na bancada, observava com uma expressão interrogativa, suas perguntas não ditas ecoando em sua mente.

— Aposto que ela tá rindo agora. — Ele disse, de boca cheia, quase com um sorriso no rosto, mas sem olhar para os irmãos.

— Dolores? — Vanya perguntou, mas Cinco ignorou, pegando um jornal que anunciava algo sobre Reginald.

— Perdi o funeral. — O garoto disse, como se isso não fosse importante, como se tudo ao seu redor fosse apenas uma grande piada.

— Como sabe disso? — Luther indagou, desconfiado, seus olhos fixos em Cinco.

— Que parte do "voltei do futuro" não entendeu? — Cinco respondeu, quase entediado, o sarcasmo transparecendo.

— Insuficiência cardíaca, né? — Ele completou.

— É. — Diego confirmou, sua voz mais baixa.

— Não. — Luther suspirou, frustrado com a falta de profundidade na conversa, esperando mais que isso.

— É bom saber que nada mudou. — Cinco olhou para todos, seus olhos brevemente se detendo na antiga "rival". Então, começou a se afastar da cozinha.

— O quê? Acabou? É só isso que tem pra dizer? — Allison se levantou da cadeira, sua voz elevada em um misto de indignação e desespero.

— Quer que eu fale mais o quê? É o ciclo da vida. — Cinco respondeu, a falta de emoção em seu tom cortante.

— É, interessante. — Luther murmurou, mas a verdade era que a tensão na sala continuava a aumentar, e a ausência de respostas deixava todos inquietos, cada um lutando contra seus próprios demônios enquanto o peso do silêncio se tornava insuportável.

A chuva caía forte no cemitério da casa dos Hargreeves, um som ensurdecedor que se misturava ao lamento da situação. Os irmãos se reuniram sob guarda-chuvas pretos, símbolos de luto e tristeza, exceto Luther e Diego, que pareciam indiferentes ao mau tempo. Era como se a chuva quisesse lavar a dor, mas ela só aumentava.

Grace, sempre a figura materna, olhou ao redor, seu semblante preocupado. — Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou, a voz tingida de inquietação, tentando manter a paz entre eles.

— O papai morreu. — Allison respondeu, seu tom frio como o dia nublado. — Não se lembra?

— Ah, lembro, claro. — Grace disse, como se estivesse tentando processar a informação que não fazia sentido.

— Tá tudo bem com a mamãe? — Allison perguntou a Diego, os olhos refletindo uma preocupação genuína que parecia deslocada naquele momento sombrio.

— Tá, tá tudo bem. — Diego respondeu, mas sua voz tinha um tremor que revelava que ele não estava totalmente convencido. — Só precisa descansar, entende? Recarregar.

Nesse momento, Pogo apareceu mancando sob seu guarda-chuva, sua figura sempre digna, mesmo em meio à tristeza. Ele parecia um marinheiro à deriva em um mar de desolação.

— Quando estiver pronto, meu caro. — Ele disse, olhando para Luther, que segurava o jarro com as cinzas de Reginald, a responsabilidade pesando sobre seus ombros como uma tempestade.

Com um gesto firme, Luther abriu a tampa do jarro e despejou as cinzas sobre o chão molhado. O vento soprava levemente. Quase não espalhando pelo ar as partículas cremadas.

— Se ventasse, seria melhor — ele comentou, mas suas palavras pareciam vazias, ecoando no vazio da situação.

— Alguém gostaria de dizer algumas palavras? — Pogo perguntou, olhando para os irmãos, mas o silêncio que se instalou era pesado e constrangedor. A verdade era que quase ninguém ali se importava com o falecimento de Reginald. Ele fora um pai horrível, e a dor que causou ainda ecoava em cada um deles.

— Muito bem — Pogo disse, quebrando o silêncio. — Em todos os aspectos, Sir Reginald Hargreeves fez de mim o que eu sou hoje. E por essa razão, eu serei eternamente grato a ele. Ele foi meu mestre... e meu amigo. E eu sentirei muito a falta dele. — Pogo fez uma pausa, seus olhos brilhando com lembranças. — Ele deixa para trás um legado complexo...

— Ele era um monstro — Diego interrompeu, sua voz cortante como um vidro quebrado.

Klaus soltou uma risada, um misto de alívio e incredulidade. Era o riso de alguém que finalmente estava vendo a verdade nua e crua.

— Era uma pessoa ruim e um péssimo pai — o latino continuou, e, embora muitos ficassem em silêncio, indiretamente, concordavam com ele. — E o mundo está melhor sem ele.

— Diego — Allison o repreendeu, mas sua voz não tinha a força desejada. Era uma tentativa fracassada de reconciliação.

— Meu nome é Número Dois, e sabe por quê? Porque o nosso pai não se importava nem em nos dar nomes de verdade. Pediu pra nossa mãe fazer isso.

Grace tentou mudar o tom da conversa, como se um novo assunto pudesse mudar a maré. — Alguém quer comer alguma coisa?

— Não precisa, mãe — Vanya disse, sua voz suave, um fio de calma em meio ao turbilhão.

— Ah, tá bom — Grace respondeu, visivelmente desapontada, o olhar se perdendo na chuva.

— Vocês querem fazer uma homenagem? — Diego prosseguiu, caminhando para o meio do círculo formado pelas pessoas presentes. — Fiquem à vontade, mas pelo menos digam a verdade sobre o tipo de homem que ele era.

— Dá pra calar essa boca? — Luther resmungou entre dentes, o nervosismo se acumulando como uma tempestade prestes a eclodir.

Diego o encarou, os olhos semicerrados em desafio. — De todos aqui, você era o que deveria me apoiar mais, Número Um.

— Eu tô avisando...

— Depois de tudo que ele fez com você... Ele ainda teve que te mandar pra milhares de quilômetros daqui!

— Diego, cala a boca.

— Tudo isso, porque ele não suportava olhar pra sua cara!

Nesse instante, a tensão estourou. Luther partiu pra cima de Diego, e os dois começaram a se esmurrar, a chuva parecendo intensificar a confusão ao redor deles.

— Rapazes, parem com isso agora! — Pogo gritou, a frustração evidente em sua voz, como se estivesse tentando conter um incêndio com baldes de água.

Alaska puxou Grace para trás, enquanto Klaus tentava barrar Cinco, que não queria se machucar, em resposta levando um tapa do irmão.

— Parem com isso! — Vanya gritou, tentando ser a voz da razão, mas a tempestade de emoções era maior que ele.

— Pega ele! Quebra! — Klaus incentivou, embora a luta fosse absurda, como se fossem gladiadores em uma arena.

— Aposto 5 dólares no Diego — Alaska disse a Klaus, um sorriso travesso nos lábios, mas a situação era tudo, menos uma brincadeira.

Pogo, decepcionado, se afastou, não querendo mais fazer parte daquela cena grotesca.

— Tira essas patas de mim! — Diego falou, com dificuldade, tentando se desvencilhar de Luther, mas era como se estivesse preso em um pesadelo, correndo o máximo que pode, mas nunca saindo do lugar.

— Não tenho tempo pra isso — Cinco disse, decidindo que era melhor se afastar, seguido pelos outros irmãos, que fugiam da cena como se estivessem deixando uma explosão para trás.

Alaska olhou para trás, e seu coração apertou ao ver a estátua de Ben destruída, a única homenagem que tinham dele, agora uma lembrança triste em meio ao conflito. A frustração e a dor ecoavam em sua mente, uma música sombria que não parecia ter fim.




☂︎




Alaska observava Cinco revirando os armários da cozinha, seu semblante frustrado e os olhos tão determinados que pareciam buscar ouro em meio ao lixo. Balançando a cabeça em desaprovação, ela não conseguia deixar de sentir que ele estava mais interessado em encontrar um café do que em esclarecer as coisas. Isso a irritava profundamente.

— Cadê a Vanya? — perguntou Allison ao entrar na cozinha, a preocupação evidente em seu tom.

— Ah, ela foi embora — Klaus respondeu, como se a ausência do irmão não fosse nada mais que uma simples mudança de planos.

— Isso é lamentável — comentou Cinco, sem olhar para ninguém, já imerso na busca por qualquer coisa que se parecesse com café.

— É — respondeu Allison, sua voz trêmula de incerteza. Era difícil lidar com a falta de respostas e a pressão no ar.

— Uma propriedade como essa, 42 quartos, 19 banheiros e nem uma gotinha de café — Cinco reclamou, a frustração transbordando em cada palavra.

— Culpa da Alaska, ela tomou o café todo! — Klaus acusou, um sorriso travesso dançando em seus lábios enquanto olhava para Alaska, que arqueou uma sobrancelha, divertida com a brincadeira.

— O papai odiava café — Allison explicou, sua expressão se contorcendo em uma nostalgia amarga, as memórias das manhãs silenciosas e frias invadindo sua mente.

— É, ele odiava crianças também — Klaus pontuou, a ironia em sua voz palpável como a chuva do lado de fora. — E olha só todos nós aqui.

Alaska soltou uma risada sarcástica, reconhecendo a verdade na afirmação. A casa, cheia de memórias dolorosas e desconfortáveis, parecia carregar o peso da figura paterna que os moldara de tantas maneiras. Era como se as paredes estivessem testemunhando o drama familiar se desenrolar novamente.

Quando Cinco anunciou que ia pegar o carro, Alaska não conseguiu se segurar. A irritação borbulhava dentro dela, e ela se preparou para confrontá-lo.

— E você vai aonde? — Klaus indagou, retirando as pernas do sofá e endireitando a postura.

— Vou sair pra tomar um café decente — Cinco respondeu, sua impaciência evidente no tom.

— Por que 17 anos depois? — Alaska questionou, cruzando os braços e lançando um olhar direto e desafiador para ele.

Cinco parou e a encarou, levantando uma sobrancelha num gesto de desdém.

— Como se eu tivesse escolha, Alaska — ele respondeu, o desprezo escorrendo de suas palavras. — Se eu não tivesse voltado, quem mais estaria aqui pra resolver a bagunça que vocês causaram?

Alaska revirou os olhos, a frustração aumentando. — Resolver o quê? Você mal estava aqui antes — ela retorquiu, sua voz fervilhando de indignação e dúvida.

— Sabe dirigir?

Cinco percebeu que havia falado mais do que devia. Tenso, virou-se para a irmã e disparou: — Eu sei fazer tudo na vida — disse, dirigindo-se a Allison e ignorando completamente Alaska. Num piscar de olhos, ele se teletransportou para o carro, sua saída abrupta deixando um rastro de confusão no ar.

Alaska assistiu Cinco desaparecer e, em seguida, voltou seu olhar para Klaus e Allison. Revirou os olhos novamente, a ironia da situação não escapando dela. Era um ciclo sem fim, uma dança de desentendimentos que os mantinha sempre presos uns aos outros.

— Ele definitivamente vai se meter em mais encrenca — comentou, sabendo que a afirmação era não apenas um palpite, mas uma certeza. A absurdidade da situação a fazia sentir que estavam todos perdidos em um labirinto de drama e confusão, incapazes de encontrar a saída.

Ela cruzou os braços novamente, esperando o que mais o dia ainda poderia trazer. Cada segundo que passava parecia acumular mais tensão.

( ☕ ) — primeiro capítulo concluído com sucesso! Espero que tenham gostado.

( ☕ ) — comentem e favoritem que isso vai me motivar a trazer mais caps pra vcs!

( ☕ ) — bjos até o próximo capítulo!

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