━━━ 𝘊𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘰𝘯𝘦
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Guerras e conflitos sociopolíticos não são bem-vindos à mesa .
PONTO DE VISTA
Bärbel Luxemburgo
A arquitetura londrina era realmente encantadora, com suas edificações modernas de um estilo altamente conservador - design adotado pelos artistas pós-guerra - a áreas verdes e monumentos históricos. Sem dúvida era um passeio agradável pelas ruas curvas do centro urbano de Londres, e me proporcionava uma espécie de conforto; se quisesse poderia imaginar que estava caminhando pelas vias de Berlim novamente.
Poderia andar mais se dependesse da minha curiosidade e obviamente necessidade, contudo senti meus pés reclamarem timidamente e optei por dar uma pausa na busca por um emprego no instante em que um bar pequeno e bem-parecido emergiu logo na esquina. Ao atravessar a entrada no estabelecimento, pude sentir a atmosfera animada e boêmia do local me engolfar quase que instantaneamente. Não era tão tarde, pensei, na verdade não passava das cinco horas da tarde de uma quinta-feira, mas ainda estava reunido ali um grupo importante de pessoas.
Me encaminhei até o balcão ao que retirava sutilmente o sobretudo e ajustava-o na curva do braço. Havia alguns homens sentados nas banquetas que pararam descaradamente suas conversas e de beber por um instante apenas para contemplar minha chegada, sabia que aquilo não era uma situação tão inédita espiar ou desprezar a presença de uma mulher desacompanhada em um ambiente como aquele, entretanto intimamente já estava sentindo-me desconfortável com os olhares confidenciais e cochichos de alguns por ali.
Dessa forma, dirigir-me ao barman e me esforçar mais ainda para não atrair tanta atenção intolerante ao meu sotaque:
— Uma cerveja preta, por favor. — pigarrei em um inglês desconcertado e rude.
Apesar do meu recebimento ao realizar o pedido, o barman aproveita ser mais profissional e agir com uma postura indiferente diante da situação: ele apenas assentiu com a cabeça, girou os calcanhares para buscar um copo apropriado para a bebida, abriu uma torneira acoplada em um dos diversos barris de cerveja e por fim indicou-o em minha direção.
Deixei uma nota pela uma bebida sobre o balcão e caminhei rumo a uma mesa desocupada, por sorte encontrei uma próxima a um grupo pequeno de três pessoas: dois rapazes e uma mulher, que espiaram minha jovem levante e voltaram para sua conversa.
Me sentei despreocupadamente, pousando o sobretudo no banco e dando um rápido gole na cerveja, saboreei por um momento aquele gosto de álcool tão familiar na minha boca e finalmente soltei um suspiro de satisfação. Fazia um bom tempo desde que não bebia cerveja preta, essa era realmente deliciosa, contudo, não possuía o gosto suave e exclusivo de uma específica fabricada na Baviera. Existiam diversas coisas que eu sinto falta de Munique, e momento me senti estúpida por listar em primeiro lugar a cerveja, mas o que poderia dizer? Era a única coisa que ainda não acostumei a viver sem.
A vida ali em Londres encaminhava-se lentamente e sem muitas surpresas. Havia me estabelecido há quatro meses e nada de especial tinha ocorrido, e isso me frustrava a cada segundo que se passava, quando ponderava sobre o plano de metas que estabeleci com meu irmão, Mats, quando só considerávamos hipoteticamente nossa emigração da Alemanha. A cada dia era mais complicado viver dessa maneira, sobretudo sabendo que era nossa única chance de melhorar de vida.
Um gentil cutucão no meu braço me fez acordar dos pensamentos e olhar para o lado, onde um rapaz de sorriso bonito me encarava com expectativa:
— Olá? Err ... que vimos você está sentada aí sozinha e queremos saber se não quer se juntar a nós. - quis saber o rapaz ainda com um sorriso convidativo no rosto.
Olhei para além dele e observar como feições das outras duas pessoas reunidas ali: Outro rapaz, este de cabelos preto e carranca igualmente simpática, além de uma jovem mulher de beleza única e olhar indiferente, como se não desse muita importância se eu sentaria ali ou não.
Ponderei por um instante, mas logo assenti timidamente com a cabeça. Era um velho hábito tentar atender às expectativas das pessoas, ainda mais quando o rapaz que havia me convocado parecia tão animado e sociável, eu precisava conversar com outras pessoas.
Agarrei meu sobretudo e o copo com cerveja preta, em seguida, sentando-me no banco ao lado do rapaz de cabelos pretos, que se afastou um pouco na tentativa de dar mais espaço e poder me visualizar melhor.
— Bem, eu sou James ... E você é? — apresentou- se o rapaz convidativo.
Sorri abertamente e indiquei a mão para cumprimentá-lo.
— Bärbel. - respondi com o forte sotaque e no mesmo instante os três franziram o cenho em sinal de estranheza.
— Isso é alemão? — James retrucou e eu assenti.
— Eu vim de Munique há alguns meses.
— Seu inglês é muito bom, na verdade o que te denuncia é o sotaque - observou o outro rapaz, que no instante seguinte estalou com a língua nos dentes e apertou minha mão - Desculpe, eu sou Andrew.
Por fim, meu olhar caiu na mulher sentada no banco da frente que apenas assistia a cena calada, na esperança de que ela se apresentasse:
— Sou Ada. — disse sutilmente com um rápido aceno de cabeça.
— É um prazer, Ada. — respondi com um sorriso nos lábios.
James encostou na minha mão chamando minha atenção e esticou-se um pouco curioso:
— Então, Bärbel, o que te trouxe até Londres?
Pendi minha cabeça para o lado e assobiei baixinho. Ele era direto.
— Oportunidades. Algo que a Alemanha não tem estado em condições de fornecer.
James assentiu em concordância e Ada apenas bebericou um pouco de sua bebida.
— Sim ... Eu tenho lido os jornais, o tratado de Versalhes foi o começo de uma séria crise, não é?
— A guerra foi a principal. — agreguei com destaque na voz - O país está totalmente quebrado ... E foi assim que vim parar aqui.
André ergueu o copo e disse:
— Um brinde aos homens de egos gigantes e cabeças pequenas!
Ergui o copo igualmente risonha devido ao comentário do rapaz e virei o resto do álcool goela a baixo.
— Espero que você não fique apenas na cerveja preta, Bärbel - comentou James dividindo a atenção com a garçonete, que caminhava até a mesa após um ligeiro aceno com a mão do homem.
— Aceito sugestões — falei limpando a espuma de cerveja que formou-se em torno da minha boca.
— Então pode trazer uma garrafa de gim, Gina adorável. — James sorriu em agradecimento e a moça apertou os calcanhares saindo dali — Onde paramos?
— Onde não paramos — enfatizou a Ada com ironia nas palavras. O som da voz da jovem mulher fez minha audição acentuar-se assim como minha atenção. — Não aguento mais conversar sobre guerras e conflitos recentes, ainda mais quando estamos apenas tentando descontrair.
James rendeu-se com as mãos no ar e sorriu divertido.
— Ada Thorne não aguenta mais conversar sobre conflitos sociopolíticos e econômicos. —Andrew adicionou rolando os olhos entrando na brincadeira, e por um instante relembrou da minha presença ali e explicou prontamente a piada interna entre eles: — Ela é comunista.
Sorri em sinal de compreensão ao que virei o rosto apenas para observar Ada sacudir com a cabeça desaprovando a fala do amigo.
— O que foi ?! Não é como se ela fosse denunciar você por ser comunista.
Gargalhei levemente com uma frase e os três viraram-se confusos devido a minha reação, portanto tratei logo de me explicar:
— Desculpe é que ... — tentei reformular a frase melhor com um pouco de dificuldade na voz devido ao meu divertimento, porque era quase impossível que eu denunciasse alguém por conta do seu posicionamento político — Isso seria a atitude mais improvável que eu tomaria ... — ainda observando os seus cenhos comprimidos e aguardando uma resposta esclarecedora eu expliquei finalmente: — Meus amigos são comunistas também, se filiaram ao Partido Comunista da Alemanha.
Com a declaração, Andrew soltou um bateu com as mãos e ergueu o copo em forma de comemoração assim como James, e por um instante eu pude notar um lampejo de sorriso projetando-se no canto dos lábios de Ada.
— Então não estamos lidando com a escolha? Isso é ótimo! — exclamou Andrew jogando a cabeça para trás e quase derrubando a bandeja com as bebidas que Gina, a garçonete, segurava: — Oh querida, desculpas. — o homem fez uma expressão de desculpas e a distribuição na distribuição das bebidas.
Quando todos oportunamente servidos, James recomeçou a conversa:
— E você veio para cá sozinha? — perguntou ele ainda curioso sobre mim.
Estalei com a língua nos dentes e balancei a cabeça, não podia soltar mais do que deveria.
— Vim com meu irmão mais velho, Mats. Já os nossos pais preferiram continuar em Munique. — contei indiferente.
— Algo em especial surgiu para você? Alguma oportunidade de emprego? — André interveio empático — Imagino como deve colocar empecilhos devido ao fato de ser imigrante.
Assenti com a cabeça em relação a uma frase.
— Realmente é complicado, mas com sorte logo algo. — disse esperançosa.
— Eu posso ver algo na biblioteca — diisparou Ada chamando a nossa atenção para ela — Onde eu trabalho, posso conferir estão recrutando novos funcionários e se sim eu entro em contato com você. Os ofícios não são tão glamourosos e a remuneração tampouco, já aviso. — prontificou Ada quando observou meu sorriso alargar com a informação.
— Os meus ideais políticos não permitiriam tais luxos. — respondi com certa ironia fazendo James e Andrew gargalharem alto, e por um instante quando desviei meu olhar para uma bebida pude captar perfeitamente um sorriso discreto de Ada direcionado a mim.
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primeiro capítulo !!!
primeiras impressões ou comentários ???
e antes de tudo tomem cuidado, Bärbel é uma daquelas personagens não confiáveis.
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